Era Uma Vez... Uma Ilusão escrita por Landgraf Hulse


Capítulo 7
6. Não fique preocupado, apenas... faça o que deve fazer.




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Sala de Estar, Palácio de St. James, Londres

Jovens e com um promissor futuro pela frente, o marquês e a nova marquesa de Bristol pareciam reunir todas as principais características para um casamento perfeito, uma união política perfeita. Lembrava até, pelo menos do ponto de vista do soberano, ele mesmo e Charlotte.

— Tenha sempre em mente que o casamento é um laço que apenas a morte pode desfazer, uma junção sagrada entre duas pessoas. — Próximos a uma janela, distantes assim da multidão, o rei tentava aconselhar Richard. O jovem marquês, porém, parecia muito ocupado olhando constantemente para a marquesa do outro lado. — Entende o que estou falando, Bristol? Você parece distraído.

— Um laço que jamais poderá ser defeito. Estou escutando sim, meu... — Voltando-se ao rei, o marquês respondeu sério. Parecia promissor, até que ele fitou novamente a princesa, agora sendo levada embora pelas damas. — Aonde será que elas estão indo?

Para o quarto, muito provavelmente, afinal, a jovem deveria ser preparada para logo mais. O rei voltou a fitar o marquês, que fez o mesmo, mas sorrindo amplamente. Bristol escondia muito bem o que sentia, como um verdadeiro Tudor-Habsburg, mas George conhecia as ansiedades que estavam passando na cabeça desse jovem, ele também já foi um jovem recém-casado com uma estranha.

— Devo dizer que fiquei muito impressionado com sua marquesa, Bristol. Desde que chegou, ela mostrou uma grande perfeição como consorte, parece até à vontade. — Embora também... o jovem riu divertido com o comentário, fazendo George franzir o cenho. — Algum problema com meu comentário? Por acaso não ficou satisfeito com a princesa?

— Não, meu senhor! Nunca que eu poderia pensar em tal coisa! — Foi uma resposta rápida e brusca, Richard até arregalou os olhos. O rei arqueou uma sobrancelha, então o príncipe acalmou-se e limpou a garganta. — Cathrine é perfeita, um pouco tímida, certamente, mas... ela tem um charme que...

Não houve um resto, o jovem Bristol apenas sorriu tolamente e negou. Era o suficiente para George, Richard estava inegavelmente encantado pela esposa. Um pequeno sorriso surgiu nos lábios do rei.

— Igual a Charlotte quando chegou na Inglaterra. Ela não sabia nada de inglês, e era tão tímida! — O sorriso de George aumentou ainda mais com as lembranças. Alfred disse naquela ocasião que ela e Elizabeth não trocaram palavra alguma. — Charlotte nunca foi a mais bela, nem a mais charmosa e muito menos a mais inteligente, mas ela tornou-se a rainha perfeita para mim.

— Meu rei e a rainha são o casal mais amoroso que eu conheço. — Apesar de escutar Richard, a atenção do rei estava com a rainha, que, conversando com Lady Harcourt, a cada dia parecia ficar mais desanimada. — Espero um dia compartilhar com a marquesa, nem que minimamente, um pouco desse amor.

Mesmo estando mais afastada, a rainha percebeu que estava sendo observada e voltou-se em direção ao marido. Os olhares de George e Charlotte se encontram. Muitas foram as atribulações que eles passaram, um sofrimento quase sem fim, mas eles permaneceram... ao contrário de muitos outros. Charlotte deu então um pequeno, praticamente inexpressivo, sorriso ao rei. George retribuiu...

— Então prepare-se para sofrer, e sofrer muito. — Porém esse sorriso não se sustentou. O marquês arregalou os olhos em susto, mas George teve pena: — Diga-me, Bristol, qual o principal objetivo do casamento?

— Dar continuidade ao nome da família, manter a riqueza e o status. Em meu caso, também é manter a Dinamarca no devido lugar. — Foi uma resposta automática, porém havia certeza nas palavras dele. O rei assentiu, mas parou assim que viu o jovem sorrir. — Embora eu também queira uma companhia.

— Não seja como meus filhos e você terá uma. Mas sabe o que é necessário para conseguir todas essas coisas, Bristol? Lhe garanto que apenas uma coisa: — Richard encarava atentamente o rei, que, numa plácida seriedade, respondeu: — a imediata consumação do casamento. Não falhe.

Todas as conquistas futuras dependiam dessa noite. Naturalmente o jovem marquês assustou-se, os olhos dele arregalaram, mas o monarca simplesmente deu as costas e afastou-se. Poderia parecer muita pressão nas costas de dois jovens, mas era a mais pura realidade, deveria ser aceita. Ficando ao lado da esposa, George assentiu a Lady Harcourt, que fez uma mesura e afastou-se.

— Sobre o que você e Richard falavam? — Olhando de lado para o rei, Charlotte perguntou.

— Estava dizendo a ele o mesmo que mamãe e Lord Bute me disseram no dia do nosso casamento. — Ao responder, o rei também não a encarou. Porém, ao perceber que a rainha o fitou assustada, ele finalmente a encarou. — Alguém deve ocupar esse lugar paterno.

— Você parece tê-lo assustado. — Ambos fitaram o marquês, que agora conversava com o príncipe de Gales, e depois voltaram-se aos outros. A rainha negou. — Eu é que não vou ocupar o lugar "materno" para a nova marquesa. A princesa herdeira deve ter feito isso... Encontrei William, e sabe o que ele…?

*****

— Seja gentil e amoroso, elas gostam desse tipo de coisa, mas não se esqueça de mostrar quem está no controle, ou pedirão o que não queremos dar. — Que seria? Richard franziu o cenho em curiosidade, mas o príncipe de Gales nem mesmo pareceu cogitar responder. Muito bem, menos um sofrimento para ele. — A primeira vez sempre é inesquecível, saiba disso. Lembro que a minha foi...

— Poupe-me dos detalhes, por favor. — Só de pensar... o marquês balançou a cabeça tentando expulsar qualquer imaginação. Quando essa tortura acabaria?

— Então você planeja descobrir tudo na ação? Muito corajoso da sua parte, Bristol! — Rindo altamente, George zombou. Porém, mordendo fortemente os lábios, Richard manteve-se calado. Pelo menos o príncipe logo parou de rir e ficou sério. — Sua princesa é uma linda pérola, está satisfeito com ela?

Satisfeito? Satisfeito!? Richard já tinha até perdido as contas de quantas vezes já haviam perguntado isso. Antes ele até poderia suportar com paciência, mas após conversar com o rei...

— Por que todos me fazem essa pergunta!? Satisfeito ou insatisfeito, isso não mudará nada! — A pressão tomou conta de Richard, e ele sempre perdia a calma ao ser pressionado. Percebendo, porém, que o príncipe irritou-se com a resposta, o marquês suavizou o rosto. — Cathrine é o suficiente para mim. Ela... é linda.

Não foi o suficiente para fazer o príncipe de Gales voltar ao "normal", mas foi o bastante para evitar qualquer desentendimento. George deu um arrogante sorrisinho para Richard e falou:

— Aproveite então essa beleza, Bristol. Todas as cartas estão na mesa, não perda. — O marquês franziu o cenho sem entender. O príncipe deu as costas e afastou-se, porém, antes de ir muito longe, ele voltou-se para trás. — Tenho um conselho para você, Bristol: garanta que seu herdeiro seja feito hoje mesmo, afinal, nunca sabe-se o dia de amanhã.

Isso Richard também não entendeu, mas estava fora de cogitação perguntar, o príncipe já estava muito longe, afinal de contas. Agora sozinho, o marquês respirou fortemente e tentou encontrar alguma calma. Com certeza ambos eram inexperientes, dificilmente uma princesa como Cathrine conheceria os "prazeres da carne", poderia ser um ponto para ele, mas… e se os dois fossem um desastre!?

Oh, Deus! Gemendo tristemente, Richard passou fortemente as mãos no rosto e saiu em busca de alguma bebida. Um whisky cairia perfeitamente agora, talvez desse até mais coragem para ele. Graças ao Cristo a mãe deles havia extinguido Cerimônia de Cama logo após tornar-se marquesa! O desastre seria apenas íntimo, não público.

— Chegou a hora, Richard. — A mesa das bebidas estava próxima, Richard já conseguia até sentir o whisky descendo, até que Anne apareceu subitamente na frente dele. O marquês voltou-se para trás tentando fugir, mas a princesa agarrou-o pelo braço. — Lembre-se que um homem forte nunca foge da batalha.

— Mas quem disse que já sou um homem? Os britânicos mesmo dizem que ainda sou apenas um simples garotinho. — Tentando soar engraçado, Richard falou sorrindo divertido. Anne, porém, não viu nenhuma graça, muito pelo contrário, ela "discretamente" pisou com força no pé do marquês. — Oh! O que você usa nos sapatos!? Parece até que um cavalo pisou no meu pé!

Parando de sorrir, assim como de andar, Anne soltou o braço de Richard e o encarou furiosamente, antes, por estar em público, ela havia evitado isso, mas dessa vez não foi possível. Esse olhar chegava a ameaçar a alma de Richard, por isso mesmo ele sorriu conciliador e apontou para frente.

— Agradeça por estarmos no meio de uma multidão, caso o contrário eu me esqueceria da cortesia. — Apesar de continuar irritada, Anne aceitou o braço do irmão e voltaram a andar. Porém esse não foi o fim... — Só não diga o mesmo para sua mulher, ou você dormirá no lado de fora, com certeza.

— Dificilmente Cathrine faria isso comigo... o que foi? — A princesa sorria cinicamente, aparentemente sem acreditar, porém ela apenas deu os ombros. Isso era... suspirando, Richard decidiu deixar passar. — Apenas não mencione novamente o quarto, você sabe como isso me deixa ansioso.

— Ansioso!? Eu pensava que homens ficavam ansiosos para consumar o ato, não com a perspectiva dele. — Foi uma ironia? O marquês fitou inquisitivo a irmã, que ainda mantinha uma expressão composta, deveria fazer rir?

Essa calma de Anne logo, porém, mostrou-se falsa. Levando uma mão à boca, ela começou a rir divertida. Richard franziu o cenho em irritação, deveria ser maravilhoso rir das ansiedades alheias, não? Mas ele não daria resposta alguma, ficaria calado, afinal, Anne também descobriria algum dia como é a pressão para "procriar". O que também não significava inação de parte dele.

— Eu quero um whisky, e dos fortes. — Parando onde estava, o príncipe deu meia-volta e, soltando-se da irmã, tentou voltar para trás. — Só assim mesmo para eu conseguir alguma coragem.

— Vai conseguir uma vergonha, isso sim. Mulher alguma suportar... bebuns! — Anne agarrou novamente o braço dele e ambos voltaram à frente. Richard suspirou tristemente, era impossível protelar. E Anne ainda teve a coragem de acrescentou irônica: — Basta lembrar do que aconteceu no casamento do príncipe de Gales. Ele bebeu tanto que Caroline o deixou desacordado no chão.

Mas nunca que ele faria o mesmo! Richard negou ofendido, ele tinha dignidade! Além do mais, que mal um ou dois copos de whisky, sem contar com as taças de champagne anteriores, claro, poderiam fazer?... O marquês balançou a cabeça, era melhor nem tentar saber. Apesar de que se ambos estivessem bêbados… novamente Richard balançou a cabeça tentando expulsar esses pensamentos.

— Uma maravilha, simplesmente uma maravilha. — Quando estavam prestes a sair da sala, Robert juntou-se aos dois irmãos mais velhos sorrindo amplamente. Richard e Anne se entreolharam. — Se eu soubesse que era tão bom assim, já teria iniciado minha vida social esse ano mesmo.

— É uma pena então que ainda faltam dois anos para isso acontecer. — Anne respondeu sorrindo irônica, mas a única ação de Kendal foi dar os ombros. — Você, por acaso, andou aprontando, Robert? Espero francamente que...

— Eu? Aprontando? Sem chance! Estou muito grandinho para brincadeiras infantis. — Robert respondeu com seu característico sorriso, fazendo Richard e Anne novamente se entreolharam. Esse sorriso nunca transmitia confiança. Kendal, porém, estrategicamente mudou de assunto: — As princesas estavam muito belas hoje, não acham?

— Sophia e Amélia não vieram, mas, de fato, estavam todas muito belas. Porém nenhuma delas para o seu dedo. — Também aproximando-se, finalmente, Mary comentou zombando do irmão. Mas... dedo? Richard franziu o cenho, por Cristo! — Dificilmente, certamente que nunca, alguma delas colocará uma aliança no seu dedo.

Oh, então era apenas o dedo da aliança, Richard suspirou aliviado. Porém logo esse alívio acabou quando o marquês percebeu o que tinha imaginado. O que estava acontecendo com ele!? Que pensamentos eram esses!? Esse assunto da consumação já estava passando dos limites.

— Nunca nem passou pela minha cabeça casar com alguma das princesas, afinal, todas são mais velhas. — Anne e Mary riram divertidas, enquanto Richard simplesmente negou. A idade nunca foi um obstáculo real. Robert irritou-se. — Estão rindo? Pois saibam que, caso quisesse, eu poderia me casar até mesmo com Amélia.

Todos os três irmãos explodiram em altas risadas, nem mesmo Richard conseguiu aguentar dessa vez. Naturalmente isso deixou Robert ainda mais irritado, até mesmo um biquinho ele fez. Mas, casar com as princesas? Com Amélia? Como isso poderia não ser engraçado?

— E o rei está sabendo disso? — Apesar de ser a mais doce deles, Mary também era malvada, essa pergunta entre risos provava isso.

— Vejo que apenas eu conheço o meu valor! — Virando a cabeça para o lado, assim como usando de uma expressão arrogante, Robert respondeu. Parecia até um menininho mimado. Porém logo passou: — Percebi agora para onde estamos indo. Não erre a posição, Richard, e também não mire no lugar errado.

— Eu e Cathrine vamos transar, Robert, não participar de uma competição! — Essa forma como o príncipe mais novo falou... irritou profundamente Richard, que encarou o irmão com dureza.

— Certo, tudo bem, não está mais aqui quem falou. — Sorrindo inocentemente, Robert levantou as mãos e afastou-se para trás. Que idiota cínico! O marquês suspirou calmamente e eles voltaram a andar, porém... — Será que daqui a dois meses já teremos um anglo-dinamarquês?

Era melhor nem tentar responder, o marquês fixou esse pensamento na cabeça, ainda mais ouvindo a maliciosa risada do irmão mais novo. Logo, porém, eles chegaram ao corredor onde estavam os aposentos da marquesa de Bristol, e o coração de Richard começou a bater mais rápido... muito mais rápido.

— O que Robert quis dizer anteriormente com posição e lugar errado? — Nem mesmo a constrangedora pergunta de Mary foi o suficiente para fazer o coração dele desacelerar. Eles ficaram em silêncio, menos Robert com sua risadinha vergonhosa, claro. Até que... — Oh, pois aqui está, chegamos nos aposentos da marquesa.

— Sim, chegamos. Boa sorte, Richard! — Indo rapidamente de torpor a afobação, Anne abriu a porta e empurrou Richard para dentro. Após a porta ser fechada num forte estrondo, a última coisa que o marquês escutou foi: — Quando você fizer 15 anos eu lhe explicarei sobre o "maravilhoso milagre da procriação".

O silêncio foi a única coisa que restou, nada mais poderia ser escutado do lado de fora, e nem de dentro. Não havia como protelar, não mais. Encarando uma última vez a porta, Richard voltou-se para trás e, reunindo todas forças que tinha, saiu da antecâmara em direção ao quarto. Era apenas fazer o que deveria ser feito, e nada mais que isso. Sim, ele pensaria assim... Oh, Deus!

Todas as forças Richard caíram por terra assim que ele entrou no quarto e... viu a esposa. Cathrine, usando nada mais que uma quase transparente camisola branca rendada, levantou-se assustada de uma cadeira e fitou o... marido. Em total silêncio, o marquês e a marquesa se encararam por um longo momento. Era perceptível que ambos estavam ansiosos, mas... Richard respirou fundo, fazendo a princesa morder os lábios, alguém deveria tomar a iniciativa.

Ainda em silêncio, o marquês tirou calmamente a espada do uniforme de Windsor e, após colocá-la em uma mesa, caminhou para o recamier próximo a cama. Todo esse processo foi acompanhado pelo atento, mas também receoso, olhar da princesa, que permaneceu calada. Richard sentou no assento e fitou Cathrine.

— Ficou boa em você. — Franzindo o cenho, a princesa inclinou a cabeça sem entender. Richard imediatamente corou, mas ainda assim repetiu: — Estou falando da camisola, ficou muito bonita, principalmente... no seu corpo.

Cathrine imediatamente corou e virou o rosto com esse comentário. Oh, Cristo! Richard queria esconder-se, claro que por também estar vermelho, mas ele simplesmente curvou-se para tirar os sapatos.

— Foi um presente de Marie... da princesa herdeira. Ela sempre foi muito boa comigo, e com minha família também, claro. — Richard sorriu encantado com as ternas palavras de Cathrine, parecia uma amizade realmente muito especial.

Porém logo o silêncio entre os dois retornou. Após finalmente tirar os sapatos, o marquês olhou para a esposa. Abraçando o próprio corpo, ela ainda olhava para o lado, parecia até com medo de encará-lo. Talvez fosse melhor assim. Richard suspirou e levantou do recamier.

— Seus pensamentos devem estar a mil, não? — Tirando o ricamente bordado casaco azul, Richard perguntou risonho. Mesmo não olhando, Cathrine assentiu sorrindo, o que também fez ele sorrir. — Os meus também, acho que poderiam até vencer uma maratona.

— Já eu, sinto como se estivesse prestes a pular da janela. — O próprio tom de voz dela mostrava essa ansiedade. A faixa da Jarreteira do marquês, assim como a gravata, também foi tirada.

— Mas assim ambos estaríamos com problemas: — Aproximando-se da princesa, após tirar o colete, o príncipe delicadamente levou uma mão à bochecha de Cathrine, que finalmente o encarou. — Você morreria, e eu ficaria viúvo.

Nesse momento, talvez por ambos estarem praticamente nus, Richard e Cathrine começaram a aproximar os rostos, um beijo entre eles era iminente. Estava perto, muito perto, o marquês já sentia até os lábios dela. A marquesa apoiou o braço no peito do marido e... arregalou os olhos ao lembrar da realidade!

— Você está se despindo! — Soltando-se dele, Cathrine exclamou andando para trás. Naturalmente, Richard negou agitadamente, o que não foi o suficiente. — Santo Deus! Para onde eu olho!?

— P-para onde você desejar, não...! — Toda essa agitação de Cathrine, somada com a ansiedade dele, estava tornando tudo um desastre. Respirando fundo, Richard aproximou-se da esposa, pegou gentilmente as mãos dela e a encarou com um amoroso sorriso. — Tudo ficará apenas entre nós dois, eu prometo.

Ela teria essa confiança? Para o alívio de Richard, Cathrine sinalizou que sim. Afastando-se dela, o marquês desabotoou a calça e, tomando muita coragem, tirou-a, sobrando apenas uma curta camisa de linho. Tentando cobrir o máximo possível com a camisa, Richard encarou preocupado a esposa: ela estava atônita.

*****

Nunca, absolutamente nunca, Cathrine esteve numa situação dessas antes. Como isso era assustador! Santo Deus, havia um homem praticamente nu na frente dela...! Ela estava praticamente nua na frente de um homem! Os romances não falaram dessa parte, e mesmo que tenham falado ela não leu.

Agora, aqui estavam eles, nessa terrivelmente constrangedora situação. Como se já não bastassem os apertados uniformes de corte masculinos, agora o príncipe trajava apenas uma curta camisa de linho. Ele até tentava esconder, mas Cathrine via, assim como vislumbrou, tudo. Desde as grandes e peludas pernas de Richard, passando pelas coxas, até o... que pensamentos eram esses!?

O maior desejo de Cathrine no momento era gritar, mas ela acabou limitando-se apenas a levar as mãos à boca e choramingar. Tal ação preocupou profundamente Richard, que aproximou-se rapidamente dela com suas lindas panturrilhas... os olhos da princesa arregalaram. Como essa noite ficou tão sensual assim!?

— Você está bem? — No mesmo momento que o preocupado Richard tocou nos ombros de Cathrine, ela afastou-se para trás. Foi um reflexo, mas a culpa ainda surgiu nos olhos dele. — Não me diga que eu assustei...?

— Nada! Não foi nada, apenas meus sentimentos entrando em caos. — Isso tornava a situação melhor? O olhar culpado dele permaneceu, então, praticamente por impulso, Cathrine pegou as mãos dele e disse: — Não fique preocupado, apenas... faça o que deve fazer.

Após essa declaração o torpor apossou-se do casal, ambos coraram violentamente, tanto que Cathrine virou o rosto. O coração dela estava quase saindo para fora. Como... como o marquês reagiria? Renegá-la!? Surpreendendo a princesa, embora imediatamente ela tenha percebido que desnecessariamente, Richard começou a brincar com o cabelo dela.

— Vamos fazer na cama ou aqui mesmo? — Como!? A princesa, arregalando os olhos, fitou surpresa o marido. Não foi em tom sedutor, mas... ele deu os ombros e voltou a brincar com o cabelo dela. — É tão frágil, sabia? Combina com você. Escolha onde achar melhor.

— Eu... faremos onde você desejar. — Exatamente como ele respondeu antes. Richard a fitou com um divertido sorriso, um que Cathrine retribuiu dando os ombros... como ele fez antes.

Foi o suficiente para fazê-los rir... mas não para esquecer do que aconteceria. Cathrine e Richard continuaram se encarando em silêncio, até que o olhar do marquês desceu até os lábios da princesa.

— Posso contar um segredo já conhecido? Eu nunca fiz isso antes, sou tão inexperiente quanto você. — A distância entre os dois começou a diminuir, enquanto o olhar dele não saia dos lábios da princesa. — Diga-me, Cathrine: você já beijou antes?

— Eu estaria arruinada caso fizesse isso. — O pai dela teria... ao sentir as bochechas esquentando, Cathrine tentou virar o rosto. Richard, porém, soltando o cabelo dela, a segurou pela bochecha. Ela hesitou, mas perguntou: — Quando foi o seu primeiro beijo?

— O único, até agora? — Então foi apenas uma vez? De qualquer forma, a princesa assentiu. Richard não mostrou reação, seja descontentamento ou tristeza, com essa pergunta, ele apenas respondeu: — Foi com uma amiga, estávamos na galeria e, após vermos uma pintura, ficamos curiosos... ela casou recentemente.

Sem emoção alguma, parecia apenas uma simples lembrança. Cathrine não sabia o porquê, mas ela sentia um grande alívio com essa reação de Richard, seria amor? Bem, logo essa pergunta não teria mais importância. Em silêncio, o marquês e a marquesa permaneceram, ambos fitando um ao outro fixamente. O toque de Richard passou então para os lábios de Cathrine, que fechou os olhos em prazer, os dois aproximaram os rostos, até que...

Os lábios de Cathrine e Richard se juntaram num doce beijo, o primeiro beijo deles. Afastando-se momentaneamente, os dois se fitaram sorrindo, apenas para logo depois retomarem o beijo, só que agora mais forte e com muito mais paixão. O marquês até mesmo abraçou Cathrine, trazendo-a para tão perto que... a princesa estremeceu ao senti-lo duro contra ela. Foi o suficiente para Richard tentar afastá-los.

— Não! — Porém Cathrine resistiu agarrando-se à camisa do marido, que acabou rasgando na gola. O peito peludo de Richard ficou parcialmente exposto. — Não pare, volte a me beijar.

— Mas você...

— Sei que você nunca me machucaria. — Apoiando a cabeça no ombro do marido, assim como acariciando o peito dele, Cathrine afirmou confiante. Richard fitou sério, embora desejoso, a esposa, que assentiu. — Vamos continuar... Richard.

— Está falando de...? — Com um simples assentimento a princesa decidiu o que ocorreria a partir de agora. A primeira ação do marquês foi agarrar o rosto da esposa e beijá-la apaixonadamente, deixando-os quase sem ar. — Você não faz ideia do quanto eu te desejo, Cathrine! Simplesmente não faz.

Após mais um beijo, Richard afastou-se e tirou com rapidez a camisa. Cathrine quase gemeu de prazer, e também surpresa, ao finalmente vê-lo. Nu, ele estava nu. Richard não era um homem musculoso, de fato, porém dificilmente poderia ser chamado de magro. Havia nele algo que atraía Cathrine, seriam os pelos? Talvez ajudasse.

Tão perfeito e angelical coberto, mas nu... um verdadeiro pecado. Cathrine aproximou-se de Richard, enquanto ele também fazia o mesmo, e, quando ambos estavam perto o suficiente, se beijaram num apertado abraço. Sentindo-o contra ela, a princesa gemeu altamente, dando ao marquês a chance de descer os beijos ao pescoço dela. Quando deu-se por si, nem camisola Cathrine tinha mais.

— Agora ambos estamos nus, Richard. — Quando ambos tentavam recuperar o fôlego, Cathrine sinalizou ofegante. Richard assentiu e logo em seguida voltou ao pescoço dela. — O que vem em seguida?

Richard parou e a encarou surpreso. Por um momento Cathrine até pensou tê-lo irritado, mas ele simplesmente sorriu envergonhado e deu os ombros.

— Eu... não sei ao certo. Mas... — Mas? A princesa fechou os olhos e gemeu, ele tocou novamente nela. — acho que devemos passar para a parte mais importante. Claro que apenas se você quiser.

— Por que você pergunta? Apenas faça.

Agarrando abruptamente a esposa pelas coxas, Richard a levou e deitou na cama, onde os beijos retornaram. Tudo parecia estar como antes, parecia que nada aconteceria agora, até que Cathrine viu Richard segurando seu instrumento e o posicionando na entrada dela. Porém, como se fosse uma tática para distraí-la, o príncipe começou a beijar os seios da esposa, o que não a impediu de senti-lo entrar nela...

... Com o suor descendo pelo corpo de Richard, os movimentos dele tornaram-se muito mais fortes e rápidos. O marquês tinha a respiração pesada, gemia altamente e constantemente fechava os olhos, mas era Cathrine que sentia-se prestes a entrar no... a princesa fechou os olhos e gemeu com prazer sentindo uma imensa onda de satisfação tomando-a por completo.

Teria Richard percebido? Cathrine nunca saberia, pois os movimentos dele ficaram muito frenéticos e... o marquês chegou ruidosamente ao clímax. Foi nesse momento que a princesa sentiu seu interior sendo preenchido com... a semente dele! Richard deitou-se ao lado da esposa, enquanto ela olhou para ele e sorriu. Eles haviam feito.

— O que acontece agora, Richard? — Mesmo sentindo a ofegante respiração do marido, Cathrine perguntou docemente.

— Acho que é nesse momento que descansamos. — Descansar? Parecia... decepcionante. Porém, ao perceber os sentimentos dela, Richard sorriu e colocou o braço em volta da esposa. — Hoje eu dormirei aqui, Cathrine, bem juntinho com você.

Sorrindo amplamente, a princesa aconchegou-se nos braços do marquês. O silêncio e o sono instaurou-se entre os dois. Estava consumado, agora de todas as formas possíveis. O futuro parecia promissor, não, o futuro seria promissor, Cathrine tinha certeza. Aconchegando-se mais ainda em Richard, Cathrine fechou os olhos... seria maravilhoso...


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Notas finais do capítulo

* "Faça o que deve fazer", essa frase é a completa essência desse capítulo: Richard e Cathrine estão, acima de tudo, cumprindo o dever deles. Tanto é que eu considero, pelo menos na essência, uma das "primeira vez" menos romântica que eu já escrevi. Com certeza "Anne e Frederik" é a menos romântica, enquanto eu fico em dúvidas entre "Alfred e Elizabeth" e "Katherine e Wilhelm" na mais romântica... tem casais que eu nem mesmo vou mostrar a "primeira vez".

* Ainda falando "desse assunto", essa "primeira vez" é a MINHA primeira vez, só que escrevendo algo assim tão detalhado. Mas por que a "primeira vez" de Katherine e Wilhelm também é tão detalhada? Porque eu fiz depois, após ganhar mais experiência com esse conteúdo. Eu, porém, mantive o artifício de "começar e depois pular para os finalmentes", não tenha paciência para narrar o "meio".

* Vocês talvez devem ter notado que eu iniciei o capítulo mostrando não apenas o lugar onde meus personagens estavam, mas também a sala específica, por quê? Inicialmente o primeiro parágrafo falaria disso, mas na edição eu achei desnecessário, então deixei a sala por consideração. Vocês a verão novamente, não fiquem preocupados. Não sei se era exatamente aqui que eles faziam bailes em St. James, mas é ficção, então tudo é permitido.

* Então, o que aprendemos com esse capítulo: que Richard é cheio de hormônios e Cathrine talvez seja fetichista... hahaha

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