Os órfãos de Nevinny escrita por brennogregorio


Capítulo 53
Dama questionável




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“Eu nem sei por onde começar, mas aqui vou eu: Allison me contou uma história bem estranha no dia em que fiz a visita à Miríade. No ônibus, nós estávamos conversando sobre aquela noite até que eu mencionei algo que causou a estranheza na conversa. O meu celular que eu estava procurando pela manhã havia sumido e, nessa conversa, Allison me disse que eu havia perdido meu aparelho numa queda profunda em um buraco aberto num galpão por onde passamos.

Eu fiquei sem reação e sem entender nada quando ouvi aquilo. Algumas pessoas no ônibus ficaram olhando a minha reação por eu ter falado um pouco alto, mas Allison estava insistindo num fato que eu não faço a mínima ideia de onde isso foi tirado.

Eu lembro que logo depois do apagão que teve houve uma confusão por causa de uns homens que apareceram. Nós fugimos e se escondemos atrás de umas coisas. Depois que tudo passou, nós voltamos pra casa, o senhor Akino nos levou até a estação e eu fui para casa.

Eu expliquei isso repetidas vezes, mas eu não sei por que durante a conversa insistia que não foi só isso que aconteceu.”

 

 

⌚ 06:24 p.m.


Em casa, já à noite, você anda pela Avenida Rose rumo à casa de dona Ami, pois, Lívia havia lhe pedido um favor para pegar umas ervas que usaria em seu banho na qual ela já está adiantando a preparação.

O grande telão de LED situado na avenida encontra-se preenchido pelas mais diversas cores com propagandas das mais variadas marcas, além de notícias de famosos e anúncios de estreias atuais e futuras, na qual uma em específica estampando a tela chama sua atenção fazendo com que seus olhos se fixem para ela.

Trata-se de um anúncio da novela em que Jeremy vai fazer parte no México chamada “Para ti una canción” com data marcada para o ano seguinte. No pôster promocional há a imagem de cinco jovens vestidos com uniformes escolares, mas bem descolados. Entre eles estão Jeremy, numa pose segurando a gravata do uniforme e com um sorrisinho no rosto, olhando para uma garota bem bonita que está ao seu lado de braços cruzados.

Uma animação juntamente ao orgulho toma conta de seu ser que no mesmo instante abre um sorriso ao ver a imagem enorme e em alta qualidade bem ali no meio da rua para quem passasse por ali possa ver. Pra falar a verdade, dá até pra ver de uma área mais afastada do que ali já que o telão realmente é bem amplo e localizado em uma região um pouco alta.

Outras pessoas que também estão no local também olham atentamente para a atração comentando coisas entre si. Porém, em questão de segundos a imagem no telão é trocada para uma anúncio de promoção de roupas de grife que acontecerá no final de semana.

Sendo assim, a única coisa que você se põe a fazer é seguir seu caminho e continuar andando para chegar o quanto antes na casa de Ami e fazer o que tinha que ser feito e assim poder chegar no apartamento para contar tudo à sua irmã.



⌚ Minutos depois...


Rua das Flores, número mil e um é o endereço onde se encontra no momento. Com três batidas na porta você chama por dona Ami já no aguardo por uma resposta dela na qual de imediato não é obtida. Após alguns segundos de espera de onde só pode se ouvir o silêncio vindo do interior de sua casa decide dar mais três batidas em seguida chamando mais uma vez por seu nome, mas dessa vez um pouco mais alto.

As luzes de casa estão acesas, dá até pra ver pelas janelas de vidro no exterior da casa uma luminosidade que certamente é da televisão, todavia não há qualquer tipo de movimentação, nem de Ami nem de qualquer um dos seus inúmeros animais que ela possui.

Olhando em volta pela rua na esperança de encontrar algum de seus vizinhos e poder perguntar se eles sabem se ela está ou não em casa, acaba não encontrando ninguém por perto. As luzes da maioria das casas já se encontram apagadas e as que se encontram acesas estão mais para o começo da rua.

Por isso, em mais uma tentativa, chama pela gentil senhora quase aos berros e, consigo mesmo, determina que se ela não responder essa seria sua última insistência e assim iria embora.

Você grita uma vez e ainda ninguém responde. Então grita mais uma, quando de repente ouve o barulho da chave na porta e a maçaneta sendo girada até a porta ser aberta por alguém que você não esperava.

— Pois não? — diz uma jovem e bela moça na porta completamente séria.

— Boa noite, a dona Ami tá em casa? — você pergunta.

— Ah, a Ami tá em casa, mas ela tá dormindo agora. Você é...?

— S/N. Meu nome é S/N.

— S/N? — ela pergunta cerrando os olhos — Ah, você veio pegar as ervas, não é? Ela disse que você viria. Espera aí que eu vou pegar ali dentro rapidinho.

A jovem sai de sua presença adentrando a residência que está bem quieta por sinal. Aproveitando o momento, do tapete da porta de entrada você dá uma breve espiada no interior da casa, mas logo é surpreendidx pela rápida volta da mulher.

— Olha. São essas aqui — ela diz lhe entregando uns galhados de folhas secas — A Ami já tinha separado pra você antes de pegar no sono.

— Obrigadx — você fala analisando a folhagem — Tem certeza que é isso?

— Sim. São as rênovas de Marister. Não é esse o nome da ervas?

— Rênovas?! Eu não sei. Mas acho que é isso mesmo.

— Eu também não sei. Mas tá entregue — a moça diz — Bom, agora vou ter que entrar. Tenho mais coisas pra fazer. Boa noite.

A moça, então, fecha a porta antes mesmo que você responda ao seu boa noite. Sem ter muita reação, você apenas fica paradx encarando a porta por alguns segundos meio sem querer acreditar nessa forma de recepção. Sendo assim, já que havia recebido a “encomenda” na qual foi designadx a receber, você apenas sacode os ombros e, aos poucos, vai se afastando da casa para seguir de volta ao apartamento.

— “Pronto. Elx já foi. Agora repete o que você 'tava falando antes.”

Isso foi o que escutou quando já estava dando os primeiros passos para ir de volta para casa. Sem pensar duas vezes, interrompe a sua caminhada e fica paradx por uns segundos olhando disfarçadamente para os lados.

— “Não se preocupe, eu dei um jeito. Nós vamos conseguir dessa vez. Não se preocupe.”

A moça diz.

Ao ouvir isso, você, vagarosamente volta para a porta ficando bem atrás dela evitando ficar na janela de vidro para que sua sombra não pudesse ser vista do lado de dentro da residência.

— “Você já está vindo pra cá? Quando estiver me dá um toque antes. Hoje a rua tá pouco movimentada, assim você já entra de uma vez. Esses assuntos precisam mesmo serem discutidos pessoalmente. Eu vou deixar a porta aberta.”

Ao ouvir isso, imediatamente você arregala os olhos pelo espanto, pois parece que a tal moça se aproxima cada vez mais da porta. Por isso, sem pensar, põe-se a correr o mais depressa possível se afastando da porta até chegar no muro da casa vizinha para se esconder atrás dele.

Quando vê que a jovem já havia fechado a porta novamente, decide se esconder atrás de uma árvore localizada bem em frente da casa de dona Ami para evitar ser pegx e assim poder sair sem ser vistx dali.

Foi então que, passado alguns segundos e com um silêncio que novamente reina dentro da residência, você toma por certo de que o momento seria perfeito para ir embora. Porém, seu plano é totalmente frustrado.

Numa moto estilo anos oitenta de cor preta com umas luzes de LED azuis que piscam ligeiramente na parte inferior do veículo, um homem aspirante a James Dean chega numa pose todo marrento e cheio de confiança parando bem em frente à casa de dona Ami. Ao descer do veículo, logo vai em direção à porta adentrando a residência sem aviso prévio, ao que tudo indica que certamente alguém já o espera lá dentro.



⌚️ Alguns minutos depois...



De longe, ainda atrás da árvore, você apenas observa atentamente a casa de dona Ami. Até o momento está tudo muito silencioso, o que é um tanto estranho. Apenas o barulho das crianças brincando no começo da rua serve como toquede fundo deixando o clima menos sombrio.

O tempo passa porém nada acontece.
Você já começa a se cansar devido ao desânimo causado pela intensa calmaria. Nisso, pensa que já é hora de ir para casa ao olhar para as ervas que estranhamente haviam mudado a coloração na qual parecem estarem ficando murchas.

Assim sendo, logo no momento em que já ia seguir seu percurso, é surpreendidx por uma voz que, assustadora e inesperadamente surge bem atrás de você.

— Eu tenho observado essa casa por dias. Essa garota tem algo que não me agrada.

Ao ouvir a tal voz rouca e vagarosa, você arregala os olhos enquanto sente um tremendo arrepio por todo o corpo como se uma pedra de gelo houvesse lhe tocado de repente. Em seguida, começa a olhar lentamente para trás e vê uma senhora de vestido preto estática mirando fixamente a porta da casa de Ami.

— Esse rapaz que acaba de chegar há algumas noites ele aparece. Ele para a sua moto e a estaciona exatamente onde está agora e de uma vez entra na casa como se alguém já o esperasse.

Você nada diz.

— Eu não sei o que acontece, mas Ami nunca fala nada. É como se ela não estivesse aí, mas eu sei que ela está. Já bati a porta algumas vezes, mas nem sempre sou atendida. E quando assim acontece, essa menina que está lá sempre diz que Ami está dormindo.

Ainda sem falar uma palavra, logo uma lembrança vem à sua mente a respeito do que a própria dona Ami havia lhe falado em sua última visita sobre o fato de esquecer das coisas depois que a tal moça passava por lá. Então, nesse sentido após surgir tal dúvida, você pergunta para a senhora:

— Há quanto tempo essa moça vem aqui? — você pergunta sem hesitar.

— Isso já leva alguns dias. Essa menina vem aqui há pouco tempo — a senhora diz.

— E ela só vem pela noite?

— Sim. Apenas uma vez eu vi ela vindo de manhã com umas sacolas do supermercado, mas desse dia em diante ela só passa a vir à noite.

— E esse homem que chegou na moto? Quem é ele?

— Eu... eu não sei. Ele é um rapaz bonito, mas não sei nada a respeito — ela diz interrompendo a fala para uma tosse — Ele aparece aqui e fica por um tempo, mais ou menos uns trinta minutos, mas depois vai embora. Suponho que seja algum parente da jovem moça ou algo assim.

— É, pode ser — você diz olhando fixamente para a porta.

— O que é isso em suas mãos? — pergunta a senhora apontando para as rênovas.

— São umas ervas que eu vim pegar com a dona Ami. Mas quem acabou me entregando foi a moça. Disse que Ami 'tava...

— Dormindo. Eu sei, queridx.

— É, isso.

— Bem, agora eu vou entrar porque está ficando frio e eu não posso ficar muito tempo do lado de fora. Tenha uma boa noite, moçx — ela diz já começando a se afastar.

— Boa noite — você responde observando a senhorinha adentrar sua residência.

Danda uma última olhada para a casa de Ami, chega a hora de você também seguir seu rumo. A casa dela permanece em silêncio, mas as luzes sempre acesas. O cara misterioso ainda está por lá e não há nenhuma indicação de que ele iria sair.
Sua mente, então, a todo momento se pergunta quem são aqueles dois. Será que a moça que abriu a porta era a tal Mirella? E quem é o rapaz da moto? O que eles estão fazendo lá dentro? E ainda mais: será que dona Ami tem conhecimento do que está acontecendo em sua própria residência?


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