— Lysandre, faz um favor. Vem aqui segurar essa criatura.

Castiel fez uma careta, cansado de sustentar seu peso nos ombros, e você riu. Ele era tão bobo. Tão bobinho.

— Tudo bem aí? — A voz suave de Lysandre encontrou o caminho através da névoa em sua cabeça, e então o rosto dele surgiu bem perto do seu. Parecia tenso. Ele se preocupava demais, toda vez…

— Tudo ótimo — Castiel respondeu por você, e você poderia jurar que ele estava rolando os olhos apesar de não estar olhando. — Só não sirvo para ser babá de gente bêbada. Especialmente quando é uma pessoa que já é irritante sem álcool envolvido…

— Você me respeite! — você protestou, ou ao menos tentou protestar. As palavras saíram emboladas, o que lhe arrancou uma risada. — Você está bêbado. Eu estou bem. Muito bem! Melhor que nunca!

— Sim, sim. Engraçado, você não nega a parte sobre ser irritante. Solta meu braço, então. Ah, não consegue?

— Consigo. — Você não tentou. 

— Vamos ver se seu namorado vai querer beijar sua boca sem dentes quando você cair. 

Você empurrou o ombro dele de leve, e logo vocês estavam — pela décima vez na noite — trocando insultos, ao mesmo tempo em que ele te segurava forte, impedindo a queda prevista. 

Lys riu baixinho.

— Certo, você aceitaria se sentar comigo um pouco? — Ele deslizou o braço ao redor de seu corpo para suportar seu peso, liberando Castiel.

— Eu não quero sentar. — Você fez um biquinho.

— Deixe de teimosia, inferno. — Castiel mostrou a língua.

— Não amola. — Você mostrou a sua de volta. 

— Tem uma toalha de piquenique lá fora, embaixo da árvore com as luzes de fada. Você quer sentar lá comigo agora ou prefere tomar uma água antes? — Lys tentou apaziguar a situação. 

— Quero sentar lá! — Você nem precisou pensar duas vezes. O cordão de luzes era a coisa mais linda do mundo. 

Devagar, ele te levou até o jardim da casa de Íris, onde vocês se sentaram juntos. O som da festa ficou do lado de dentro, as risadas abafadas de seus amigos misturadas à música suave. 

— Lys, eu queria ouvir a música — você murmurou, mas saiu algo ininteligível. Não ajudou a construir uma imagem de pessoa sã que você tenha tentado se inclinar em direção a ele e quase caído de cara na toalha um segundo depois. 

— Sabe, para alguém que não aguenta beber nada, você certamente bebe demais. — O tom dele era de brincadeira.

— Eu gosto de vinho. — Você deu de ombros. — E de música. 

Ele sorriu e começou a acariciar seus cabelos. Você se deitou no colo dele e fechou os olhos, agradecendo pelo contato. Logo você teria que voltar; suas férias estavam quase no fim e o segundo semestre se aproximava, mas naquele momento seu plano era apreciar o tempinho que ainda tinha com ele. 

Lysandre começou a cantarolar a música que tocava lá dentro, e logo estava cantando. Baixo o suficiente para que só vocês dois pudessem ouvir. O carinho em seus cabelos e a voz suave dele foram suas últimas lembranças antes de acordar em casa, no conforto de sua cama, com a sensação de uma noite recheada de sonhos bons.