Stand by escrita por Ahelin


Capítulo 5
5


Notas iniciais do capítulo

Você percebe que só existe ele.



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A música praticamente carregava seus pés, seu coração batendo no ritmo dos sons mais graves, e o copo de bebida em sua mão já era… o sexto? Sétimo? Ou era nesses que você havia perdido a conta?

Bea e Joseph, seus melhores amigos, dançavam logo ao lado, com uma animação que espelhava a sua. Vocês haviam prometido antes de sair de casa que estariam de volta à uma da manhã, no máximo, mas um olhar rápido no celular serviu para constatar que já passava das três. Nenhum de vocês queria dar a noite por encerrada. 

Festas nunca haviam sido, e ainda não eram, sua fonte favorita de entretenimento. Esta, porém, era uma noite especial: uma comemoração após semanas intermináveis de exames, trabalhos e muito estresse. Vocês três estudaram duro e mereciam a distração, e a festa estava ótima. 

Seu campo de visão oscilou de leve, e de repente as luzes piscando eram demais para suportar. 

— Vou tomar água! — você gritou para Bea, torcendo para que ela te ouvisse sobre o som alto.

— Quer companhia? — ela gritou de volta, parando de dançar para prestar atenção no que acontecia. Joseph ainda estava em outro mundo.

— Não preciso, volto logo!

Você acenou e se afastou da multidão de jovens adultos — e alguns adolescentes que claramente não deviam estar ali — para encontrar um ponto mais calmo. Vinte minutos em um lugar menos apertado e você estaria voltando para a pista com as energias renovadas. 

Um dos bares, no canto, estava praticamente vazio. Você se sentou em um dos banquinhos, depositou seu copo quase cheio no balcão, e pediu água ao bartender. 

— Festa ótima, hein? — Um homem de cabelos castanhos tomou o lugar a seu lado. Ele era alto e usava um perfume excelente. 

— Sim! — você respondeu alto demais, esquecendo que a música não estava tão alta ali. — Sim — você repetiu, em um tom mais agradável. — Desculpe, ainda estou ouvindo tudo meio abafado.

— Você está bem? Vi você correndo para cá. — Ele parecia genuinamente preocupado. 

Você assentiu. 

— Estou. Só preciso de um minuto para descansar. 

— Entendi. Achei que estivesse passando mal. — Ele apontou com o queixo para seu copo. — Os drinks estão meio fortes hoje. 

Você riu.

— Isso aqui? É quase tudo suco de morango, deve ter duas gotas de álcool. Não sou muito forte para bebida. — Você brindou com o copo de água em direção ao bartender, em um agradecimento silencioso, e tomou tudo em um só gole. A noite estava quente demais.

— Inteligente. — Ele ofereceu um sorriso. — Fico feliz que esteja bem. Já que é assim… Não tem ninguém com você?

— Meus amigos estão… — Você olhou para a multidão e suspirou. — Em algum lugar por ali. 

— Se quiser uma companhia diferente para a noite, conte comigo. Você é a pessoa mais bonita da festa. — Ele piscou um olho, ainda sorrindo. 

Você o encarou, só então percebendo que ele estava flertando todo esse tempo. Talvez. A preocupação do início parecia genuína. Antes de rejeitá-lo por reflexo, você considerou a proposta por um instante. 

Ele parecia ser gentil, e se aproximou de um jeito delicado. Usava um perfume gostoso e era um dos homens mais bonitos que você já tinha visto. E ainda assim… você não tinha interesse algum. 

— Não, mas agradeço o elogio. — Você sorriu de volta. 

— Disponha. Aproveite com seus amigos.

Ele pediu um drink e, no meio-tempo, vocês ainda conversaram um pouco, principalmente sobre seus cursos na universidade. Quando a bebida chegou, ele pegou o copo e se despediu, desaparecendo na multidão.

Você fez o mesmo alguns minutos mais tarde, após finalmente recarregar um pouco suas baterias. Bea e Joseph estavam perto, e o rapaz abriu um sorriso brilhante quando você os encontrou. 

— Quem era o cara? — perguntou. — A gente viu ele indo atrás pouco depois de você sair. Fomos checar se estava tudo bem, mas como você estava conversando com ele, voltamos.  

Você deu de ombros. 

— Sei lá. Nos encontramos no bar.

— Ele é tão bonito! — Bea arregalou os olhos. 

— É mesmo — você concordou. — E bem legal também. Se quiser descobrir mais sobre ele, ele é da Contabilidade. 

Ela torceu o nariz. 

— Não, obrigada. Você sabe do meu histórico com a Contabilidade. 

Você riu, e a música que começou em seguida obrigou vocês três a começarem a cantar. Sua cama não te veria tão cedo. 

 

Mais tarde, já em casa, você observou a foto colada em sua cabeceira antes de dormir. Lys tinha um sorriso terno e não olhava para a câmera, e sim um pouco acima; para você, no momento em que você tirou a foto. Vocês não se falavam há semanas, talvez mais de um mês. Sua rotina estava cada vez mais caótica, assim como a dele. 

Você pensou na promessa que havia feito a ele, de ter sinceridade sobre seus sentimentos, e sorriu. Como imaginava desde o início, apesar de saber que poderia se envolver com outra pessoa a qualquer momento, você simplesmente não queria. Ninguém era ele.

O homem de antes, cujo nome você já havia esquecido, era incrivelmente bonito. Mas era só isso. Sem batidas aceleradas em seu coração, sem vontade de tocá-lo, sem nada do que você sentia quando estava com aquele que amava.

Mesmo que ainda demorasse um tempo, vocês logo estariam juntos de novo, e toda a espera valeria a pena.


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