Missão presente escrita por MaryDuda2000


Capítulo 1
Algo especial, mas o quê?


Notas iniciais do capítulo

Olá, leitores! Tudo bem? Espero que sim.
Dia das Mães e a ideia dessa oneshot veio me visitar na véspera. Ficou na cabeça, pediu para ser escrita e acabei me rendendo.
Me alegra que esse casal tenha vindo me contar essa história para que pudesse compartilhar com vocês, afinal senti saudades deles desde que escrevi Crisálida.
Quem não leu, recomendo que deem uma passadinha lá antes para saber como tudo começou.
Desejo uma ótima leitura a todos.



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 Lá estava ele outra vez.

Em sua concepção, aquele lugar ainda exalava capitalismo e alimentava o consumismo dentro de cada ser humano, tornando-o cada vez mais e mais influenciável: o shopping.

Nada contra, porém nada a favor. Ok! Talvez tivesse sim algo a favor. Não podia simplesmente ignorar o fato que tinha sido ali, há apenas alguns meses, que caiu num plano bobo de Kiba, que o fez deixar sua crisálida de lado e culminou em seu primeiro beijo. Tal como sua borboleta deixou o casulo no dia seguinte, começaram o namoro.

Ele e Kiba eram muito diferentes. Isso era um fato e não fazia o menor esforço em contradizer. Tinha aprendido desde sempre com seu pai que saber lidar com as diferenças era o segredo para qualquer relação, independente do nível.

As adversidades desse namoro estavam sendo de ótimo aprendizado e Shino gostava disso. Gostava de estar com Kiba. De sua risada expondo os dentes pontudos, de sua lealdade à família e aos amigos, de sua animação de fazer e falar sobre as coisas que gostava, de como se ofereceria para escutar com ele um novo episódio do podcast sobre insetos só para poderem passar um tempo juntos. Gostava de como ele também tinha ciência das diferenças e se esforçava para darem certo. Gostava cada dia mais de Kiba. Gostava de gostar dele.

Eram diferentes, mas não opostos. Complementares, essa seria a melhor definição. Shino não sabia dizer exatamente quando começou a gostar de Kiba, contudo pareceu certo quando seus lábios se encontraram naquela noite. Cada dia mais sentia isso.

Sendo assim, Shino podia dizer que o shopping não era o lugar que mais combinasse consigo, todavia precisava admitir que sua "magia" contribuiu para a união deles. O consumismo natalino e um concurso para conseguir um PS5.

Dessa vez, a questão era outra. Antes, a desculpa era um presente para o aniversário de Hinata. Agora desejava encontrar algo digno de primeiro presente para a sogra.

Não que Tsume tivesse jogado qualquer indireta. Longe disso. Só que parecia o certo a fazer, ainda mais depois dela acolhê-lo tão bem. Ainda lembrava de quando foi apresentado por Kiba como namorado.

Shino nunca foi um cara de sentir medo. Pessoas eram pessoas. Ponto. Eles estavam namorando e não tinha nada de errado nisso. No entanto, Tsume não é qualquer pessoa. Mulher independente, mãe de dois filhos e respeitada capitã da polícia distrital, líder de treinamento da equipe canina número 1 do estado. Tem uma postura imponente e olhar sagaz que fazem valer sua reputação.

— Boa sorte, meu filho. E tenha calma. O que Tsume tem de beleza, tem de sagacidade.

Escutou do pai quando ele notou os sinais de nervosismo no filho para o primeiro almoço com a família Inuzuka. Shino achou estranho o comentário de Shibi sobre a beleza da sogra, afinal nem fazia ideia de que se conheciam, o que se confirmou com a conversa solta e cheia de sorrisos por parte de Tsume durante as apresentações formais. Preferiu não pensar muito nisso.

Apesar de durona, ela e Hana aceitaram muito bem o relacionamento dos dois, assim como Shibi, que soube no mesmo dia que firmaram namoro. Não eram dados a segredos.

Enfim, era véspera de Dia das Mães e Shino estava decidido a presentear Tsume. Era uma grande mulher e merecia algo à altura, porém não fazia ideia do que escolher. Não é como se ele tivesse muita experiência, fosse com presentes ou com mulheres. Afinal, aquela seria a primeira vez que compraria um presente para uma mãe.

Nem mesmo encarar as vitrines daquele shopping parecia dá-lo ideia.

Durante a semana, abordou algumas vezes sobre o assunto com o namorado. Se ele já sabia o que dar a mãe de presente, se tinha comprado ou gostaria que fossem juntos. Isso com certeza teria ajudado muito, pois ninguém melhor para saber o que dar à ela que o próprio filho. No entanto, tudo que ouviu é que estava tudo sob controle e uma mudança de assunto, às vezes com alguns beijos pelos quais Shino se deixou distrair.

— Shino! O que faz aqui?

Estava passando pela Praça de Alimentação quando escutou Choji chamá-lo entre uma batatinha e outra.

— E aí? — Shikamaru o cumprimentou, antes de beber mais um pouco de refrigerante. — Encontro com Kiba?

— Estou sozinho hoje. — respondeu. — Procurando um presente para o Dia das Mães.

— Ah... Querendo agradar a sogra? — Shikamaru arqueou a sobrancelha. — Capitã Tsume deve ser mesmo osso duro de roer.

— Ela cozinha bem? — Choji perguntou. — Que tal uma daquelas air fryer? Minha mãe comprou há um tempo e usa para tudo. Diz que foi a melhor coisa que inventaram.

— É mesmo um ótimo presente para mães. — Shikamaru concordou. — Elas amam essas coisas que facilitem as tarefas de casa.

Shino achou o último comentário um tanto machista e sexista, ainda que pudesse ter um pingo de razão. Claro que o aparelho tinha sua finalidade, porém seu objetivo era presentear Tsume e não a casa. Não parecia o certo a se dar para uma mulher como ela.

O celular do colega tocou e cortou o assunto antes mesmo que pudesse retrucar. Aparentemente, a senhora Nara estava impaciente por algo, logo ambos se despediram e foram embora.

Menos um item para sua lista vazia.

Caminhou a esmo por algum tempo, parando por alguns instantes em frente a loja de produtos naturais. Lembrou que tinha comprado ali o presente para Hinata e a amiga parecia ter ficado bem satisfeita, só não mais que com a notícia de que ele e Kiba estavam namorando. Segundo ela, "havia sinais de que se gostavam, mas não sabiam disso ainda".

Talvez devesse contatar Hinata. Ela era uma garota, então possivelmente teria mais tato para saber o que escolher para alguém como Tsume sem causar mal-entendido, certo?!

Pegou o aparelho e digitava a mensagem quando encontrou outra figura conhecida. Parece que todo mundo tinha deixado as compras para a véspera.

O sorriso que se formou no rosto da loira o pegou deprevenido. Se falavam em sala de aula, porém nunca foram próximos.

— Que surpresa te ver por aqui! — Ino se aproximou. — Deixe eu adivinhar... Procurando presentes para Dona Tsume?

— Está tão na cara assim? — Shino perguntou.

— Está. — concordou. — E também porque Shikamaru mandou mensagem falando que você estava aqui e se eu podia te ajudar com isso.

Aquilo fazia mais sentido.

— Para sua sorte, eu estou trabalhando numa loja de produtos femininos e posso te ajudar com isso.

— Achei que trabalhasse ajudando na floricultura dos seus pais.

Uma careta dominou por uma fração de segundo.

— E ainda trabalho. Aqui é só lance temporário. Sabe, nessa época, os negócios ficam movimentados e é uma boa chance de ganhar um extra.

Shino apenas assentiu, deixando-se ser guiado para a loja enquanto ouvia diversos questionamentos sobre o que ele pretendia dar, seguida de diversas indicações de kits especiais.

Tão logo chegaram à loja e Ino começou a apresentar seus produtos, o rapaz teve vontade de sair dali. Pensou repetidas vezes em como as coisas tinham tomado aquele rumo.

O estopim foi a apresentação do Kit Mamãe Loba.

— Para uma mulher durona e independente como ela, chefe da Patruna Canina, o próprio nome já diz tudo. Esse kit vem com sais de banho, óleo corporal, batom vermelho, camisola de cetim e calcinha rendada. Para acender a chama da loba dentro dela, ainda há um...

— Ok! Chega! — ele interveio.

A naturalidade com a qual Ino dizia tudo aquilo o fez questionar sobre a habilidade de mentir das vendedoras.

— Quem dá esse tipo de coisa no Dia das Mães? — Shino não se mostrou afetado, apesar da surpresa. — Estou querendo presenteá-la respeitosamente e não paquerar minha sogra.

— Bom, é sucesso de vendas, ainda que a maioria sejam homens que compram isso para as esposas. — Ino respondeu com tranquilidade.

— Isso é ridículo. — murmurou. Estava perdendo tempo ali.

— Ei! Dona Tsume é mãe, mas mulher acima de tudo. Ela não está morta, ok? É bonita, solteira, livre e tem seus desejos também. Acha mesmo que ela nunca mais saiu com ninguém desde que colocou o pai do Kiba para correr? Ou talvez o seu pai? Ele pode não te falar, mas deve ter os lances dele por aí. A fila anda.

Antes que pudesse dizer algo, a loira continuou:

— Na verdade, quando meu pai ficou sabendo do seu namoro com Kiba, ele até ficou surpreso e disse que sua sogra e seu pai já foram bastante próximos há alguns anos. Ele suspeitava que tivessem algo, mas nunca confirmaram nada...

— Tudo bem. — Shino interveio. — Agradeço a indicação, mas vou continuar procurando.

— Ei! — Ino o impediu de deixar a loja. — Que tal sapatos? Chegou uma coleção linda essa semana.

— Não sei quanto ela calça.

— Perfumes? Tem um mais cheiroso que o outro, aromas para todos os olfatos.

— Não sei o tipo que ela gosta.

— Maquiagem. A capitã sempre está maquiada. É uma ótima escolha de presente.

Shino a encarou.

— Eu realmente não consigo entender. Por que raios me recomendou aquele kit sem noção?

Ino suspirou, cruzando os braços.

— Esse emprego é uma droga. Só estou aqui porque preciso de dinheiro para comprar o ingresso para o show dos meninos do BTS. É a minha chance de ver o Jungkook todo lindo pessoalmente, mas meu pai disse que não ia pagar.

— Ok... Ainda assim foi bem desnecessária a recomendação.

A loira deu de ombros.

— É meu último dia de trabalho e preciso garantir a comissão. Uma garota faz o que tem que fazer. — um sorriso travesso surgiu em seu rosto. — Mas sabe quem eu vi comprando o Kit  Mamãe Loba? Ninguém mais, ninguém menos que...

— Não quero saber. — interrompeu. — Preciso comprar um presente ainda e o shopping está ficando cada vez mais cheio.

— Por que não dá flores? É um clássico. — Ino sugeriu. — A floricultura está cheia delas. Deveria dar uma passada lá.

Shino apenas assentiu e foi embora.

Sua concepção pessoal é que flores possuíam uma beleza sublime no meio ambiente e mórbida nos buquês. Poderiam ser dados por motivos alegres, contudo estavam mortas. Iam murchar e serem descartas em algum momento. Preferia elas no solo, plantadas e cumprindo seu papel na natureza.

Olhou ao redor apenas para ver que o fluxo aumentar cada vez mais. Pessoas cheias de sacolas passavam de lado a outro, maioria parecendo ocupadas.

Aquela possivelmente era a primeira vez que ia ao local sozinho e por conta própria. Não sabia dizer o que o tinha feito pensar que seria uma boa ideia. Sentia-se deslocado e frustrado.

Deslizou o olhar pelas vitrines cogitando o que a sogra gostaria de ganhar. Não poderia ser uma coisa qualquer. Tinha que ser significativo e útil. Esses eram os pré-requisitos quando estabeleceu a ideia de presenteá-la, afinal Tsume não era mulher de meias palavras. Nesse quesito, pareciam-se.

No entanto, mesmo sendo bastante observador, a incógnita o perseguia. A matriarca da família Inuzuka não demonstrava faltar nada ou precisar de algo específico. Era muito autossuficiente e poderia parecer um tanto dura com Kiba às vezes, contudo Shino sabia bem que o namorado possuía uma personalidade igualmente forte. Como mãe, ela queria garantir que seu filho estivesse bem. Os dois eram muito parecidos, especialmente na forma de demonstrar afeto. Talvez por isso tivesse gostado dela também.

Não soube dizer exatamente quando tinha se sentado num dos bancos ou quanto tempo estava ali, parado, até visualizar mais uma figura conhecida sentar-se ao seu lado. O rapaz não deixou de se perguntar se era apenas a data ou se todos tinham o costume mesmo de perambularem pelo local com frequência.

— Shino! Surpreso em te ver aqui.

Gai continuava o mesmo, animado como sempre. Tinham se conhecido naquele shopping, no dia em que se tornaram um casal fake para concorrer a um PS5 na véspera de Natal. Coincidentemente, quando o ano letivo começou, descobriu que ele era o novo professor de Educação Física do colégio.

Segundo Gai, ele estava apenas prestando um favor a um colega ao apresentar aquele evento. Apesar de vigoroso e ter admitido que eram seu casal favorito da disputa, manteve discrição quanto ao ocorrido. Pelo menos, diante da turma. Numa das saídas da aula, quando restavam somente Shino e Kiba, comentou ter ficado sabendo que o casal do PS5 não chegou a se casar, pois descobriram que a noiva tinha um caso com o "melhor amigo" do noivo há cerca de um ano e a revelação rendeu uma visita à delegacia e outra ao hospital.

— Também estou surpreso de ainda estar aqui. — o Aburame admitiu.

— Esperando o namorado? Comprando presente de Dia das Mães?

— Segunda opção. — respondeu, notando que Gai não trazia qualquer sacola consigo.

— Isso explica por que parece tão frustrado.

— Se me permite um conselho, o novo livro da série Icha Icha está sensacional. — a voz de Kakashi sensei não o surpreendeu, ainda que tivesse aparecido repentinamente. Já tinha notado que o professor era bastante furtivo.

— Não acho que esse livro seja adequado para dar de presente no Dia das Mães. — Gai o repreendeu, antes de voltar-se para Shino. — Acho que vale muito mais a pena você fazer lembrá-la do vigor da juventude com esse aqui.

Ele exibiu um exemplar de "Pule Juventude! 24 horas de exercícios de sangue quente".

— Sem dúvidas, esse é o melhor presente que poderia dar. Ela vai amar! — falou orgulhoso.

— Claro que essa recomendação não tem nada a ver com o fato de você ser o autor do livro, não é?! — Kakashi provocou, sem desviar os olhos da própria leitura, mas conseguindo arrancar uma careta de Gai.

— Ninguém melhor que eu para garantir a qualidade do produto, não acha? — retrucou o rival. — Enfim, o livro já está esgotado nas livrarias, mas vou te dar esse por ser um ótimo aluno. Sei que fará bom proveito.

Deu um de seus sorrisos largos, uma piscada e seu clássico gesto de positivo com o polegar.

Entregou o exemplar para Shino, despediu-se e saiu, apressando Kakashi para sabe-se lá o que mais precisavam fazer.

Aquele definitivamente não era o presente que tinha imaginado. Nem sabia se daria a Tsume, porém precisava admitir que Gai sempre parecia disposto a ajudar seus alunos com qualquer coisa.

Decidiu encerrar sua jornada pelo shopping. Estava tarde, sentia fome e a ideia de comer fast food não o agradava. Tinha ficado lá tempo demais. Só queria voltar para casa e tentar não pensar tanto na missão fracassada.

Acabava de virar o corredor quando uma criança passou em disparada com patins. Shino desviou, atingindo alguém, enquanto a pequena desgovernada acertou de cara no vidro de uma joalheria, atraindo os olhares de espanto e pena da maioria das pessoas ao redor.

— Sinto muito. Não tive a intenção. — o rapaz se desculpou, agachando para ajudar a recolher as sacolas que tinham caído.

— Shino? — a fala veio acompanhada de um sorriso. — Não imaginei que fosse te encontrar aqui. Sei que esse não é bem o seu tipo de lugar.

O Aburame apenas assentiu.

— Precisa de ajuda?

Naquele momento, foi como se a ficha tivesse caído e, por mais que não quisesse admitir, sentiu-se um grande tolo. Passou toda tarde procurando a esmo enquanto a pessoa que poderia ajudá-lo estava bem diante de seus olhos.



☆ ☆ ☆

O almoço de Dia das Mães tinha sido primoroso.

Tsume precisou resolver alguns assuntos de trabalho pela manhã, mas chegou a tempo de aproveitar a tarde com os filhos. Hana tratou de preparar o almoço, enquanto Kiba esforçou-se para fazer uma bela sobremesa. Quando o bolo se partiu ao desenformar, bastou uma dose generosa de cobertura para esconder parte da cratera que tinha se formado ali. Era notável, assim como seu esforço em tentar deixar tudo perfeito.

Shino testemunhou todo evento e ajudou em algumas tarefas, como lavar a louça e pôr a mesa.

Terminavam de degustar a sobremesa excessivamente doce quando Hana e Kiba surgiram com seus presentes.

Estar ali como expectador foi, sem dúvidas, muito interessante. Os sorrisos, as piadas e provocações entre si. Eles estavam muito a vontade uns com os outros e Tsume parecia bastante contente com o que tinha ganhado. Não exatamente os presentes, mas sim todas as risadas e abraços que o momento rendeu, ainda que também parecesse estar satisfeita com o novo conjunto de casaco e botas felpudos.

Shino sentiu-se confortável como observador. A família de Kiba era diferente da dele, mas também tão parecida. Unida, tal como ele e o pai, todavia suas expressões de afeto eram encantadoras de acompanhar, como observar formigas operárias fazendo o trajeto de volta ao formigueiro depois de um longo dia de trabalho.

Em algum momento, levantou-se, buscou a caixa que tinha deixado num canto da sala e retornou, colocando sobre a mesa, diante da sogra.

Tsume o encarou com curiosidade. Certamente não esperava por um presente vindo do genro.

— Para a senhora. — Shino falou respeitosamente. — Espero que goste.

A sogra manteve seu olhar nele por um instante antes de abrir a caixa, assim como Kiba que estava alheio e intrigado com as intenções do namorado tanto quanto curioso para saber o que era.

Assim que pôs os olhos em seu interior, um sorriso ladino surgiu no rosto da mamãe Inuzuka. Com cuidado, retirou a peça única e colocou-a a vista de todos.

Os olhos de Kiba pareciam prestes a saltar, sem entender qual era o objetivo de Shino com o presente e torcendo para que Tsume não achasse estranho ou ofensivo de qualquer maneira, caso contrário... Daria uma bela dor de cabeça.

A surpresa de Hana, por outro lado, suavizou em alguns instantes. Sabia que o sorriso da mãe não era deboche. Achava graça e não de uma maneira ruim.

— Nunca comprei presente de Dia das Mães, já que a minha faleceu quando nasci, mas me esforcei para encontrar algo significativo para presentear a senhora.

— Sabe que não precisava se preocupar em dar presente, certo? — Tsume arqueou a sobrancelha e encarou novamente o presente. — Um cacto?

— Sim. É o cacto Mammillaria. Pensei muito sobre o que seria do seu agrado, mas não sou a melhor pessoa com presentes. Acabei encontrando alguém que me lembrou que a intenção tem maior peso, por mais simples que seja.

Olhou rapidamente para Hana, que assentiu para que ele prosseguisse.

— A senhora é uma mulher forte e uma mãe que defende seus filhos com unhas e dentes, assim como a sociedade. Para alguns, pode mostrar seus espinhos, mas há aqueles com a sorte de ver suas flores, conhecer o seu grande coração e serem objetos de seu afeto. Como sabe, cresci apenas com meu pai, porém esse período que passamos juntos desde que eu e Kiba começamos a namorar me fez perceber o quanto a senhora é uma mãe e uma mulher admirável.

Tsume olhou em seus olhos a cada palavra proferida, prestando atenção nos mínimos detalhes.

Shino viu o sorriso ladino ganhar mais espaço em seu rosto.

— É, garoto. Você mandou bem. Correu um grande risco dando esse presente. Qualquer outra mãe acharia ofensivo ser comparada com um cacto, mas, para sua sorte, gosto deles e não vou jogar isso na sua cabeça.

O rapaz pôde ver Kiba suspirar aliviado. Com certeza estava surpreso e apreensivo com a reação da mãe.

— Um abraço?

Ok! Para essa parte, Shino não havia se preparado. Era reservado e Tsume sabia bem disso e, em outra ocasião, não pediria tal contato, todavia fez questão de surpreender o Aburame da mesma maneira que o rapaz tinha feito com ela.

Shino e Shibi tinham sua própria linguagem do amor. Era a dos cuidados, de atos de serviço. Os Inuzuka também tinham disso, contudo se manifestavam de outras formas e, mesmo o abraço sendo atípico para o rapaz, não era ruim.

— Dizem que coração de mãe sempre cabe mais um, então fique a vontade. — ela falou, baixando a voz em seguida para continuar. — Mas, se machucar o Kiba, vai se arrepender.

Afastou-se de Shino, finalizando o abraço, agora com seu sorriso ladino sagaz de sempre.

— E o mesmo vale se o contrário acontecer, porque mãe é neutra.

Tsume pegou seu cacto para que pudesse encontrar o lugar ideal para colocá-lo.

Hana sorriu, fazendo um sinal de positivo para o presente antes de seguir a mãe que aparentemente tinha acabado de se espetar por acidente com a plantinha.

— Eu nem sei o que dizer depois disso. — Kiba se aproximou. — Por que não me falou que queria comprar um presente para minha mãe?

— Porque eu sabia que você diria que não precisava.

— E não precisava mesmo. — o namorado concordou. — Mas ainda assim tentaria te ajudar.

Um sorriso ladino surgiu por uma fração de segundo no rosto de Shino.

— Eu pretendia falar, mas você parecia tão seguro quanto ao presente que me senti um tanto envergonhado por não saber como presentear alguém. Com a Hinata foi tão fácil.

— Porque a Hinata é nossa amiga e não é 1% assustadora como a minha mãe.

Aquele drama... Shino tinha aprendido a reconhecer os cuidados que Kiba tinha com ele. Devia temer de alguma forma que a ferocidade da mãe o afugentasse, mas o próprio continha parte dessa energia selvagem e se orgulhava da característica, assim como da reputação que de mulher forte que acompanhava a mãe. O Aburame estava acostumado com esse zelo e por vezes gostaria que o namorado não se preocupasse tanto, ainda que não pudesse negar que gostaria de obter êxito em sua missão, o que tornou-a um tanto tensa.

— Eu consegui lidar com isso. Não se preocupe. Na verdade, tivemos uma ajuda em comum.

— O que? — Kiba arqueou a sobrancelha.

— Encontrei com Hana no shopping. Ela disse que você tinha esquecido de comprar o presente da sua mãe e ela foi correndo ontem para resolver o problema.

— Ei! Não foi bem assim. — o Inuzuka se defendeu. — Sabe que sou ruim com essa coisa de presente, né?! Eu só estava esperando a Hana para comprarmos juntos. Coisa de irmãos. Não tenho culpa se ela andava ocupada com a faculdade. Eu só... Me distraí.

Shino assentiu.

— Ainda assim, deveria ter falado comigo. — Kiba se aproximou, colocando as mãos em seus ombros. — Assim seríamos péssimos escolhendo presentes juntos.

— Está bem... Eu só queria agradecer genuinamente pelo presente que a Dona Tsume me deu, mas é difícil superá-la.

— O que foi?

Mesmo por trás dos óculos, Kiba conseguiu sentir o contato visual. Ainda que fossem apenas alguns meses de namoro, cada dia mais aprendia a ler Shino e sentia-se ser lido e transcrito com transparência, como naquele exato momento.

— Você.

As bochechas ganharam um tom avermelhado e um sorriso bobo surgiu no rosto de Kiba, exibindo os dentes afiados que tanto tinham encantado Shino.

— Bem galanteador barato. — retrucou.

Shino deu de ombros, envolvendo a cintura do namorado e colando seus corpos.

— Me esforço de vez em quando. Pode dizer que não, mas sei que gosta. Dá para ver porque fica envergonhado... E você fica lindo assim.

Não tinha mais o que fazer depois daquilo a não ser se renderem a mais um clichê e deixarem-se envolver num esplendoroso beijo.


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Notas finais do capítulo

O que acharam?
Gostei demais de poder me aventurar mais uma vez com ShinoKiba, ainda que tenhamos aqui um momento mais Shino tentando agradar a sogra.
Essa história exigiu mostrar um lado mais íntimo do nosso Aburame e admito que foi uma grande novidade para mim. Espero que possam ter sido divertido ao ler assim como eu ao escrever. Torço para que esse casal venha me visitar outras vezes, trazendo mais histórias para contar.
Obs: na história, eles estão com 16 anos, ok?! A arte no final escolhida por ser bonita e casar com o desfecho (não pela idade).
Desejo um ótimo e feliz Dia das Mães, pois todos os dias são delas. Mães de serumaninhos, pets, plantas, livros e mais. Curtam todos os dias com suas mães, assim como com as pessoas que amam.
Agradeço pela chance que deram a essa história e espero que possamos nos esbarrar mais vezes pelo Nyah!
Até a próxima!

☆ Voando alto (sequência de Missão Presente)
http://tinyurl.com/524cju7n



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