Era Uma Vez... Uma Ilusão escrita por Landgraf Hulse


Capítulo 24
23. Cumpra o seu dever, mesmo que humilhante, pois essa é a coisa mais importante de nossas vidas!




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Theatre Royal, Covent Garden

A atenção de todo o teatro estava no camarote do embaixador russo, onde o mesmo, elevando-se com todo o orgulho, sorria falsamente a todos os espectadores. Parecia em tudo um espetáculo, um terrível espetáculo... mas ficaria pior.

— Peço que todos olhem atentamente para Suas Altezas Sereníssimas, os príncipes de Niedersieg! Na verdade, peço que a princesa Mary de Niedersieg apareça! — Aparecer!? Arregalando os olhos, Mary abraçou Cathrine e negou a Richard. O conde Vorontsov, porém, repetiu: — Venha, minha princesa, pois o pedido é direcionado a sua pessoa!

Mas Vorontsov já conseguia vê-la, qual o objetivo dele ao exibi-la...? As pupilas da princesa dilataram e o rosto dela ficou mais branco que mármore, Vorontsov forçaria ela a aceitar, não haveria como recusar. A vontade de Mary era chorar agora... mas a ação dela foi soltar-se da cunhada e, erguendo arrogantemente a cabeça, aparecer na sacada.

— Eis a estrela mais brilhante! Damas, cavalheiros, o mais pleno desejo da Rússia é estabelecer a paz e a ordem na Europa, mas sabemos que para isso será necessário alianças, alianças realmente fortes... e o que é mais forte que o casamento!? — Ao falar, Vorontsov apontou diretamente a Mary, que esboçou um sorriso. — Minha princesa Mary, nosso alto e corajoso grão-duque Konstantin Pavlovich, o herdeiro de todas as Rússias, mostrou expresso desejo em tê-la como esposa. O que diz então, aceitar cimentar a paz entre as nações!?

Agora foi a vez dela se tornar o centro de todas as atenções, até mesmo os atores da peça olhavam na direção dela. Respirar estava muito difícil, sorrir era quase impossível, a única ação de Mary foi apoiar-se fortemente na sacada e encarar os irmãos, quase tomada pelo desespero.

Vorontsov estava colocando nas costas dela toda a salvação da Europa... Mary nunca sentiu-se tão parecida com Andrômeda antes... a vida dela pela da Europa. Que fosse então conforme a vontade de Deus. A princesa, fechando fortemente os olhos, resignada, virou-se ao marquês, cuja ação foi negar veemente.

— O destino de todos nós é sofrer pelo estado, fazer sacrifícios por um bem maior. — Mesmo que isso significasse tristeza, infelicidade e... morte. Richard novamente negou, tentou protestar, mas Mary, muito hesitante e chorosa, disse: — Diga a todos que eu... aceito me casar com o Ceto!

Não aguentando mais, a princesa abaixou o rosto e fechou os olhos, ela sentia as próprias lágrimas lutando para serem derramadas, mas não poderiam jamais cair. Apesar de preocupado com a irmã, Richard virou-se ao conde Vorontsov e anunciou altamente:

— Viva a grã-duquesa Maria Konstantinovna! Viva a aliança anglo-russa! Viva... a futura imperatriz da Rússia!

Estava feito, e não havia retorno viável. Um profundo silêncio tomou conta do teatro, ninguém ousou comemorar a "união". Mas então, determinada a acabar logo com isso, Mary reergueu a cabeça e sorriu largamente... viva a futura imperatriz da Rússia! Foi o bastante para iniciar uma verdadeira chuva de aplausos.

— Oh Mary, nós... — Ainda durante os aplausos, Cathrine aproximou-se da cunhada e tentou consolá-la.

— Não creio que seja o momento adequado para isso. — Mary, porém, afastou-se da marquesa, bem como da sacada e de Richard e Robert. Todos eles franziram o cenho para ela, mas Mary só recuou e... — Não estou me sentindo muito bem, voltarei para nossa carruagem.

Dito isso, a princesa deu as costas e deixou correndo o camarote dos Bristol. Havia lágrimas nos olhos dela. Robert fitou furiosamente Richard, cuja única ação foi abraçar Cathrine e encarar a ambos... assustado, ele havia condenado a irmã ao pior dos destinos!

*****

Depois do constrangedor pedido de casamento no teatro, bem como a tortura que foram as falsas felicitações pelo arranjo, os Tudor-Habsburg decidiram ir embora o mais rapidamente possível. Foi a melhor decisão a se tomar, principalmente para não deixar Mary sozinha, mas, em contrapartida, também foi a mais instigante.

Nenhum deles trocou sequer uma palavra desde que a viagem começou, a carruagem estava num profundo silêncio... o que dificilmente significava paz. Enquanto Mary tinha o olhar perdido no espaço e tempo, Robert encarava furiosamente o irmão, culpando-o por tudo isso. Richard nem ligava mais para isso.

— Por que Konstantinovna? — Pego de surpresa, quase não escutando, Richard fitou confusamente Mary. Do que ela falava? A princesa suspirou e novamente falou, ainda sussurrando: — Não teria sido melhor Feodorovna ou Pavlovna, talvez até Georgievna?

— Ficaria muito repetido, afinal esse é o nome da imperatriz viúva e de uma das grã-duquesas. — Além de que não existiam Georgy's na casa imperial russa. Richard também não pensou muito então... — Certamente que alguma filha sua também terá esse nome, mas achei de bom tom assim.

Talvez não fosse assim que funcionasse na Rússia, mas... o marquês suspirou, ele não dava importância alguma. Mary, de qualquer forma, apenas assentiu resignada e, juntando as mãos no colo, virou-se tristemente a janela. Todo esse silêncio, essa melancolia dela... só fazia Richard sentir-se mais culpado ainda!

Não era da vontade dele, mas apenas um dever sendo cumprido! O marquês, cuja respiração estava começando a ficar ofegante, abriu a boca afim de falar, porém ele parou ao sentir um forte aperto na mão e voltou-se para Cathrine, que negou lentamente... com um leve sorriso. Isso acalmou Richard, mas ele não era o único estressado.

— Argh, por que ninguém aqui toma uma ação!? Esse casamento é DESNECESSÁRIO! — Levantando-se furiosamente, com os olhos vermelhos de raiva, Robert exclamou altamente. Boquiabertos, Richard e Cathrine voltaram-se a ele, que acrescentou. — Nada vai mudar se esse casamento não acontecer! NADA!

— A aliança com os russos será perdida...! — O marquês, também exaltando-se, tentou responder, mas não conseguiu.

— E o Reino Unido não dispõe de outros meios para formar uma aliança anglo-russa!? Estão tomando apenas o caminho mais fácil! — Foi uma acusação de Robert, uma contra o governo. Porém Richard apenas negou, indisposto a responder às tolices do irmão, que riu sarcástico. — Nada vai mudar, então Mary não precisa casar, não com Konstantin!

Robert não sabia de nada, absolutamente nada! Era apenas um garotinho que, por estar sempre assistindo seções parlamentares, pensava saber de tudo, quando na verdade NÃO SABIA DE NADA! Tudo isso apenas aumentava o estresse de Richard, a raiva que ele guardava no interior! Antes, porém, que o marquês pudesse falar algo, a atenção de Mary voltou-se à discussão.

— É o meu dever, Robert, e eu não fugirei covardemente dele. — Ainda tomada pela melancolia, Mary então afirmou, ganhando do irmão uma veemente negativa. A princesa fechou dolorosamente os olhos. — O sistema me mandou casar com o Ceto, então assim farei. Já estou conformada com meu destino...!

— MAS EU NÃO ESTOU, NUNCA ESTAREI! — Antes mesmo de Mary acabar, Robert gritou com todas as forças que tinha e, percebendo os olhos assustados dos irmãos e Cathrine, virou o rosto, cobrindo-o com as mãos. — Era Juliane de Saxe-Coburg-Saalfeld que deveria estar suportando tudo isso, não você.

As palavras do jovem duque saíram desoladas, mostrando toda a dor e desolação que um casamento desses causava não apenas na noiva, mas também nos familiares. Robert parecia uma criança sendo confrontada pela desilusão. Richard só conseguiu franzir o cenho em preocupação, sabendo que ele também estava assim. Mas Mary... ela fitava impassível o irmão.

— Juliane foi a escolhida por Ekaterina, a Grande, de fato, mas o casamento foi adiado, a imperatriz morreu e a duquesa casou com o primo August. — Resignação, praticamente indiferença, havia apenas isso nas palavras dela. — O destino mudou de vítima, e talvez tenha sido melhor assim. Uma de nós será eleitora da Saxônia, enquanto a outra imperatriz.

E o silêncio instaurou-se novamente após essas palavras, mas isso foi realmente bom? Olhando para Robert, ainda escondendo o rosto; Mary, sentada estoica no banco, e Cathrine, suportando toda essa aflição em profundo silêncio, Richard poderia facilmente chegar a conclusão que não, o silêncio nunca seria bom para eles.

Mas foi o silêncio que prevaleceu, e não havia nada que Richard pudesse fazer, as mãos dele estavam completamente atadas nessa situação. E ainda tinha os sentimentos... esses que afligiam ainda mais o marquês. Desde que nasceu ele via guerras e notícias de guerras, e como soberano ele teria que administrá-las, mas isso!?

O marquês virou o rosto e negou veemente, isso já era muito além do que ele poderia suportar. Às vezes Richard sentia que... ele sabia que não aguentaria com sanidade para sempre. Nesse momento, porém, o marquês novamente sentiu um aperto na mão, fazendo ele virar-se e... receber um sorriso de Cathrine.

— Será o melhor, Richard, as futuras gerações agradecerão por esse sacrifício. — O sorriso dele vacilou com as palavras de Cathrine, mas o sorriso dela não. A marquesa apoiou-se no braço de Richard e suspirou. — Sejamos positivos e... fiquemos sempre juntos.

— Agora você está dizendo o que nós dissemos antes. — Só alguns anos atrás. O marquês tentou aumentar o sorriso, mas falhou, então ele simplesmente encarou fixamente a esposa. — Esteja do meu lado, seja o meu apoio, então eu nunca perderei a sanidade.

Cathrine era também tinha os problemas e sofrimentos dela, claro, mas a timidez e pureza dela eram o suficiente para trazê-lo sempre de volta à razão. A marquesa, cujo sorriso tornou-se maior, aproximou-se do ouvido dele e...

— Lembre-se de contar a eles. — Richard franziu o cenho e fitou Cathrine confusamente, mas contar o quê? Ela simplesmente o fitou de volta, séria.

Foi então que a ficha caiu para o marquês e ele lembrou do que a tempos escondia dos irmãos. Mas... Richard fechou os olhos e, apoiando a cabeça no encosto do banco, novamente suspirou, não havia mas... dessa vez não.

Virando-se aos irmãos, cuja atenção estava em tudo... dentro da cabeça deles, Richard abriu a boca e preparou-se para falar... porém a carruagem subitamente parou e, antes mesmo dele indagar-se o que acontecia, as portas foram abertas; revelando Hampton Court. Imediatamente Robert e Mary deixaram a berlinda.

Não! Richard levantou-se e, parando na porta, estendeu a mão aos irmãos afastando-se, ele queria falar, eles deveriam ficar! Porém faltou ao marquês forças para continuar, para chamá-los... já não teria sido o suficiente os estragos dessa noite? Sentindo Cathrine aproximando-se dele, Richard a encarou e...

*****

Palácio de Ludwigsburg, Ludwigsburg

Entrando pelo portão principal de Ludwigsburg, uma carruagem cruzou o pátio e parou bem em frente a entrada do Neuer Hauptbau. Já era bastante tarde da noite, e certamente metade dos criados já tinha se recolhido... porém desceu calmamente da berlinda um senhor, cujo sorriso não era nada inocente...

Subindo rapidamente a escadaria da consorte, a eleitora de Wüttemberg correu em direção aos aposentos da princesa eleitoral. O rosto dela estava vermelho, numa curiosa mistura de esforço e também receio; dificilmente seria aceito, estava fora de questão. Sem controle que era um tortura, humilhante!

Mas não havia outra opção, a arrogância não poderia causar uma humilhação dessas. Chegando na porta do quarto, a eleitora respirou fundo e entrou na antecâmara, cruzando-a imediatamente rumo ao quarto. Instantaneamente ela encontrou Anne de pé, apoiando-se na condessa Verweyen, então a princesa virou-se furiosamente à sogra.

— Não! Eu não descerei! — Então a condessa já havia dado o recado? A eleitora fechou os olhos e negou, fazendo apenas Anne virar o rosto... furiosa. — Meu orgulho não será ferido dessa forma, é uma humilhação!

— Sei que é, e entendo seus sentimentos, mas o dever vem em primeiro lugar, Anne! — Com uma grande firmeza, tomando a pose de soberana, a eleitora lembrou. Anne negou ofendida. — Não acha que seria uma humilhação ainda maior ninguém ir recebê-lo? Parecerá até que estamos com medo de...

— NÃO OUSE MENCIONAR ESSE NOME, CHARLOTTE! NÃO OUSE! — Anne, antes mesmo da eleitora emitir algum som, gritou furiosamente, até apontou. Charlotte recuou assustada, fazendo a princesa se acalmar e afastar-se aturdida. — É terrivelmente azedo para mim, pior que Caim ou Judas.

Ao dizer isso, Anne sentou com certa dificuldade num recamier e fitou friamente a própria cama. A eleitora, cuja expressão era profundamente impassível agora, balançou a cabeça, ela não iria receber Fritz para chamá-lo assim, mas apenas um político. Mas... um político envolvido em tudo isso.

Fechando os olhos e deixando os próprios sentimentos de lado, a eleitora aproximou-se da "nora" e sentou ao lado dela no recamier. Nada foi dito entre as duas, Anne sequer encarava Charlotte, até que essa virou o queixo da princesa eleitoral na direção dela.

— Lembro-me muito bem da sua mãe, sabia? Ela era tão alta, popular e linda, a única que conseguia competir com Georgiana Cavendish. — Até mesmo com a soberania da rainha. Charlotte a encarou fixamente. — Mas sabe o que sua mãe não era? Uma covarde. Ela tomava a frente do que defendia e ia até o fim.

— Por que você está me falando isso? — Erguendo arrogantemente a cabeça, Anne perguntou com uma pontada de ofensa.

— Porque você é a filha mais velha de Katherine, você é uma princesa Tudor-Habsburg, Anne. — A última Anne dessa família, cujas matriarcas eram... Anne's. A princesa eleitoral virou o rosto. — Levante e tome uma posição, Anne! Cumpra o seu dever, mesmo que humilhante, pois essa é a coisa mais importante de nossas vidas!

Essas palavras trouxeram a atenção de Anne, que voltou a fitar a "sogra", porém agora como se os olhos dela estivessem perdidos no espaço tempo. Até que Anne disse:

— Temos orgulho, mas se for necessário feri-lo, que seja com honra. — Fechando fortemente os olhos e suspirando, Anne então levantou, ainda com certa dificuldade, e virou-se a condessa Verweyen. — Luise, ajude-me a vestir algo próprio, e também arrume o meu cabelo.

— Que maravilha. Você faz em ir recebê-lo, Anne. — Batendo as mãos, a eleitora levantou e sorriu agradecida a princesa eleitoral, que apenas esboçou um sorriso. — Tentarei acordar Friedrich, e cuidarei para que a pequena Charlotte continue dormindo.

Dando mais um sorriso agradecido, a eleitora deu as costas e deixou os aposentos da princesa eleitoral, que fechou fortemente os olhos e, suspirando, sinalizou para a condessa ajudá-la. Era melhor elas serem rápidas, ou ele ficaria irritado... maldito von Abel!

*****

Palácio de Hampton Court, Londres

— Desejo falar algo muito importante com vocês. — Entrando rapidamente no hall de entrada, com Cathrine não muito longe, Richard avisou seriamente aos irmãos subindo a escadaria. Eles, porém, sequer deram atenção. — Agora!

Isso serviu para fazê-los parar, e Richard também, embora com uma firme expressão no rosto. Robert e Mary, descendo alguns degraus, encararam questionadoramente o irmão mais velho.

— Essa noite já não foi longa demais, Richard? Não acha que qualquer outro assunto ficaria melhor amanhã? — Descendo alguns degraus e encarando-o sarcástico, Robert perguntou.

— Não, principalmente quando o assunto envolve a segurança nacional, a nossa segurança. — As palavras dele foram o bastante para fazer Robert arquear uma sobrancelha, bem como Mary, descendo devagar, franzir o cenho. Richard encarou a irmã. — Sabe do que estou falando, Mary? Tenho certeza que sabe.

— A invasão! — Arregalando os olhos, Mary exclamou ao lembrar, tanto que descendo correndo os últimos degraus rumo ao marquês. — Richard, diga-nos, por favor, com toda a sinceridade; a invasão é ou não real?

— Sim, é real o medo de uma invasão francesa, e muito real. — Profundamente sério, bem como sem nenhum receio, o marquês confirmou. Mary tomada pelo horror, levou uma mão à boca, enquanto Robert...

— Mas... então você escondeu isso de nós!? Mentiu!? — Também descendo os últimos degraus, praticamente impondo-se em altura, Robert questionou perplexo. Richard manteve-se calado, fazendo o caçula negar e afastar-se. — Eu não vou gritar, nem elevar a voz, mas o que você tinha na cabeça ao fazer isso de novo!?

De novo? O marquês franziu o cenho, Robert disse "de novo"!? Como se...? Negando boquiaberto, tomado por um momento de ofensa, Richard virou-se e se afastou para o lado. Robert e Mary, bem como a calada, além de preocupada, Cathrine, apenas observaram ele. Richard abaixou a cabeça e suspirou.

— Certas coisas devem ficar ocultas de tudo e todos, até mesmo dos mais próximos parentes, principalmente quando de extrema importância. — Ainda de costas, o marquês respondeu num tom sério. Embora ganhando uma negativa de Robert. — Não tentarei me defender, pois sei que é inútil...

— Mesmo? Como adivinhou!? — Richard novamente fechou os olhos ao escutar Robert.

— Mas esse é um assunto de estado. Nós não lemos jornais, mas o medo que eles estão colocando nas pessoas é imenso. — Ou talvez as pessoas estivessem sendo precipitadas, até histéricas. Richard negou e passou as mãos no rosto. — Sei que nunca sairia da nossa casa, mas eu não podia falar, simplesmente não podia.

— Além de que foi uma proteção. — E Cathrine, aproximando-se dos cunhados, também fez ser ouvida. — Quem não ficaria amedrontado com ameaças de invasão?

Exatamente, Mary mesma entrou em pânico no teatro quando escutou o rei mencionar o assunto. Nada, porém, foi dito entre eles. Robert, franzindo o cenho e inclinando a cabeça, aproximou-se do irmão mais velho, enquanto Mary, não aguentando mais a emoção, desabou num assento do hall

— Qual a veracidade...?

— É por isso então que você falou do ar. — Interrompendo a irmã, o duque apontou ao marquês, que, franzindo confusamente o cenho, virou-se para trás. — Sim, o ar! Quando eu disse que é impossível invadir a Inglaterra pelo mar, você falou do ar. O que significa exatamente isso?

O ar... os olhos dele arregalaram ao lembrar, tanto que Richard virou-se para frente e começou a andar freneticamente pelo hall. Talvez ele tivesse falado demais, porém... eles já sabiam, de qualquer forma.

— Eu considero impossível, mas nossa inteligência encontrou provas de que os franceses planejam invadir a Inglaterra com... balões de ar quente. — Sequer olhando nos olhos de Robert, Mary ou Cathrine, Richard então disse, para o horror dos três.

— Mas isso é ridículo! — Robert imediatamente exclamou cético.

— Ou uma distração, para focarmos no errado e despercebermos os navios sendo preparados. — A princesa caçula, porém, ao contrário do irmão, mostrou-se bastante pensativa... antes de acrescentar chorosa. — Oh Deus, quantas ameaças de invasões eu ainda terei que suportar na vida!?

Agora Mary já estava se lastimando, pois foram apenas duas ameaças que a Inglaterra sofreu... desde a Revolução Francesa. O marquês, respirando fundo e negando, aproximou-se dos irmãos e esposa, tentando ao máximo parecer confiante na segurança.

— Addington e seus ministros, bem como o duque de York, já começaram a fortificar o canal. Dover será uma fortaleza. — As informações dele não pareceram ajudar Robert e Mary, então Richard acrescentou: — As milícias já começaram a ser formadas e, caso Bonaparte seja louco o suficiente, o governo saberá como agir.

— Nunca se deve duvidar da megalomania de um louco. — Robert negou e colocou-se na frente do irmão, encarando-o fixamente com franzir de cenho. — Mas e nós, o que faremos caso os franceses invadam?

— Faremos o que melhor sabemos fazer: fugir para Lancaster House. — Tal como eles fizeram na última vez que os franceses ameaçaram invadir. Com a resposta dele, Mary negou.

— Não acho que tenho saúde mental para suportar mais uma temporada de medo e incertezas naquele lugar.

— Lembre-se que você estará muito bem protegida na Rússia, Mary. — Cathrine, tentando sorrir tranquilamente, respondeu a princesa caçula, que não mostrou muita confiança. Isso, porém, fez a marquesa virar-se ao marido... receosa. — Ela estará... não é, Richard?

O marquês não respondeu, não em palavras. Ninguém sabia quando os franceses invadiram, eles estavam se preparando, mas o dia e a hora ninguém sabia, nem Bonaparte. Engolindo em seco, Richard voltou a andar pelo hall.

— Caso os franceses tomem Londres, iremos para Austen Manor, em Cumberland, e se o pior acontecer... — A voz dele falhou um momento ao pensar nessa remota possibilidade. Não haveria pior, nem invasão a Londres, Richard negou consigo mesmo. — cruzaremos a Escócia e fugiremos para a Alemanha, onde seguiremos para Niedersieg.

— Sendo assim, que Deus afunde os navios de Bonaparte e coloque inúmeros inimigos no caminho dele! — Extremamente fria, quase vingativa, Mary respondeu num suspiro. Amém, que assim fosse. O olhar da princesa foi tomado então pela melancolia. — Entendo agora as palavras de Vorontsov; como meu casamento torna-se ainda mais necessário. Com licença.

Levantando-se, a princesa fez uma mesura aos irmãos, bem como a cunhada, e subiu rapidamente a escadaria. Era compreensível, essa foi uma noite muito mais longa que o normal. Logo, porém, a atenção de Richard virou-se ao jovem duque, que voltou a aproximar-se dele com aquele olhar questionador.

— Essa "rota de fuga", você inventou agora, não foi? — Sim, mas Richard jamais admitiria em voz alta. O marquês fitou calado o irmão mais novo, que chegou muito perto. — Minha vontade é de socá-lo, mas guardarei para quando a razão estiver comigo. Boa noite, meu príncipe.

Com uma dramática mesura, Robert também subiu a escadaria, tão furioso quanto poderia estar. Sozinho no hall com a esposa, Richard cobriu o rosto e gemeu altamente, mais que frustrado. Cathrine até tentou acalmá-lo, porém Richard sinalizou que não e simplesmente saiu em direção ao escritório. Ele precisava pegar uma coisa.

*****

Palácio de Ludwigsburg, Ludwigsburg

Já completamente vestida, ou melhor, vestida o suficiente para descer a sala de recepções. Anne desceu a escadaria da consorte e, cruzando um longo corredor, parou em frente a porta. Do outro lado estava um dos algozes de Anne, um homem, mesmo inerentemente, cujo os ombros carregavam o estado dela.

Era um desprezível, apesar de ocupar uma alta posição no Landstände. Mas ela era uma princesa, então iria agir como uma... Anne abriu fortemente as portas duplas da sala.

— Sr. Konradin von Abel, como é surpreendente vê-lo aqui, principalmente numa hora dessas. — Entrando com um certo estardalhaço, Anne imediatamente trouxe a atenção de von Abel. Aproximando-se o suficiente dele, ela então estendeu a mão. — Beije a mão da sua futura senhora. Vamos, não demore!

A voz da princesa saiu mais no tom de ironia que ordem, mas von Abel aproximou-se e, ajoelhando-se, beijou a mão dela. Um imenso sorriso de satisfação surgiu nos lábios de Anne, porém... von Abel a encarou.

— Posso dizer a mesma coisa da sua pessoa, Sua Alteza Sereníssima. — Anne franziu o cenho e inclinou a cabeça, como assim? Von Abel, reprimindo o sorriso, fez uma cara penosa. — Eu pensei que a princesa estaria... bem, chorando.

— Chorando!?... Por que eu estaria chorando? — A voz dela acabou exaltando-se, mas Anne, semicerrando os olhos, logo voltou a frieza.

— Por causa dos infortúnios que a vida trouxe. — Von Abel abaixou a cabeça um momento e voltou a encará-la. Foi o bastante para Anne afastar a mão dele. — O príncipe Friedrich Wilhelm, seu marido...

— Meu marido é um covarde, Sr. von Abel. Um covarde que perdeu a cabeça e deixou a família por uma prostituta. — Colocando bastante ênfase nessa última palavra, Anne falou ao afastar-se dele. — Sim, uma prostituta. Não vejo então razão para chorar, uma mulher do meu alto status social não pode chorar por um covarde e uma...

— Não fale novamente essa palavra, minha princesa, é especialmente ofensiva para mim. — Claro que seria, Anne sorriu irônica e negou. Von Abel, cuja expressão agora era ofendida, disse entre dentes: — A dama em questão é minha filha, senhora, minha filha!

Oh, mas ela sabia muito bem disso, por isso mesmo estava falando assim. Em uma situação normal, Anne sequer mencionaria Fritz e a "perdida", a gentalha não merecia a dignidade da menção. A princesa, porém, deu as costas a von Abel e negou.

— Isso não torna ela inocente, nem muda o fato dela aceitar tornar-se amante do meu marido. — Talvez Anne estivesse sendo dura demais, fria demais... mas ela não ligava. — Na minha concepção, uma mulher que se envolve com um homem casado, sabendo que ele é casado, e ainda engravida dele, é uma prostituta.

Falando isso, Anne voltou-se então ao homem e deu um sorrisinho. Não houve uma resposta imediata de von Abel, ele apenas fitou o chão e...

— E quanto ao homem, o que ele é? — Von Abel fitou desafiadoramente a princesa eleitoral... que sorriu.

— Um desleal, um covarde, um homem que jamais voltará a ser confiável. — Em outras palavras, sem perdão. Respirando fundo, Anne levou então uma mão à grande barriga, fazendo a dignidade de von Abel tremer. — A honra é uma das coisas mais importantes na vida, e quando um homem deixa a esposa... a honra deixa ele.

Sendo assim, Anne ocuparia sempre o papel de vítima, principalmente com a filha pequena e um bebê no ventre. Esse assunto estava sendo fortemente guardado pela família eleitoral, mas quando fosse descoberto... Fritz seria desprezado e condenado em toda a Europa, por todas as casas soberanas, grandes ou pequenas.

Onde já se viu isso, trocar a esposa — cujo sangue era compartilhado pelos poderosos — e os filhos, por uma ninguém grávida de bastardinhos? Anne negou consigo mesma, embora encarando muito fixamente o Sr. von Abel.

— Não tem medo, minha princesa? — Havia um brilho ameaçador nos olhos dele. Anne, porém, franziu confusamente o cenho. — Sou membro do Landstände, e um membro muito influente. Na Inglaterra, a terra da qual a senhora veio, a realeza ofender um parlamentar seria escandaloso.

— O senhor está certo, na Inglaterra seria terrível. — Dando as costas ao homem e caminhando até um sofá, Anne disse e então... riu sarcástica. — Mas veja só, aqui não é a Inglaterra, Sr. von Abel, mas sim o absolutista Württemberg. Meu sogro pode destruir o Landstände a qualquer momento.

E assim logo o faria, pois ele odiava essa instituição. Anne sentou então no sofá, sorrindo largamente ao Sr. von Abel, que abriu a boca a fim de... porém a eleitora entrou na sala, obrigando o membro do Landstände a fazer uma mesura.

— O eleitor logo virá, Sr. von Abel. Não foi tão difícil assim acordá-lo. — Sequer estendendo a mão para ser beijada, a eleitora avisou e sentou-se ao lado da "nora". — Qual a sua politicagem de hoje?

Com isso a conversa de Anne e von Abel acabou, uma vitória para ela? Talvez. Anne não se sentia assim tão humilhada, mas sim preocupada. Logo os irmãos dela iriam descobrir, e o que fariam depois disso? A princesa eleitoral suspirou e o próprio eleitor chegou.

*****

Palácio de Hampton Court, Londres

Encarando fixamente o próprio reflexo no espelho da penteadeira, Cathrine apoiou a cabeça no braço e suspirou altamente, extremamente cansada de toda essa noite. Era impressionante como toda a calma poderia facilmente se desfazer. Do encantado teatral ao mais profundo desprazer e medo. O desejo dela era... apenas descansar.

Posicionando-se atrás dela, Lady Cavenbush começou então a desfazer o penteado cheio de cachos da marquesa. Foi aliviante para Cathrine sentir o cabelo caindo sobre os ombros, bem como o peso dos enfeites de prata indo embora. Novamente suspirando, a marquesa começou a massagear a cabeça.

— Deseja algum óleo de essências no cabelo, minha marquesa? — Lady Cavenbush, percebendo o "espírito abatido" de Cathrine, sugeriu docemente. A marquesa sorriu agradecida, mas...

— Não será necessário, Jane, apenas escove mesmo. — Seria relaxante o movimento de algo macio no cabelo dela. A baronesa assentiu e pegou a escova. Voltando-se ao espelho, Cathrine viu todas as damas, mas não... — E onde está Lady Spencer; não a vejo desde o final da tarde.

— Lavinia não estava se sentindo muito bem, então retornou a Spencer House. — Lady Carlisle, preparando a roupa de dormir da marquesa com Lady Chartents, prontamente respondeu, antes de acrescentar: — Minha marquesa prefere qual camisola: a branca bordada ou a prata rendada?

Mas as duas eram praticamente iguais, apenas uma era curta demais, enquanto a outra era decotada demais. Cathrine semicerrou os olhos na direção das camisolas e, fitando Lady Carlisle, tentou responder.

— A prata é linda, sem contar que essa é renda de Bruxelas... — Mas a viscondessa Chartents foi mais rápido, iniciando assim uma discussão sobre qual seria melhor.

Ouvindo tudo isso, Cathrine simplesmente revirou os olhos. Chegava um momento na vida de toda consorte que não poder escolher as próprias roupas tornava-se o menor dos problemas. No final a camisola escolhida foi a rendada e Lady Cavenbush acabou.

— Minha marquesa deseja uma trança? — Cathrine assentiu a baronesa, ao mesmo tempo que pegou a escova e imediatamente franziu o cenho... um cabelo branco!

Por Deus, nem 22 anos ela tinha e os cabelos brancos já estavam aparecendo! Nesse caso, porém, não eram marcas da velhice, mas sim das ansiedades que Cathrine tinha na vida. Os problemas e desprazeres vinham de tantos lados e pessoas que... a marquesa negou e colocou a escova no lugar.

— Lady Pembroke mandou alguma mensagem sobre Adam? — Sendo confrontada pelos problemas, Cathrine se apegaria então ao filho.

— Ela mandou dizer que ele está dormindo como um anjinho, e sem tossir. — Lady Newport avisou com um tranquilo sorriso, o que acalmou bastante a marquesa. A condessa, porém, logo lembrou das criadas no quarto. — Eu já não mandei fecharem as janelas? A marquesa ficará doente...

Foi o bastante para Cathrine retornar ao espelho, embora bem no momento que Lady Paston trouxe a pequena bacia para ela lavar o rosto. Todo o resto do ritual de "despir-se" aconteceu como acontecia todas as noites, então a marquesa deitou na cama e as velas do quarto apagadas.

Deixada sozinha no escuro, a marquesa suspirou e fechou os olhos... porém quase imediatamente depois ela abriu novamente. Havia um imenso cansaço no corpo dela, mas também uma grande aflição ao ficar parada. Cathrine imediatamente levantou e, vestindo um robe, passou ao quarto do marido.

Bem como imaginou, Cathrine encontrou Richard acordado e ainda vestido com a roupa de antes, embora deitado na cama com...

— Já não era para você estar dormindo, Cathrine? — O marquês logo percebeu a entrada da esposa, que aproximou-se da cama dele. Isso era uma expulsão? — O que você faz aqui numa hora dessas?

— Eu estou sem sono, assim como você, com certeza. — Cathrine respondeu sentando-se ao lado dele. Richard não respondeu, apenas continuou olhando fixamente para cima... e levou um copo a boca. — Por isso mesmo vim aqui, para ver como você estava.

Embora Richard já tivesse companhia, claro. O olhar de Cathrine recaiu imediatamente na garrafa de whisky ao lado do marido, deve ter sido isso que ele foi pegar no escritório. Richard percebeu esse olhar, então estendeu o copo na direção dela.

— Você quer um pouco? — Cathrine imediatamente franziu o cenho e negou. Richard, porém, riu levemente e insistiu: — Bebe, é gostoso. No começo arde um pouco, mas logo você se acostuma. É melhor que fumar rapé.

Mas o que ele estava falando!? Não dando atenção, Cathrine deitou-se do lado dele e fitou o teto do dossel, o que Richard também logo voltou a fazer. Um leve, porém confortável, silêncio instaurou-se entre eles, até que Cathrine virou-se ao marido.

— Você se saiu muito bem hoje, Richard. — Foi o suficiente para trazer a atenção dele, bem como um duvidoso sorriso. Cathrine levou uma mão ao rosto do marido. — A calma com que lidou com esses problemas foi impressionante.

— As vezes me pergunto até quando será. — Cathrine franziu o cenho ao escutá-lo, como assim até quando? O sorriso de Richard tornou-se melancólico. — A vida de um Tudor-Habsburg é cheia de problemas, incertezas e sofrimento... como de todo mundo, claro, mas sofremos no nível "realeza". Sinto que não vou aguentar muito.

O marquês continuou a encará-la sorrindo, tanto que acariciou a bochecha dela. Porém Cathrine pegou a mão do marido e a apertou fortemente.

— Ninguém aguenta para sempre. Mas eu estarei aqui, e estarei sempre. — A firmeza na voz de Cathrine era imensa. Mary casaria e iria embora, e os franceses realmente poderiam invadir, mas isso não destruiria o vínculo deles. — Nos piores momentos, vamos sempre nos fazer de âncora.

Richard sorriu e beijou levemente os lábios de Cathrine, antes de suspirar e levar novamente um copo de whisky a boca... a marquesa, porém, tomou o copo das mãos dele e bebeu todo o líquido amarelado. Cathrine imediatamente fez uma careta ao sentir a ardência, o que causou uma divertida risada em Richard.

Os dois se abraçaram e beberam mais um pouco, até que o cansaço venceu e ambos caíram no sono. Os meses a seguir não seriam nada agradáveis, mas eles tinham um ao outro, então iriam aguentar... mas até quando?


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Notas finais do capítulo

* "Oh Deus, quantas ameaças de invasões eu ainda terei que suportar na vida!?"... eu conto ou vocês contam? Para quem não entendeu, pesquisem o que aconteceu em 1812 na Rússia.

* Tenho um pequeno adendo sobre Konradin von Abel e a filha dele, Therese von Abel. Eu não encontrei em lugar nenhum pinturas ou impressões deles, apenas pequenas biografias. Acho que deve existir, é um pouco impossível não ter, mas eu não estou com muita vontade de viajar a Stuttgart para descobrir. E mais uma coisa, nós lugares que eu pesquisei falava que ele era paisagista... mas eu não tenho certeza se era no sentido da paisagista de paisagem, acho que o tradutor chama assim quem fazia parte do Landstände.

* Ainda falando nos Landstände, esses eram "parlamentos estaduais" que existiam nos estados alemães desde a Idade Média. Houve um tempo que eles foram bastante influentes, apesar de não necessariamente democráticos, mas essa influência acabou na maior parte deles durante a Era Moderna, com a ascensão do absolutismo. O Landstände de Württemberg era particularmente influente, na verdade, assim como o de Mecklenburg. Mas em 1806 o Landstände de Württemberg foi desfeito, enquanto o de Mecklenburg durou até 1918, quando a monarquia foi abolida no Império da Alemanha.

* E Niedersieg, lá também tinha Landstände? Acho que a melhor resposta seria não... não como nos estados germânicos antigos. Na minha história, Niedersieg "nasceu" na segunda metade do século 17, já na era do absolutismo, então não existia uma assembleia representativa. Mas cada cidade tinha um conselho, que ocupava, de certa forma, o lugar do Landstände. Estou planejando escrever sobre Niedersieg depois, então logo explicarei.

* E não se esqueça de favoritar ou acompanhar "Era Uma Vez... Uma Ilusão", isso me motiva bastante a continuar postando.

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