Eu no seu lugar escrita por annaoneannatwo


Capítulo 8
Sexta regra: Ser gentil (essa é pra você, Bakugou-kun)




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Essa porra tem que acabar logo! Essa troca de corpos do caralho tem que acabar pelo bem da cabeça dele, Katsuki não aguenta mais! Quando parece que as coisas se ajeitam um pouco —  bem pouco — acontece uma merda gigante e fode com tudo. O treino ontem foi do caralho, ele venceu o Rabo de Macaco em um combate mano a mano. Katsuki nunca tinha treinado com o cara, mas tá aí alguém que ele pode chamar na chincha quando voltar pro próprio corpo, é daora ganhar de quem dá trabalho. Falando em dar trabalho, a Cara de Lua parou um pouco com o migué, lutou com o Kirishima como ele mesmo lutaria —  tá, não como ele mesmo, ninguém luta como ele mesmo nem nunca vai — e ainda criou explosões pequenas, o que prova que quando ela para de frescura e vai com tudo, consegue controlar a individualidade dele.

Tem uma caralhada de coisas que Katsuki odeia nesse corpo da Cara de Lua: o cabelo dela que fica caindo na cara e que não dá pra prender direito por causa do corte ou alguma merda assim, os peitos que parecem duas bexigas d’água amarradas no pescoço quando ele corre, o uniforme de herói dela que não só é medonho, como também é apertado pra porra e faz os moleques idiotas ficarem encarando essa bunda enorme dela. E o cheiro... Katsuki tá acostumado com cheiro doce por causa da nitroglicerina, mas essa menina tem um cheiro diferente que vem sabe-se lá de onde e gruda no nariz dele de um jeito que até atrapalha dormir.

Aí veio o treino da hora do almoço, almoço esse que ele já botou pra fora tentando ativar e desativar a Gravidade Zero para saltar por entre pedras como se esse corpo baixinho fosse uma bola de pinball. Os resultados não chegaram nem perto do que ele queria, mas não são uma merda completa comparando ao que foi o começo desse treino bizarro.

—  Tá, agora que você sabe usar as explosões pra voar de um ponto pra outro, você vai tentar o Howitzer Impact, que é mais rápido e quebra tudo com o impacto, tá entendendo ou tá boiando?

—  Tô entendendo, tô entendendo. Hã, Bakugou-kun?

—  Que é?

—  Tem uma coisa que eu quero te pedir… mas eu não quero que você me entenda mal... —  ela diz meio sem jeito.

—  Desembucha logo e para de perder tempo, Cara de Lua.

—  Hã... deixa eu te perguntar, ficar sem camisa… é bom?

—  É o quê? —  ele franze o cenho.

—  É porque… eu acho que é por causa da sua individualidade, mas eu sinto muito calor! Aí eu tava pensando, como você é menino… não tem problema ficar sem camisa, né?

—  Hum.

—  Eu só quero saber se você liga se eu ficar sem camisa… no seu quarto.

—  Tsk, pra mim tanto faz, Cara Redonda. —   ele dá de ombros.

— Jura? Eu só quero saber porque não quero te deixar desconfortável ou incomodado, mas é que… hã, se eu fosse menino, eu só ia andar sem camisa, sabe?

— Você pode andar sem camisa sem ser menino. —  ele responde sem muito interesse, mas ao notar como ela fica quieta, ele a olha e vê que ela está vermelha de vergonha. —  Não que… eu… ah, nem vem com chilique, eu não tô falando que eu fiquei sem camisa no seu quarto!

—  Não, eu… eu sei. Mas eu não daria chilique por causa disso, eu acho…

Tem uma porção de coisas que ele odeia no corpo dela, mas não tem nada que ele odeie mais do que ela mesma e a capacidade dela de falar coisas que o pegam de surpresa.

—  Que porra você tá falando? Você… você quer que eu te veja sem roupa?

—  Hã? C-claro que não!  — ela esbraveja — Mas se… por acaso você vir, eu não vou reclamar porque… a gente ficaria quite?

—  Você tá falando que… você viu meu…? —  puta que pariu! Essa menina tá querendo matá-lo, não é possível!

—  S-só na hora de ir no banheiro, eu tenho que olhar pra não mirar pra fora do vaso, né? Então eu vi, sim, e de alguns meninos também porque eu fiquei na dúvida e tentei imitá-los.

—  Você ficou na dúvida de como mijar? Qual o seu problema?

—  Eu não sabia que precisava sacudir! Você não me explicou isso! E-enfim… a gente pode concordar que vai acabar vendo demais, tentar esquecer isso e voltar pro treino? —  ela diz firmemente, ele faz uma cara emburrada e concorda, mas antes de os dois voltarem pras suas respectivas atividades, ela para e sorri um pouco.

—  Que foi agora?

—  Sabe, muitos meninos iam tirar proveito de uma situação assim, mas… se é você, eu sei que posso ficar tranquila. —  ele franze as sobrancelhas — O que eu quero dizer é que… não é difícil confiar em você, Bakugou-kun.

Katsuki sabe de todas as qualidades dele: ele é forte, poderoso, inteligente e competente, mas taí uma coisa que nunca ouviu: confiável. Nem o Kirishima, que com certeza confia muito nele, usou essa palavra pra descrevê-lo. Ele não acha que tenha feito nada de mais em seguir essa regra idiota dela, mas… porra, ser confiável é uma coisa boa, não? O All Might é a pessoa mais confiável do mundo, mesmo aposentado, então é bom pra caralho que ele tenha mais uma qualidade parecida com a dele. Tsk, que merda, já não basta estar no corpo dele, ela agora tá tentando entrar na mente também?



***

—  Já tá melhor do enjoo?  — ela pergunta quando eles caminham em direção ao prédio das salas de aula.

—  Já. Como pode? Dá pra erguer um navio de carga com esse teu poder, mas não dá pra se fazer levitar sem gorfar tudo! —  ele se alonga, esticando os braços.

—  Bom, pelo menos o fim de semana já tá chegando, você vai poder descansar.

—  Quem disse? Nem fodendo, a gente não vai parar treino por causa disso não, você mesma falou que essa merda é normal.

—  Sim, mas… é sério que você quer treinar amanhã e no domingo também?

—  Lógico, porra! Ou você quer continuar no meu corpo?

—  Não, lógico que não! Só… não sabia que você tinha autorização pra treinar lá no fim de semana também.

—  Todo mundo tem se falar com o Aizawa, eu fui o único que pedi.

—  Ah, vai falar que não é porque você é o favorito dele?

—  Tsk, não fala merda, tá parecendo o Kirishima… —  ele resmunga sem jeito — E você não pode falar nada também!

—  Como assim?

—  Ele tá sempre aliviando pro teu lado, ia te dar menos castigo sendo que a gente fez a mesma merda e depois que você saiu, falou comigo como se a gente fosse amiguinho. —  ela arregala os olhos em surpresa e cora.

—  Nada a ver. —  ela faz biquinho.

—  Tsk, para de fazer essa cara, sua imbecil! Porra, já não basta queimar meu filme e me deixar com fama de manja-rola, cê ainda vai ficar fazendo biquinho com a minha cara?!

— Para de dar chilique, vai… você que tem que parar de fazer cara de bunda pra tudo, eu sorrio muito mais que isso. —  ela se abaixa um pouco pra fazer contato visual direto com ele. Tsk, que humilhação! — Anda, dá um sorriso pra mim.

—  Não fode, sai de perto de mim!

—  Vaaai, Bakugou-kun! Ninguém sabe que é você aí, ninguém vai te julgar por dar um sorrisinho! —  ela ergue as mãos pra apertar as bochechas dele, ou as próprias bochechas, no caso, mas ele a segura.

—  Eu só não te faço voar de novo porque não quero pegar outro castigo idiota. —  ela desvia o olhar pras mãos dele segurando as dela, e ele olha também. De novo, aquela coisa bizarra de vê-la parada na frente dele, não o corpo dele, acontece. E esse cheiro maldito dela continua invadindo suas narinas… que porra será isso?

—  Uraraka-san, Bakugou-san! Que conveniente encontrar os dois juntos, é com vocês mesmo que eu preciso falar. —  a caga-regra de rabo de cavalo aparece no fim do corredor, indo até eles — Eu estou… interrompendo algo? — ela fixa o olhar nas mãos dele agarrando as dela.

— Não. —  ele retira as mãos e cruza os braços. Porra, os peitos… ah, agora já foi.

—  Não! —  Uraraka responde, lançando um rápido olhar feio pra ele —  O que… o que você quer?

—  Hã, na verdade, eu só estava procurando vocês porque o Shouji-san gostaria de falar conosco.

—  Quem? —  Uraraka dá uma leve cotovelada nele —  O que que foi?

—  Ah, é a respeito daquela nossa missão no laboratório semana passada. Parece que ele descobriu algo importante, eu imaginei que vocês estariam interessados, já que nós não conseguimos-

—  Vamo atrás desse Shouji aí logo, então. —  ele nem espera ela terminar de falar e já sai andando.

Finalmente, porra! Katsuki tem uma breve ideia de que esse tal de Shoji é o cara de máscara com cabelo que parece de papel. A real é que ele sabe o nome de todo mundo da sala hoje em dia, só não é importante que eles saibam disso, o problema é que a Cara de Lua parece querer concorrer pra prefeita ou alguma merda assim, porque todos esses idiotas sempre a cumprimentam pelos corredores, e ele tem que falar o nome de cada um deles. Outra coisa pra adicionar à lista de coisas que ele odeia nela, aliás.

Foda-se, logo nada disso vai importar, dependendo de que tipo de informação o cara dos tentáculos tiver, ele e a Cara de Lua podem agir nesse fim de semana mesmo e acabar com isso logo.

—  Eu estive re-assistindo às filmagens de segurança das câmeras próximas ao prédio onde o laboratório estava instalado. —  o cara explica enquanto sai da frente da tela do computador pra que eles também vejam. — A princípio, eu não vi nada demais, teve uma grande agitação depois que vocês dois foram atingidos e retirados do local.

Katsuki assiste às imagens com atenção, fechando o punho em irritação ao ver dois borrões em um canto da imagem, ele e ela, desmaiados e imóveis. Ali, eles já estavam trocados.

—  Como você conseguiu essas imagens, Sho-... hã, você aí?  — Uraraka o olha confusa, ela não sabe qual apelido ele deu pro cara. Porra, ele nunca nem falou com o cara direito, não tem apelido mesmo.

—  Ah, eu… eu tento aprender o máximo que posso sobre infiltração, hackear câmeras não tem muito a ver com minha individualidade, mas eu acredito que seja útil.

—  Você está correto, Shoji-san! É importante sair da própria zona de conforto e aprender outras habilidades, ainda mais se elas se mostrarem úteis como esta nesse momento. —  a grandona fala como se estivesse escrevendo um relatório — O que você descobriu?

—  Bom, eu tive que assistir a mais algumas horas de filmagem. Depois que tudo se acalmou e os oficiais viram que o laboratório foi evacuado, a área ficou interditada, certo? —  todos acenam em concordância — Eu achei que nada mais aconteceria, então resolvi checar as câmeras de segurança da rua paralela e então… eu vi isso em um take das 3 da manhã.

Os três se aproximam da tela ao notarem uma van parada próxima ao prédio que fica em frente ao tal laboratório. Nada acontece até que… um borrão escuro cruza a tela, fazendo a van tremer um pouco.

—  O que foi isso? —  Uraraka pergunta.

—  É uma pessoa. Agora voltando pras filmagens próximas ao prédio, vejam aqui a mesma sombra alguns minutos antes, mal dá pra ver, mas se vocês observarem com atenção… ali! —  o cara aponta com uma das bocas saindo dos tentáculos — Essa sombra estava no prédio e entrou na van.

—  Mas por que eles voltariam à cena do crime se já haviam desmantelado a operação?

—  Pra pegar o menino!  — ele e a Uraraka falam ao mesmo tempo.

—  Menino? —  o cara pergunta, confuso.

—  Lembra das crianças com quem nós lutamos? O B- eu tava lutando quando me acertaram. Segundo os relatórios, a criança que nos atingiu não foi encontrada, então eles não sabiam se ela chegou a se juntar aos outros ou não, mas…

—  … mas se eles voltaram pro prédio, é porque o moleque não foi com eles antes, e eles tiveram que voltar pra pegar. Hã, Shoji-kun, você consegue aproximar as imagens? Dá pra ver se a sombra tá carregando alguma coisa ou alguém?

—  Não, não tem mais ninguém. —  a Uraraka fala com convicção. —  A sombra é de uma criança.

—  Uma das crianças tinha desenvolvido uma individualidade de sombra. —  ele concorda com ela — Nem tinha como um pivete daquele tamanho conseguir carregar outro nessa velocidade se as individualidades nem tão formadas direito, eles não acharam o moleque no prédio.

—  Isso, o menino ainda tá por aí!

—  Hã, se me permitem, por que os dois estão tão interessados na criança desaparecida?  — o cara pergunta.

—  Exatamente, vocês não perceberam que nós temos uma pista sobre a nova localidade do laboratório? A câmera pegou uma parte da placa da van.

Katsuki e Uraraka se olham por alguns segundos. Porra, é óbvio que ele percebeu isso também, só que…

—  É só uma parte da placa, não dá pra descobrir nada só com isso. —  ele dá de ombros.

—  O menino ainda está por aí, e a julgar o quanto ele parecia novinho e assustado, ele não pode ter ido muito longe. Momo-chan, você não percebeu? Se a gente achá-lo, a gente… pode conseguir mais informações!

—  M-Momo-chan?  — a Grandona se afasta e cora —  Bakugou-san, desde quando você tem liberdade para -

—  Calma aí, Momo-chan!  — ele intervém — Bom, é isso, a gente tem que patrulhar a área, bora!

—  “Bora?” Hã, Uraraka-san, eu não acho que nós possamos simplesmente sair em horário de aula para patrulhar sem um supervisor. — o cara da máscara diz cautelosamente.

—  A lei é bem clara quanto a isto: estudantes com licenças provisórias de heróis podem entrar em ação mediante-

—  É, é, mediante uma situação espontânea de alto risco, a gente sabe. —  ele interrompe a do Rabo de Cavalo.

—  Então você sabe, Uraraka-san, que esta não se configura como uma situação espontânea de alto risco, portanto não nos cabe agir sem supervisão. Seria imprudente, e claro, ilegal.

—  E você liga mesmo pra isso? A chave desse caso inteiro tá nesse moleque perambulando por aí, e você não vai fazer nada por medinho?

—  Hã, Cara… Cara de Lua… —  Uraraka tenta intervir, mas ele mal a escuta, os ouvidos dele zumbindo de tanta raiva.

— Não é “medinho”, Uraraka-san, eu honestamente não entendo sua postura diante da situação. O fato é: nós não podemos tomar atitudes diretas e drásticas no momento, e eu te conheço  o suficiente para saber que você não faria nada que vá de encontro às regras, você viu as consequências de tais atos com o caso de Kamino no ano passado, eu… eu mesma sofri as consequências diretamente, e por isso posso te assegurar que nada de bom pode vir de agir pelas costas das instituições responsáveis. Certo, Bakugou-san?

—  Por que… por que raios você tá perguntando pra ele?

— Porque é notável a… proximidade dos dois nos últimos tempos, e me parece  que o comportamento dele esteja te influenciando, Uraraka-san, e contanto que não seja negativamente…

—  Por que caralhos todo mundo sempre acha que tem alguém me influenciando e que eu não posso ter minhas próprias ideias sobre as coisas?

—  Uraraka-san, n-não foi isso que eu quis dizer...

—  Hã, creio que essa discussão esteja se tornando um tanto quanto pessoal… —  o cara dos tentáculos murmura, desconfortável.

—  Não, essa discussão já acabou. —  ele declara, dando as costas pra do Rabo de Cavalo, ignorando o olhar surpreso dela, mas principalmente o da Uraraka. Ele deve estar puta com ele, só que agora ele não dá a mínima pra isso.



***

Lógico que esse dia de merda não acabou, seria fácil demais, e Katsuki normalmente não gosta do que é fácil, mas já tem uma semana que tudo tem sido complicado pra porra, então não seria ruim se ele tivesse um tempo. Mas claro, não tem porra de tempo nenhum, porque no minuto que ele põe o pé no quarto da Cara de Lua depois de um treino péssimo na academia com as meninas olhando esquisito pra ele e pra Grandona chata, o telefoninho de merda da Uraraka começa a tocar, e tudo que ele consegue fazer é soltar um “Ah porra!” quando lê o nome de quem tá ligando. “Mamãe”. Porque claro, tudo que ele precisa agora é ouvir sermão de uma velha que nem é a velha dele.

—  Que foi? —  ele resmunga.

“Ochako, filha? É você?” —  ai caralho, a mulher já percebeu na hora, ele precisa baixar a bola e ser menos ele por um minuto.

—  Sou, sou eu, sim, hã… mãe. Quem você achou que fosse?

“Ah não, é que… eu só achei estranho, você… você perdeu seu sotaque? Eu imaginei que fosse acontecer conforme o tempo, mas… vai levar um tempo pra eu me acostumar.” —  ah porra! Ele tinha esquecido que ela tem sotaque de Kansai e disfarça aqui na escola. Ah, agora já era, ele não vai forçar o sotaque igual a um imbecil. “Tá tudo bem com você, filha?”

—  Tá. Por quê? —  Katsuki sabe bem que quando uma velha vem com essas perguntinhas, é pra saber se ele tá fazendo alguma coisa de errado.

“Os professores me mandaram seus exames, parece que tá tudo bem, né? Você bateu a cabeça na de um colega, não foi isso?”

—  É. Mas foi sem querer, ok? Eu tava tentando ajudar! —  ele já se justifica, preparando-se pro sermão de não fazer besteira e ainda envolver os outros, é exatamente o que a mãe dele falaria.

“Ah, eu sei, filha. O importante é que você está bem, e o seu colega também.” —  Hã? É sério isso? — “Tá tudo bem mesmo, então?”

—  Tá. —  ele quer falar “não acredita em mim, porra?” mas se contém. Por algum motivo, não parece certo falar assim com a mãe que não é dele.

“Certeza? Você parece meio amuadinha… brigou com alguma amiga sua?” Hã? Que porra é essa?  A mãe da Cara de Lua tem uma individualidade de adivinhação ou alguma merda assim?

—  Como… como você sabe?

“Haha, intuição.” a mulher ri com gosto “Você quer falar sobre isso?”

—  Pra falar a verdade, não. —  ele admite, sentando na cama da Cara de Lua.

“Ok, eu confio em você pra resolver a situação com sabedoria e gentileza. Tirando isso, como foi sua semana?”

—  Foi normal. —  foi uma merda, mas ele não tem que falar isso pra ela. Aliás, por que raios ela não perguntou nada do castigo? Será que... o professor Aizawa não lhe avisou? Ha, e depois a Cara de Lua vem falar que não é a queridinha do professor, ele vai esfregar isso na cara dela quando eles se virem de novo, pode esperar.

“Ah… que bom. Eu queria ter ligado antes, mas você sabe, né? Ligação interurbana é caro… está tudo bem com os estudos?”

—  Sim, as provas tão chegando e eu tô estudando pra c- muito! Eu tô treinando também e tentando fazer um negócio novo com a Gravidade Zero!

“Ah, que ótimo! Só não se esforce além da conta, hein?” Hã? Do que essa mulher…? A mãe dele nunca falou isso pra ele! Ele não sabe nem o que responder. “A gente queria muito ir te ver esse fim de semana, filha, mas teve um probleminha com o carro, e a gente teve que arrumar… não ficou muito caro, viu? Não precisa se preocupar.”

O jeito que a mãe dela conversa com a filha é tão diferente, ela… não fala como se estivesse lidando com uma criança, nem mesmo com uma adolescente, ela trata a Cara de Lua como alguém madura e responsável, é tão diferente de ser tratado como um moleque, Katsuki não tem a menor ideia de como lidar com essa conversa, mas… ele também não quer desligar o telefone. Esquisito pra porra.

“Ochako?”

—  Hum?

“Ah, você ficou tão quieta de repente… eu juro que não precisa se preocupar, filha, continua focada na escola que essa é a maior ajuda que você pode dar pra gente, ok? Eu tô muito orgulhosa de você, Ochako, e seu pai também.”

Taí outra coisa que ele não ouve muito da mãe dele, e o pai dele… bom, o pai dele nem fala muito mesmo. Katsuki de repente se pergunta como seria ter pais como os dela, acompanhando assim de longe, preocupados com ela se esforçando mais do que deveria, orgulhando-se pelo simples fato de ela estar aqui, e… apoiando-a depois de um dia de merda, se a mãe dele agisse assim, seria bizarro, mas… é meio difícil dizer que seria ruim.

“A gente só fica mal porque você fica aí sozinha no seu apartamento. É ruim, né?”

—  Não… não precisa se preocupar, eu tô bem, mãe, de verdade. Então… tchau! Manda um “oi” pro… pro… papai. Até… até mais! —  ele desliga o telefone, uma sensação estranha se espalha por esse corpo pequeno e macio, é como se o estômago e o coração se contorcessem, deixando-o ansioso.

É, tem muitas coisas que Katsuki odeia nela e nesse mundinho alegre e simplório de Uraraka Ochako, o fato de ela ser extremamente confiável e madura a ponto de ser levada tão a sério pelos próprios pais com certeza não é uma delas.


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Notas finais do capítulo

Olar, maio finalmente acabou, então tenho esperança de que minha vida vai se normalizar um pouco, o que significa que pode ser que tenha att de outra fic em breve, veremos... por ora, fiquem com essa mesmo jsuhuhss

Obrigada por ler, espero que esteja curtindo! Até semana que vem!



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