Holmes e Watson: Casos Arquivados escrita por Max Lake


Capítulo 1
A florista desonesta


Notas iniciais do capítulo

Começando mais um desafio! YEY!

E como é tradição em todo desafio eu não sei exatamente como serão os capítulos. Eu acho que serão todos casos isolados, mas depende dos camaradas Holmes e Watson.

Como Watson já adiantou na sinopse, alguns contos serão narrados pelo Sherlock. Este é um deles.



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Ao meu caro amigo John Watson.

Como sabe, você me pediu para contar uma história aos seus leitores. Sua ideia, creio eu, seja mostrar como o detetive Sherlock Holmes pensa, raciocina, enxerga e vê. Você quer que eu seja John Watson e Sherlock Holmes ao mesmo tempo. Apesar de não gostar de seus floreios literários, é uma tarefa que fico muito feliz em cumprir.

Porém, o caso que tenho a contar é curto e de fácil solução. Foi numa semana complicada, lembro-me que os casos oferecidos eram tão interessantes quanto assistir à tinta secar. Também me lembro que você estava viajando ao lado de sua esposa, Mary, e em sua mala estavam todos os casos interessantes e você não me contou.

O pequeno problema que lhe trago envolve uma idosa chamada senhora Gibson. Baixinha, grisalha, robusta, de vestido azul liso, com uma rosa sobre a orelha. Ela havia banhado antes de vir, conseguia sentir o cheiro de xampu e de sabonete, porém não deve ter prestado atenção que o vestido estava sujo de terra na altura dos joelhos. Assim como não lavou bem as mãos, pois tanto as unhas quanto a aliança desgastada estavam igualmente sujas. Minha conclusão com esta observação, John: Ela fazia jardinagem antes de vir para cá.

—Boa tarde, senhor Holmes - ela falou. Sua voz era fraca, parecia ter chorado por alguns dias.

—Boa tarde. Aceita um chá? Relate seu caso enquanto eu o preparo.

—Aceito. Sabe, é que sou casada. Meu marido, Bill, desapareceu dois dias atrás. Não me deixou recado, não falou nem para onde ia. Pensei que pudesse estar mergulhado no trabalho, ele tem um escritório em Greenwich, é um contador, mas não estava lá. Depois pensei que pudesse ter ido à nossa fazenda, em Andover, então visitei os metrôs e a estação de trem. Ninguém o reconheceu.

Ela interrompeu sua fala quando lhe entreguei o chá. Depois de bebê-lo, retomou:

—Por favor, senhor Holmes, será que você consegue encontrá-lo? Ele é tudo o que tenho.

—É tudo o que você tem?

—Sim. Nossa filha mora na Itália junto com nossa neta. Meu filho está no exército.

—E suas flores?

—Flores? Como o senhor sabe das flores?

Expliquei rapidamente sobre a terra no vestido e debaixo das unhas. Ah, lá estava a expressão de surpresa que sempre surge quando digo o óbvio. Sobre o caso, eu tinha chegado rapidamente a duas conclusões: A primeira era que Bill Gibson não tinha saído de casa. A segunda era que a senhora Gibson também não tinha saído de casa.

Como assim, você me perguntaria? Ora, John, deveria ter visto a expressão de surpresa quando eu mencionei as flores. Além de surpresa, eu vi a culpa. Ela não era quem dizia ser e não é incomum sermos abordados por estranhos que contam um crime cometido, mas que eles são os próprios autores.

Acredito que eles pensem que o apartamento 221B na Baker Street é um tipo de confessionário. Mas, diferente das conversas com um padre, aqui eles têm consequências de verdade.

No entanto, não parei para pensar no que ela queria ao tentar me enganar desse jeito - logo eu, o mais respeitado detetive consultor do mundo. Talvez fosse para roubar algo do nosso apartamento, mas não dei falta de nada naquele dia e você sabe, John, como sou detalhista.

Enfim, me despedi dela. Eu já tinha solucionado o caso, bastava chamar o inspetor Lestrade, instruí-lo a vasculhar a casa dela que a mulher seria presa. Entretanto, achei que poderia ser um bom treinamento para os Irregulares e decidi chamá-los até aqui. Dois garotos e duas garotas, todos na faixa dos 18 a 19 anos. Lamento que sejam órfãos moradores de rua, pois é um grupo muito inteligente.

Ofereci 20 libras e passei as seguintes instruções:

—Dois de vocês façam a senhora Gibson sair da casa enquanto os outros dois vasculham cada canto à procura do casal de idosos. E quando digo cada canto, é literal. Comecem cavando o jardim, de preferência onde tenha flores recém-plantadas.

Perto da noite, enquanto eu praticava com o violino, a líder dos Irregulares entrou em contato. Sim, Watson, encontraram o casal Gibson na casa. Bill estava amordaçado numa área secreta do sótão da casa - um tipo de sótão dentro do sótão. Já a verdadeira senhora Gibson estava debaixo da terra, exatamente no canteiro de flores. Felizmente os dois estão bem e em tratamento enquanto a impostora foi presa.

Por outro lado, fiquei no prejuízo. Eu deveria ter exigido o pagamento a ela antes de chamar os Irregulares. Você me conhece, Watson. Não sou fascinado pelo dinheiro, faço isso para manter minha mente em atividade. No entanto, é com o dinheiro que pagamos as contas. Ao menos o trabalho foi cumprido.

Finalizo aqui minha narração, John. Como devemos chamar o caso? “A Florista Desonesta” soa bem para mim, mas isso é com você.

Assinado, Sherlock Holmes.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! =)