Be your everything (BlackWater) escrita por Amanda Vieira, MandysGonçalves


Capítulo 30
Trinta




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[Leah]

 

 Todos nos reunimos ao redor da fogueira, como havia chovido, não dava para sentar nos troncos, então Jacob e os garotos haviam colocado várias cadeiras e bancos no gramado. Jacob e eu nos acomodamos ao lado de Rebecca e um animado Solomon.

 -Que empolgante! Um Haole ouvindo as lendas Quileutes. -exclamou Solomon.

 -Haole? -perguntei.

 -É como os havaianos chamam os estrangeiros. -explicou Rebecca.

 -Aqui a gente chama de forasteiro mesmo. -falou Jacob, Solomon riu.

 -Eu também nunca ouvi as histórias.-resmungou Rebecca.

 -Pra ser justo, na época que começamos a ouvir as histórias, você e Rachel estavam na faculdade, ela voltou e ouviu as lendas, você se mudou pro Havai. -disse Jacob.

 -Mas antes, mulheres nem eram permitidas! -ralhou Rebecca.

 -Isso já tem muito tempo, Becca, agora Sue é uma das anciãs, Leah e as outras garotas estão sempre nas fogueiras. -continuou Jacob, mantendo o tom amistoso.

 -Você não está perdendo muita coisa, Billy e o velho Quil sempre contam as mesmas histórias, depois de um tempo você vem só pela comida mesmo. -brinquei, Solomon riu, Rebecca fez uma careta.

 -Isso é a cara deles mesmo. -concordou ela.

 -Atenção pessoal, se todos puderem se sentar, já vamos começar! -avisou Paul.

 Todos se acomodaram e voltaram suas atenções para o trio de anciãos.

 -Boa noite a todos, a maioria de vocês já conhecem essa história, mas para os que vão ouvir pela primeira vez: mantenham a mente aberta. -começou Billy. Algumas pessoas prenderam a respiração. Então Billy contou mais uma vez a história já tão conhecida por mim, sobre os Lobos e os Frios.

 

 Quando a história acabou, todos ficaram em silêncio por alguns minutos, absorvendo.

 -Uau! -exclamou Solomon, por fim. O que foi a deixa para todos começarem a falar novamente. -Que incrível essa história dos ancestrais de vocês, o lobo como símbolo espiritual é conexão com a natureza, proteção…

 -Eu acho que já ouvi essa história antes. -comentou Rebecca de repente, recebendo três pares de olhos. Ela encarou Jacob. -Acho que o papai e a mamãe contaram essa história quando eu e Rachel éramos pequenas.

 -Rachel nunca falou nada sobre. -falou Jacob, dando de ombros. Rebecca continuou com a testa franzida, intrigada. Jacob me olhou rapidamente, preocupado, tentei tranquilizá-lo.

 -Vocês não vão comer? A comida acaba rápido por aqui. -falou Seth, de repente.

 Rebecca levantou meio no automático, Solomon estava empolgado e foi conversar com os anciãos.

 -Você acha que ela se lembrou de algo importante? Que corremos algum risco? -perguntou Jacob, baixinho.

 -Aparentemente foi só uma lembrança de infância, não vamos nos precipitar, vamos deixar as coisas se desenrolarem, mas acho que não é nada demais. -respondi, tranquila. Jacob assentiu, o rosto sério.

 -Certo, vamos curtir a noite, amanhã é o grande casamento, não é possível que sejamos tão azarados. -falou Jacob. Desejei que ele não tivesse falado a última parte, esse não era o momento de testar o universo, mas deixei pra lá.

 Fomos até a mesa de comida, onde o pessoal estava reunido.

 -Essa semana teve mais bebida alcoólica do que nos últimos anos todos. -comentou Quil.

 -Abriu-se as porteiras! -exclamei, rindo.

 -Bom pra senhora, né dona Leah, sabemos como você estava vivendo loucamente na Califórnia. -comentou Embry.

 -Não sei de nada não. -respondi inocentemente.

 -Ha! Quem te viu que te compre, viu dona Leah. -debochou Embry.

 -Embry, deixa eu te contar um segredinho. -falei, me aproximando dele, então falei baixinho perto de seu ouvido: -O que acontece na Califórnia, fica na California!

 -Deixa o Jacob saber disso…

 -Saber o que? -perguntou Jacob, atrás de nós.

 Me aproximei do meu namorado e passei meu braço pela cintura dele.

 -O Jacob faz parte da Califórnia. -falei pra Embry, dando uma piscadela.

 -Hmm, safados! -zombou Embry, eu e ele rimos, enquanto Jacob ficava sem entender.

 -Que droga vocês usaram? -perguntou Jacob.

 -Nenhuma, gato, nenhuma. -falei, ainda rindo.

 -Então galera, amanhã é o grande dia! -exclamou Quil, abraçando eu e Jacob. -Como estão se sentindo sobre a missão padrinhos?

 -Ainda dá tempo de fugir? Estou completamente aterrorizada! -respondi.

 -Não! E evitem a bebida. -falou Claire.

 -Metabolismo de lobo, a gente vai estar inteirasso amanhã. -lembrou Jacob.

 -Ah é, esqueci. -falou Claire, gargalhando.

 -Acho que você já está bem alegrinha. -comentei, Quil que ainda estava abraçado comigo e Jacob nos soltou e foi analisar a namorada.

 -Gata, acho que já deu pra você esta noite, amanhã você toma todas. -aconselhou ele.

 -Droga. -resmungou Claire.

 -Leah, você vai se arrumar junto com todas as madrinhas? -questionou Embry, em tom provocativo.

 -Caralho, não me lembre! -reclamei, fazendo todos rirem. -Não tem nem como eu fugir, porque a arrumação vai ser lá em casa, mamãe ofereceu para Rachel.

 -E os homens? -prosseguiu Embry. -Não me diga que vocês vão pra casa do Sam?

 -Não, vai ser na casa dos Lahote. -respondeu Jacob.

 -Paul não é burro de correr esse risco no dia do casamento! -apontou Claire.

 -Gente, cadê o Seth? -perguntei de repente. Todos olharam ao redor. -O garoto não apareceu para fofocar com a gente, tem algo errado.

 -Realmente, ele sumiu. -concordou Quil.

 -Deve estar tomando uma cervejinha na floresta. -zombou Embry.

 -Eu juro que se ele tiver ingerido uma gotinha sequer de álcool eu vou socar a cara dele! -ameacei.

 -Ele deve estar lá dentro, no banheiro. -sugeriu Jacob.

 -Vou procurá-lo. -avisei e fui em direção a casa.

 Entrei na casa dos Black, a cozinha e a sala estavam com as luzes acesas, o restante estava na penumbra, todos os cômodos em absoluto silêncio. Caminhei até o banheiro, que também estava vazio, dei meia volta para sair da casa, quando ouvi sussurros vindo do quarto de Rachel, agora ocupado por Solomon e Rebecca, parei e apurei os ouvidos.

 “Rachel, a história que o papai contou, eu já ouvi essa história antes, NÓS já ouvimos!”, exclamou Rebecca, ansiosa.

 “Eu não lembro de ter ouvido as lendas antes de voltar da faculdade”, respondeu Rachel.

 “Tente se lembrar, Rache! Nós éramos pequenas, estávamos na sala com nossos pais, mamãe estava grávida do Jake… e eles estavam contando as lendas para nós”, insistiu Rebecca.

 “Digamos que isso tenha acontecido, não entendi porque você está assim”, falou Rachel, preocupada.

 “Você não vê? Supostamente essas lendas eram passadas apenas de pai para filho, ou seja, papai estava quebrando as regras quando nos contou, mesmo que fossemos pequenas demais para lembrar!” respondeu Rebecca.

 “Desculpa, Becca, mas ainda não entendi”, desconversou Rachel, eu podia ouvir o coração dela, acelerado.

 “Rache, papai nunca quebra as regras no que diz respeito às tradições, ele não só estava contando para nós, como a mamãe também sabia, eu tenho certeza”, Rebecca falava de maneira acelerada, nervosa.

 “Becca, eu realmente acredito que isso tenha acontecido e que ouvir a história hoje tenha mexido com você, é normal que lembranças que são desbloqueadas de repente causem esse efeito em nós, mas eu não acho que seja nada além de um momento em família, onde os pais quiseram passar suas tradições e crenças para os filhos”, tranquilizou-a Rachel. Rebecca sussurrou.

 “Sinceramente, Rachel, eu não acho que papai contaria uma história dessas do nada para duas garotinhas, essa história é facilmente impressionável, sem falar no fato de que mamãe também sabia dela. Dito isso, eu vou ficar na minha e concordar que talvez a memória tenha mexido comigo, apesar do seu ceticismo não me convencer nesse caso… enfim, vamos voltar pra sua festa, amanhã é o grande dia” Rebecca cedeu, para alivio de Rachel e meu, que percebi estar prendendo a respiração.

 Voltei o mais rápido e silenciosamente possível para o gramado, levemente atordoada com a conversa das minhas cunhadas. Eu realmente precisava parar de ouvir a conversa alheia!

 -Leah? -chamou Seth, me dando um susto, estremeci.

 -Ai garoto, que susto! -reclamei, então o encarei. -Onde você tava?

 -Eu tava por aqui, ué. -respondeu.

 -Hm. -murmurei.

 Rachel e Rebecca saíram da casa, cada uma foi pra um lado, Rachel interagiu com os convidados, enquanto Rebecca foi até o marido.

 -O Solomon ficou bem empolgado com as lendas. -comentei, Seth se animou.

 -Demais! Nunca vi alguém tão feliz por ouvir essas histórias, imagina se ele soubesse a real. -concordou Seth.

 -Espero que ele não imagine nada, já temos muitos problemas por aqui, não precisamos de outro. -respondi, Seth analisou meu rosto, intrigado.

 -Algum problema? -perguntou, suspirei.

 -Não deve ser nada demais, só que a Rebecca se lembrou de já ter ouvido as lendas quando era pequena, ela conversou com a Rachel, estava bem agitada. -expliquei.

 -Como a Rachel reagiu? -questionou Seth, dei de ombros.

 -Ela estava preocupada, mas tentou agir com tranquilidade e não deixar o assunto se estender. -respondi.

 -É tudo que ela não precisa lidar agora. -falou Seth, concordei.

 -Bom, acho que ela foi bem encerrando o assunto, vamos torcer para que Rebecca se dê por satisfeita e deixe pra lá, amanhã é o casamento e ninguém precisa dessa preocupação. -falei.

 -Vai falar com o Jacob?

 -E dizer o que? “Então Jake, eu tava bisbilhotando a conversa das suas irmãs e a Rebecca tá desconfiada das lendas”, ele vai ficar pilhado e sabemos que ele não é bom em disfarçar as coisas. Ele e Rebecca estão em paz, vamos deixar assim, pelo menos até o final do casamento. -respondi.

 -Preferia contar, mas acho que nesse caso você tá certa. -disse Seth, o encarei.

 -Acho bom você ficar de bico bem caladinho, Seth. -avisei, séria, ele ergueu os braços.

 -Relaxa, tudo sob controle, irmãzinha. -respondeu evasivo.

 Olhei ao redor, Rebecca estava silenciosa, mas não parecia uma ameaça em potencial. Rachel estava andando pra lá e pra cá, aproveitando a noite. Decidi que devia fazer isso também, apenas deixar pra lá e curtir com as pessoas que gostava, se caso a desconfiança de Rebecca gerasse um problema, eu o resolveria quando surgisse. Procurei Jacob e o encontrei com nosso grupinho, me juntei a eles.

 O restante da noite foi repleto de conversas agradáveis, não nos estendemos até tão tarde, pois teríamos o casamento no dia seguinte e todos precisavam estar bem descansados, então quando os noivos decidiram se retirar, encerramos a noite. Jacob se juntou a mim e dormimos agarradinhos no meu quarto.


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