Eu no seu lugar escrita por annaoneannatwo


Capítulo 25
Regras e exceções para um novo amor




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Ochako acordou antes do despertador. Na verdade, a sensação é de que ela mal dormiu. Apesar de estar cansada, muito mais emocional do que fisicamente, o estresse de ter que fazer as provas no nome do Bakugou não a deixa descansar apropriadamente, é muita pressão! Como será que ele aguenta? Vai ver toda a gritaria e xingamentos aliviam um pouco… é, talvez seja hora de ela ser o mais Bakugou possível. Ok, então… o que ele faria se acordasse um pouco mais cedo que o normal? Hum, essa é bem fácil…

Como era de se esperar, não tem ninguém no Ground Beta. Ochako poderia ter ido correr, e com certeza seria ótimo pra se distrair dos problemas, mas o que ela quer de verdade, ou o que ela precisa, é explodir alguma coisa, no caso, aqueles blocos de concreto ali.

Porque é isso que ela devia estar fazendo no corpo do Bakugou desde o princípio: treinar, aprender o máximo sobre os movimentos dele, pontos fortes, pontos fracos (se é que existem) tentar conhecê-lo tão bem quanto ele próprio e garantir que essa troca de corpos não prejudique a carreira escolar dele, sem dúvidas, isso é muito mais produtivo que ficar parada em frente ao espelho do banheiro e brincar com os óculos dele, passar gel no cabelo pra ver como ele ficaria com as madeixas pra trás —  ficou lindo, por sinal — e fazer gestos bonitinhos pra imaginar como seria se o Bakugou fizesse coisas assim. Claro que a ideia não foi das melhores e saiu pela culatra, ela estava tentando se distrair da bagunça que seus sentimentos viraram ao fazer coisas ridículas, mas acabou ainda mais encantada pelo rosto dele. Droga! O que ela pensa que tá fazendo?

Boom! Ochako gosta do Deku, é assim desde o meio do primeiro ano, ela não planejou nada disso, nunca pensou que poderia se apaixonar em meio à toda  a loucura que é essa vida de morar tão longe dos pais pra estudar em uma escola cheia de talentos absurdos e se especializar em correr riscos pra salvar pessoas, além de viver sob um orçamento enxutíssimo, mas aconteceu. Boom! A admiração pelo garoto de sardas e olhos verdes não é apenas pelo herói que ele almeja se tornar, mas também pela pessoa que ele já é. 

Ela lutou contra esse sentimento, sabendo que nenhum dos dois está aqui pra isso, mas foi inútil e só piorou tudo. Ochako se declarou, o Deku pediu um tempo pra pensar, visivelmente perplexo com a confissão. E tudo bem, ela não achou que fosse ouvir um “sim” de qualquer forma, e seria madura diante do “não”, só que acabou recebendo um “talvez”, ironicamente a única resposta para a qual não se preparou direito. Boom! Outra coisa para a qual ela não se preparou e, em sua defesa, dificilmente teria como, foi trocar de corpo com o Bakugou e se imergir na vida dele a tal ponto que ficou fascinada. Boom! Boom! Boom! Extasiada pelo que ele apresenta ao mundo e perdida em quem ele é de verdade, assustada em ter que viver a vida dele e determinada a conseguir, e, por fim, apaixonada por tudo que descobriu sobre ele e sobre si mesma. Boom! Boom! Boom!

Ela não conseguiu dormir ontem à noite, pensando na discussão que teve com o Bakugou na lavanderia. Tava tudo indo bem, ou tão bem quanto uma discussão sobre invadir o prédio de uma organização criminosa para resgatar crianças vítimas de tráfico humano e experiências científicas pode ir, até que o nome do Deku surgiu, e o Bakugou mudou de atitude na hora, de temperamento difícil, mas moderadamente controlado a uma caixa de explosivos em questão de segundos e, com toda a graça e delicadeza que ele não tem, soltou um “ficar com você não é uma coisa pra se ter dúvida!”, ainda complementou com um “você merece coisa melhor, só isso.” Depois ele se aproximou e ela jurou que, por um momento, o Bakugou fosse beijá-la.

E o mais problemático nisso tudo não é o jeito que ele falou do Deku, não é a forma como ela ficou tão surpresa que não conseguiu defender seu primeiro amor e qualquer motivo que ele tenha para precisar de um tempo pra pensar, não é o fato bizarro de que beijar o Bakugou, nessa situação, seria o mesmo que se beijar. O mais problemático nisso tudo é que Ochako queria que ele a beijasse.

Boom! Boom! Boom! Boom! Ela cai no chão, arfante, a bomba-relógio dentro de seu peito explodiu, e o dano, apesar de ser só interno, consegue ser ainda mais caótico que o que ela fez aqui no Ground Beta.

—  O tempo entre uma explosão e outra tá meio lerdo. —  o rosto redondo com bochechas rosadas, emoldurado por mechas castanhas surge sob o céu levemente acinzentado desta manhã nublada.

—  Eu sei. —  ela responde automaticamente, não querendo entrar em um concurso de encarar com o Bakugou logo depois de ter passado tanto tempo pensando em querer beijá-lo —  O que você tá fazendo aqui tão cedo?

—  Eu que te pergunto, Cara de Lua. —  ele não a chamou de Ochako, o que nesse momento em específico, é um alívio —  Não dormi direito, então aproveitei pra treinar antes da prova do All Might.

—  Hum, eu também… —  engolindo em seco, ela se senta e o observa enquanto ele tira a jaqueta e a dobra pra guardar na mochila —  Bakugou-kun, sobre ontem-

—  Vamo treinar junto, então. Melhor de três. Individualidade tá valendo. —  Ochako não tem certeza se falou tão baixo que ele não ouviu, ou se o Bakugou escolheu ignorá-la, aparentemente muito ocupado tentando prender o cabelo em um rabinho de cavalo. Qualquer que seja, foi uma boa sacada, ela não sabe bem o que dizer e duvida que ele também saiba, é melhor mesmo não falar nada agora.

E no fim, essas coisas podem esperar, a prova do All Might é infinitamente mais importante.

***

Por mais que duvidem, Katsuki pensa muito antes de fazer qualquer coisa. Pode parecer impulsividade, mas cada ação que ele toma tem um puta processo de pensamento por trás, mesmo quando é pra acabar fazendo merda no fim. Na real, até pode se dizer que Katsuki pensa até demais nas coisas, sempre imaginando cada possibilidade, sempre duvidando só pra no fim tomar aquela decisão com 100% de certeza. Mas lógico, quando Uraraka Ochako tá no meio, nada dessa porra funciona direito e ele pensa bem menos do que tá acostumado, ele nunca tem certeza do que tá fazendo perto dela, só vai lá e faz. Estupidez? Muita. Mas porra, é divertido pra caralho só ir no instinto e contar com ela pra fazer a mesma coisa. Esse melhor de três aqui é a maior prova disso.

Porque Katsuki dormiu mal pra caralho à noite, o cheiro dela tá por toda parte. Muita gente, ou moleques, pelo menos, acham que quarto de menina cheira à flor ou a cupcakes ou alguma porra assim, mas não, o dela cheira a shampoo e algo parecido com chá de camomila ou erva-doce, ele não entende muito dessas coisas, só sabe que o cheiro é bom, tão bom que dá pra cair no sono rapidinho, e aí é que fode, porque aí começam os sonhos. Katsuki acordou umas cinco vezes durante a noite, assustado com a vividez dos sonhos onde ele e a Ochako estão aparentemente destrocados, de mãos dadas, ela o abraça e os dois saem flutuando pelo céu, ele usa as explosões pra guiá-los, segurando-a pela cintura, quando eles tão pra se beijar, ele acorda. Cacete!

Então ele dormiu mal, acordou mais cedo do que precisava e tinha que sair desse quarto com esse cheiro que tá o enlouquecendo. Treino nunca é demais, então seria uma boa levantar umas pedras bem pesadas e tacar com tudo no chão do Ground Beta, até que ouviu o familiar som de explosões. Foi bater o olho na Cara de Lua e ele lembrou do que rolou na lavanderia noite passada, aí ela abriu a boca pra falar sobre, e Katsuki sugeriu a primeira coisa que passou pela cabeça pra fazê-la parar de falar no fato de que ele tava louco pra beijá-la. Um melhor de três, uma ideia até muito boa por ter sido de improviso.

Porra, muito boa mesmo! Ochako é uma das pessoas mais daora pra lutar. Ochako no corpo dele, então, é do caralho! Quando ela perdeu a primeira rodada, ele quase esqueceu o quanto ela pode ser foda quando quer, aí ela veio na segunda e venceu, como se pra esfregar na cara dele que ele nunca deve duvidar da capacidade dela. E agora vem o tira-teima.

—  Pronta? —  ele pergunta, com um sorriso maníaco.

Ela mal responde com um “Pronta” quando corre rumo a ele, cabeça baixa e braços esticados, usando a explosão pra se atirar pra cima dele, tentando pegá-lo pela nuca para arremessá-lo com ela. Mas ele percebe e se agacha a tempo, tentando ignorar o arrepio na nuca quando os dedos dela roçam por sua pele. Katsuki permanece abaixado, equilibrando-se nas mãos para balançar as pernas em um chute visando os tornozelos dela.

Ela salta pra longe dele, agachando-se pra agarrá-lo pelas pernas e jogá-lo ao redor da arena improvisada. Ele consegue se virar no ar, aterrisando contra uma pedra que parece uma parede de tão grande, usando-a como trampolim, lançando-se não pra cima dela, mas pra outra pedra grande atrás, pressionando as pontas dos dedos contra a rocha, ele consegue quebrá-la como se fosse isopor vagabundo de tão leve, criando rochas menores que são jogadas pra cima, flutuando pelo ar, acima dela, enquanto ele ativa a Gravidade Zero em si mesmo e se mistura por entre as pedras.

Katsuki sorri arrogantemente, mas ela não tá nem aí, só usa uma explosão pra se jogar pra cima, a outra mão o alcança, tentando puxá-lo pra baixo. Ah, é isso que ela quer? Tá bom, então.

Ele desativa a Gravidade Zero nele mesmo, caindo sobre ela no ar, os joelhos batendo com tudo no peitoral dela quando eles atingem o chão. Ochako com certeza perdeu o ar depois dessa.

Mas a maluca ainda tá inteira, empurrando-o pra longe e agarrando-o pelo braço, tentando fechá-lo em uma chave de perna. Antes que ela consiga, ele consegue encostar os cinco dedos nela, afastando-a dele. Ela flutua no ar por um segundo, suas mãos atadas às dele, sabendo que o único jeito de escapar é explodir os braços dele. Lógico que ela não vai fazer isso, nem ele mesmo faria.

Ele ri da cara dela, balançando-o pra frente, gritando “Liberar!” pra derrubar as pedras e imediatamente ativando a gravidade em si mesmo. Enquanto elas caem no rumo dela, Ochako usa uma explosão rápida pra sair do caminho, aterrisando em cima do entulho acumulado mais à esquerda, erguendo um pilar grande e quebrado para jogar na direção dele. Porra, isso daí foi força bruta mesmo, e ela só usou uma mão!  Mas não dá tempo de se admirar porque agora tem um naco de concreto vindo na direção dele.

Katsuki libera a gravidade e cai, o pilar atinge só o ombro ao invés do corpo inteiro. Dói pra caralho quando ele bate com tudo na pedra grande atrás de si, mas podia ser pior. Ele desliza pra baixo e dá uma mexida no ombro pra ver se tá tudo bem. Não tá deslocado, segue o jogo.

Ele tá ofegante, encarando-a do outro lado da arena. Ela faz os olhos dele brilharem como se estivessem pegando fogo, e isso o ajuda a recuperar o fôlego, correndo rumo à ela enquanto se abaixa pra pegar uma das pedras, juntando o máximo de força pra acertá-la nas costelas.

Ela se esquiva, mas não rápido o bastante pra não ser acertada pela outra mão dele que vinha por trás. Dá pra escutar um “crack”, mas ela o segura pela mão, girando-o e acertando um chute nas costas dele que o faz colidir contra o entulho.

Ele cai de cara, sentindo o gosto do sangue. E porra, ele ama essa menina, ama como ela não se segura, nem mesmo pra bater no próprio corpo. Katsuki flexiona os braços pra se levantar e passa a mão nos lábios pra limpar esse gosto de ferro. Olhando diretamente pra ela, ele sorri.

—  É o melhor que você sabe fazer, Cara de Anjinho?  — ele alcança um pedaço de concreto e joga nela.

Mas ele sabe que não é nada demais, prova disso é quando ela detona uma explosão, reduzindo o pedaço de concreto a pedras menores e metal.

—  Tô só me aquecendo, Bakugou-kun. —  ela cospe sangue, ainda encarando-o. Porra, isso foi sexy!

—  Me chama de Katsuki. —  ele sorri ardilosamente ao vê-la corar, mesmo todo doído —  Como tão as costelas?

—  Tão ótimas, Katsuki-kun. —   ela dá um sorriso malicioso, e ele sente o coração falhar uma batida —  E o ombro, como tá? — vai ver ele bateu a cabeça, mas… Katsuki jura que soa como se ela tivesse… flertando?

Ela acha que o encurralou, né? Que ele não tem pra onde fugir. Realmente não tem, mas Katsuki nunca foge de nada, só corre até ela, investindo um ataque na barriga, ativando a gravidade nela para derrubá-la, jogando o peso dela contra si mesma e a joga no chão de barriga pra cima. Ele a prende por entre as pernas, fincando as mãos dela no chão com as suas, prontinho pra lançá-la pelo ar de novo se ela tentar se livrar dele.

—  O ombro tá ótimo pra caralho. —  ele se abaixa pra ficar com o rosto bem próximo do dela —  E a vista aí de baixo, como é que tá? — se ela tá flertando, Katsuki não sabe, mas pode ter certeza que ele tá.

—  Abusado! —  ela cora violentamente.

—  Você adora, confessa! —  ele sorri sadicamente, perdido na mistura de cheiros de suor, nitroglicerina e desodorante barato. Mas antes que ele possa provocá-la mais um pouco, ela ergue o pescoço, ameaçando bater testa com testa, ele fica surpreso como a vergonha dela de repente vira determinação, e alivia a tensão nos pulsos dela, o que é o suficiente pra ela empurrá-lo pra longe dele.

—  É melhor… eu ir! Você também! Não se atrasa pra prova! A-até mais!

Katsuki fica lá sentado igual a um idiota, ligeiramente aliviado por estar em um corpo que não entrega o quão… animado ele ficou com essa luta, mas extremamente frustrado por… ah, porra, por tudo!

 

 

***

Ochako voltou às pressas pro dormitório e usou as explosões pra subir para o quarto, aparecer toda acabada na área de convivência ia gerar um falatório desnecessário e desconcentrar todo mundo da prova que acontece daqui a pouquinho. Ela checa as palmas das mãos, esperando encontrar algo de diferente depois de tantas explosões, mas nada, se pra ela a impressão é de que abusou da individualidade dele, pro corpo do Bakugou não foi nada, chega a ser assustador o quanto ele é resistente. Levantando a camiseta, ela dá uma olhada no estrago nas costelas, Ochako jurou que tinha quebrado pelo barulho que fez, mas aparentemente tá tudo tranquilo, dói um pouco, e o hematoma tá preto de tão roxo, mas ela tá respirando normal, então não é nada tão sério que precise de uma visitinha à Recovery Girl antes mesmo da aula começar. Onde ela tava com a cabeça de se exceder assim duas horas antes de uma prova na qual é importante estar 100%? O que dá nela sempre que o Bakugou tá por perto?

É algo no olhar dele, desafiador, insolente, chega até a ser… hã, sensual como ele usa o corpo dela pra desafiar os limites de ambos. Bakugou —  ou melhor, Katsuki, embora seja esquisito chamá-lo assim — tem uma maneira curiosa de demonstrar respeito, e mais curioso ainda é o quanto Ochako ama isso.

É meio parecido com o que ela faz com a Tsu, as duas conhecem a individualidade uma da outra a fundo, sabem os pontos fortes e fracos, vivem trocando dicas… só não é igual porque elas preferem trabalhar em movimentos conjuntos ao invés de lutarem uma contra a outra. E mesmo sabendo que ficar comparando-os não é lá muito saudável considerando que seu coração está tão confuso, é impossível não contrapor a postura do Bakugou com a do Deku. Ele e o Iida se contêm quando lutam com ela, dá pra ver que é diferente quando o Deku luta com o Todoroki, por exemplo, ele não se segura, vai com tudo porque sabe que o garoto meio gelado meio quente aguenta o tranco. Ochako também aguenta, poxa.

E no meio disso tudo tem o Bakugou, que dá um grande “foda-se” e não vacila nem por um segundo, seria assim mesmo se eles estivessem destrocados, mas é ainda mais impressionante como ele usa a individualidade dela como se fosse dele, e a incentiva a usar a dele como se fosse dela. Se isso não é a forma mais genuína de demonstrar respeito e confiança, Ochako não sabe o que é.

Só que de novo, ela perdeu pra ele. O que prova que não é circunstancial, que não é só uma questão de corpo, mas principalmente de mente. Katsuki tem a força de vontade e o talento pra conquistar tudo que quer, e ela?

Mexendo nos fios de cabelo dele enquanto se olha no espelho, ela acena com a cabeça e lança um olhar determinado para seu reflexo. Não importa em que corpo ela esteja, Ochako também pode vencer!

— Cara, o que a turma B tá fazendo aqui? —  o Kaminari pergunta com uma expressão confusa.

— Alguém tava comentando que a prova ia ser em conjunto com a turma B. —  o Kirishima estala a língua e coça a cabeça — A gente vai ter que lutar de novo que nem aquela vez ano passado?

—  Vish, será? Pô, que pena que o Shinsou não tá aqui! A gente mandou benzão quando ele tava, lembra?

—  Eu lembro que você tinha uma crush nele. —  o Kirishima tá sorrindo, mas Ochako sente a alfinetada no tom de voz dele. Haha, ele tem esse jeitão tranquilo, mas também lida com esses sentimentos egoístas, é um alívio ver que ela não é a única que tem ciúmes.

—  Talvez nós tenhamos que lutar, mas não exatamente uma turma contra a outra? — Ochako pergunta baixinho pro Kirishima, mas o Kaminari acaba escutando também.

—  Vish, vai misturar tudo então? Isso não vai dar certo! —  ela escuta a voz da Tooru vindo de trás.

—  Acalmem-se, nós nem sabemos do que se trata para ir tirando conclusões precipitadas. —  a Yaomomo adverte, limpando a garganta e indo até a Kendo — O que quer que seja, conto com sua turma para fazermos um bom trabalho.

—  Sem dúvidas, contamos com sua turma também. —  a Kendo sorri, oferecendo a mão para ela. Alguns “hmmmm” maliciosos escapam de algumas meninas da B, que rapidamente param quando a Kendo olha pra trás.

—  É muito bom ver que estejam confraternizando, jovens!  — essa voz, mesmo que não tenha a mesma presença que um dia já teve, ainda é suficientemente grandiosa para atrair os olhares de todos os alunos quando ele se aproxima: All Might. —  A prova de hoje exigirá que vocês trabalhem bem em equipe, afinal. Turma B, como vão? Caso vocês ainda não me conheçam, eu sou Toshinori Yagi, mais conhecido como All Might, sou professor de heroísmo da Turma A e, com permissão do Vlad King, irei aplicar a prova final de vocês também. Alguma pergunta? —  a cara de descrença da Turma B diz tudo: ele realmente achou que tinha necessidade de se apresentar? Quem é que não conhece o All Might? — Certo, então vamos às explicações, hã… — ele saca um papelzinho do bolso da camisa — Vocês irão conduzir missões de resgate em grupo enquanto se defendem de vilões, as vítimas são dummies, mas acho que não preciso dizer que isso não diminui a importância de tomar cuidado e tratá-los como se fossem vítimas reais em uma catástrofe causada por vilões, vilões esses que serão interpretados por seus professores responsáveis, Eraserhead e Vlad King. O circuito é livre, vocês precisam encontrar as vítimas nos escombros e levá-las para uma área segura enquanto impedem os vilões de criarem um caos ainda maior.

—  All Might-sensei, posso perguntar como as duas turmas farão essa prova em conjunto? —  a Kendo levanta a mão respeitosamente.

—  Claro, Kendo-shojo. Como temos 40 alunos, iremos formar 10 quartetos, cada quarteto composto de 2 alunos da turma A e 2 alunos da turma B. —  alguns “uhhhss” são escutados de ambas as turmas. É raro as duas salas realizarem atividades conjuntas dessa forma — Os quartetos serão definidos por sorteios, aquelas caixas ali possuem bolas de diversas cores, os que tirarem as mesmas cores formarão um time.

—  Professor, os critérios de avaliação? — O Iida pergunta, mesmo usando a máscara de seu uniforme de herói, dá pra saber que ele está franzindo o cenho de tão sério.

—  Metade da nota é pelo trabalho individual e metade pelo trabalho em grupo. Iremos avaliar a organização e a capacidade de improviso em trabalhar com pessoas com as quais vocês não estão acostumados. A área é grande, não dá pra se comunicar com todo mundo, então observaremos como vocês se organizam em relação a quem salva civis e quem combate os vilões, além, claro, de verificarmos rapidez e eficiência independente da tarefa, já que vocês terão o tempo de uma hora e meia para resolver tudo. Claro que, em uma situação real, não há tempo limite, essas situações levam todo o tempo que for necessário, mas como é uma prova, isso é importante para garantir que não nos excedamos. Mais alguma dúvida? —  todo mundo nega com a cabeça — Certo, dirijam-se até as caixas e sorteiem uma bola.

—  Queiram formar fila indiana por ordem dos seus assentos na sala, pessoal. —  o Iida orienta, e o pessoal obedece. De todos os momentos que Ochako odiou ser o Bakugou, esse surpreendentemente é um dos piores, porque ele é o número 17 na ordem de assentos, quase um dos últimos, o que só serve pra deixá-la tensa enquanto observa quase todas as equipes se formarem, some-se a isso o fato de o Deku ser o número 18 e estar logo atrás dela, a conversa que eles tiveram antes de ontem reprisa na mente dela.

—  É, Bakugou, pro seu azar, a gente não é uma equipe! —  o Kirishima se aproxima dela, segurando uma bola cor-de-rosa. Ele não parece estar lamentando de verdade, e logo ela entende o porquê: o verdadeiro Bakugou também pegou a rosa —  Eu vou ficar de olho na Uraraka, pode confiar em mim, parça! — ele dá um joinha e algo que se parece com uma piscadinha, e Ochako fica muito feliz por poder contar com o Kirishima, era isso que ela queria desde o começo dessa troca de corpos, de certa forma. Ela olha rapidamente na direção do Bakugou, e ele observa o Kirishima se aproximar, pode não parecer, mas dá pra perceber que ele também tá aliviado por ter saído com alguém com quem tem muita prática pra formar time.

É a vez dela, e Ochako enfia a mão na caixa. Seria bom estar em uma equipe equilibrada, com alguém com mais experiência em resgate pra ela contrabalançar com todo o poderio de ataque desse corpo. Talvez a Momo? Ou o Sero? E da B… hum, seria legal a Yanagi e o Tetsutetsu pra formar uma equipe equilibrada. Ela tira a bola verde e, numa rápida olhada, nota que mais ninguém da A tirou essa cor.

E claro, pro azar dela, verde é a cor do Deku, então Ochako nem fica tão surpresa quando ele tira a segunda bola verde da caixa da Turma A e olha pra ela com um sorriso sem-jeito.

—  Boa prova pra nós, Kacchan.

Ah, eles podem até ir bem, mas Ochako duvida que será uma boa prova pra ela.


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Notas finais do capítulo

Oioi, aqui vamos nós com meu arco favorito da fic!

Eu gosto de escrever cenas de luta e ação? Não exatamente. Acho esse tipo de cena importantíssima dependendo do tipo de história? Com certeza. Aí é assim que a gente acaba com capítulos assim, e no fim, eu meio que adoro como fica huahuhhhas

A última semana não foi fácil, eu tô bem estressada e a um passo de me demitir do meu emprego sem nem mesmo garantia de arranjar outro (os resultados do concurso ainda não saíram), posso pedir que vocês torçam por mim? Sinto que tô pra fazer uma besteira enorme, mas preciso fazer pra ter um pouco de paz pelo menos por um tempinho :')

Desculpe pelo desabafo, tenham uma boa semana! Espero que estejam curtindo, até mais!



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