Os órfãos de Nevinny escrita por brennogregorio


Capítulo 61
Flechas envenenadas




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Após sair de cena do centro do ginásio, você resolve desaparecer o mais rápido da frente de todos. Aos prantos pelos corredores, ainda sem querer acreditar no que acabara de ouvir e ver, a sua única vontade é de sumir de vez ficando sozinha até que uma hora as coisas pudessem voltar aos eixos e seu cérebro não ficar mais confuso.

Porém, isso não dá muito certo quando se vê tentando fugir de alguém que a persegue há um tempo na tentativa de lhe dar algumas explicações.

— Me ouve, Rebekah. Eu posso explicar.

— Fica longe, Micaella. Bem longe de mim. Eu não quero te ouvir e nem te ver mais. Acabou a nossa amizade — você diz secando suas lágrimas.

— Não faz isso. Você não sabe da história verdadeira — Micaella afirma.

— Que história verdadeira? Essa é a história verdadeira: eu sou a garota otária que teve a audácia de chamar a melhor amiga de irmã por várias vezes. A mesma amiga que me apunhalou pelas costas e roubou o meu namorado.

— Por favor, acredita em mim. Eu não quis fazer isso. Eu fui forçada. Eu não tô com o Tommy por querer. Existe uma razão pra isso — implora Micaella se ajoelhando.

— Olha o que você tá dizendo! Assim você até me ofende! Tá achando que eu sou tão burra e cega assim? — você diz dando uma risada.

— Eu fui ameaçada pelo Tommy. Ele descobriu um segredo meu e me forçou a ficar com ele pra que esse segredo não vazasse, é isso.

Você nada diz por uns segundos apenas observando fixamente para Micaella. Por mais que o motivo que levou Micaella a fazer tal coisa com você é inaceitável e não parece fazer o menor sentido, após a sua fala, um ponto surge em sua cabeça lhe fazendo considerar o que havia sido dito. Talvez isso não poderia ser um completo absurdo.

— Espera, o quê? Agora você tá querendo me dizer que foi ameaçada pelo meu namorado por uma coisa que você fez? Eu pensava que não existia segredos entre nós duas.

— Exceto esse. Eu realmente não posso falar o que é, de forma alguma. Pelo menos não agora. Eu espero que você me entenda — ela explica.

— Não, eu não vou entender. Isso que você tá me falando não tem o menor sentido. Você está se ouvindo? De repente você inventa um história absurda dessa e espera que eu acredite? É demais pra mim!

— Amiga, eu preciso da sua ajuda! Eu fiquei com vergonha de te contar o que eu tô passando, porque é um absurdo. Eu nunca passei por uma coisa dessa na minha vida.

— Você só pode estar brincando. Não tem como ser. Nós somos amigas, a gente sempre conta tudo uma pra outra! — você exclama.

— Eu sei, é doido mesmo. Mas eu tenho uma coisa pra fazer. Já que você já sabe a verdade, eu sei, teve que saber assim dessa forma, mas você pode me ajudar a resolver isso — Micaella declara.

— E o que é? — você pergunta.

— Juntas nós sempre somos mais fortes, e temos que ser mais ainda agora que temos essa pendência pra resolver. Temos que dar uma lição em Tommy, uma vingança, pra que ele se arrependa do que fez tanto comigo e principalmente com você.

— Uma vingança?! Você me conhece bem. Sabe que eu não sou desse tipo de coisa. E até agora eu não sei o que ele te fez. Como eu vou poder te ajudar sem saber de nada? — você pergunta.

— Mas agora vai ser. Temos que limpar a nossa barra pra que ninguém pense que somos burras ou vagabundas.

— Não, isso não. Seria péssimo. O que meus pais iriam achar disso?

— É por isso que não podemos deixar esse idiota se aproveitar da gente assim, amiga. Precisamos dar o troco nele — Micaella diz, decidida.

— Ai, mas o que vai acontecer depois? Isso parece tão errado.

— Não vai me dizer que você tá com medo ou com pena do Tommy né?

— Não é medo, é só que...

— Vamos, isso é por nós. Lembra que prometemos uma à outra que nos protegeríamos seja o que fosse que abalasse a gente?

— Lembro — você responde.

— Essa é a hora, de novo. Vamos arranjar uma solução pra isso juntas — sua amiga garante.

Ainda um pouco hesitante você pensa sobre a proposta de Micaella, pois, o medo do que as ideias ou o tal plano que estivessem em execução poderiam causar mexeriam com as vidas e comportamento de quem estivesse envolvido. Dependendo do que fosse, isso até poderia causar algo mais profundo ou deixar alguém machucado de tal forma que pudesse ser irreversível.

Porém, há uma força maior em seu interior que está sedento por justiça, querendo uma solução para o que foi feito. Dessa forma, após pensar sobre os prós e contras do que a tal vingança poderia causar, decidida e confiantemente você diz:

— Tá bom, eu te ajudo.

— É assim que se fala — Micaella comemora.

— Então, você já tem um plano? — você pergunta.

— Er... eu não tenho nada pronto agora, tudo isso me pegou muito de surpresa. Eu preciso pensar melhor depois pra que essa vingança não seja qualquer coisa.

— Olha lá o que você vai fazer. Por favor, não vai meter a gente em nenhuma confusão.

— Não vou, eu prometo. Só peço que você confie em mim.

— Agora eu confio outra vez. Quer dizer, você ainda não me falou o que ele te fez, o que ele sabe que pôde te forçar a fazer um coisa que não queria. Mas enfim, você me conta outra hora. Eu fiquei com tanto medo quando vi aquela foto. Eu fiquei sem reação, não sabia nem o que pensar.

— Elas fizeram aquilo pra desestabilizar o nosso time. A competição 'tava empatada. Estavam com medo de perderem, então fizeram isso por desespero. Mas elas ainda vão me pagar — Micaella fala, convicta.

— S/N já tinha me falado sobre aquela garota, a Jennifer. Eu achava que era exagero, mas acho que 'tava enganada.

— Tá vendo? Já fomos avisadas antes. Mas eu dei uma surra naquela garota que ela nunca mais vai se meter comigo outra vez.

— Você foi muito maluca. Isso pode te trazer problemas — você diz com uma certa preocupação.

— Eu não me arrependo. Faria tudo outra vez. Foi tão bom agarrar aquele cabelo loiro oxigenado dela e deixar todo bagunçado. Me senti realizada.

— Sua doida — você ri.

Repentinamente, surgem Allison, Max e Felipe apressados como se estivessem à procura de alguém.

— Ah, olha elas aí. Finalmente encontramos vocês — diz Felipe aparentemente aliviado.

— Oi, gente — você fala.

— Ficamos preocupados depois que vimos aquela cena da arquibancada. Vocês estão bem? — pergunta Allison.

— Sim. Estamos nos entendendo — Micaella responde.

— O que foi que aconteceu? Por que houve aquela briga? — Felipe questiona.

— Uma confusão causada pela aquela garota loira. Ela fez umas insinuações envolvendo a Micaella e o Tommy — você responde.

— Insinuações? — Max questiona, confusx.

— É, aquela víbora — diz Micaella — Ela disse que eu 'tava me envolvendo com o namorado da Rebekah e...

No mesmo instante, Tommy aparece atordoado chamando pelo seu nome. Parece que de alguma forma ele já sabe o que está acontecendo, pois, logo vem proferindo pedidos de desculpas demonstrando expressões de inocente.


— Rebekah! Que bom que te achei. Nós precisamos conversar — ele diz.

— Conversar?! Nós não temos nada pra conversar, Tommy. Eu não quero mais te ver na minha vida. Que tipo de pessoa chantageia uma garota por ter descoberto o segredo dela? Que tipo de pessoa força alguém a ficar com ela pra manter esse segredo escondido? — você pergunta, indignada.

— O quê?! De onde você tirou isso? Do que você tá falando? — Tommy pergunta, desentendido.

— Não se finja de sonso. Você sabe muito bem do que ela tá falando. Você é um idiota! — dispara Micaella.

— Micaella me contou tudo. Você é nojento, asqueroso! Como teve coragem de olhar pra mim todos os dias nos meus olhos e me chamar de amor, dizer que me ama e outras coisas bonitas? — você fala.

— O que você falou pra ela? — Tommy pergunta.

— A verdade — Micaella diz — Vai querer negar isso na minha cara agora?

— Rebekah, o que ela tiver dito pra você, não acredite. Você vai acreditar mais nela do que em mim? — ele pergunta.

Você nada responde.

— Ei, ei! O que você ainda tá tentando fazer? Se for tentar me colocar contra a Rebekah, pode desistir desse seu jogo. Você não perde por esperar o que tem reservado pra você — Micaella diz em um tom ameaçador.

— Ah, vai me ameaçar agora? — Tommy diz, zombando.

— Vou.

— Eu também. Eu te disse, Tommy, eu disse que não queria nada que pudesse atrapalhar nosso relacionamento. Você mentiu pra mim, fez uma das coisas que eu mais odeio na vida. Achou que eu nunca descobriria. Chantageou a Micaella que teve coragem de me contar quem você realmente é. Não me importa agora o que você fez com ela, mas daqui em diante vai ter que encarar as consequências das escolhas que fez — você garante com a voz um pouco embargada.

— Olha, quer saber, eu vou embora. Já vi que não dá pra conversar nada com você agora, vi que estão falando coisa com coisa. Eu vim aqui numa boa pra me explicar mas já vi que não vai adiantar. Uma hora a gente se fala, ok? Não sou obrigado a ter que ouvir esse monte de besteiras. Até outra hora — Tommy diz logo saindo do local.

Vocês apenas observam a ligeira saída de Tommy surpresos com o que acabaram de ouvir. Assim que ele sai de cena vocês se entreolham como se quisessem dizer algo entre si usando suas respectivas expressões. O silêncio reina por alguns segundos até que Micaella decide quebrá-lo ao dizer:

— Estão vendo? Assim que um homem se comporta quando vê que as coisas se complicaram pro lado deles. Se fingem de desentendidos, bancam os babacas e depois fogem. Esse ainda teve a audácia de tentar colocar uma contra a outra pra tentar se safar e limpar a barra dele. Machista do...

— Ei, segura a onda aí um pouco. Não precisa completar a frase — Allison diz.

— Desculpa — diz Micaella. Mas vocês vêem como é?

— É, Tommy não é fácil mesmo. Já colocou a gente numa enrascada uma vez e agora apronta mais essa bancando o pegador. Que idiota! — diz Max.

Você olha para Max que no mesmo instante leva uma cotovelada de Allison. Ao perceber que você está olhando, elx rapidamente se apronta em dizer:

— Ah, foi mal Rebekah. Falei muito alto né?

— Não se preocupe, ele é um idiota mesmo — você fala.

— Bom, agora que vocês duas já se entenderam e aquele brucutu foi embora, que tal a gente continuar a ver o jogo? Isso se vocês ainda quiserem, é claro — Allison sugere.

— Brucutu? Ainda se usa essa palavra hoje em dia? — Felipe diz, gargalhando.

— Lá onde eu moro, sim.

— Então, como vocês saíram, tiveram que fazer as substituições. Aquela tal de Jennifer, a loira, ainda tá lá, mesmo tendo sido atacada pela Micaella — Max declara.

— É sério?! — pergunta Micaella, surpresa.

— Eu tô sem pique nenhum pra assistir o jogo. Vou ligar pro meu pai e vou pra casa. Chega de emoções por hoje — você diz.

— Nós vamos com você — Allison diz.

— Eu agradeço, gente. Mas é melhor, não. Acho que preciso de um pouco de tempo sozinha.

— Nós entendemos — Felipe diz — Mas será que podemos pelo menos te levar até a saída da escola esperar o seu pai chegar?

— É claro que podem. Vamos?

Então vão os cinco até a saída do ginásio para esperar pelo seu pai que certamente não tardaria a chegar. Até lá, teria que ir treinando expressões e olhares positivos para que na hora que ele chegasse, não percebesse e soubesse absolutamente nada para não ter que se preocupar e assim tentar mover céus e montanhas pra resolver o problema que está lhe cercando.

Mesmo assim, seria difícil de fazer isso por muito tempo. O dia foi intenso e as surpresas não foram tão agradáveis. É preciso tempo para pôr a cabeça em ordem e deixar que as coisas possam, naturalmente, voltar para seus devidos lugares.


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