Laços Inquebráveis escrita por Sill Carvalho, Sill


Capítulo 8
Capítulo 08 — Longe de Casa


Notas iniciais do capítulo

Deixo aqui meu agradecimento à Caroline que fez a segunda recomendação. Espero que goste do capítulo, Carol.



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Emmett não disse nada, enquanto sua filha mais velha se retirava da sala de jantar, tão brava quanto era possível. Foram necessários alguns segundos para que as palavras alcançassem seus lábios.

 — Makena… Eu sinto muito.

Rosalie se aproximou, tocando sua mão. Ela olhou-o e viu, nos seus olhos, a expressão de fracasso.

— Tudo isso vai passar — disse Rosalie, mesmo que duvidasse. — Está com raiva… vamos dar um tempo a ela.

Emmett colocou ambas as mãos no rosto de Rosalie, em um gesto simples de afeto.

— Me desculpe, por fazer você passar por isso… toda essa grosseria. Eu não sei o que esperar. Ela parece tão furiosa a maioria do tempo.

Ela apenas meneou a cabeça.

Emmett se afastou, para pegar Luna no colo.

Rosalie os observou com ar de tristeza. Viu o marido fazer carinho nos cabelos escuros e também no rosto da menininha e lhe dizer, mais de uma vez, que tudo ficaria bem.

Os três sentaram-se à mesa e jantaram sem a presença de Makena, embora pouco tenham conseguido comer. Logo que terminaram, Emmett levantou e entrou na cozinha. Rosalie se aproximou em silêncio. Ele ergueu os olhos no momento que sentiu sua presença.

— Pode ir descansar, Rose. Eu cuido de tudo por aqui — ofertou ele. — Você já fez muito.

— Eu posso ajudar com a pequenina — ofereceu. — Apesar de que, ela parece ter medo de mim. Ainda assim, quero tentar.

Emmett a olhou um instante como analisasse a oferta de ajuda, imaginando se não estaria cansada para continuar.

— Bem — disse, por fim. — Depois que Luna tomar o leite, vou tentar fazer com que durma. Não tem sido fácil fazer ela pegar no sono desde o ocorrido. A ausência da mãe tem sido bastante dolorosa. Por mais que me esforce, não é a mesmo.

— Sim — concordou Rosalie. — Irei para nosso quarto, então. Te espero acordada?

Ele moveu a cabeça, sem muita convicção.

[…]

Após deixá-los, Makena só parou quando chegou ao quarto. A porta bateu ao empurrá-la de forma exagerada e violenta. Sua respiração parecia pesada e o choro não demorou a chegar. Sentou-se atrás da porta, segurando os joelhos junto ao corpo. O rosto logo ficou molhado de lágrimas.

— Não estava lá, papai — falou consigo mesma. — Você não estava lá… — Descansou a testa nos joelhos, foi então que uma memória lhe ocorreu:

Diante seus olhos enevoados de lágrimas, os caixões da mãe e do avô. As coroas de flores, o aroma delas. A grama verde encoberta pela terra revirada, onde fora feita a escavação. Ao redor, conhecidos, funcionários da fazenda, e também Carmen e Eleazar.

Carmen segurava Luna no colo; a pequena tinha o olhar distante.

Makena, usando um vestido preto, segurava uma rosa-branca. Os ombros moviam-se em decorrência do choro. O céu estava azul, embora não fizesse diferença.

Ela olhou em volta, procurando um rosto que não via fazia um tempo. Somente ele poderia segurar sua mão e fazê-la se sentir melhor. Era o único em quem acreditaria, se ouvisse dele, que ficariam bem. Que a sensação estranha e sufocante, a mesma que fazia o mundo parecer estar em câmera lenta, teria um fim. Não encontrou o rosto que procurava no meio de toda aquela dor e tristeza que a cercava. Sentiu-se completamente sozinha e abandonada.

Alguém se aproximou e tocou de leve seu ombro com a mão. No mesmo instante, reconheceu a mão feminina de Evelyn, esposa de Sebastian. Durante o outono, há dois anos, eles enterram o único filho. Foi apenas por isso que não exigiu que se afastasse, Evelyn sabia como era enterrar alguém tão amado.

Quando tudo terminou, restando somente a terra revirada, ficou de joelhos no chão, consumida pela tristeza. Gradualmente, todas as pessoas foram se afastando com murmúrios. Ergueu a cabeça, buscando o rosto familiar, novamente não o encontrou. Ele não apareceu, assim como não apareceu nos últimos três anos. Carmen, Eleazar e Luna foram os únicos que restaram.

A memória deixou seus pensamentos. A realidade de estar longe da fazenda tornava tudo ainda mais difícil.

— Não estava lá… — murmurou, erguendo a cabeça. Os olhos enevoados de lágrimas. — Você não apareceu, papai. — Levantou, olhando o ambiente estranho que era seu quarto agora. Foi afastada de tudo que conhecia como lar e família, à exceção de Luna. Empurrou as malas com os pés. Foi de joelhos onde estavam as malas, revirou uma delas até encontrar o vestido florido que Aurora mais gostava. Soluçou, segurando a peça de roupa.

— Mamãe… mamãe.

Rosalie a ouviu chorando, quando passava pelo corredor a caminho do quarto do casal. Parou e resolveu se aproximar da porta fechada. O choro sofrido de Makena, o desejo por ter a mãe de volta, apertou seu coração e reviveu a dor de, também, ter ficado sem a mãe ainda muito jovem. Uma tragédia também as havia separado. Respirou fundo e limpou os olhos marejados nas palmas das mãos.

Se pegou murmurando o nome da menina:

— Makena.

De dentro do quarto, Makena virou o rosto para olhar na direção da porta, sem deixar de segurar o vestido da mãe.

— Você vai se arrepender — sentenciou. Levantou e foi até a cama onde colocou o vestido estendido, deitando-se ao lado dele. A réplica do touro de Wall Street, que pertenceu ao avô, se encontrava logo ao lado, na mesinha de cabeceira, onde também havia o porta-retrato com uma fotografia sua quando menor.

Rosalie recuou. Talvez fosse um erro tentar uma aproximação agora. A agressividade de Makena, por vezes, a deixava desorientada. Com um suspiro, se afastou, desaparecendo no interior do próprio quarto.

Emmett deixou Luna, com papel e giz de cera, à mesa da sala de jantar, enquanto arrumava a bagunça na cozinha e colocava a louça na máquina para lavar. Preparou uma bandeja com comida para Makena e também o leite de Luna.

Ao encontrar a pequena novamente, ficou olhando-a desenhar. Os traços infantis davam vida ao imaginário. Luna desenhou um animal, ele não soube bem se era um cachorro ou um cavalo. Flores, muitas delas, em todas as cores.

— Pronto — disse, chamando a atenção para si, ao afagar os cabelos da menina no alto da cabeça. Entregou o copo cor-de-rosa na mão dela.

Luna deixou de lado o giz de cera para segurar, com ambas as mãos, as alças do copo e levar o bico à boca.

— Papai vai levar comida para sua irmã e já volta para te pegar. — Ele se afastou, segurando a bandeja. — Já volto. — Deu alguns poucos passos, e percebeu Luna descendo da cadeira. Ele se virou e lá estava ela, com o copo de leite na mão, seguindo-o. — Você quer ir com o papai? — Sorriu de leve. — Certo. Você pode vir com o papai, não tem problema. — Aguardou até Luna estar ao seu lado. Tentou não ir rápido para que o acompanhasse sem a necessidade de correr. Voltou a sorrir, quando a mão pequenina, segurou a barra de sua camisa. Foi ainda mais cuidadoso ao subir a escada. Uma vez no patamar, olhou para baixo, na menininha com os dedos agarrados a barra de sua camisa. — Conseguimos — disse. — Está cansada? O papai cansou só um pouquinho — brincou.

A expressão no rosto de Luna revelou estar confortável na companhia do pai.

— Vamos lá — continuou o monólogo. — Você acha que sua irmã vai gostar do jantar?

Luna encolheu os ombros.

— Papai também não sabe. Mas tudo bem. — Continuaram andando pelo corredor. — E você, está gostando do leite? Papai preparou certinho?

Luna levou o bico do copo à boca, apertando os olhos por um segundo.

— Acho que isso é um “sim”. Certamente. — Parou diante a porta do quarto das meninas. Bateu à porta uma vez, antes de abrir e deixar Luna passar antes dele.

— Makena — chamou. — Luna e eu trouxemos o seu jantar.

Luna se encostou à cama que lhe pertencia. Emmett deixou a bandeja aos pés da cama de Makena ao ver que chorava, deitada ao lado do vestido da mãe. Sentou na beirada do colchão. Gentilmente, alcançou o ombro da filha com a mão.

— Me dói que esteja sofrendo assim. Não me parece justo, uma criança ficar sem a mãe. É possível, ser essa a razão de eu não ter me esforçado para trazê-la para perto de mim antes. Não justifica minhas falhas. Apenas pode ter sido o início de todos os meus erros. — Afagou o rosto da filha. — Me perdoe. Sei que amava muito sua mãe e também seu avô. — Pensar em Javier Alvarez quase sempre lhe trazia repulsa, fez o seu melhor para não transparecer. — Você pode contar comigo, querida.

Makena o olhou por detrás da cortina de lágrimas. Luna se aproximou da cama da irmã, erguendo os braços para apoiá-los no colchão, ainda segurando o copo de leite.

— Com sua irmã também — lembrou, olhando a menininha.

— Quero a mamãe de volta.

— Faria isso, se pudesse. Infelizmente, não posso mudar o que aconteceu. Posso me esforçar para fazer tudo menos doloroso possível.

— Não está conseguindo, papai.

— Me perdoe, querida. — Ele moveu os braços de modo a acolhê-la. — Vem cá. Me deixe, mesmo que um segundo, abraçar você.

Makena se agarrou a ele com desespero. Emmett respirou aliviado, beijando-lhe os cabelos no alto da cabeça. O corpo da menina sacudiu enquanto a tristeza se manifestava no choro.

Luna subiu na cama, se infiltrando no abraço dos dois. Emmett beijou na testa de uma e também da outra.

— Minhas duas garotinhas — murmurou.

Quando Makena já estava mais calma, ele levou Luna para escovar os dentes. Já de volta, ficou aliviado ao ver que a menina tentava comer da comida que levou para ela. Acomodou a menor na cama e se colocou ao lado dela, com um livro novo na mão. Luna apertou os dedinhos às orelhas moles do coelho, aguardando. Ele deu início a leitura, dando vozes distintas aos personagens para alegrar a menininha.

Makena levantou e foi também escovar os dentes. Ao retornar, encontrou Rosalie perto da porta, ouvindo Emmett ler para Luna. Passou por ela sem nada dizer. Uma vez no quarto, fechou a porta na cara dela sem qualquer cerimônia.

Sem perceber o que havia acabado de fazer, Emmett perguntou:

— Quer vir deitar aqui com a gente?

Ela balançou a cabeça e foi deitar-se na própria cama.

Emmett olhou, Luna juntinho a ele.

— Sua irmã não quer — disse.

Luna levou ambas as mãos pequeninas ao rosto do pai. Ele as beijou e continuou a leitura de onde havia parado.

Do lado de fora, Rosalie se sentiu desprezada, sozinha. Ir ver o que estavam fazendo, não pareceu uma boa escolha agora. Voltou ao quarto do casal, onde permaneceu esperando por Emmett. A madrugada se estendeu e ela permaneceu sozinha na cama, que parecia grande demais sem o marido ao seu lado. Dessa vez, porém, ele estava logo ali, no cômodo vizinho, no entanto, pareceu mais distante que nunca.

Houve momentos que ouviu o choro de Luna, a voz baixa de Emmett tentando confortar a criança. Reconheceu na mesma noite, que algo impedia Luna de pegar no sono com tranquilidade. Talvez fosse a mudança de ambiente. Porém, o provável era que fosse a ausência de Aurora.

Pegou no sono durante algum momento da madrugada. Quando acordou pela manhã, Emmett não estava ao seu lado na cama. Ficou um tempo pensando nas mudanças que ocorreram em sua vida no curto espaço de tempo. Levantou, sem muita disposição, pensando como estariam Emmett e as crianças. A casa finalmente estava em silêncio, o que significava só podiam estar dormindo.

Diante o quarto das meninas, parou, pensando abrir a porta. Passou a mão nos cabelos bagunçados, em seguida, alcançou à maçaneta com a mão. Devagar o interior do quarto foi sendo revelado; as malas no chão. Nada fora guardado.

Makena dormia com um dos braços para fora da cama, com frequência o mesmo acontecia a Emmett durante o sono. Os cabelos espalhados no travesseiro, o rosto virado para o lado da parede. Na outra cama, o corpo grande e pesado de Emmett ocupava todo o espaço, Luna dormia sobre o peito largo dele. A mão pequenina, segurava uma das orelhas do coelho. O pai tinha um braço ao redor do corpo pequeno da filha, outro para fora do colchão.

A cena lhe trouxe um pensamento. Raramente pensava como seria se tivessem um bebê. Sempre acreditou que estava perfeito como estava; apenas os dois.

Emmett de certo se sentia culpado por estar longe da filha, hoje sabe-se serem duas.

Achou melhor não os incomodar. Era muito cedo ainda. O provável era que Emmett não voltasse hoje para o trabalho. Ficou sem saber se iria para a floricultura agora cedo ou ficaria um pouco mais para ajudar. Voltou ao quarto do casal, onde se preparou para começar o dia.

Desceu para preparar o café da manhã. A casa ainda estava em silêncio.

Na sala de jantar e cozinha, tudo arrumado, exceto pelas folhas de colorir e o giz de cera na mesa de jantar. Se aproximou, pensando recolher tudo, talvez levar para outro lugar, mas os rabiscos coloridos lhe chamaram atenção. Seus olhos capturaram as flores em traços infantis. Isso lhe arrancou um sorriso singelo. Pensou na menininha de olhos tristes. Se pegou imaginando, se tivesse tido uma filha com Emmett, ela se pareceria com Luna?

Olhou todos os desenhos. Depois juntou as folhas e os gizes de cera, mas não teve coragem de retirá-los dali.

Pelos próximos minutos se dedicou a preparar o café da manhã. O jantar havia comprado pronto, porém, o café da manhã, fez questão de ela mesmo preparar. Não sabia o que as meninas gostavam, buscou se basear nas comidas que o irmão e a sobrinha tinham preferências.

Ouviu passos na casa. Então os braços fortes de Emmett envolvendo sua cintura por detrás. O calor dos lábios dele ao roçar a pele de sua nuca. A voz rouca em seu ouvido.

— Bom dia. — Outro beijo lhe acariciou a pele.

Se permitiu sentir o calor do corpo dele junto ao seu. Ele, aspirou ao perfume dela, cheio de saudade.

— Me desculpe — pediu.

— Te esperei por muito tempo…

Emmett a virou de modo que ficasse de frente para ele.

— Luna não conseguia dormir. Tentei histórias, canções de ninar… somente o cansaço, após longas horas de choro, a fez pegar no sono.

Tocou no rosto de Rosalie ao sentir que não o olhava nos olhos.

— Quer me falar alguma coisa.

— Senti sua falta, mas, entendo que nesse momento as meninas precisam muito de você e de sua atenção.

— Seu apoio é muito importante para mim. — Aproximou o rosto do dela, roçando seus lábios, até que se transformou em um beijo intenso, onde ambos deixaram claro seus desejos. Uniram as testas, a respiração pesada, aproveitando o momento de proximidade. — Algumas horas sem você, é o suficiente para me fazer querer voltar. — Com um gesto decidido, a ergueu do chão, de modo que as pernas dela se enlaçaram ao redor de sua cintura. Voltaram se beijar na mesma intensidade. Emmett esbarrou na cadeira, no curto trajeto ao escritório, levando Rosalie consigo, sem interromper as carícias.

A porta bateu, os fazendo lamentar o barulho fora de hora. E se esforçar para não o repetir.

Não muito tempo depois, Rosalie deixou o escritório, arrumando as roupas no corpo. Recentemente, ouviram barulho no andar de cima, o que os fez pensar se as meninas haviam acordado. Ela passou os dedos entre os fios de cabelos bagunçados. A sensação de estar sendo observada a levou olhar para cima, no alto da escada. Luna estava lá, sentadinha no mesmo degrau de ontem, quando Rosalie conversou com ela. Dessa vez, segurava duas pelúcias; o coelho e o coala. O rosto sonolento, os cabelos, revoltos. Precisava se acostumar com isso, encontrar crianças pela casa a qualquer momento do dia.

Ofereceu um sorriso simpático ao olhar ao para ela. Passou novamente a mão nos cabelos, e se aproximou da escada.

— Bom dia, Luna. — Subiu alguns poucos degraus. Luna fez o mesmo, se distanciando dela. — Está tudo bem, não precisa ficar com medo de mim. — Tentou mais uma vez se aproximar. — Não parecia ter medo ontem. — Ela estendeu a mão na direção da criança.

Luna apertou as duas pelúcias ao se encolher.

A voz de Makena veio do patamar da escada, obrigando ambas olharem naquela direção.

— Não toque na minha irmã.

De modo automático, Rosalie recolheu a mão e arrumou a postura.

— Bom dia, Makena. — Percebeu Luna voltando para perto da irmã. Por alguma razão sentiu-se despontada.

— Não tem nada de bom.

Ao som da voz de Emmett, Rosalie se virou, olhando para baixo, na sala de estar.

— Poderia responder com o mínimo de educação.

Makena desdenhou, movendo os lábios com uma imitação silenciosa da fala do pai.

— Você dormiu bem? — ele tentou.

— Isso é impossível.

— Posso saber por quê?

— A cama é pequena. Luna chora o tempo todo. Como alguém pode dormir com isso?

— Seja paciente com sua irmã. Não está sendo fácil para ela também. Afinal, onde está Luna?

— Acho que voltou para o quarto — disse Rosalie. — Ela estava aqui há pouco.

Emmett começou subir a escada, tocou os dedos da mão de Rosalie ao passar por ela.

— Vou auxiliar as meninas e já desço.

Rosalie meneou a cabeça, aceitando. Makena a encarava do alto da escada. Emmett chegou ao lado da filha, tentou segurar na mão dela, mas a menina recusou fechando o punho. Ele não desistiu, tocando de leve os ombros dela com as mãos.

— Sinto muito que não conseguiu dormir, querida.

— Você também não dormiu.

— Você tem razão. Só que sua irmã não chorou por má-criação.

Makena pareceu entender, porque, finalmente, caminhou ao lado dele sem questionar.

— Vou precisar passar na imobiliária depois do café da manhã. Você e Luna podem vir comigo.

— Não quero.

— Bom… — Fez uma pausa diante a porta do quarto. — Não posso deixar as duas sozinhas. Rose vai para a floricultura daqui a pouco.

— Eu não queria ficar com essa daí mesmo.

Ele afagou os cabelos escuros da filha.

— O nome dela é Rosalie. Pode chamá-la de Rose, se preferir. Já falamos sobre isso antes. — Ele olhou o interior do quarto. — Cadê sua irmã? Luna — chamou.

— Atrás do baú de brinquedos — observou Makena, após reconhecer a pelúcia que a irmã carregava.

— Vá se trocar — disse para ela. E foi para perto do baú, onde ficou de joelhos no chão. — Luna — chamou. — Você quer segurar na mão do papai?

A menininha olhou para ele, encolhida entre a parede e o baú.

— Papai não vai te deixar sozinha.

— Disse isso para mim também, e era tudo mentira — Makena acrescentou.

Emmett olhou no rosto dela, surpreso. Estendeu a mão para Luna, ao sentir que se assustou. Para Makena, ele disse:

— Eu errei. Infelizmente, errei. Não é certo você falar isso agora. Estou tentando ajudar sua irmã. Não fale assim na frente dela, por favor. — Ele voltou estender o braço para Luna. — Venha devagarinho até o papai, meu bem.

Luna rastejou para perto dele.

— Muito bem. — Conseguiu tirar a menininha de lá. Sentou no chão com ela no colo, limpou o rostinho úmido de lágrimas na palma da mão. — Por que se escondeu, amor? — pediu.

Luna olhou Makena de rabo de olho.

— Quer ir com sua irmã?

Luna soltou ambas as pelúcias e se agarrou ao pescoço dele.

— Entendi. — Ele beijou na testa dela. — Quer ficar com o papai. Eu vou cuidar de você. — Olhou a filha mais velha. — E de sua irmã também, mesmo que ela não queira. Venha aqui — chamou.

— Não quero.

— Tudo bem. Te amo, mesmo assim.

— Não acredito em você. Não mais.

Emmett meneou a cabeça com tristeza.

— Não irei desistir.

Ela deu de ombros.

— Tanto faz. — Começou mexer nas malas, em seguida, saiu do quarto.

Emmett arrumou Luna. Penteava os cabelos dela, quando a outra retornou.

— Quer que arrume seus cabelos, também?

— Não. A mamãe fazia isso.

— Posso tentar…

— Já disse que não quero.

Ele se aproximou, com a escova de cabelos de Luna na mão. Segurou cuidadosamente uma mecha dos cabelos de Makena, ela se afastou com impulsividade.

— Você não é a mamãe, tá bom.

— Está certo. — Ele recuou.

— Nunca será o mesmo, papai. — Ela começou chorar. — Quero ir para casa.

Emmett a abraçou.

— Vai ficar tudo bem — murmurou. — Eu te amo, filha. Mesmo antes de você nascer, já te amava. Eu não sabia que Luna estava lá, mas eu a amei desde o primeiro olhar. Não sei como faremos isso, só que estaremos juntos.

Ele olhou na direção da porta, onde Rosalie os observava. Percebeu algo diferente no olhar dela, talvez fosse insegurança. Ela entrou no quarto, e se colocou ao seu lado, com um gesto delicado, segurou sua mão. Isso foi o bastante para fazê-lo se sentir aliviado. Seus olhos se encontraram mais uma vez; neles encontrou apoio.

Mesmo por detrás da cortina de lágrimas, Makena percebeu a mão de Rosalie na mão de seu pai. Quis gritar, afastá-la, em vez disso, apertou a pele do pulso dela com as pontas dos dedos. Rosalie resistiu o quanto conseguiu, quando recuou, esfregou o pulso discretamente com a mão. Se pegou imaginando se Luna teria percebido o que a irmã fez. Colocou um sorriso gentil nos lábios ao olhar para Emmett novamente, ocultando o que acabou de acontecer.

 


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Notas finais do capítulo

Encontro vocês nos comentários.
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