Jacob.

 No dia que eu fui provar meu terno pro casamento, estávamos apenas eu e Paul, sozinhos estrada a fora. Eu havia conversado com ele e Rachel sobre não ser uma boa ideia que eu e Sam fossemos juntos, minha irmã pareceu contrariada, mas não falou nada, já Paul parecia extremamente aliviado. Dessa forma, Paul foi com Sam e Jared dois dias antes e agora estava livre para me acompanhar até Seattle.

 -Quem diria não é, eu e você em paz. -comentou Paul de repente. Ele estava dirigindo, na volta seria minha vez.

 -Em minha defesa, eu já tinha coisas demais pra lidar quando você decidiu se apropriar da minha casa. Até o velho Billy você conseguiu afugentar. -respondi, rimos.

 -Rachel disse que eu podia me sentir em casa. -deu de ombros.

 -E você sentiu direitinho!

 Nós dois rimos por um tempo, então Paul me olhou por um instante.

 -Falando sério, estou feliz que nós tenhamos nos entendido. Também estou feliz por você e Leah, todos sabemos o quanto Billy e Sue se preocupavam com o futuro de vocês. -falou, assenti.

 -Pra ser sincero, eu nunca tive uma grande questão com você, eu só estava irritado e descontava em qualquer um, acontece que você sempre entrava na minha pilha, o que não justifica, é claro. -admiti. -Fico feliz que tudo esteja bem, você faz minha irmã feliz, eu torço muito pelo casamento de vocês. Apesar de qualquer coisa, somos uma família.

 -Sim, nós somos uma família! Só espero que todos lembrem disso no casamento. -desabafou.

 -Do meu lado está tudo certo.

 -Eu sei. -respondeu, então suspirou. -Sei que vocês só estão vivendo a vida de vocês, gostaria que Sam visse isso também.

 -Ele acha que tudo o que fazemos é uma afronta direta à ele! -exlamei.

 -Ele se perdeu… Olha Jake, sei que é pedir demais e que todos já devem ter te falado o mesmo, "tentar compreender os motivos dele", quando nem ele mesmo entende. Eu vejo o quanto você tem se esforçado pra manter a paz, e agradeço, não só pelo meu casamento, mas por toda a Reserva.

 Observei Paul, ele parecia cansado. Planejar um casamento não era tarefa fácil, principalmente tendo que lidar com tantos problemas externos.

 -Lamento que esteja passando por todo esse tormento num momento tão especial. -falei.

 -Se isso tudo não afeta-se a Rachel diretamente, não teria problema pra mim, eu ia lidar e pronto. Mas cada mínima coisinha atinge ela, ela sente que tem que escolher um lado… sei que ela não pensa isso, realmente, mas não deixa de parecer que o futuro marido dela está atacando seu irmão.

 -Ela não culpa você. Ela sabe que é difícil.

 -Acho que ela fica imaginando o quão mais fácil seria se eu deixasse a matilha de Sam. -disse, me surpreendendo.

 -Ela nunca pediria isso a você! -respondi de imediato.

 -Sei que não. Mas a questão com Sam é que ele tem ferido você e sua família já tem tempo. Quando você ficou longe por meses, Billy sofreu enquanto Sam mantinha uma postura rígida com você. Quando a matilha se separou, Billy e Rachel queriam ir até você…

 -Paul, o que passou passou, Sam esteve certo boa parte do tempo sobre minhas atitudes. -cedi.

 -Isso não deixa de ter magoado sua família. -retrucou.

 -O problema é que muitas coisas aconteceram e ninguém falou sobre isso.

 -A gente precisa de terapia! -decretou Paul, encerrando o assunto.

O resto do dia ao lado do meu cunhado foi extremamente agradável. Na hora da prova do meu terno, Paul fez uma vídeo chamada com Rachel pra ela conferir se estava tudo certo e pra minha surpresa, Leah estava junto com ela na hora.

 -Sua bundinha ficou uma delícia nesse terno, Jake. -falou minha garota.

 -Querido, veja se eles oferecem um seguro contra rasgos, porque se depender desses dois, esse terno não voltará inteiro! -zombou Rachel, rindo.

 -Faço questão de pagar! -ofereci.

 -Vou te lembrar disso. -avisou Paul.

 Encerramos a chamada e eu fui me trocar. Saímos da loja e passamos num bar, para almoçar, estava passando um jogo na tv, aproveitamos pra assistir e tomar uma cerveja.

 -Sabe o que é engraçado? -perguntou Paul.

 -O que?

 -Os genes de lobo aceleram nosso metabolismo, então ele elimina a cerveja bem rápido, evitando que a gente fique chapado. Pensando nisso, a gente podia beber pra caramba, mas quase nenhum de nós toma nada além de limonada nas noites de fogueira. -explicou.

 -Talvez seja porque Sam nunca nos deu essa liberdade. -respondi. -Quando fomos passar o final de ano com a Leah na Califórnia, com exceção do Seth, todos bebíamos quase todos os dias. Eu tenho certeza que a Leah sempre bebe ao menos um copo de cerveja quando vai numa festa e lá tem festa toda semana.

 Paul pareceu pensar por um momento.

 -Sei que não deve ser fácil, mas você parece lidar muito bem com a distância. -comentou, dei de ombros.

 -Bom, não há muito o que fazer. -respondi.

 -Você podia ter se mudado pra lá.

 -Talvez, mas a gente não queria apressar nada, nós dois tivemos o coração partido e não queremos que se repita. Leah está feliz, fazendo o que queria a muito tempo: pensar no futuro e sair de La Push, ela está feliz tendo um momento pra ela e isso basta pra mim. Eu estive muito tempo longe da minha família, ainda não está na minha hora de deixá-los novamente. -expliquei, ele assentiu.

 -Faz sentido, é bom ver que vocês estão fazendo o que os deixa feliz e conciliando isso com o namoro. -falou, sorri. -Não leve a mal o que irei dizer agora, mas acho que é bom que não tenham um imprinting um pelo outro, porque seria impossível que ficassem separados dessa maneira.

 -Eu sei, Quil estava à beira de um colapso e foram apenas dez dias. -concordei.

 -Fiquei sabendo que Embry teve um rolo com uma garota por lá.

 -Nem me fale, foi exatamente isso, um rolo! -reclamei, Paul riu.

 -Parece ter sido uma viagem incrível, gostaria que tivéssemos isso também. -disse, pesaroso.

 -Olha Paul, não quero lhes dizer o que fazer, mas acho que nesse momento, você e Jared deviam tomar as rédeas da situação. Vocês já tem a vida resolvida, mas aqueles garotos estão apenas começando e eles tem o direito de desfrutar o mundo. -argumentei.

 -Quando você ficou tão sábio, Jacob? -questionou Paul de brincadeira.

 -Experimenta romper com a sua família pra ir defender a garota que você acha amar, que tá grávida de um sanguessuga e de bônus ganhar uma convivência intimista com a Leah, você aprende algumas coisas. -respondi. Paul gargalhou e eu ri também.

 Pedimos a conta e pegamos a estrada de volta pra casa, dessa vez comigo ao volante. A viagem de volta foi regada de conversas banais, e percebi que eu gostava de estar ao lado de Paul, nós dois havíamos amadurecido bem. Quando chegamos em casa, nossas garotas estavam na varanda. Rachel correu até Paul, Leah permaneceu sentada e eu fui até ela.

 -E ai, gata, passou o dia aqui? -perguntei, me aproximando, ela sorriu.

 -Vocês parecem ter se divertido. -falou ela, sem me responder.

 -Foi um ótimo dia, sim, mas eu senti sua falta. -falei, ela ergueu a sobrancelha.

 -É mesmo? O quanto sentiu minha falta? -provou.

 -Ele falou de você o dia inteiro! -berrou Paul, revirei os olhos.

 -Para de escutar! -gritamos eu e Leah.

 -Vão logo pra um quarto! -gritou ele de volta.

 -Não é má ideia. -falou Leah. Então eu sorri.

 Peguei a mão de Leah e a puxei pra mim, no momento em que nossos corpos se chocaram, a joguei em meus ombros.

 -Até mais tarde! -gritei pra ninguém em específico, entrando em casa carregando Leah, ela riu.