Os órfãos de Nevinny escrita por brennogregorio


Capítulo 46
O bairro alternativo - Parte I




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Simples e aconchegante. Essa é a definição da casa de Allison, exatamente como havia falado há uns minutos: simples e também discreto. Fielmente elas combinam muito com a personalidade séria e centrada do senhor Padalecki. E de Alisson, inclusive.

— Não mentiu sobre o gosto do seu pai. Bem modesto — você comenta analisando as peças.

— Eu não te disse? Ele tem esse jeito recatado — Allison diz, sorridente.

— Percebi. Tem bom gosto. Você puxou isso dele.

— Pode ser. Mas... creio que você não veio aqui pra falar sobre os gostos e interesses do meu pai, não é?

— Você sabe que não. É que isso chamou minha atenção — você explica.

— Entendi — elx diz.

— Sabe, aqui nesse bairro eu não notei nada de diferente. Quer dizer, nada o que é descrito pelas pessoas de fora. Você sabe, quando elas chamam Miríade de estranho e tudo mais.

— Eu já expliquei pra você. Elas só falam o que não conhecem. Por isso julgam sem saber.

— Até que gostei daqui. Se pudesse eu moraria nesse lugar. Parece uma cidade dentro de outra cidade — você diz se aproximando da janela.

— É sim. Aqui tem muitas histórias — Allison diz — Er... desculpa, S/N. Eu acabei esquecendo. Você não quer beber ou comer alguma coisa? Não quer um chá, água ou suco?

— Chá? A essa hora? — você pergunta.

— É. Por que não?

— Não, não precisa. Eu tô bem.

— Tem certeza?

— Tá, pode ser uma água.

 

 

  Na janela do sobrado...



— Sabe, esse episódio de hoje tá me lembrando quando você foi lá no apartamento — você diz forçando um sorriso logo em seguida dando um gole de sua bebida.

— É verdade. Bem que eu `tava sentindo uma sensação de já ter vivido isso antes, como se fosse um déjà vu — Allison profere olhando ao redor.

— Vai me dizer que já tinha esquecido?

— Não, é claro que não.

— Primeiro você chegou de surpresa sem avisar com umas batidas misteriosas na porta, depois a gente foi pra praça e você me contou a história da cidade e dos bairros e seus fundadores. Principalmente a história do bairro em que você mora que achei bem inusitada por sinal.

— Pois é, e hoje você está nele. Sinceramente eu pensei que ainda ia demorar pra você conhecer Miríade, ou pior, nunca querer conhecê-lo depois de tudo que eu te falei.

— Eu também pensei. Ainda mais porque eu não conheço ninguém aqui a não ser você, então acredito que não teria nada pra eu fazer nesse lugar exceto te visitar como hoje. Além disso, aqui é bem afastado dos outros bairros. Parece mesmo algo mais reservado, exatamente como me falou.

— Espero que tenha gostado. Como você pôde ver, Miríade é bem diferente, tanto na sua cultura, organização, arquitetura. Tanto que você pode notar pelas várias casas e prédios antigos que tem espalhados por aí. Tudo pra preservar a identidade de Joel.

— E será que eu poderia conhecer pelo menos uma parte dele? — você pergunta.

— É claro que sim — Allison responde — Mas antes eu quero te mostrar uma coisa, se não for se importar, é claro.

— E o que seria essa coisa?

— Vem comigo. Vamos ter que subir umas escadas antes.

— Tá bom — você concorda sem entender.

Sendo assim, você começa a acompanhar Allison passando pelos curtos corredores da residência. Algumas portas encontram-se abertas e outras fechadas, e em um determinado local há um pequeno jardim com várias plantas em jarros posicionadas distribuidamente numa área coberta de pedritas.

Logo ao lado do jardim há um lance de escadas revestido de uma textura de madeira rústica mas que ao mesmo tempo parece ser bem nova. Não dá pra saber de fato se o material é real ou se é um design muito bem feito pelo profissional responsável.

Sendo assim, ao ver que Allison já está desaparecendo de sua vista ao chegar no final do lance da escada, não perde tempo e então começa a subir apressadamente.

Chegando no último degrau, dá de cara com um cômodo com a porta aberta e, bem na entrada Allison lhe espera te olhando atentamente. Sem tardar, um convite lhe é feito quando percebe que elx fazia um movimento com as mãos permitindo a sua entrada. Então, ao se aproximar o máximo possível da porta, olha para dentro do local e decide pôr o primeiro pé ao receber a imediata permissão:

— Esse é o meu quarto. Pode entrar.

— Seu quarto? Por que a gente veio pra cá?— você pergunta dando uma espiada.

— Achei que você quisesse conhecer.

— Ah, conhecer? É porque eu não esperava que era pra cá que `tava me trazendo.

— Entendi.

— É que o nosso quarto é algo muito pessoal. A gente mostra só pra quem é mais íntimo também, você não acha? — você pergunta, receosx.

— Ah, mas eu não tenho nenhum problema com iss. Sem mentiras — Allison diz — Mas se você não quiser conhecer nós podemos ir pra outro lugar.

— Acontece que já que eu tô aqui e você já me convidou, eu vou ter que aceitar e conhecer o eu quarto. Agora que já começou, termina. Me foi ensinado que é falta de educação recusar convites — você declara e em seguida imediatamente percorre o cômodo.

Allison, por sua vez, fica olhando a sua atitude e acaba dando um sorrisinho. Junto à isso finaliza soltando um "Okay" e também entra no quarto logo em seguida.



Normalmente, as primeiras coisas que vidramos os nossos olhos ao entrar num quarto de alguém é a decoração, o papel de parede, a cama, os móveis ou então verificar se há janelas onde o vento corre solto e se do outro lado há uma paisagem que irá tirar nosso fôlego. Mas não nesse caso.

Aqui, uma outra coisa serviu de holofote ou de ímã que sugou toda a sua atenção: uma grande e robusta estante de madeira posicionada bem no centro do quarto entre a cama e a escrivaninha.

Nela há várias esculturas de imagens clássicas provavelmente feitas de gesso, mas também rochas e pequenas pedras distribuídas em compartimentos.

Não tendo como evitar, seus pés te levam bem próximx à estante e seus olhos dançam observando cada peça e seus detalhes em particular. Não há nenhuma obra de arte magnífica de um museu renomado ou objetos de altíssimo valor como já conhecera de costume, mas os pertences expostos são suficientes para lhe deixar com brilho nos olhos graças ao alto poder de fascínio que têm.

— Você faz mesmo coleção de pedras — você comenta, surpresx.

— Eu disse que faço. Não são bonitas?

— Muito. São tantas. Quantas você tem no total?

— Sabe que eu não sei? Parei de contar no mineral trezentos e doze — Allison responde.

— Tanto assim? Mas elas não estão todas nessa estante.

— Uma grande parte, sim. Algumas estão espalhadas pela casa, outras eu doei. Mas ainda continuo juntando cada vez mais.

— Então foi por isso que você me trouxe pro seu quarto? Pra exibir sua coleção? — você diz, sorrindo.

— Não quis exibir a minha coleção, só quis mostrar pra você ver que era verdade quando eu falei que gosto dessas coisas.

— Ah, então quis exibir, sim. Pra mim isso é a mesma coisa — você diz rindo convencidamente.

— Não queria que pensasse isso de mim, mas fazer o quê, né? — Allison fala torcendo os lábios.

Enquanto passa os olhos pela estante, acaba se deparando com um porta retrato retangular. Nele, há uma foto de uma bela mulher loira com um brilhante sorriso.

— Essa na foto é...

— A minha mãe.

— Ela era bem bonita — você fala.

— É, ela era.

— Verdade. Mas sabe, agora que eu tô vendo a imagem dela pela primeira vez e posso comparar. E sabe de uma coisa?

— O quê?

— Você se parece com ela, sabia?

— Você acha mesmo? — Allison pergunta.

— É. Acho que são os olhos. E também o sorriso. São bem parecidos com os dela. Agora o restante você parece mais com seu pai.

— Sempre me dizem isso. Mas obrigadx se você acha isso. Me parecer com ela é um das melhores coisas que eu posso ter. É um presente.

— Pode ter certeza.

— Sabe, já que estamos falando dela, me veio uma ideia — Allison fala.

— Que seria...

— É uma ótima ideia, aliás.

— Diz logo.

— Ok. Então, já que é assim eu quero te fazer uma proposta. Uma proposta não, um convite.

— Onde você já quer me levar dessa vez?

— Calma. Não é outro lugar da casa. Na verdade, eu quero te levar pra conhecer um lugar aqui no bairro mesmo. É onde eu costumava ir com a minha mãe quando eu era pequeno. Assim você aproveita e vai conhecendo o restante do bairro, o que acha?

— Eu acho que você chegou num ponto onde eu queria que chegasse — você fala — Que lugar é esse?

— Pra saber vai ter que me acompanhar. Eu prometo que você vai gostar.

— Bom, se é assim, é claro que eu quero ir. Já ouvi coisas sobre Miríade, mas eu só quero ter certeza se o que falaram é verdade tirando a conclusão e vendo tudo com os meus próprios olhos.

— Isso é ótimo. Então, vamos agora?

— Vamos! Claro! — você exclama.

— Perfeito. Antes eu só vou precisar ir ao banheiro e nós já saímos. Você me espera?

— Pra onde eu poderia ir? É claro que eu espero.

— Certo. Prometo que vai ser rápido. Fica à vontade. Sinta-se como se estivesse em casa. Só não mexe e tira nada do lugar porque eu vou saber, hein? — Allison diz, sorrindo.

— Ha-ha! Até parece que eu sou de mexer em coisa alheia.

— Eu tô brincando com você. Agora deixa eu ir e nós já vamos.

— Ok. Volta logo.

 


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