Os Irmãos Park escrita por André Tornado


Capítulo 25
A próxima festa




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/809338/chapter/25

Um enorme cartaz exibia-se num tripé metálico no corredor principal da escola. Anunciava o baile de Natal daquele ano que marcava o fim do primeiro semestre de aulas e a pausa de inverno, que se prolongava até depois do ano novo. O segundo semestre começava em fevereiro.

Mike, Brad e Rob pararam em frente ao cartaz colorido, impresso em papel brilhante que depois fora colado sobre um cartão grosso. Devido à sua localização, todos os alunos do Instituto conseguiam vê-lo assim que entravam no edifício principal. Faziam o mesmo que os irmãos. Paravam, liam as frases principais, absorviam a informação genérica do anúncio. Baile. Dezembro. Fim do semestre.

— As cores não combinam umas com as outras. Que grafismo horrível… Isto é um trabalho amador – criticou Mike, ácido, em voz baixa.

Brad e Rob não comentaram nada. Nos últimos dias era um milagre que conseguissem comunicar normalmente com o Mike, depois daquela explosão quando ele soubera que a Anna estava ao corrente do seu segredo. Não deviam espicaçar ainda mais os nervos do vampiro e resolveram agir como sempre tinham agido, para retirar importância à cena e ao eventual perigo que os rodeava. Mike tinha, obviamente, amuado e tornara-se mais arredio. Ia com eles para as aulas, entravam em casa juntos, mas, para além disso, isolava-se no seu quarto. Saíra algumas noites, transformado em morcego. Nem Brad, nem Rob o incomodaram, exigiram-lhe satisfações ou pediram-lhe que mudasse de atitude. Se insistissem, iria acontecer uma discussão e nenhum dos três queria zangar-se por causa daquele assunto.

No tempo que passavam juntos, portavam-se com muito cuidado e eram corteses uns com os outros. Até acontecia que passaram a entreajudar-se mais no estudo e encontravam-se, no fim das atividades letivas, na tal loja do centro comercial para jogarem nas consolas disponíveis. Era só em casa que se separavam. O Brad andava entusiasmado com o quarto, que ia decorando aos poucos. O Rob entrava nas suas meditações, distraía-se com as suas visões e nas viagens que fazia pelo mundo oculto. Mike remoía o seu azedume e disciplinava-se para não exigir, outra vez, que se fossem embora da cidade. Brad suspeitava que Mike estava a elaborar um plano que os convencesse a segui-lo, mas deixava que fosse apenas um pressentimento, para não se aborrecer por algo que ainda estava por vir. Ou que talvez nunca acontecesse, e essa era a melhor das possibilidades.

Rob ajeitou a mochila no ombro direito, deslocou o peso do corpo de uma perna para a outra.

— Bom, para o ano, desenhas tu o cartaz para o baile de Natal – sugeriu. – De certeza que ficará bastante melhor do que este.

— Sim, de certeza – concordou Mike, a ruminar as palavras.

Brad ocultou sabiamente a alegria que sentiu por Mike considerar estar no Instituto no próximo ano. Significava que não se tinham ido embora.

— Por enquanto, temos que nos contentar com este… – observou ele. – OK, está visto. Já sabemos que vamos ter baile no fim do semestre.

Os alunos acumulavam-se em redor deles que estavam de frente para o cartaz. Comentavam a novidade com palavras breves. Risinhos e suspiros enlevados das meninas. Piadas e remoques ácidos dos rapazes. Era evidente que o baile iria criar uma cisão na escola. Havia quem apreciasse a ideia, que se enraizava na tradição do estabelecimento; havia quem desdenhasse da necessidade de manter o evento, quando havia outras possibilidades de se assinalar a mudança de semestres. Os dois vampiros captaram uma miríade de opiniões naqueles breves segundos. O Rob parecia, como habitualmente, distraído.

— Sim, está visto. Vamos para as aulas – disse Mike.

Contornou o cartaz posto no tripé e avançou pelo corredor, na direção da escadaria. Brad estugou o passo para o acompanhar, mas Rob manteve a sua velocidade normal e foi ficando para trás.

— Nós vamos ao baile… não vamos? – perguntou Brad.

Mike continuou a andar. A pergunta fê-lo enterrar ainda mais a cabeça entre os ombros.

— Não sei.

— Podemos ir… não podemos?

— Não sei – repetiu.

— Está bem, dou-te tempo para pensar.

Mike parou e voltou-se para Brad. Os seus olhos estavam invulgarmente opacos. Brad percebeu a tormenta a agigantar-se por detrás deles, a centelha negra que despoletava aquele incêndio de labaredas frias que convocariam os piores instintos.

— Tu concordaste em ficarmos na cidade até ao final do ano – lembrou-lhe, ligeiramente temeroso. – Vigiamos as reações da Anna, o ambiente na escola… depois tomamos uma decisão definitiva.

— Posso ter muitos defeitos, mas jamais faltei com a minha palavra. Se concordei, não irei voltar atrás.

Rob juntava-se a eles.

— O que é que estão a falar? Daqui a dois minutos vai tocar para entrarmos nas salas.

— O Brad quer ir ao baile – desdenhou Mike.

Brad estalou a língua e rosnou, arreganhando os dentes brevemente.

— Sim, gostava de ir ao baile. E tu, Rob?

— Eu também gostava.

A resposta positiva fez Mike estremecer. Esboçou um sorriso que mesclava ironia com desapontamento.

— Claro, claro… Tu e o Rob querem ir ao baile. Como somos três, existe sempre alguém que desempata uma votação que está num impasse. O mordomo deixou que os irmãos Park se separassem com essa condição. Nunca podíamos ser quatro ou dois. Teríamos sempre de ser grupos de três para haver… um equilíbrio.

— Ei, não estávamos a votar nada – disse Brad, conciliador. – É só uma conversa. Acabámos de saber do baile, ainda nem tivemos tempo para perceber exatamente como vai ser.

— Estou atrasado para a minha aula de Matemática – cortou Mike.

— Eu também vou ter Matemática contigo. O Rob é que vai para a sala de Inglês.

— Então, vamos. Estamos atrasados para a nossa aula de Matemática.

Uma mão pousou no ombro de Brad e este levantou a cabeça. Rob piscou-lhe o olho.

— Calma… dá-lhe espaço.

— Eu dou-lhe todo o espaço que ele exigir – resmoneou Brad. – Mas o baile…

— Sim, o baile.

— O que te dizem as visões?

O rosto de Rob ensombrou-se.

— Não me peças para usar as minhas capacidades nestes assuntos menores.

— Ah, inédito! Acho um desperdício muito maior que uses os teus feitiços para aplicar papel de parede ou fazer uma cama com lençóis novos.

O feiticeiro não lhe respondeu e começou a subir os degraus. Brad teve de acelerar o passo para se juntar a Mike. Entraram juntos na sala onde iriam ter Matemática. Sentaram-se em lugares separados, como se estivessem no primeiro dia da escola numa cidade desconhecida. Foi Mike que se afastou. Brad deu-lhe o desconto e não procurou tirar-lhe satisfações ao intervalo.

O anúncio do baile perturbou a comunidade estudantil. Nas sucessivas pausas da manhã, ainda que houvesse testes marcados ou projetos para apresentar perante a plateia sempre assustadora da turma, os momentos mais tensos da vida de qualquer aluno, o assunto que andava em todas as bocas era o baile e tudo o que implicava essa ocasião de convívio. Roupas, penteados, possíveis pares, memórias de bailes dos anos anteriores, misérias e triunfos, os namoros que começaram e também os que terminaram depois da ocasião.

Os alunos mais velhos apropriaram-se imediatamente da festa, como se esta lhes pertencesse em exclusivo. Estavam a terminar os seus estudos e qualquer momento era, no seu conceito, de celebração da sua conquista de serem finalistas. Deixavam, com condescendência e alguma impaciência, que os alunos mais novos e até os caloiros falassem do baile, mas vigiavam o alcance das suas ambições. Começaram a formar-se grupos que organizavam os detalhes relacionados com o baile e alguns pediam a orientação, e também a proteção, de um ou mais alunos mais velhos que serviam de padrinhos.

Mike ignorava todas estas movimentações com algum desdém impaciente, mas Brad deixou-se contagiar pelo entusiasmo e arrastou Rob consigo. Juntaram-se ao Charles Elliot para se inteirarem de como iria ser a mecânica do baile. Eles já tinham participado noutros encontros dançantes, nas suas anteriores escolas, conheciam como as coisas funcionavam, mas Brad interessava-se por conhecer os segredos de cada sítio para aumentar as suas hipóteses de sucesso. Por seu turno, Rob ria-se das suas tentativas de se integrar no bando do Elliot como se fosse apenas mais um caloiro que se empenhava em ser notado no seu primeiro baile de Natal do Instituto.

Graças aos esforços diplomáticos eivados de simpatia cintilante de Brad, no fim daquele dia ele já tinha dez convites para ir ao baile e o Rob conseguira três. As moças que antes tinham reparado no amigo espampanante, sorridente e engraçado de Charles Elliot aproveitaram a ocasião para, num gesto de suprema ousadia, perguntarem se ele se importava de as acompanhar ao baile. Essa fartura vinha com um senão. Brad teria de escolher apenas uma miúda como parceira, o que deixaria as restantes zangadas por terem sido rejeitadas. Quanto a Mike, não tinha recebido qualquer convite.

No caminho para casa, que faziam a pé naquele dia, nada incomodados com o vento frio que lhes fustigava a cara, Brad ia tagarelando sobre o dia recheado de acontecimentos que tivera como mote o cartaz sobre o baile. Rob e Mike escutavam-no com pouca atenção, pois sabiam que aquele era apenas o primeiro episódio de uma longa telenovela, que haveria ainda de ter mais drama e reviravoltas, até ao dia em que se realizaria a festa.

Ao saber que Mike não fora abordado por ninguém, Brad ficou preocupado e quis ser prestável, mas o irmão vampiro afastou todas as tentativas de aproximação e as ofertas de ajuda com rosnadelas nada amigáveis. Rob pediu ao Brad que não insistisse. O Mike não estava ainda convencido de que o baile seria uma boa ideia.

— Quer dizer que ele, o nosso irmãozinho mais velho e responsável por nós não nos vai deixar ir ao baile? – protestou Brad, indignado.

— Isso é uma pergunta retórica ou esperas obter uma resposta? Vais ter de perguntar diretamente ao Mike…

— É por isso que ele não recebeu qualquer convite – resmungou Brad, aborrecido. – Ninguém consegue aturar o feitio dele!

— Estás a ser injusto, Brad… O Mike é muito simpático na escola. Tem esses modos pomposos, mas até lhe acham piada. Além disso, o Mike vai receber um convite, um único convite e é só esse que vai importar.

— A Anna.

Mike estugou o passo para se distanciar ainda mais dos irmãos.

— Ei, Mike!

— Deixa-o, Brad. Essa questão ainda é demasiado… delicada. Além disso, a Anna andou a evitar-nos o dia todo. Quando estava a ir para o ginásio, para a aula de esgrima, vi-a passar a caminho das aulas, de cabeça baixa, atrás das amigas, com os cadernos e os livros apertados contra si, muito encolhida. Ela é tímida, mas achei-a ainda mais tímida. Está a pensar naquilo que lhe contei, de certeza.

— Está assustada.

— Muito provavelmente. Eu também ficaria assustado se soubesse que havia vampiros na minha escola.

Brad meditou brevemente nas palavras do irmão feiticeiro. A seguir, afirmou, cheio de confiança:

— Mas a Anna vai convidar o Mike para o baile. Tenho a certeza! Ela está assustada agora, mas ela é daquelas moças que gostam do folclore associado às criaturas da noite. Olha como ela se apresenta… Roupas pretas, maquilhagem escura, aquela contenção nos gestos, muito observadora… Pode ter sido um choque saber que o Mike é um vampiro, mas, no fundo, esse é o namorado ideal de acordo com as suas fantasias.

— Estás a exagerar um pouco, não?

— Veremos! – Baixou a voz, colocou uma mão à frente da boca para conter ainda mais o som das suas palavras e bichanou: – Vou pedir ajuda ao Elliot… Precisamos de uma espécie de cupido isento. Vou assegurar-me de que a Anna vai convidar o Mike.

— O Mike ouviu isso, Brad. Ele desatou a correr…

— Bolas! – exclamou, pasmado com a corrida do outro irmão vampiro que depressa desapareceu na esquina próxima.

No dia seguinte, a sorte estava do seu lado. No fim do almoço, o Elliot, que não se vira em nenhuma mesa, puxou Brad de lado à saída do refeitório. Disse-lhe que tinha dado o nome dele para a comissão que iria organizar o baile de Natal. Pediu-lhe desculpa por não o ter consultado antes, mas que precisava de indicar cinco nomes. Ele só tinha quatro, estavam a pressioná-lo para apresentar a sua proposta e falou nele. Se fosse outro, teria ficado aborrecido e até relutante. No caso de Brad, que adorava as luzes da ribalta, fazer-se notado – dentro de um certo padrão para a exposição não ser prejudicial – rasgou-lhe um enorme sorriso, fez que sim, com a sua farta cabeleira a oscilar, e aceitou fazer parte da comissão.

Como habitualmente naqueles últimos tempos, em que nada parecia ser satisfatório, Mike detestou a novidade e pôs-se a desfraldar toda uma lista de conselhos, precauções e avisos. Brad escutou-o pacientemente, e depois informou-o de que iria continuar a integrar o grupo de estudantes que iria tratar do baile de Natal. E fez ver a Mike de que era uma excelente ideia, porque assim ficaria por dentro de todos os pormenores e até podia obter informações importantes que os iria ajudar. Mike duvidou que alguma ajuda viria daí, mas com a chegada de Rob encerrou a discussão com um encolher de ombros algo ofensivo, declarando que cada um fazia o que achava melhor.

A comissão reuniu-se pela primeira vez depois das aulas desse dia, numa sala disponibilizada pelo conselho diretivo. Para além do grupo encabeçado pelo Elliot, de que Brad fazia parte, havia mais seis grupos, o que perfazia um total de trinta e cinco alunos que compunham essa comissão que era liderada por um painel de dois professores e um funcionário do Instituto. Não foi surpresa nenhuma que esse funcionário fosse o zelador, o senhor Eastman. Ele orientava os planos do baile com mão de ferro, descobriu Brad. O par de professores delegaram-lhe todas as tarefas, pois sabiam como o homem era escrupuloso e intransigente. Só estavam ali para dar um ar mais sério à comissão, porque o verdadeiro chefe era o senhor Eastman.

O grupo do Elliot ficou com a parte musical da festa. Brad perguntou-lhe o que é que isso implicava. O amigo explicou-lhe que os bailes tinham três momentos musicais. Os intervalos, quando as pessoas chegavam e iam embora. O principal, no pico da festa. E o secundário, que ficava entre os intervalos e o principal. Para os intervalos a música devia ser mais calma e anónima, a fazer ambiente. Para o momento principal era costume contratar-se uma banda formada pelos alunos do Instituto, após uma pequena audição. Para o momento secundário, haveria um animador que passava canções a partir de uma playlist que aquecia a pista para a entrada da banda e que a arrefecia após a atuação, para ir preparando o público para o encerramento da festa. Brad compreendeu. Tinham de construir listas de canções, encontrar uma banda e descobrir um animador. Um detalhe importante era o tema da música que não podia destoar do tema do baile. Tinham de conversar com o grupo dos alunos mais velhos, eles é que tinham ficado com a incumbência de definir o tema.

Brad entrou em pânico. Esperava tratar de qualquer aspeto do baile, dos canapés, da decoração do ginásio onde iria acontecer, mas nunca da música. Por causa da sua longevidade, conhecera vários estilos musicais. Assistira ao seu nascimento e ao seu desaparecimento, ao seu ressurgimento e até à sua ruína total. Como a música era demasiado maleável e transfigurava-se demasiado depressa, ele desconhecia qual a moda atual em termos de canções e artistas. Tanto ele, como os irmãos, não ouviam música. Os seus ouvidos muito sensíveis ressentiam-se de qualquer som, até aqueles considerados mais agradáveis ou harmoniosos, e eles evitavam feri-los. De resto, os seus passatempos eram inexistentes. Fora do convívio com a sociedade, eles embrulhavam-se na sua solidão.

O Elliot percebeu a sua aflição e desvalorizou a exigência da tarefa. Era muito fácil tratar da música. Além disso, eram cinco no grupo e todos iriam contribuir para montar o espetáculo. Ninguém trabalharia mais ou menos do que os outros.

Na semana que se seguiu, o Brad teve que se tripartir. Aulas, o seu projeto de ciências e a organização do baile. Ainda se enervou, porque o grupo dos alunos mais velhos nunca mais se decidia pelo tema, mas assim que houve uma decisão final – o baile de Natal daquele ano teria como motivo o espaço sideral e as estrelas – tudo se desanuviou para ele e para o Elliot, que andava também muito ansioso com os atrasos. Ele levava a sério o seu papel de líder do grupo e todos os dias fazia pontos de situação de três minutos no pátio da escola.

A música do baile, portanto, teria de incluir canções que remetessem a uma viagem espacial numa nave, a cenário de ficção científica, a sons sintetizados e futuristas, o romantismo de uma noite de verão estrelada. Uma tarde, o Elliot propôs ir à casa dele para tratarem da playlist. Encontravam-se espalhados pela escola cartazes a anunciar a audição para a banda e já tinham cinco candidaturas. O animador era encontrado por convite e também já tinham uma ideia de quem iriam convidar. Brad aceitou logo.

O vampiro tratou de tudo, para deixar o Rob livre e para não incomodar o Mike que continuava a depreciar a azáfama que rodeava o baile. Comprou um lanche, arranjou um computador portátil decente com ligação à rede, definiu um horário razoável. O Elliot foi, assim, a primeira visita que tiveram na sua casa, que durou uma tarde de sábado inteira e que foi incrivelmente produtiva. O Brad descobriu com alegria que ele e o Elliot entendiam-se muito bem. Quando havia alguma discussão, ambos cediam e contornavam o problema apresentando uma terceira solução que acabava por gerar o consenso. Nessa tarde, traçaram o esquema completo da animação musical do baile e definiram duas playlists, uma principal e uma secundária, caso a primeira não fosse aprovada – porque todas as decisões da comissão teriam de passar pelo crivo do painel dos professores e do senhor Eastman.

Brad estava de volta ao corredor dos quartos da casa, depois de ter levado o Elliot à porta e de se terem despedido com desejos de bom fim-de-semana. Assobiava de tão satisfeito. Admitia que tinha gostado de ouvir as canções. Trouxeram-lhe memórias dispersas e arrepios que ele desconhecia ser capaz de sentir.

Uma porta abriu-se, com as dobradiças a chiar tristemente. O Mike apareceu enquadrado na moldura. Vestia a sua capa e tinha um aspeto medonho. O cabelo emaranhado, o rosto encovado, os ombros curvados para diante.

Brad calou os assobios, tornou-se sério.

Encararam-se durante muito tempo. Achou que devia explicar-se.

— O Elliot esteve aqui. O quarto passou o teste.

— Hum…

— Fizemos muito barulho? Acho que não… O volume de som do computador estava baixo. O Elliot queixou-se algumas vezes, mas eu não o aumentei. As canções… A maior parte são calmas. Podia dizer que são canções inofensivas. Será a banda que vai mexer o baile. Queremos uma banda… como foi que o Elliot disse? Arrojada! Isso… arrojada.

Brad meneou a cabeça. Não tinha mais nada para dizer. Percebeu que o Mike também não estava disponível para conversar e recuou. Entrou no seu quarto verdadeiro, escuro e lúgubre, mas incrivelmente acolhedor. Olhou em volta, a analisar as suas opções. Transformou-se em morcego e foi para a noite, espairecer, porque sentiu uma ligeira tensão na pequena troca de palavras com o irmão. Ao passar pelo telhado, reparou que Rob meditava, sentado sobre as telhas, a olhar fixamente para as nuvens que cobriam a lua cheia.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Os Irmãos Park" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.