Eu no seu lugar escrita por annaoneannatwo


Capítulo 23
Regras e exceções para seu primeiro amor - Parte II




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Ochako sorri, observando de longe a Mina e o Sero andando juntos de mãos dadas, esbarrando os braços um no do outro, provavelmente de propósito. É tão bom vê-la assim, a garota cor-de-rosa é sempre alegre e barulhenta, mas como todo mundo, tem suas inseguranças e medos nesses assuntos do coração, Ochako só sabe disso porque a própria Mina lhe contou como foi difícil quando o Kirishima a chamou pra conversar, ela jurava que seria uma confissão e… bom, de certa forma, foi. O Kirishima a escolheu como primeira pessoa pra quem confessar que era gay e, embora Ochako tenha pensado que não tinha nada de chocante nisso, ela ainda passou a noite ouvindo a vizinha de dormitório desabafar.

E agora, seis meses depois, lá está a Mina com um garoto que, pelo pouco que Ochako acompanhou, é completamente louco por ela. Bom pra eles, bom pra Mina, ela merece.

—  Bakutetas, cola aqui pra gente tirar uma selfie. —  a Utsushimi lhe puxa pelo braço, apertando os bíceps desse corpo sem um pingo de necessidade. Falando em merecer… ok, Ochako merece todo o constrangimento que é acompanhar essa moça, afinal, foi ela quem a convidou e, apesar de a Utsushimi não ser, assim, alguém que tenha causado a melhor das impressões naquele fatídico exame de licença provisória, ela não tem culpa no que está acontecendo entre o Bakugou e ela e merece ser tratada com o mínimo de gentileza — Tá com medo de mim, lindo? Cola mais perto!

—  A-aqui tá bom! Eu não gosto de selfie. —  ela leva uma mão à frente do rosto pra evitar a câmera —  Você… não tá com fome? Quer que eu pegue alguma coisa pra você?

—  Iti malia, Bakutetas! Você tá muito fofo! Não precisa não. —  ela faz um biquinho e se aproxima pra apertar as bochechas dela. Ela… ela é tão casual pra tocar garotos, Ochako tá chocada.

—  Ok, eu… vou sair da água agora, tô sentado ali se você precisar de mim, tá? —  a Utsushimi parece não estar ouvindo, fazendo caretas enquanto olha pro celular.

Sentando-se na beira do mar, ela balança os dedos dos pés, fazendo pequenos desenhos na areia. Ochako já está bem mais calma do incidente com o Todoroki, mas ainda há uma sensação estranha percorrendo esse corpo bronzeado e musculoso. Essa sensação começou ontem à noite quando eles estavam no quarto dele, sumiu um pouco com o susto da manhã e voltou com tudo agora, ficando mais forte só de lembrar como o Bakugou a defendeu como se realmente fosse ela mesma, é como se… tivesse uma bomba relógio fechada em uma caixinha, Ochako consegue ouvir o tique taque, mas não consegue ver quanto tempo vai levar pra detonar, embora consiga antecipar o impacto da explosão. Essa é ela no momento, sentindo que uma bomba vai estourar em breve, sempre que o Bakugou faz algo imprevisível e… encantador. Ela olha pra trás, tentando avistá-lo, ele está sentado debaixo de um guarda-sol ao lado da Tsuyu e do Iida. Embora não pareça estar conversando, Bakugou não está com aquela cara fechada de sempre. Se não fosse loucura, ela diria que ele pode estar… se divertindo, e a ideia de o Bakugou se dando bem com os amigos dela é uma daquelas coisas que a fazem sentir entrar em combustão caso tente entender demais.

Ela sacode a cabeça e olha pra frente, estranhando quando não se depara com a loira que estava logo ali. Olhando ao redor, Ochako ainda não a vê, até que… uma mão surge por entre as ondas. Ah não…

Ochako corre em direção ao mar e pula na água, enchendo os pulmões de ar enquanto nada rumo à garota se debatendo. Ah, se ela tivesse a Gravidade Zero, seria tão fácil… mas como não é o caso, ela segura o pulso da Utsushimi e a traz pra perto, apoiando o braço dela em seu ombro enquanto nada de volta para a areia, a garota tosse água e abaixa a cabeça, movendo-se desajeitadamente enquanto seus pés ganham apoio novamente. Ochako a ajuda a se sentar próximo a uma pedra.

—  Você tá bem?

—  Eu… vacilei, a onda era destruidora mesmo, viado! —  ela respira fundo e a olha — Valeu por me salvar, Bakugou.

—  Tsk, você precisa tomar mais cuidado, fica aí distraída com o celular e… ah, seu celular!  — ela olha pro mar, sabendo que já era — Era muito caro? — ela faz que não com a cabeça, e Ochako duvida, ela viu que era um modelo chiquérrimo, parecido com o do Todoroki. Bom, talvez não seja caro pra ela, né? —  Você é maluca!

—  Doida sim, mas de amor. —  ela dá uma piscadinha, aparentemente recuperada do afogamento. —  E você… você não é só um sapão, né? Você é bem legal quando quer, Bakutetas. —  bom, isso é… isso é verdade, o Bakugou é bem legal quando quer, às vezes até quando não quer e… a Camie se apoia nos joelhos, inclinando-se e abraçando-a. 

 

Perto, ela tá… muito perto! Ochako a encara com olhos arregalados enquanto ela só sorri, semi cerrando os olhos. Ela é… linda e super sexy, e… pera, o que ela… o que ela tá fazendo? Utsushimi fecha os olhos e se aproxima, ela vai… beijá-la? É isso mesmo? Ochako vai ter o primeiro beijo da sua vida no corpo do Bakugou? Não, não, não!

—  Utsushimi, eu… —  os lábios cheios e macios dela pairam em sua testa, e a loira faz um “Muááá” exagerado, dando um grande sorriso ao se afastar —   O que… o que foi isso?

—  Eu fiquei tipo, mega feliz que você me convidou, Bakutetas, não sabia que você me considerava tão sua migues! —  hã? Amiga?

—  V-você… você não… g-gosta de mim?

—  Opa! Gosto muito! —  Ochako cora — Mas não é de mim que você gosta, né? Fazer o quê, segue o baile! —  ela dá de ombros.

—  E-eu… eu não… desculpa, Camie-san, é que eu… não quero perder tempo com essas coisas de namoro, eu quero ser o herói número 1 e-

—  E você gosta da baixinha de bochecha pink, já vi tudo. —  ela dá um sorriso zombeteiro — Ela é uma graça, Bakutetas! Vai com tudo!

—  E-eu não… eu e ela não… não, ela já gosta de outra pessoa, sabe… sabe o aniversariante? Ela… gosta dele… eu acho. —  ela acha?

—  Eita, é mesmo? —  a Utsushimi suspira — Gente, que babado! Incesto é tão anime anos 90, cê não acha?

—  I-incesto? —  Ochako franze a sobrancelha, nem disfarçando o quanto ela não entendeu.

—  É, ué, os dois são irmãos, não são?

—  Quem são irmãos?

—  A baixinha e o aniversariante com cabelo de brócolis, não são?

—  C-claro que não! Tá louca? De onde você tirou isso?

—  Ué, eles são a lata um do outro, repara! —  ela olha na direção de onde o Deku está — Enfim… é triste que sua crush esteja dando uns pegas no irmão…

—  A gente não- Eles não são irmãos! Você… você não lembra de ter lutado com eles no Exame de Licença Provisória ano passado?

—  Mentira, viado! Eu ganhei? —  Gente, o Bakugou tinha razão, ela é… completamente doida, definitivamente não serviria pra namorá-lo —  Enfim, Bakutetas, eu acho que se você fechar com ela, ela larga do irmão pra ficar com você, eu vi o jeito que ela te olhou, vocês dois tão bem apaixonandinhos.

—  A gente tá? Q-quer dizer, a gente não tá! Não tá mesmo! Ela… ela não é meu tipo, eu não… não sou o tipo dela e… —  antes que ela prossiga com seus argumentos, a Utsushimi sopra um beijo no ar e uma pequena nuvem se forma. Dentro da nuvem, Ochako reconhece a própria silhueta e a do Bakugou, e logo a imagem se torna mais nítida, os dois riem e conversam enquanto se aproximam mais e mais, e é impossível não corar ao ver o Bakugou na nuvem se inclinando e plantando um beijo nos lábios dela. —  Aaaargh, que… que porra é essa?

—  Nada, nada, só tava testando pra ver o seu react. —  ela ri debochadamente. Isso foi… a individualidade dela? Como assim? —  Nhai, que gracinha, Bakutetas, eu fico toda soft vendo essas coisas!

—  Tsk, você… você só tá debochando da minha cara. —  ela resmunga, desviando o olhar — Mas eu… eu mereço por ter te convidado quando eu… nem fiz isso pelos motivos certos. Me… me perdoa.

—  Dibas, Bakutetas! Eu não tô nessa vida pra ficar chorando por causa de macho! —  ela ri — Mas aqui, já que você quer mesmo se desculpar, me arranja com um desses gatos da sua sala… que tal aquele sapão ali perto da sua mina?

—  O… O Iida?! —  Ochako engasga de surpresa. Ah pronto! Se ela não é o tipo do Bakugou, ela seria menos ainda do Iida, ou… talvez não, já que o Bakugou e o Iida são completamente opostos? Hum… o melhor amigo dela costuma ser bem sério e correto em tudo, a Utsushimi parece ser despreocupada e… divertida quando ela não sai achando que pessoas são parentes… ela e o Iida, hein? —  Ok, mas… você tem que seguir meu plano.

Alguns minutos depois, ela e a loira se aproximam das tendas onde todos estão, parando estrategicamente próximas ao Iida.

—  M-mas… Bakutetas, você não pode me largar aqui assim! E toda nossa história? Tudo o que a gente viveu juntos? —  a Utsushimi faz biquinho, e Ochako se segura pra não rir.

—  M-me deixa em paz, sua beiçuda doida! Eu não quero nem saber de você e das suas besteiras!  — ela esbraveja em sua melhor imitação de Bakugou, olhando ao redor pra ver se o encontra, agora ele e a Tsu estão próximos à caixa de som com a Kyouka, os três cercando o Mineta, que muito provavelmente disse ou fez algo inapropriado. Bom, tudo bem, não é deles que ela tá tentando chamar atenção.

—  B-Bakutetas, como você é bruto! —  ela se lamenta dramaticamente.

—  Sempre fui, não é problema meu que você não percebeu antes! Tsk, eu devia tá com merda na cabeça quando te chamei pra essa maldita festa!

—  Hã, com licença… —  como se tivesse sido cronometrado, o Iida se levanta e para entre ela e a Utsushimi —  Bakugou-kun, não sei o que está acontecendo, mas queira, por favor, abaixar o tom, nós estamos em público e-

—  Ah tava demorando! Vai te catar, Quatro-Olhos! Não se mete que isso é entre mim e essa daí!

—  Bakugou-kun, isso não é maneira de tratar uma dama. Você está bem, hã…

—  Utsushimi Camie, prazer. —  ela sorri.

—  Utsushimi-san, você está bem?

—  Tô malzona, o mar levou meu celular favorito, você acredita?

—  Ah,  eu lamento… lamento também pela maneira que meu colega a tratou, por favor saiba que tal comportamento não condiz com a prestigiosa instituição que é a U.A., peço desculpas.

—  Tá tranquilo. Mas e aí, qual seu nome, hein?

—  Iida Tenya, ao seu dispor. —  ele se curva, e tanto ela quanto a Utsushimi seguram o sorriso —  Há algo que eu possa fazer para recompensá-la? Bakugou-kun, eu exijo que você se retrate com a Utsushimi-san.

—  Nah, deixa ele quieto, mas e aí? —  ela envolve o braço dele com o dela e o puxa —  Me fala mais sobre você, palestrinha, o que é esse escapamento na sua perna, hein?

Ochako sorri em satisfação quando a Camie a olha rapidamente e dá uma piscadinha. É, ela é completamente diferente do que parecia ser naquela prova, muito mais… legal do que ela pensou, e é difícil imaginá-la com o Bakugou, mas é divertido observá-la com o Iida. Tomara que dê certo.

Ela respira aliviada e se senta em uma das tendas mais afastadas, observando de longe esse novo e inusitado casal se formar.

—  Sabe que teve uma época que eu achei que ele se interessava pela Hatsume-san? —  essa voz… Ochako olha pro lado e encontra o Deku observando o Iida e a Utsushimi também. O coração dela pula para a garganta, é aniversário dele… e do Togata-senpai também, mas ela não pode cumprimentá-los apropriadamente — Que bom que você veio, Kacchan! —  ele dá um sorriso iluminado.

—  Tsk, eu só vim porque aqueles idiotas iam ficar me enchendo o saco se eu não viesse. —  ela mente, mas agora que Ochako pensa bem sobre o assunto, talvez não ter vindo fosse uma ideia melhor, talvez ela não se sentisse tão culpada por estar escondendo algo tão importante dele —  E por que… caralhos você tá sentado aqui? É seu aniversário, porra, você tá na praia! Vai… sei lá, nadar ou… jogar vôlei.

—  Haha, eu tava jogando vôlei com a Uraraka-san, mas a bola estourou e a gente não tem outra. —  ele coça a cabeça, sem jeito.

—  Com… com a Uraraka?

—  É… ela é muito boa com esportes sem individualidade, sabia? Vôlei, futebol-

—  Baseball. —  ela murmura seu esporte favorito, sentindo-se arrepiar quando ele fala junto dela. Ochako desvia o olhar quando o Deku dá uma risadinha.

—  Ela é incrível, Kacchan! E a gente faz uma ótima dupla, é assim desde a primeira semana de aula, né? —  ele fica sério e abaixa o tom repentinamente — A Uraraka-san… foi a primeira pessoa a ser gentil comigo quando o curso começou, foi a primeira garota com quem eu falei, ela… é o marco do começo da minha vida como herói-

—  Você já era herói antes de entrar na U.A.! —  ela dispara, arrependendo-se imediatamente, e recolhe-se —  Seu… idiota! Você… é como eu, já nasceu pra isso. — Ochako esconde a cabeça por entre os joelhos, sabendo que tem que calar a boca antes que fique muito óbvio que é ela aqui.

—  Isso não é sobre mim, é sobre ela. —  o Deku fala num tom sereno, ele tá… ignorando o que ela disse? Desde quando ele ignora qualquer coisa que o Bakugou diz? Ainda mais se é algo próximo a um elogio? —  E como ela é a amiga mais incrível que eu poderia ter.

“Amiga”. Não é a primeira vez que ele a chama assim tão casualmente, até pouco tempo atrás, não era difícil pra ela também. Mas ultimamente, a ideia de ser “amiga” dele tem deixado-na angustiada, como se não fosse certo, ou não o suficiente. Ochako odeia esses sentimentos, odeia o fato de não ter conseguido mais esconder que gostava dele a ponto de arriscar a amizade perfeita que eles têm porque não conseguiu mais se controlar. Ela genuinamente sente que, independente de qual seja a resposta dele, eles vão continuar amigos, o Deku com certeza vai se dedicar a isso com o mesmo afinco que se dedica pra tudo, mas… e ela? Vai conseguir se esforçar pra retornar a amizade deles ao que era?

—  Deku, voc- —  Ochako faz que vai se levantar. Ela precisa sair daqui!

—  Eu fico muito surpreso que ninguém tenha tentado alguma coisa com ela ainda, ela é tão… m-maravilhosa em todos os sentidos, acho que todo mundo que tem interesse nela a evita porque acham que não têm chance enquanto eu estiver por perto. —  ele afirma em um tom baixo, e ela não consegue olhá-lo pra ver o quão vermelho ele está — Eu não mereço ela, Kacchan.

—  Do que você-? —  ela o encara, chocada. Ele tá… por que ele falaria uma coisas dessas pro Bakugou? Não, por que ele sequer pensaria uma coisa dessas? —  Do que você tá falando, seu… imbecil?

—  Eu… acho que não vou ser capaz de dar a ela o que ela merece, melhor dizendo. Eu quero ser herói, Kacchan, eu quero… ser o novo Símbolo da Paz, e preciso trabalhar muito pra atingir meu objetivo. Com o caminho que eu planejo traçar, serei incapaz de estar com ela do jeito que ela quer e precisa, e… eu tenho medo que no fim, ela me odeie.

—  Ela nunca- ela nunca vai te odiar, Deku. —  Ochako afirma, segurando-se muito pra não deixar a voz do Bakugou sair embargada —  Então o quê? Você vai rejeitá-la? É isso?

—  É o que eu… tenho que fazer, mas eu… eu não sei, porque… eu sou muito egoísta, muito mais do que você imagina. —  ele a olha diretamente, as bochechas vermelhas dele contam uma história, mas a afirmação dele, dita em um tom sério e baixo, conta outra completamente diferente.

—  Ei! Ei! Vamos cantar parabéns, vamos? A gente tem que aproveitar enquanto o Tamaki ainda não se escondeu debaixo da mesa, né? —  a Nejire-senpai anuncia.

—  H-Hadou-san… eu não sou o aniversariante… por favor, não chame tanta atenção…

—  Mas você é o namorado do aniversariante, o que é igualmente importante, né? Vem logo, Mirio! Cadê o Midoriya-kun? —  ambos se viram na direção da mesa onde o bolo está, com a Nejire-senpai acenando. O Togata-senpai dá um joinha pra ela e começa a andar rumo à mesa, o que inevitavelmente significa que Deku precisa ir lá também. Ele se levanta e espalma as costas dos shorts pra se limpar da areia, lançando um olhar que a faz sentir o coração parar por um segundo, esse olhar… ele nunca olharia assim para o Bakugou, olharia?

Ochako também deveria ir até lá. Ficar parada e um pouco mais afastada, de braços cruzados e cara fechada como o Bakugou provavelmente faria, mas… nem isso ela consegue fazer agora, ela quer ir embora e soltar essa bola de angústia sufocando a garganta. Ela se levanta e anda na direção oposta de onde todo mundo está indo, sentindo o calor das lágrimas encher esses olhos que não são seus de verdade. Mas antes que possa rumar pro ponto de ônibus ou pra qualquer lugar que a leve pra longe daqui, Ochako dá de cara com um peitoral, ligeiramente menor do que o do Bakugou, mas igualmente firme e imponente. Esses olhos também são vermelhos, embora brilhem de uma maneira muito mais amistosa e bem menos ameaçadora que a do loiro. Kirishima.

—  Tsk, olha… olha por onde anda, Cabelo de Ouriço. —  ela rosna, esfregando os olhos numa pífia tentativa de disfarçar. Antes que Ochako possa vociferar outra ofensa, o Kirishima põe a mão no ombro dela, deixando-a perplexa.

—  Fica calma, Uraraka… vai ficar tudo bem… —  ele fala baixinho. Pera… o quê? Ele falou “Uraraka”?

—  Ki-Kir-Kirishima, que porra você…?

—  Vem, vamo pra lá pra ninguém te ver assim. —  ele a solta e vai pra trás dela, empurrando-a pra frente a fim de guiá-la.

E perdida entre a dor da rejeição e o choque, Ochako se deixa ser guiada

***

Kirishima Eijirou é um idiota, e ninguém melhor que o próprio Eijirou pra atestar esse fato. Tem muitos motivos que evidenciam isso, a começar pela sua incapacidade de se segurar perto do Denki, só… não dá. Esteja o loiro sorrindo ou puto, Eijirou não consegue ficar de boa, sentindo necessidade de arrastar o garoto pro lugar mais afastado que eles acharem e beijá-lo até que ele tenha a sensação de que Denki está usando a individualidade dele nos dois. 

 

Acontece sempre, aconteceu hoje, logo depois que o jogo de vôlei for forçado a acabar porque o ruivo estourou a bola e o namorado se sentiu na necessidade de consolá-lo, também não ajuda o fato de que o Denki é muito másculo sem camisa, ele é um pouco menor que os outros garotos do curso em se tratando de músculos, o que Eijirou acha estupidamente sexy, disso pra uns amassos atrás do píer foi um pulo.

E é aí que tá o problema: Eijirou é um idiota, Eijirou apaixonado é pior ainda, porque caso não estivesse tão fissurado no Denki, ele teria percebido antes, teria notado que o Bakugou simplesmente… não era ele mesmo. Ok, talvez ele tenha achado estranho o fato de o melhor amigo estar meio esquisito ultimamente. O Bakugou pode ter melhorado um pouco na atitude em comparação ao primeiro ano, mas não é nada tão gritante a ponto de ele passar a ser considerado “fofo”, só aí já dava pra ter visto que tinha alguma coisa MUITO errada, e ainda assim Eijirou deixou passar, achou que fosse só o melhor amigo ficando a fim de uma menina. Da Uraraka, no caso.

Mas não, o lance com a Uraraka consegue ser mais bizarro do que ele pensou inicialmente: o Bakugou não está a fim da Uraraka, o Bakugou é a Uraraka, e vice-versa. E Eijirou não se ligou em nada disso até anteontem, quando o Bakugou que não é o Bakugou contou tudo: a troca de corpos, o segredo deles, e todo o esforço que eles vêm fazendo pra tentar sair dessa, tudo isso rolando há quase um mês, e o bonito aqui tava onde? Com a mão enfiada nas calças do Denki. 

 

Daí a Uraraka confiou nele pra contar tudo isso, e Eijirou só podia achar que era zoeira, uma piada bem nada a ver que não parecia coisa dela muito menos do Bakugou, mas ainda assim, só podia ser zoeira. Só que não era, e desde então tudo fez sentido, agora ele não consegue olhar pra morena baixinha de bochechas rosadas e não ver que é o Bakugou em cada palavra que sai da boca dele, ou… dela, ou…? Aargh, é tão confuso!

Assim como ele não consegue olhar pra esse cara de cabelo cor de areia e olhos vermelhos e não ver que é a Uraraka. Então, quando Eijirou se separou do Denki, pedindo para o loiro ir na frente enquanto o sangue dele voltava a circular pra… outras partes do corpo depois de uma sessão de amassos nervosa, ele acabou se deparando com o Midoriya sentado ao lado do Bakugou, debaixo de um guarda-sol, um pouco afastados da festa, só que não era o Bakugou, nem tinha como ser, por que quando que o Biriba ia ficar de boa, trocando umas ideias com o Midoriya sem gritar um “MORRE, DEKU MALDITO!”? Tá bom que os dois se entendem um pouco melhor hoje em dia, mas não é nada a esse ponto. Então obviamente, não era o Bakugou, era a Uraraka, e como Eijirou é um idiota, acabou ouvindo um pedaço da conversa deles. Foi sem querer, mas ele sabia que se se movesse um pouco, os dois iam perceber sua presença, então ele ficou lá, parado, ouvindo o Midoriya explicar pra Uraraka porque não pode aceitar a confissão de amor dela. E que merda, porque dali ele viu a tristeza estampada na cara que é do seu melhor amigo, e foi de cortar o coração.

Assim que a garota no corpo do Bakugou veio na direção de onde ele tava, o primeiro instinto dele foi catar o celular e dar uma de joão-sem-braço, mas cara, não tem nada de másculo nisso, então finalmente, Eijirou foi o amigo que a Uraraka achou que ele seria quando se abriu pra ele. Ele a amparou e a tirou dali pra que o segredo deles continuasse assim.

E é por isso que agora eles tão aqui, sentados no alto de uma pedra à beira do mar, ela claramente não sabendo por onde começar. Então ele vai.

—  Eu… fiquei com o que você me contou martelando a minha cabeça, foi muita burrice minha não ter percebido logo de cara. —  ele inicia a explicação — Nem sei o que te falar, Uraraka.

— Ah, essa é a reação que eu tava esperando de você na sexta, Kirishima-kun, não um tapa na nuca. —  ela dá um sorriso tristonho.

—  Aarrgh, foi mal! Eu nunca teria feito isso se… se eu tivesse acreditado, aliás, me desculpa por todos os tapas que eu te dei, normalmente eu sou assim com o Bakugou, então… —  ele suspira — Me desculpa por tudo, Uraraka, de verdade.

—  Tá tudo bem, você não sabia… eu achei que você até imaginasse que teria acontecido alguma coisa assim, mas achou que era impossível pra ser verdade.

—  Nah, eu não sou tão esperto assim… mas obrigado por achar isso. —  ele sorri, sem jeito — Então… o Bakugou? Como ele tá?

—  Ele… é imprevisível, tem vezes que parece que ele quer que eu fique com fama de louca pra escola toda! —  ela diz energicamente, deve ser como um desabafo pra ela poder falar disso assim — Mas tem vezes que ele é uma Uraraka melhor que eu, ou… a Uraraka que eu gostaria mais de ser, como quando ele usa a Gravidade Zero, ou quando se impõe, é… impressionante...

—  Percebi mesmo, dá pra ver que é ele quando tem algum tipo de competição ou alguma coisa nesse sentido. —  Eijirou se lembra do jogo de vôlei e a hora que a “Uraraka” apertou a mão dele — Mas no geral, vocês enganam bem, só se alguém prestar bastante atenção pra perceber no olhar de vocês quem é quem.

—  Principalmente quando eu ou ele interagimos com o Deku?

—  É-É, basicamente, sim. —  ele confirma, surpreso por ela mencionar o Midoriya tão casualmente depois de ter ficado tão abalada.

—  Sabe, eu… nem sei porque fiquei daquele jeito, eu sempre soube que tinha mais chances de ser rejeitada do que ele me aceitar. —  ok, ele realmente não queria entrar nesse assunto com ela, Eijirou não é a Mina ou a Tsuyu pra falar sobre isso do jeito certo, mas… ele meio que deve essa a ela, né? Então tá, o ruivo vai falar o que realmente pensa.

—  Eu… acho que você tá se apavorando à toa. —  ela arregala os olhos e o encara — P-pelo que eu ouvi, ele não te deu um fora, ele só tava falando porque tem que te dar um fora, mas isso não quer dizer que ele vai, com certeza. —  é, é bem isso, Eijirou percebeu como o Midoriya tava querendo explicar o porquê de querer rejeitá-la, mas não conseguir, provavelmente porque ele também gosta dela.

— Você… você acha? —  os olhos dela brilham em surpresa —  Não, mas… mesmo se for assim, eu… eu não quero que ele fique comigo porque acha que tem que ficar, Kirishima-kun, se for algo que ele precisa se esforçar muito, eu não… acho que seja justo com ele nem comigo.

— É, acho que sim… —  ele olha pra frente, contemplando o horizonte, e se surpreende ao ouvi-la rir baixinho —  Que foi?

—  Nada, eu só tô lembrando daquele dia no treino que você disse que tava preocupado por achar que o “Bakugou” tava se interessando pela “Uraraka”, eu tava louca pra te explicar porque não tinha nada a ver. Agora você entende, né? —  ela sorri, e embora Eijirou fique aliviado por vê-la assim, ele não consegue sorrir de volta.

—  B-bom, vocês… tavam tão próximos, ainda estão. Agora eu entendo o porquê de ter visto as coisas que eu vi, mas… —  ele se lembra de todas as vezes que reparou na “Uraraka” encarando esse “Bakugou” aqui do lado dele — ...enfim, você tá bem? Foi um dia longo, né? Além do Midoriya, não deve ter sido fácil dispensar a Camie… aliás, de onde saiu isso de convidá-la? O Bakugou te pediu pra fazer isso?

—  Ha, não… fui eu que entendi tudo errado, eu achei que ele gostava dela, mas… ela é muito doida, Kirishima-kun, com certeza não é o tipo dele!

—  A-ah é? E quem você acha que seria o tipo dele?

—  Hum… acho que alguém que não se impressione com o jeito grosso dele, talvez a ponto de revidar quando ele passa dos limites, alguém forte, que consiga acompanhá-lo, desafiá-lo e ser desafiado, e gentil pra entender que por trás daquela pose toda, tem um cara muito inseguro, desesperado pra provar o seu melhor pro mundo… ou alguma coisa assim.

—  É, concordo. —  Eijirou sorri, imaginando se ela realmente não percebeu que acabou descrevendo a si mesma —  Então… eu imagino que ele não sabe que você me contou, vamos manter assim?

—  Sim, ele iria surtar e me encher o saco. —  ela revira os olhos — É um segredo só entre nós três, ok?

—  Ah… ok. —  eles três? Será que o Midoriya não sabe também? Estranho, ele teve a sensação de que o garoto de cabelo verde também soubesse pelo jeito que ele tava falando com ela… —  Bom, Uraraka, eu sei que você tá se virando bem há quase um mês e tal, mas… se tiver algo em que eu puder te ajudar e você… tenha vergonha de perguntar pro Bakugou, pode contar comigo, viu?

—  Jura? Ah, então me fala uma coisa: isso aqui serve pra quê exatamente? —  ela estica o pescoço e aponta para o gogó.

—  Hã… sabe que eu não sei direito? —  na verdade, ele nunca parou pra pensar nisso, hehehe.

—  Ah, ok… —  ela olha pro lado e depois o encara novamente —  Hum, tem outra coisa… hã… eu tava lendo isso hoje de manhã, mas… como vocês sabem quando estão com tesão de mijo e quando estão com… o… tesão… normal? —  É O QUÊ?

—  Hã… —  ele sabe que está mais vermelho que o próprio cabelo —  … n-normalmente, o tesão de mijo é só quando o cara acorda, o normal acontece… hã… a qualquer momento que o cara fique… empolgado com certas coisas, e… não dá pra… fazer xixi no normal… —  Eijirou tá louco pra saber o porquê de ela perguntar isso, mas antes que possa, uma voz feminina ressoa.

— Ô, vocês dois aí, tão fazendo o quê? —  ele estica o pescoço e vê que tem uma Uraraka muito brava lá embaixo, segurando um pedaço de bolo. Só que essa não é a Uraraka.

—  Nada não, Ura-chan. —  ele sorri, virando-se pra verdadeira Uraraka  — Bom, se precisar de mim, já sabe, né? — ela acena com a cabeça, e ele pula de cima da pedra, caindo quase de frente pro Bakugou —  Ah, esse bolo aí é pra mim? Que legal, não precisava…

—  Tsk, vai pedir pro seu namorado cortar pra você. —  Eijirou se segura pra não rir — O que… o que você tá olhando, Kirishima?

—  Nada, nada… eu só tava pensando, Uraraka… lembra na competição de dormitórios ano passado que você adorou meu quarto? —  a única vantagem disso tudo é poder tirar uma com a cara do Bakugou — Você tá convidadíssima pra dar um rolê lá, se o Presida liberar!

—  Do que você tá falando? Seu quarto é bre- —  ele olha rapidamente pra Uraraka no topo da pedra e limpa a garganta —  ...seu quarto combina muito com você, Kirishima-kun.

—  Ah, muito obrigado! —  ele sorri, tentando não demonstrar todo o deboche —  Enfim… não precisa ficar com ciúmes, o Bakugou é todinho seu de novo, vou atrás do Denki.

—  C-ciúmes? —  ele ruboriza, e Eijirou precisa se segurar mesmo pra não cair na gargalhada, apenas leva a mão pra bagunçar o cabelo castanho e macio que com certeza não é do Bakugou, deixando-o ainda mais vermelho, só que dessa vez é de raiva. Cara, isso é hilário!

—  Vou nessa! Juízo, hein? —  ele dá um tchauzinho e sai correndo, jurando que conseguiu ouvir o Bakugou soltar um “Tsk, idiota…”, e se permite sorrir livremente.

Porque Kirishima Eijirou pode até ser um idiota, mas não a ponto de não perceber que o melhor amigo tá completamente apaixonado por aquela garota.



***

Ochako assiste ao Bakugou se fazendo flutuar e liberar até alcançar o topo da pedra, entregando o pedaço de bolo pra ela.

—  Oh… você trouxe pra mim?

— Se eu tô te entregando... —  ele dá de ombros, devolvendo o olhar feio que ela joga pra ele, grosso! —  Eu não gosto de coisa doce, fora que você sumiu na hora da palhaçada que foi o Parabéns. Que porra você e o Cabelo de Ouriço tavam fazendo?

—  Ah, nada… eu só achei que seria… estranho o Bakugou estar junto na hora do parabéns pro Deku, então me afastei, o Kirishima-kun só veio atrás de mim… —  ela mente mecanicamente.

—  Tsk, milagre o Pikachu não estar junto, os dois idiotas tão sempre me seguindo por aí como se eu fosse um velho que não consegue se virar. —  ele resmunga, e ela sorri um pouco, o temperamento dele sempre a diverte, mesmo que agora ela não esteja muito no clima. — Que bicho te mordeu agora?

—  O quê? —  ela pergunta em surpresa.

— O que foi que o idiota do Kirishima te falou pra você ficar com essa cara de merda? —  ele… percebeu que ela tá triste?

—  Nada, e o Kirishima-kun não é idiota, Bakugou-kun! —  ela dá uma bronca.

—  Então que porra aconteceu?

—  Não aconteceu nada, ok? —  ela vocifera, irritada por não conseguir enganá-lo.

—  Tsk, não adianta ficar putinha comigo porque você não pode ficar em cima do seu querido Deku no aniversário dele, Cara de Lua. —  ele murmura e… parece que tá fazendo biquinho? Que… fofura! — Eu também tô puto de ter que ficar fingindo ser você e sorrindo que nem um imbecil pra tirar foto com aquele nerd maldito!

—  Vocês… tiraram foto juntos?

—  É. Tá no grupo da sala, se você quiser ver. —  Ochako saca o celular do bolso e abre o chat da classe pra ver. Ela se reconhece, sorrindo ao lado do Deku, também dando um sorriso iluminado. A foto é… encantadora, ela com certeza salvaria pra usar de papel de parede se… a conversa de antes não tivesse acontecido. Agora ela olha pra imagem e só consegue pensar o quanto a cabeça do Deku deve estar confusa… e é culpa dela por não ter controlado esses sentimentos direito, deixando-o numa posição difícil —  Tsk, maldita beiçuda doida.

—  Hum?

—  A louca da Camie que veio me falar que achou que eu e o Deku éramos irmãos, agora eu olho pra essa foto e tô tentando entender porque ela achou vocês dois parecidos, não tem nada a ver!

—  Né? Eu também não entendi de onde ela tirou isso! —  Ochako balança a cabeça, rindo suavemente.

—  Ela é doente, eu te falei. —  ele lança um sorriso sarcástico pra ela —  Você também deve ter percebido pra ter se livrado dela, né?

—  N-não foi bem assim, ela… só entendeu que eu não… ou que você não… gosta dela desse jeito, e pediu pra eu apresentá-la ao Iida. —  ela bufa uma risada — Imagina esse casal!

—  Eu não, não sei nem qual dos dois tá mais fodido se eles ficarem juntos! —  um olhar malicioso se instala na cara dele — A doida também… me desejou sorte com o “Bakutetas”.

—  Ah é? —  Ochako se sente corar  — É, ela… ela realmente achou que eu e você… hã… você sabe, o que quase todo mundo acha… que a gente tá junto, que forma um bom casal, essas coisas...

—  É? E o que você acha, Cara de Anjinho? —  Ochako nunca escutou a própria voz nesse tom… sedutor? Só aí que ela se dá conta de que eles estão tão próximos que ela consegue sentir a respiração dele em seu pescoço, as pontas dos dedos dele encostando nos dela delicadamente, e o pior é que, por algum motivo, ela não consegue se mexer pra se afastar, perdida na sensação de conforto que o próprio corpo traz. Mas… já não é de hoje que Ochako parou de ver o Bakugou como o garoto preso no corpo dela, na verdade, quando ela se concentra e o observa, consegue vê-lo em sua essência, olhos vermelhos, cabelos loiros bagunçados e a expressão séria e firme que ele sempre carrega em seu rosto viril e… lindo… espera, o quê?

—  Eu… eu acho que… eu acho que você tem que parar de me chamar assim! —  ela se afasta, resistindo à necessidade de pôr a mão sobre o peito pra acalmar o coração de galopar insanamente.

—  Tsk, só tô te enchendo o saco, não precisa dar chilique, Bochecha! —  falou o cara que dá chilique por praticamente tudo!

—  “Tsk” digo eu! Vai… vai cair o cu da sua bunda se você me chamar pelo nome?

—  Qual deles? —  ele ergue uma sobrancelha, visivelmente se divertindo por vê-la usar esse linguajar tão naturalmente.

—  Você… você pode me chamar de Ochako, se quiser… —  ela pega o pedaço de bolo, enfiando dois terços na boca de uma só vez pra se distrair do que acabou de sugerir. Ele não fala nada, só a olha com o que parece ser satisfação, como se ela tivesse dito exatamente o que ele queria ouvir.

Os dois ficam ali sentados por mais um tempo, em constrangedor silêncio enquanto observam metade do sol se esconder, refletindo no mar enquanto céu se mistura em tons de rosa e laranja, Ochako puxa o celular dele pra ver as outras fotos que foram postadas no grupo da sala, algumas extremamente fofas como essa da Kyouka no meio do Kirishima e do Kaminari, o rosto dela super vermelho enquanto os dois garotos sorriem, outras são engraçadas como uma que deve ter sido tirada pela Mina já que dois dedos cor-de-rosa fazem um “v” de vitória enquanto o Iida e a Camie aparecem no fundo, ele com uma expressão extremamente envergonhada enquanto ela aponta um dedo no peito dele, e tem duas hilárias do Todoroki e do Yoarashi, aparentemente, é difícil enquadrar os dois numa foto apropriadamente devido à diferença de altura. Uma foto da Tsu enforcando o Mineta é tão perversamente engraçada que Ochako faz uma nota mental de salvar essa imagem quando recuperar o próprio corpo e celular. Até o Bakugou aparece em algumas fotos, geralmente ao lado das meninas, e ela fica feliz por ver que ele deu seu melhor em se enturmar. Por fim, há algumas fotos do Togata-senpai e do Tamaki-senpai com a Eri, super fofas, mas…

—  A Eri-chan veio? Eu não a vi enquanto eu tava por lá…

—  O Aizawa-sensei que trouxe, mas ele não ficou, pra nossa sorte. Eu também nem cheguei perto da pirralha porque vai que ela abre o bico de novo!

—  Não, tá certo, tá certo… ficaram legais as fotos! —  ela sorri, um pouco triste por não ter participado, ela até poderia ter saído em algumas fazendo a cara de merda do Bakugou, mas… não adianta, ela não ia conseguir ficar por lá agindo como se estivesse tudo bem.

—  Dá essa porra aqui. —  ele pega o celular da mão dela, mal-educado! Antes que ela consiga brigar, ele estica o aparelho na frente dos dois, e Ochako se depara com a câmera frontal aberta. Franzindo o cenho, ela olha pra ele —  Tá moscando por quê, Ochako? Presta atenção na foto!

Ele sorri, ela continua confusa, então acaba saindo séria na foto, e… pelo menos aqui eles realmente parecem consigo mesmos. Se ela não soubesse, diria que é uma foto tirada antes da troca de corpos.

—  Quer tirar outra? —  ele pergunta com certa má vontade.

Ochako olha novamente pra foto, os dois lado a lado assim… ela nunca pensou que veria uma imagem assim. Talvez até desse pra acreditar que em algum ponto da vida escolar deles na U.A., ela e o Bakugou poderiam se tornar amigos ou algo próximo disso em se tratando dele, mas mesmo que fosse o caso, uma foto assim com ele seria simplesmente impensável. Agora, faz muito sentido que ele tope ficar assim do lado dela, criando uma memória para os dois, uma memória tão doce e vívida que quase a faz esquecer o quão ridícula é a situação em que eles estão, quase a faz esquecer que o seu primeiro amor planeja rejeitá-la, ou talvez não, quem sabe? Com certeza, não ela. E essa dúvida, a angústia que provoca, vai passar.

E de novo, aquela sensação percorre cada vértebra de sua coluna, a sensação de que com o Bakugou, tudo é fácil, tudo faz sentido, com ele é tão natural que até parece simplório, rudimentar… perfeito em todas as falhas dele e dela.

—  N-não, ficou ótima. —  ela sorri, sem-graça.

Eles ficam ótimos juntos.


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Notas finais do capítulo

Oioi!

Meu objetivo era fazer a Camie falar apenas por meio de memes, mas ela acabou como uma versão mais simples da Inês Brasil, risos

Espero que esteja curtindo! Obrigada por ler!



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