Os órfãos de Nevinny escrita por brennogregorio


Capítulo 3
Deixe-me ir




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Em minutos um grande número de pessoas se forma em volta observando a cena. Uma mulher com uma expressão tristonha que tinha acabado de ligar para a ambulância avisa que eles já estão a caminho.

Você não sai de perto de Alisson, então simplesmente fica ao lado do corpo não tendo o que fazer no momento. Outro fato que acontece é quando Allison começa a sentir fortes contrações, o que te preocupa bastante, pois dessa maneira faz parecer que algo pudesse vir a acontecer a qualquer momento.

Porém, seu semblante logo muda quando repentinamente ouve a sirene da ambulância vindo ao longe dobrando a esquina indo em suas direções. Bem próxima a vocês ela estaciona e os paramédicos começam a sair apressadamente do veículo.

Você assiste cada movimento de todo o trabalho e como todos lidam cuidadosamente com o corpo de Alisson. Não demorando, um deles então se aproxima.

— Você estava com elx quando tudo aconteceu? Pode dar mais detalhes?

— Eu ‘tava. Dois homens numa moto vieram e um deles desceu e começou a atirar. Não tem sentido, parecia que eles vieram só pra isso. Como elx tá? — você pergunta, aflitx.

— Isso é muito estranho. Mas nós vamos fazer de tudo para cuidar de seu/ua amigx — o paramédico diz — Qual o nome delx?

— Ah, não. Não somos amigxs. Eu acabei de conhecê-lx. Tudo o que eu sei é que seu nome é Allison.

— Tudo bem. Vejo que estudam no Colégio Montreal. Ele não está longe. Vamos levar Allison para o hospital mas antes precisamos ter informações pra avisarmos aos responsáveis por elx.

Ao olhar para a ambulância você vê que Allison já se encontra dentro do veículo sobre a maca e os enfermeiros começam a fechar as portas. O homem com quem você fala começa a se afastar, então, sem pensar, você apressadamente vai em direção dele, puxa seu braço e diz:

— Pra qual hospital vocês estão indo? Eu quero ir junto.

— Infelizmente não posso deixar isso acontecer. Você não tem idade suficiente como acompanhante — ele fala.

— Tá, mas pode pelo menos me dizer pra qual hospital estão indo?

— Hospital Loodan. Agora deixe-me ir.

Depois que os paramédicos entram na ambulância, logo ligam a sirene de emergência e saem em disparada.

Parando pra pensar, você não faz ideia de onde se localiza esse hospital, já que não conhece a cidade tendo em vista que também há muitos lugares que não faz nem ideia que pudesse existir em Nevinny.

Por isso, dessa maneira, depois de conseguir a informação do local para onde estavam levando Allison, você se aproxima da mesma mulher que tinha ligado para a emergência e pergunta à ela onde fica o tal hospital.

Após ela explicar detalhadamente sua localização, você começa a pensar numa maneira que pudesse chegar lá o mais rápido possível, para, assim, ter mais notícias sobre o estado de saúde de Alisson.

Uma ideia passa por sua mente, mas de primeira você hesita em realizá-la. Ligar para Lívia seria a alternativa que pudesse lhe ajudar no momento. Ela poderia chegar mais cedo do trabalho e ir até sua localização para atender sua emergência, mas para isso ela iria querer saber o motivo de sair do trabalho antes do horário, pois seu chefe era rígido então não a deixaria sair assim sem um motivo emergente.

Então você começa a pensar em algo que pudesse agilizar esse processo e a única alternativa que lhe vem em mente é ter que inventar uma desculpa para sua irmã. Só assim poderia conseguir com que chegasse rapidamente no hospital.

Você nunca achou certo mentir, nem que fosse uma mentira pequena que fosse, mas nesse caso você acredita que seria melhor abrir uma exceção e falar uma inverdade pra sua irmã Lívia, pois nesse caso teria uma importância grande em relação ao que está acontecendo.

Indo mais uma vez em direção da mulher a quem anteriormente lhe dara o endereço do Hospital Loodan, você educadamente pede o celular dela emprestado e assim liga para sua irmã.

Lívia: Alô?

 

Você: Lívia?

  

Lívia: SN? Que número é esse?

 

Você: É de uma mulher aqui na rua, mas isso não importa. Preciso que você venha me buscar urgente.

 

Lívia: Mas por quê? O que tá acontecendo?

 

Você: Eu tô passando mal, acabei de dar um desmaio aqui na parada de ônibus, parece que devo ter batida a cabeça também. Uma mulher estava passando, me viu no chão, acabei acordando e ela me pediu pra ligar pra você. Preciso que venha logo.

 

Lívia: Ah, meu pai! Aguenta aí mais um pouco, vou falat com o meu chefe. Você sabe como ele é, mas acho que nesse caso ele concorde. Já já chego aí.

 

Você: Tá bom. Vem logo.

Depois de desligar a chamada, você apaga o número de Lívia das chamadas recentes e devolve o celular à mulher agradecendo-a.

— E aí, deu certo? - pergunta a mulher.

— Deu sim. Ela já já vai estar aqui em alguns minutos.

— Ótimo. Bom eu já tenho que ir. Tomara que fique tudo bem com seu/ua amigo/a.

— Mas elx não é... Obrigadx, vai ficar tudo bem sim — você diz forçando um sorriso para a mulher.

Dito isso, logo em seguida ela acena para você e sai seguindo seu caminho, enquanto você espera Lívia chegar.

Passado alguns minutos depois, Lívia chega em seu carro estacionando ao seu lado. Ela sai do veículo e vai em sua direção com uma expressão de preocupação te analisando por completo.

— S/N você está bem?

— Ah, não muito. Eu tô com um pouco de tontura. Deve ser porque eu bati a cabeça.

— Nossa, parece sério. Vamos deixa eu te levar até o carro — ela diz lhe pegando.

E assim ela fez. Depois de terem entrado no carro, sua irmã te ajuda a pôr o cinto ao ver sua “dificuldade” em assim fazê-lo. Mal sabia ela que tudo não passa de um fingimento de sua parte. Mas você sabe que precisa fazer alguma coisa do tipo, senão ela não estaria lhe ajudando no momento e realizar seu objetivo de chegar o quanto antes no hospital.

Lívia já havia ligado o carro e começava a dirigir seguindo em linha reta na avenida em que estavam até chegar num determinado ponto da avenida e assim fazer o retorno para te levar para casa. Nesse momento você percebe que o caminho que ela é o oposto do qual teria que fazer para chegar até o hospital Loodan, conforme a mulher lhe informara antes.

— Lívia, eu preciso te dizer uma coisa — você diz dando uma pausa e fazendo um certo suspense.

— Você tá bem? Tá precisando de alguma coisa?

— Não. É que... — você diz interrompendo a fala, enquanto que Lívia lhe olha parando o carro.

— Diz, S/N. Tá sentindo alguma coisa?

— Eu não quero ir pra casa. Eu preciso ir pro hospital Loodan.

— Hospital Loodan?! Mas por que lá? Você sabe que o que a gente frequenta quando precisa é o Resumption.

— Eu sei, mas é porque aconteceu uma coisa e eu preciso ir até lá agora.

Você explica para Lívia tudo o que tinha acontecido, então automaticamente ela fica em choque pelo que aconteceu com Alisson e também pelo risco que correra.

Boquiaberta, Lívia encontra-se sem expressão, pois não esperava que por aquele bairro que ela conhecia como um dos poucos bairros seguros que poderia ter em Nevinny, agora não estava mais podendo permanecer com esse status.

— Nossa, S/N, que sufoco que você passou. Imagino como você deve estar se sentindo, mas agora estou um pouco cansada. Não seria melhor irmos outro dia ou sei lá?

— Não, não. Eu preciso ir agora. Eu preciso saber como Alisson está.

— Eu entendo, mas Alisson não tem família? Não tem pessoas que possam cuidar e dar apoio à elx?

— Acho que sim. Tem um pai, mas...

— Então, S/N. Deixa a família ir visita-lx primeiro. Não precisa ficar assim. Você nem conhece elx direito pra se preocupar assim.

— Eu sei. Eu também não sei porque eu tô assim, mas isso é importante pra mim — você diz dando uma pausa — Não lembra o que aconteceu com o Lennon?

Sua irmã nada responde e te olha por uns segundos, em seguida abaixando a cabeça.

— Tá bom, vai — ela diz girando a chave do carro fazendo com que ele ligasse novamente — Mas você pegou pesado com essa história do Lennon.

— Eu sei, me desculpa por isso. Mas podemos ir logo?

— Tá bom. Vambora.

Enquanto Lívia faz o retorno para pegar o caminho certo e fazer o trajeto até chegar ao hospital, você fica com a cabeça apoiada na janela olhando a movimentação da cidade, enquanto que ao mesmo tempo um sereno começa a cair.

Seus pensamentos agora estão voltados para Alisson, pois você não para de imaginar como está a sua situação. Afinal, Allison foi baleadx bem na sua frente. Perguntas como: “Será que Allison está bem?” “Será que tinha resistido aos ferimentos?” surgem na sua mente lhe causando mais preocupação.
Você não vê a hora de poder vê-lx novamente e obter as respostas que procura.


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