Café com Hollywood escrita por Guillherme DiCarmello


Capítulo 1
Capítulo 1: Expectativa...




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Minha vida sempre foi feita de expectativas e realidades e se eu quisesse que a realidade combinasse ou superasse a realidade, eu teria que trabalhar e muito. Eu nunca tive o luxo de ter uma expectativa virar a sonhada realidade ficando sentado no sofá, na cadeira da cozinha ou de algo que seja um lugar de descanso.

E também tiveram as vezes em que mesmo com todo o meu trabalho duro, a expectativa nunca virou ou chegou a ser algo perto da realidade. E a gente tem que aprender a como lidar com nossos sentimentos pois aparentemente nessa sociedade não podemos ficar tristes por algo ao menos que seja a perda dos pais ou um trauma sério acontecendo contigo.

Meu pai sempre me disse que eu deveria aproveitar a vida e não me esforçar muito, mas o que papai não entende é que é muito fácil para ele falar isso, já que seus sonhos sempre foram fáceis de alcançar, coisas simples, coisas singelas, coisas felizes. Coisas fáceis.

— Tiago, você tá bem? — uma voz me tira do transe que estava me prendendo – Você não tá piscando faz um tempo.

— Sim sim, Dal, to bem sim! – pisco meus olhos rapidamente e eles ardem levemente. Quanto tempo eu estava com eles sem piscar? – Recebi notícias da minha família e fiquei pensando no passado.

—- Notícias boas ou ruins? – Dal pergunta com um tom feliz de curiosidade

Na tela do meu computador, o e-mail do me pai avisando que Otávio, meu irmão, estava no emprego dos sonhos e que estava feliz de ver 2 dos 4 filhos ingressando nas carreiras sonhadas. No final do e-mail, havia um convite para um jantar com todos os quatro filhos para comemorar a saída do último filho do ninho.

—- Boas, é claro – respondo o e-mail confirmando a minha ida e volto ao trabalho – estou cheio de notícias boas ultimamente. Me sinto bem.

—- Cuidado hein. – Dal avisa – Não fica espalhando isso tudo que está acontecendo na sua vida com qualquer um.

—- Não entendi, você tá me dizendo para não compartilhar a minha vida contigo? – Digo com um sorriso – Que loucura você me propor isso Dalila.

—- Você tá me chamando de qualquer uma é? – Dal faz uma cara de choque exagerada – Meu Deus, como pôde? Vou te denunciar para o RH!

—- Ai ai, só você mesmo. – Reviro os olhos – Você tem cada uma...

—- Mas eu to falando sério, amigo. – O sorriso de Dal diminui e ela se aproxima da minha mesa, sussurrando – tem tanta gente aí fora, até aqui dentro dessa empresa, que adoraria botar toda a negatividade para que você não conseguisse o que você tá conseguindo.

—- Nem me fala – respondo no mesmo tom – Já te contei do que aconteceu com a samambaia da minha mãe quando teve aquela visita da “amiga”?

—- Já. A mesma coisa aconteceu com o teto da minha tia Muriel – Dal balança a cabeça com pena – Você tem um emprego incrível, um escritório só seu, um namorado maravilhoso e um apartamento lindo! Toma cuidado com quem você compartilha isso.

—- Não se preocupa, Dalila! – Continuo focado na tarefa do dia – Eu não estou compartilhando com qualquer um.

—- Mas eu vi muito bem a Odélia do departamento de conteúdo virtual falando sobre você e o Cadu – Dal informa, ainda sussurrando – Aquela mulher tem inveja como segundo nome! Toma bastante cuidado.

—- Ok, ok! Eu entendi – olho para ela e vejo uma expressão cansada no rosto de Dalila – Ela provavelmente tá sabendo e tudo isso com o Cadu, mas eu aviso ele. Agora acho melhor você ir pro seu escritório, se não o seu fígado vai ser o nosso almoço hoje.

—- Ai, é mesmo! Eu ainda tenho que terminar a matéria sobre a casa do Ben Affleck e da J.Lo! – Dalila se apressa até a porta do escritório, seus saltos fazendo o típico clack clack— Viu? Sabia que tinha escolhido a melhor pessoa para ser meu amigo! Tchau!

Paro a minha tarefa por um momento e dou uma olhada pelo meu escritório. Ter um lugar assim pra mim sempre foi meu sonho e eu nunca sequer pensei que poderia acontecer quando saí da escola para fazer faculdade na Califórnia. Depois de 4 longos anos e alguns acontecimentos, saí de lá com um diploma, um namorado lindo e a garra de achar um emprego fazendo algo que eu amo e sempre amei fazer: decoração.

Estar trabalhando na DecoRama, a revista que eu adorava ler desde pequeno (considerada a Vogue das revistas de decoração de casas) é um sonho que se tornou realidade. Em menos de um ano, eu já estava ajudando da revisão de matérias e organização de temas das próximas edições. Sem falar que eu estava fazendo isso, com a companhia dele. O meu melhor amigo.

—- Olá, senhor Santiago Nilo. – Ouço a voz de Noah me chamando – Como você está?

—- Estou muito bem, senhor Noah Yadriel. – respondo usando o mesmo tom que Noah usou – Escuta, qual é a sua fixação em falar os meus dois nomes?

—- Ah, eu acho legal, pô. Santiago Nilo – Noah fez um gesto como se visse o nome em um holofote – Nome de designer, Ti. Daqueles artistas plásticos que quando os filhos derrubam achocolatado eles falam “Olha o que você fez, era um Santiago Nilo autêntico!”. Ah, qual é! Não me diga que você nunca pensou nisso.

—- A sua mente funciona de uma maneira que eu juro que não entendo – digo

—- ai, Tiago, não te entendo. – Noah bufa – Você tem todos esses sonhos, mas nunca sequer elabora eles! Como que....

—- Tá bom, elaborador de sonhos, entendi. – O interrompo porque se Noah está no meu escritório cedo, definitivamente não é para brincar – Ao que devo a honra de ter você no meu escritório?  

—- Michael convocou uma reunião de emergência – O sorriso de Noah desapareceu – Eu não acho que seja uma coisa boa, Ti.

—- Para com isso, Noah. – fecho meu computador e me levanto da cadeira – A DecoRama está com tudo, cê viu quantas revistas vendemos com a edição sobre as casas das participantes de RuPaul’s Drag Race?

—- Quem diria que o público da DecoRama adoraria ver a casa de Drag Queens – Noah comenta, indo em direção a saída do escritório

—- Fico chocado em quantas delas tem casas grandes! – digo, fechando a porta do meu escritório – Se isso não funcionar um dia, você acha que eu poderia ser uma Drag Queen?

—- Quer a resposta otimista ou honesta?

—- Deixa pra lá


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