Arautos do Fim do Mundo escrita por Sorima


Capítulo 6
Revelação


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Era uma presença estrondosa, gigante, que ameaçava me esmagar por simplesmente estar ali. Tive consciência que não só os pelos da cauda, mas de todo o meu corpo tinham se eriçado, meus olhos estavam arregalados varrendo a névoa em busca de movimento. Um rosnado que tinha nascido no peito escapou pelos meus lábios. Respondi:

— Não vim para te matar ou roubar, seja lá quem você for.

— Então, o que veio fazer aqui? – a voz perguntou em meio a um rosnado profundo.

— Estava seguindo Erevan por um atalho para as Montanhas Rochosas – respondi sem pensar.

A presença pareceu se afastar, o que facilitou respirar.

— Você está com ele? – a voz soou incrédula.

— Estou.

Houve um instante de silêncio antes de ouvir um bufado e minha visão voltar. Pisquei algumas vezes olhando em volta para me situar. A névoa tinha desaparecido, assim como as plantas, eu estava dentro de uma caverna ampla, iluminada por joias luminescentes nas paredes e no teto. Uma visão magnífica que não chegava nem aos pés do encantamento que senti ao ver a pilha de tesouros que se encontrava no fundo da caverna.

— Uau... – soltei surpresa.

— Se um só item desaparecer irei caçá-la até os confins do mundo – uma voz forte de mulher chamou minha atenção.

Ela estava parada acariciando os dois cavalos que pertenciam a Aseir - que me dei conta - estava a poucos metros de mim, a face pálida e os punhais também nas mãos trêmulas. Não que eu estivesse muito melhor. Voltei-me para a mulher de pele cobreada, olhos dourados e orelhas pontudas, que pelo cheiro não era um elfo:

— Quem é você? – perguntei.

— HIMIR! – a voz de Erevan se fez ouvir quando seu cavalo adentrou a caverna em um galope desenfreado que ecoava. – Não os machuque, eles estão comigo!

— Eu sei, seu elfo tolo – a mulher ergueu uma das mãos e o cavalo diminuiu a velocidade até chegar nela, arfando.

— Ah... – respirou aliviado enquanto recuperava o folego e apeava.

— Eu te disse que eles estariam bem – Serena comentou tranquila quando seu cavalo apareceu. Porém, suas orelhas ligeiramente viradas para trás diziam o contrário. – Quem é a nossa anfitriã? – perguntou quando seus olhos encontraram a mulher.

— Esta é Himir, a guardiã desta região – Erevan a apresentou.

— Mas o que ela é? – Aseir perguntou meio carrancudo.

— Ora, mas o que mais guardiões seriam? – Serena olhava arrebatada para a anfitriã. – É claro que ela é um dragão dourado!

Um dragão dourado... As palavras pareciam demorar a se encaixar na minha cabeça. Quantas pessoas conheciam um dragão? Ainda mais algum dos dragões dourados! - que conforme as baladas, tinham formado um vínculo com os líderes que desejavam a paz e os ajudaram a dar fim à guerra. Depois, fora acordado, que desde que não houvesse mais guerras, os dragões dourados protegeriam os povos de outros dragões e de epidemias, um acordo que, juntando todas as evidências, regia nosso mundo atual.

Os cavalos que magicamente estavam sem as selas e arreios, se dirigiam visivelmente alegres para fora da caverna.

— Como você nunca nos contou que conhecia um dragão dourado? – eu e Serena perguntamos em uníssono, enquanto Aseir soltava seu comentário amargo:

— Achei que dragões dourados fossem mais gentis com os habitantes de Lume...

Os olhos de Himir se voltaram para Aseir, severos. Ela deu alguns passos na direção dele, que deu alguns passos para trás.

— Somos os guardiões do bem e da justiça. Não apenas dos moradores de Lume, mas do mundo inteiro. Às vezes, contra os próprios habitantes.

Seu olhar me abrangeu em sua fala e então ela se virou para Erevan:

— Por que está aqui? – perguntou em um tom baixo.

— Perdoe-me, Himir. Não tenho mais a quem recorrer, estou precisando de sua sabedoria e de um favor – Erevan pediu em uma meia reverência.

Himir suspirou e revirou os olhos.

— Não me parece que você não tenha a quem recorrer. Só não acho que sejam boas pessoas.

O elfo balançou a cabeça, negando.

— Todos precisamos de um pouco de luz, e estamos tentando fazer a coisa certa. É sobre a profecia...

Himir encarou todos nós antes de concordar.

— Mesmo no mais escuro pântano pode haver luz, cuidem de alimentá-la – ela fez uma pausa. – O que vocês têm da profecia? Vamos começar por aí.

Erevan retirou um papel dobrado do alforge que carregava e passou para ela, que o leu cuidadosamente e então levantou o rosto para encarar-nos.

— Isso é só parte enfeitada de uma profecia desmembrada, não é possível tirar nenhuma conclusão sólida daqui.

 


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Notas finais do capítulo

Eles praticamente voltaram pra estaca zero. O que pode acontecer agora?