Os órfãos de Nevinny escrita por brennogregorio


Capítulo 40
Aula de campo




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Todos os alunos estão reunidos no jardim da escola para uma aula de campo de Química e Geografia. Os professores Lewis e Juaquin tinham acabado de dar algumas pranchetas e cestas para alguns alunos para que anotassem as informações que deveriam ser obtidos durante a aula. Por isso, ele separou todos os alunos em duplas nas quais foram escolhidas por eles a dedo.

Segurando a prancheta que Juaquin lhe entregara, você trata logo de pôr seu nome e de sua companhia: Allison, na qual está com bastante animação devido ao assunto que será estudado.

— Okay, agora que todas as duplas foram escolhidas, explicarei a atividade à vocês. É bem fácil. Tudo o que terão que fazer hoje é encontrar os diferentes tipos de minérios que estão espalhados por todo esse jardim e colocarem o máximo que puderem dentro das cestas. Quanto mais colocarem, mais terão chances de aumentarem suas notas. Mas vocês terão apenas dez minutos pra fazer isso — diz o professor Lewis.

— Depois que coletarem todos os minérios, vocês terão uma hora para pesquisarem sobre eles pondo as informações na folha e em seguida farão uma boa apresentação sobre as composições químicas, origem e a utilidade de cada um deles, entenderam? — pergunta o professor Juaquin.

— Sim, professor! — todos respondem.

— Ótimo. Agora sem mais conversas, vamos dar início à nossa atividade valendo nota. Então, não quero moleza, hein? É uma atividade simples mas queremos algo bem feito. Então se dediquem — avisa Lewis — Começamos em três, dois, um e valendo!

Os alunos fazem burburinho entre si discutindo sobre a atividade. Sendo assim, as duplas se dispersam apressadas por todos os cantos atrás das rochas que os professores haviam pedido.

Dez minutos é muito pouco tempo para isso, então estar no jardim é praticamente o mesmo como estar numa liquidação da Black Friday como acontece no fim de ano onde as pessoas quase faltam dar as suas vidas pra comprar algum objeto com preço baixo.

Dessa maneira, você e Allison também decidem apressar os passos e põem o foco em tentar achar o máximo de minérios possíveis antes que o tempo acabe.

— Achamos mais uma. Essa parece interessante — Allison diz colocando o material na cesta.

— Você sabe qual é esse? — você pergunta.

— Não sei, parece estanho.

— Isso não é tóxico?

— Não muito.

— Ainda bem que o professor colocou você como minha dupla. Eu não entendo quase nada sobre minérios, fósseis e coisas relacionadas — você diz.

— Você teve sorte mesmo. Mas esse não é um assunto tão difícil de entender.

— Diz isso porque é seu hobby pesquisar sobre rochas e estátuas.

— É verdade. É mais fácil pra mim. Admito.

— Acho que dessa vez os professores quis formar duplas improváveis pra gerar mais entrosamento entre elas — você comenta.

— Improváveis? Você acha a nossa dupla improvável? — Allison pergunta lhe olhando com um sorriso.

— Ah, sim e não — você responde — Tipo, a gente se dá bem, mas não é comum nós sermos uma dupla. Você sempre fica com a Rebekah quando tem atividades em duplas, não é?

— Tem razão. Mas você sabe, Rebekah é minha amiga há um tempo então a gente já se acostumou. Mas se for ver por esse ponto, você e Lavínia também são uma dupla.

— É, deve ter sido por isso que o professor não fez com que a gente se juntasse hoje. Por falar nisso, ela não deve tá suportando a companhia dela — você fala avistando Lavínia e Cynthia ao longe revirando por detrás dos arbustos.

Inexplicavelmente, elas não estão se alfinetando ou discutindo como esperava encontrar. Simplesmente estão fazendo a atividade juntas e em perfeita harmonia como se nunca tivessem tido desavenças. Parece até como se ambas tivessem deixado as diferenças de lado e se uniram em prol de um bem maior.

— O que você acha disso? Tá entendendo alguma coisa? — você pergunta para Allison referente à cena que acabara de ver.

— Não. Elas estão... normais — Allison diz franzindo a testa.

— Normais de mais pro meu gosto.

— E você? O que acha?

— Estranho. Bem estranho na verdade. Mas se bem que é o necessário a se fazer pra não ficarem sem nota.

— Eu espero que elas se entendam. Mas Cynthia sendo como é também não facilita — Allison diz — Olha, achei mais um minério.

— Essa eu conheço. É ouro — você diz pegando o material da mão de Allison.

— Bem que podia ser de verdade, né? Eu seria a pessoa mais sortuda desse mundo. Quer dizer, nós.

— Essas réplicas são idênticas aos originais. Olhando assim não tem como saber se é de verdade ou não — você fala analisando o objeto.

— Se um desses cai em mãos erradas, a pessoa estará feita na vida.

— Ou arruinada.

Ao colocar a réplica na cesta, um som de sino ecoa ao longe chamando suas atenções. Em um megafone, o professor Lewis alerta a todos que restam apenas cinco minutos para a coleta e que quando terminassem, todos teriam que ir para o centro do jardim imediatamente.

Finalizado o aviso, novamente os alunos voltam a se mover atordoados em uma corrida contra o tempo. Alguns não parecem nem ligar para o "caos" ao redor e até tiram selfies com os objetos nas mãos nas mais variadas poses e ângulos.


⌚ Cinco minutos depois...


Após um tempo, o sino toca mais uma vez e dessa vez é Juaquin quem chama no megafone ordenando que todos fossem para o centro do jardim. Allison e você estavam pondo o último minério na cesta e trataram logo de obedecer a ordem dada indo ao ponto de encontro. Todavia, alguns alunos ignoram o chamado e continuam a coletar mais amostras. O professor, percebendo, trata logo de dar uma aviso que pega todos de surpresa:

— Aqueles que continuarem pondo mais amostras nas cestas serão descontados na nota final por cada uma delas!

Com isso, as duplas restantes que ainda perambulam por ali na mesma hora desistem da teimosia e ligeiramente vão em direção ao lugar combinado, na qual os professores já estão à espera.

— Agora que já fizeram a "caça aos ovos dourados" vamos fazer o seguinte: todos irão para a sala de pesquisas para usarem a rede de computadores da instituição para obterem as informações dos minerais. Mas prestem muita atenção pra não colocarem informações de fontes não confiáveis, isso pode afetar a nota de vocês — avisa Lewis.

— Bem lembrado, professor — comenta Juaquin.

— Agora sem demora, vamos logo concluir essa parte, pois vocês terão muito trabalho pela frente — conclui Lewis fazendo um gesto com um dedo para que o seguissem.


⌚ Alguns minutos depois...


Estando na sala de pesquisas, as duplas de alunos põem-se a sentar nas cadeiras em frente aos computadores fazendo algazarra. Você e Allison escolhem um deles e acabam ficando no fundo da sala. Ao se acomodarem, começam a tirar todos as pedras que haviam encontrado e espalham-nas em cima da mesa.

— Cobre, ouro e feldspato. Essas foram as últimas. Acho que pegamos uma boa quantidade — Allison fala.

— É — você concorda — Vamos começar essa pesquisa porque uma hora passa voando.

— Ahh... aproveitando que nós estamos aqui, S/N, você não visualizou suas mensagens hoje, não é?

— Hum, hoje não. Por quê?

— Eu te mandei uma mensagem. Importante, aliás. Mas não sei se posso falar aqui — Allison diz olhando para os lados com a voz um pouco baixa.

— Quão importante? Pode falar. Tá todo mundo ocupado agora. A não ser que seja muito importante mesmo.

— É sobre informações das investigações do meu pai.

— Ah, isso. E o que você tá sabendo? Alguma novidade?

— Não muito. Mas ontem à noite eu ouvi mais uma conversa dele no telefone. Sabe o que ele disse?

Você para de digitar e olha para Allison rapidamente voltando a atenção para a tela.

— Pelo o que eu ouvi, parece que aqueles homens que nos abordaram na parada de ônibus naquele dia... foram assassinados.

— Sério?! Mas, isso já era de se esperar não é? As pessoas não têm muita vida longa no crime — você dispara.

— Não é só isso — Alisson dá uma pausa — Pelo o que eu entendi, esses homens foram mortos por queima de arquivo. Alguém mandou fazer isso com eles.

— O quê?! — você diz imediatamente olhando para Allison.

— Foi isso o que você ouviu.

— Como assim? Você tem certeza? Mas quem fez isso?

— Isso foi o que eu consegui ouvir. Como sempre ele nunca menciona nomes pra evitar que vaze algo ou acuse alguém sem provas ou qualquer coisa do tipo. Então não pude saber mais que isso.

— Nossa. Então isso significa que...

— Aquela suspeita de que o assalto foi feito por encomenda pode ser mais real do que pensávamos.

— Como assim? Então quer dizer que a gente corre perigo? — você pergunta engolindo seco.

— Calma. Isso não é cem por cento certo — Allison diz tentando te acalmar.

— Mas você acabou de dizer que...

— É, eu disse. Mas é uma suspeita. Alta, mas é.

— Mas agora não tem mais como ter calma com esse assunto passando pela minha cabeça de novo. Todas as noites eu chego a pensar sobre isso, mas logo depois prefiro acreditar que isso não pode ser possível de acontecer. Eu não vejo sentido nisso.

— Eu também penso nisso muitas vezes mesmo não querendo pensar, mas veja bem, se isso for mesmo real, não se preocupe, não se esqueça de quem meu pai é. Ninguém pode fazer nada contra a gente — Allison diz lhe olhando, confiante.

— Eu sei, mas mesmo assim. Isso é algo sério de se discutir. Como lidar com o fato de que alguém quer te prejudicar arquitetando algo desse tipo? Isso é insano.

— Isso é. Mas não temos total certeza de nada. A única certeza que temos agora é de que quem fez aquilo já não existe mais.

— Agora não sei se fico feliz ou triste por saber disso. Eles eram a resposta de um certo modo, não eram? — você pergunta, refletindo.

— É. Isso deve ter dificultado o trabalho da polícia bastante. Meu pai deve estar uma pilha por isso. E pelo o que eu conheço do senhor Carlos, ele não vai ficar em paz enquanto não resolver isso.

Após isso, subitamente o professor Lewis aparece atrás de vocês pondo a mão levemente sobre o ombro direito de Allison dando fortes pirragos lhes deixando com expressões de espanto na mesma hora.

— Então, como estão se saindo? Acredito que estejam conversando sobre as descobertas que estão obtendo, não é mesmo?

— Ah, sim professor, com certeza. Nós fizemos algumas descobertas bem interessantes por sinal. Estamos falando sobre elas agora mesmo — Allison diz com um sorriso no rosto disfarçando a conversação.

— Ótimo. Espero que encontrem mais respostas. Vocês vão adorar o que podem descobrir ainda — ele diz dando dois toques em seu ombro e logo sai.

Você, ao ouvir isso, olha lentamente para Allison e, ao perceber sua expressão, lhe diz:

— Depois conversamos melhor.

— É melhor — você fala, concordando.


⌚ Uma hora depois...


Um tempo depois, todos deixam a sala pois o sinal para o intervalo acabara de tocar. As apresentações haviam sido apreciáveis e todos os envolvidos conseguiram desempenhar bem os seus papéis na hora da explicação. Claro que não faltou o nervosismo por parte de alguns deixando o clima um pouco apreensivo. Mas felizmente não foi nada que não pudesse ser superado.

Seguindo diretamente para o refeitório, alguns de vocês se juntam e comemoram o fim da recém atividade enquanto andam pelos corredores.
Após escolherem seus lanches, não perdem tempo e vão para uma das mesas.

— Aula interessante essa que a gente teve — Cris comenta.

— Dessa vez não podemos nem escolher nossas duplas — Rebekah reclama.

— É. Mas é sempre bom variar às vezes também. A mesmice às vezes enjoa.

— Por isso não fica com ninguém fixamente — Lavínia dispara, gargalhando — Foi mal, não aguentei.

— Assim você me machuca — Cris fala fazendo bico.

— O que achou da sua dupla, Lavínia? — você pergunta.

— Ah, normal. Saiu melhor que eu esperava — ela responde.

— Nós vimos. Você e Cynthia até pareciam melhores amigas — Rebekah fala.

— Pra quem 'tava disposta a bater na garota outro dia... — você começa a declarar.

— Não, nessa eu não acredito! — diz Micaella se aproximando com a sua bandeja.

— O que é, garota? — Lavínia pergunta.

— Você deu pra trás com o "plano do gelo"?

— Não. Nós só fizemos um trabalho juntas. Só estávamos próximas por causa da nota.

— Ah. Eu espero que seja isso mesmo.

— E também eu não preciso ter raiva dela. Eu sei que ela não é fácil de se lidar, mas eu prefiro não me importar com isso. Dei uma chance, nos entendemos e estou feliz por isso e não me arrependo — Lavínia diz dando uma breve pausa — Eu tô numa vibe de paz agora e só quero valorizar mais as pessoas e passar mais tempo com elas, com a natureza e os bons momentos em vez de ficar brigando. Só quero ficar de bem comigo mesma daqui pra frente.

— Endoidou — Micaella diz sentando-se, boquiaberta.

— Também não tô entendendo também — você fala enquanto a analisa.

— Bem que eu tô te achando diferente hoje. Tá mais estranha, mais quieta — Cris declara, gargalhando.

— É — Rebekah concorda.

— Ai, gente. Eu virei pauta do dia agora? Vocês não tem mais outra coisa pra falar, é isso? — Lavínia profere com uma expressão irritadiça.

— Essa é a Lavínia que eu conheço. Feroz e brava — comenta Micaella batendo palmas.

— A fase zen foi toda embora — você diz, rindo.

— Vocês pediram, então recebam. Não era o que queriam? — ela fala torcendo os lábios logo em seguida dando uma risada.

Durante esses minutos vocês ficam conversando até que chegassse a hora do sinal tocar novamente. As aulas seguintes seriam de educação física na quadra, então nem ousaram em pegar mais comida pra não dar algum tipo de problema durante ou depois da aula. Seria constrangedor ter que colocar tudo pra fora na frente de todo mundo e depois ter que encarar aqueles olhares de nojo e julgamento.


⌚ 12:08 p.m.

Na hora da saída, o grupo já está reunido no portão principal para se despedir e assim cada um seguir seu caminho para casa. Apenas estavam esperando Allison se despedir de Max que já iria embora com sua mãe que aguarda no carro um pouco apressada.

— Bom, agora que Max já foi, é a nossa vez de irmos pra casa — diz Rebekah dando um sorrisinho e pondo seu gorro na cabeça.

— Eu já vou pra avenida. Meu irmão já 'tá pra chegar e não posso me atrasar — Cris fala.

— S/N e eu ainda precisamos pegar o ônibus. Ele chega em sete minutos — Allison fala olhando no relógio de pulso.

— É verdade. Vamos ter que andar um pouco mais rápido pra chegar a tempo — você diz.

— Tchau, Lavínia — Cris e Rebekah falam já virando-se para irem.

— Ah, esperem! — Lavínia exclama.

— O quê? — Rebekah pergunta por algum motivo pondo a mão em seu gorro.

— Esquecemos alguma coisa? — Cris pergunta.

— Nada disso — ela diz — É que, já que estamos só nós aqui, mais unidos e amigos de sala, eu quero pedir uma coisa pra vocês.

— O que é? — Allison pergunta se aproximando.

— Sei que podem achar isso bobo ou até estranharem por vir de mim, mas... posso dar um abraço em vocês?

Vocês se olham rapidamente fazendo expressões confusas pois não esperavam um pedido como aqueles na hora, ainda mais vindo de uma garota que não parece ser alguém do tipo que demonstre sentimentos calorosos e de afeto como faz no momento.

Entretanto, inesperadamente, Cris toma uma atitude e, sem hesitar, vai em direção à Lavínia dando um abraço apertado na amiga, na qual na mesma hora ela retribui. Em seguida vai Allison, Rebekah e por último, você.

— Não entendi. Por que isso de repente? Você não é assim — você fala estranhando a situação.

— Eu já disse no intervalo. Eu quero mudar. Quero ser mais "good vibes", quero ser diferente — ela responde dando um singelo sorriso.

— Eu aprovo. Quer dizer, não que eu não goste da Lavínia doidona, mas adoraria te ver em uma versão mais "doce" — Rebekah pronuncia.

— Eu entendo o que você quer dizer — Lavínia fala dando um sorriso — Mas é isso. Eu quero valorizar mais os momentos e as pessoas. Afinal, a gente nunca sabe quando vamos abraçá-las de novo, não é verdade?

— Isso é fato — Allison concorda.

— Bom gente, obrigada por esses abraços que vocês me deram. Eles foram muito importantes pra mim. Tô me sentindo mais leve e pronta pra ir agora.

— Qualquer hora que quiser abraço pode pedir que eu tô dentro sempre! — Cris profere dando uma piscadela.

— Eu também — Rebekah diz.

— Agora vão logo, senão vocês vão perder o ônibus — Lavínia adverte olhando para você e Allison.

— Caramba, é verdade! Espero que ainda dê tempo — Allison exclama com preocupação.

— Ih, eu também — Rebekah fala já arregalando os olhos.

— Agora que vamo' ter que correr mesmo — você diz se apressando — Até amanhã, Lavínia.

— Até — ela diz, acenando.

— Até amanhã — os outros também falam logo em seguida se movendo o mais rápido possível.

Em poucos segundos não está mais ninguém do círculo ali, mas o local logo é preenchido pelos outros alunos que cada vez mais saem do colégio rumo aos seus lares. O frio se intensifica aos poucos e o vento já iniciara a soprar as folhas secas que perambulam pelos ares.


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