Arautos do Fim do Mundo escrita por Sorima
Notas iniciais do capítulo
Boa leitura!
— Parte enfeitada... – Erevan repetiu com magoa no semblante.
— Mesmo que alguns pontos me pareçam familiares, você parece tê-la modificado, – Himir continuou – bem típico de um bardo.
— Espere! Você estava presente quando a profecia surgiu? – perguntei animada. – Então pode nos falar a profecia completa.
Seus olhos dourados se voltaram para mim.
— Não, criança. Os dragões primordiais estavam presentes na criação do mundo, mas isso foi três gerações antes da minha. Eles ouviram as profecias nascerem, mas nós, seus descendentes, apesar de podermos sentir a profecia não nos lembramos dela para expor.
— Humm... – franzi a testa, o sorriso murchando.
— Existe alguma informação que você possa nos passar? – Aseir questionou tentando encontrar alguma ponta para se agarrar.
Himir encarou-o séria.
— Existe. Erevan raspou em apenas uma parte da profecia, pelo conteúdo eu diria que há mais duas partes. Talvez, então, vocês consigam montar a profecia completa.
Estremeci enquanto passava a mão sobre o pelo eriçado para abaixá-lo.
— Se temos apenas um terço da profecia, vamos ter que trabalhar para encontrar as outras duas partes, e pelo conteúdo da primeira, teremos que encontrar um jeito de evitar uma real catástrofe – concluiu meu mestre.
— Contudo... – Himir chamou nossa atenção pelo tom da voz – vocês parecem estar seguindo o fluxo do destino. Devem encontrar as outras partes no seu objetivo.
— No Olho do Farol? – questionou Serena.
— Sim. E este não é um local de que eu queira me aproximar, é no território de outros... Era esse o favor que queria, certo? – voltou-se para o elfo.
— De fato. Não pode nos ajudar de alguma forma? – Erevan perguntou fazendo Himir sorrir.
— É claro que posso! Lhes desejo uma boa jornada! – Ela ergueu a mão a frente e pareceu varrer alguma coisa no ar.
Senti-me desequilibrada, chacoalhando e flutuando em meio a uma luz forte antes dos meus pés baterem no chão firme novamente, meu estômago revirado. Cambaleando, coloquei para fora o almoço sobre um belo piso de mármore polido. Pelo canto do olho vi Aseir e Serena fazerem o mesmo, e Erevan, apesar de parecer tão nauseado quanto nós, cobria a boca com a mão e se concentrava em respirar, de olhos fechados.
— O que foi isso? – Serena questionou sem fôlego.
— Eu diria que fomos teleportados – supôs Aseir – por vias conturbadas.
Sim, era como se tivéssemos entrado numa sombra dançante contra a nossa vontade e cegos. Olhei em volta tentando entender onde estava. Havia archotes acesos, que iluminavam o ambiente e um grande mapa dos reinos e regiões inexploradas, pintado em um canto das paredes. Havia três portais ali, dois pareciam se aprofundar na construção e o terceiro esteva selado por uma belíssima porta de madeira cheia de detalhes delicados de plantas.
Tudo ali parecia de alta qualidade, tanto o piso como as paredes eram de mármore, e os poucos móveis que estavam ali eram de uma madeira nobre. Olhei para cima e encarei, admirada, o teto transparente e abaulado. O vidro não era um material de fácil aquisição, muito menos barato. Ouvi passos ecoando de um dos corredores. Limpando a boca com as costas da mão e agarrando o cabo de um dos punhais com a outra, esperei.
Três figuras surgiram num dos portais carregando rolos de pergaminho. Estudei-os: havia ali um anão atarracado e barbudo, um tiefling, do povo amaldiçoado, e um ser que lembrava algo entre um elfo e um humano.
— Parente seu? – Aseir sussurrou ironicamente para Erevan.
Suspirando e encarando o meio elfo que tinha um ar de surpresa na face, Erevan cumprimentou:
— Olá, sobrinho. Que as benções de Corellon Larethian continuem iluminando seu caminho!
O anão grunhiu e falou mal humorado:
— Que visitantes rudes! Chegam sujando o chão da casa dos outros!
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