Os órfãos de Nevinny escrita por brennogregorio


Capítulo 4
Avenida Partello, 251




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 São quase quatro da tarde e a chuva começa a cair. Você e Lívia ainda se encontram dentro do carro a caminho do Hospital Loodan, mas parece que a chegada iria demorar um pouco, pois o trânsito começa a ficar um pouco congestionado.

Alguns carros tentam passar por certos lugares pra fazerem o trajeto mas logo dão meia volta, obrigados a seguirem outro caminho.
O motivo? Uma enorme árvore caída no meio da avenida Partello, meio principal de se chegar até o hospital.

Além de ter seu tamanho impressionante, também parece ser bem antiga devido ao seu caule grosso e escuro. Porém o que mais chama sua atenção é o dano que ela causara, pois, além de atingir a fiação elétrica e deixar aquela pequena região desprovida de eletricidade, também atingira algumas casas e umas lojas ali presentes.

No meio disso, enquanto Lívia segue seu trajeto acompanhando a fila de carros no mesmo percurso, você observa toda a movimentação parecendo que tudo está acontecendo em câmera lenta até não poder mais ver muita coisa. Isso porque o vidro começa a ficar embaçado rapidamente devido o sereno que inicia a cair.

Então, só depois de alguns minutos a demora termina. Ao saírem da área congestionada puderam seguir o caminho de uma forma mais rápida e assim, finalmente, chegar ao destino.

Na entrada do hospital, sua irmã decide seguir em direção ao estacionamento, mas antes teriam que passar por uma máquina com uma voz estranha de robô, pegar um ticket e assim poder estacionar o carro.

Assim que o fizeram, logo vão para o subsolo estacionando o veículo em uma das várias vagas vazias que haviam, dessa maneira significando que o hospital não estaria tão cheio. Feito isso, de imediato seguem para o elevador para poderem adentrarem o local.

Em poucos segundos você e Lívia já se encontram caminhando pelo hospital procurando pela recepção. Você vai mais a frente devido à preocupação e nervosismo para saber como está Allison, deixando sua irmã percebendo a agitação do local um pouco mais para trás.

A movimentação é de caos, característico de qualquer outro hospital: pessoas atrás de informações, médicos correndo para fazerem cirurgias, novos pacientes chegando, enfim, aquela mesma rotina de sempre. Ao chegar na recepção você dirige-se à uma mulher de cabelos escuros e ondulados prontamente posicionada atrás do balcão fazendo algumas anotações numas folhas. Você a cumprimenta, e, sem querer perder tempo já pede informações sobre um/a paciente em específico.

— Você é da família delx? — a mulher pergunta nem sequer te olhando.

— É...não. Somos da mesma turma. Na verdade eu `tava com elx quando tudo aconteceu — você responde lembrando do momento dos disparos.

— Olha, sinto muito. Apenas familiares podem fazer visitas ou obter informações mais detalhadas sobre o/a paciente. Sinto muito.

— Eu te avisei que não era pra gente vir, S/N — Lívia fala.

— Mas eu só queria saber como Allison está. Por que precisa ser difícil assim? — você pergunta com indignação.

— Acho melhor a gente ir embora. Allison vai ficar bem. Logo, logo você vai ter notícias delx e também logo, logo vocês vão poder se ver na escola de novo.

— É sério? Não vou poder saber de nada?

A recepcionista nada responde.

— Vamos, S/N. Podemos ir? Eu já estou com fome. Podemos comer na cafeteria daqui mesmo, porque eu não vou querer esperar chegar até em casa.

— Não tô acreditando nisso — você responde com um certo desânimo.

O refeitório do hospital Loodan está um lugar agradável. A chuva já tinha parado e o sol já brilhava no céu novamente. Tudo parecia estar em paz, tranquilo. Em contrapartida, por dentro de você não está tão tranquilo assim. A angústia e preocupação percorrendo em seu organismo uma hora tornando-se em esperança, outrora em aflição novamente, definitivamente uma montanha-russa de emoções que consequentemente alimenta ainda mais o seu nervosismo.

Ao terem terminado de comer, você e sua irmã fazem o mesmo caminho que fizeram pra chegar até a cafeteria de volta para irem novamente ao estacionamento. Passando pela recepção mais uma vez vocês notam um homem vestido em um uniforme de polícia parecendo estar procurando por alguém, atordoado, a ponto de chorar.

A porta de saída para o estacionamento está logo à sua frente e, estando a um passo de atravessá-la, você escuta que o tal homem procura por Allison, então, no mesmo instante volta atrás.

Depois que pediu por informações para a mesma moça que lhe atendera, ele a segue até o corredor onde ficam os quartos e por lá ficou por algum tempo. Enquanto isso você se sentou em uma das cadeiras de espera. Lívia te fez companhia e também sentou. Enquanto esperavam por alguma noticia, ficaram assistindo à televisão que estava pendurada na parede. Estava no plantão de notícias e havia uma jornalista que falava sobre vários casos de mortes de jovens que aconteceram na cidade vizinha onde o principal suspeito era o filho do prefeito mas que ele próprio não sabia dos crimes que tinha cometido. Aquilo te chocou bastante porque ele havia cometido crimes cruéis de uma forma tão fria, e pra completar, dentre as vítimas estavam seus próprios amigos. Então sem querer continuar ouvindo aquilo, você se levanta da cadeira, se afasta um pouco e decide beber um pouco de água no gelágua da recepção.

Mais uns minutos se passaram e eis que surge o tal homem fardado com uma expressão preocupada. Ele conversa com o doutor que o acompanha até um dos quartos. Depois de conversarem por um tempinho, o médico se afasta enquanto que o tal homem se aproxima. Então. você, sem hesitar se aproxima dele e diz:

— Oi, você `tava procurando por Allison?

— Sim, é meu/inha filhx. Eu soube que elx tinha levado dois tiros. Corri o mais rápido possível pra cá. Você conhece elx? — o homem pergunta secando as lágrimas enquanto olha para o seu uniforme da escola.

— Sim. Nos conhecemos hoje no ponto de ônibus. Estávamos conversando quando tudo aconteceu — você responde.

— Oi, eu sou Lívia Montenegro, irmã delx — Lívia diz erguendo a mão direita para o homem que no mesmo instante a recepciona.

— Prazer — ele diz — Mas me contem, vocês sabem mais de algo que aconteceu?

— A gente conversava na parada de ônibus e dois homens vieram numa moto e um deles atirou em Allison. De primeira eu pensei que fosse um assalto. Então acho que Allison foi reagir e...

— Eu não acredito nisso. Quantas vezes eu já disse a Allison que não se deve reagir à situações como essas? — ele fala passando a mão na cabeça, desacreditado.

— Isso é extremamente perigoso. Já falei pra S/N — Lívia comenta.

— E eu vivo conversando isso com elx devido às ocorrências do meu trabalho, mas parece que não adianta nada — ele diz balançando a cabeça em movimento de negação.

— Eu entendo, mas por falar nisso, como elx está? Eu vim aqui pra saber de alguma coisa mas ainda não sei de nada ainda — você diz.

— Qual seu nome? — ele lhe pergunta.

— S/N Montenegro — você responde.

— Prazer, S/N. Eu sou Carlos Padalecki — ele diz estendendo sua mão.

 Após o senhor Padalecki lhe explicar a situação de Allison, ele lhe permitiu que você entrasse no quarto onde elx estava, mas infelizmente não poderiam conversar pois seu/ua colega estava dormindo e respirando com ajuda de alguns aparelhos. Felizmente os tiros que Allison tinha levado, apesar de assustadores não causaram nada de grave, pois o senhor Padalecki havia lhe afirmado que um tinha sido apenas de raspão enquanto que outro tinha atingido seu peito, mas sem provocar algo que pudesse a ser grave. O seu desmaio e a sua parada repentina de respiração foram ocasionados pela emoção. Lívia preferiu acreditar que foi pelo medo, mas não comentou nada na hora.

⌚ 05:52 p.m.

Já é quase noite então é de você e Lívia se despedirem de Carlos, pois ele ainda teria que ficar no hospital fazendo companhia a Allison, além de que sua irmã estava doida para chegar em casa e tomar um banho e relaxar. Porém, antes de irem Carlos lhe chama e começa a dizer as seguintes palavras:

— S/N, muito obrigado por você tomar conta de Alisson. Vocês se conheceram hoje e parece que já se conhecem há anos. Isso é raro de se ver.

— Ah, não foi nada. Eu não podia deixar uma pessoa que precisava de ajuda desamparada. Ainda mais nesse caso onde tudo aconteceu na minha frente.

— Enfim, eu só tenho que te agradecer por ter se preocupado. Quando Allison acordar talvez vá se surpreender que você esteve aqui e por tudo que fez — ele diz dando um sorriso.

— Não tem de quê. Eu te agradeço pelas palavras. Mas agora temos que ir. Eu preciso tomar banho e trocar de roupa e minha irmã deve estar cansada.

— Vocês não tem noção — Lívia diz dando um sorriso — Mas eu tive que fazer isso por S/N. Do jeito que eu conheço a peça não sossegaria enquanto não viesse — ela completa olhando para você.

 Depois de se despedirem, você, juntamente com a sua irmã seguem em direção ao estacionamento, entram no carro e enfim saem do hospital. As luzes da cidade já começam a acender. Ruas e prédios, enfim, todos os lugares tomam sua coloração arroxeada e a magia da noite em Nevinny começa a acontecer. A lua cheia amarela e brilhante paira sobre o céu dando o seu contraste.

 Após um dia cheio de acontecimentos e surpresas, um bom banho e umas horas de descanso eram tudo o que você e sua irmã queriam. Você estava com o coração mais tranquilo por saber o que tinha acontecido com Allison, mas também queria que elx ficasse bem logo e saísse o mais rápido do hospital.

Então uma pergunta surge em sua mente: será quando seria a próxima vez que Allison iria à escola novamente? Bem, seja quando fosse, o importante é que elx estava num lugar mais seguro e estava sob cuidado de pessoas competentes. Isso era o que você precisava saber e estava feliz por isso. Nada de se antecipar ou acelerar o ritmo das coisas, pois, como dizem:

"Nada com um dia após o outro, pois o tempo é o senhor de todos os mistérios."


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