Stand by escrita por Ahelin
Notas iniciais do capítulo
Você percebe que só existe ele.
A música praticamente carregava seus pés, seu coração batendo no ritmo dos sons mais graves, e o copo de bebida em sua mão já era… o sexto? Sétimo? Ou era nesses que você havia perdido a conta?
Bea e Joseph, seus melhores amigos, dançavam logo ao lado, com uma animação que espelhava a sua. Vocês haviam prometido antes de sair de casa que estariam de volta à uma da manhã, no máximo, mas um olhar rápido no celular serviu para constatar que já passava das três. Nenhum de vocês queria dar a noite por encerrada.
Festas nunca haviam sido, e ainda não eram, sua fonte favorita de entretenimento. Esta, porém, era uma noite especial: uma comemoração após semanas intermináveis de exames, trabalhos e muito estresse. Vocês três estudaram duro e mereciam a distração, e a festa estava ótima.
Seu campo de visão oscilou de leve, e de repente as luzes piscando eram demais para suportar.
— Vou tomar água! — você gritou para Bea, torcendo para que ela te ouvisse sobre o som alto.
— Quer companhia? — ela gritou de volta, parando de dançar para prestar atenção no que acontecia. Joseph ainda estava em outro mundo.
— Não preciso, volto logo!
Você acenou e se afastou da multidão de jovens adultos — e alguns adolescentes que claramente não deviam estar ali — para encontrar um ponto mais calmo. Vinte minutos em um lugar menos apertado e você estaria voltando para a pista com as energias renovadas.
Um dos bares, no canto, estava praticamente vazio. Você se sentou em um dos banquinhos, depositou seu copo quase cheio no balcão, e pediu água ao bartender.
— Festa ótima, hein? — Um homem de cabelos castanhos tomou o lugar a seu lado. Ele era alto e usava um perfume excelente.
— Sim! — você respondeu alto demais, esquecendo que a música não estava tão alta ali. — Sim — você repetiu, em um tom mais agradável. — Desculpe, ainda estou ouvindo tudo meio abafado.
— Você está bem? Vi você correndo para cá. — Ele parecia genuinamente preocupado.
Você assentiu.
— Estou. Só preciso de um minuto para descansar.
— Entendi. Achei que estivesse passando mal. — Ele apontou com o queixo para seu copo. — Os drinks estão meio fortes hoje.
Você riu.
— Isso aqui? É quase tudo suco de morango, deve ter duas gotas de álcool. Não sou muito forte para bebida. — Você brindou com o copo de água em direção ao bartender, em um agradecimento silencioso, e tomou tudo em um só gole. A noite estava quente demais.
— Inteligente. — Ele ofereceu um sorriso. — Fico feliz que esteja bem. Já que é assim… Não tem ninguém com você?
— Meus amigos estão… — Você olhou para a multidão e suspirou. — Em algum lugar por ali.
— Se quiser uma companhia diferente para a noite, conte comigo. Você é a pessoa mais bonita da festa. — Ele piscou um olho, ainda sorrindo.
Você o encarou, só então percebendo que ele estava flertando todo esse tempo. Talvez. A preocupação do início parecia genuína. Antes de rejeitá-lo por reflexo, você considerou a proposta por um instante.
Ele parecia ser gentil, e se aproximou de um jeito delicado. Usava um perfume gostoso e era um dos homens mais bonitos que você já tinha visto. E ainda assim… você não tinha interesse algum.
— Não, mas agradeço o elogio. — Você sorriu de volta.
— Disponha. Aproveite com seus amigos.
Ele pediu um drink e, no meio-tempo, vocês ainda conversaram um pouco, principalmente sobre seus cursos na universidade. Quando a bebida chegou, ele pegou o copo e se despediu, desaparecendo na multidão.
Você fez o mesmo alguns minutos mais tarde, após finalmente recarregar um pouco suas baterias. Bea e Joseph estavam perto, e o rapaz abriu um sorriso brilhante quando você os encontrou.
— Quem era o cara? — perguntou. — A gente viu ele indo atrás pouco depois de você sair. Fomos checar se estava tudo bem, mas como você estava conversando com ele, voltamos.
Você deu de ombros.
— Sei lá. Nos encontramos no bar.
— Ele é tão bonito! — Bea arregalou os olhos.
— É mesmo — você concordou. — E bem legal também. Se quiser descobrir mais sobre ele, ele é da Contabilidade.
Ela torceu o nariz.
— Não, obrigada. Você sabe do meu histórico com a Contabilidade.
Você riu, e a música que começou em seguida obrigou vocês três a começarem a cantar. Sua cama não te veria tão cedo.
Mais tarde, já em casa, você observou a foto colada em sua cabeceira antes de dormir. Lys tinha um sorriso terno e não olhava para a câmera, e sim um pouco acima; para você, no momento em que você tirou a foto. Vocês não se falavam há semanas, talvez mais de um mês. Sua rotina estava cada vez mais caótica, assim como a dele.
Você pensou na promessa que havia feito a ele, de ter sinceridade sobre seus sentimentos, e sorriu. Como imaginava desde o início, apesar de saber que poderia se envolver com outra pessoa a qualquer momento, você simplesmente não queria. Ninguém era ele.
O homem de antes, cujo nome você já havia esquecido, era incrivelmente bonito. Mas era só isso. Sem batidas aceleradas em seu coração, sem vontade de tocá-lo, sem nada do que você sentia quando estava com aquele que amava.
Mesmo que ainda demorasse um tempo, vocês logo estariam juntos de novo, e toda a espera valeria a pena.
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