Destinos Improváveis escrita por Nara


Capítulo 29
Futuro - Uma conversa dificil




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—_Expecto Patronum – ele chamou e a corsa brilhante saltou em sua direção “avise o diretor para me encontrar aqui imediatamente” ele pediu e a corsa sumiu no ar de forma obediente. Ele sabia que seria uma questão de minutos até que ele chegasse, aquele velho costumava ser bastante curioso, Shara havia acabado de dormir, ela ressoava levemente em seus braços, apoiada sobre o seu peito, era óbvio agora o quanto aquela criança podia estar cansada e sendo assim grande parte de tudo aquilo que ele havia presenciado ali, eram apenas as consequências de uma criança com falta de alimentação adequada e acúmulo de sono após é claro ser provocada e se sentir ameaçada o que pra piorar pode ter sido acentuado ainda mais depois que ela teve aquela visão. Ele passou a mão cuidadosamente pelas costas da criança, ele não era muito bom com crianças, ele nunca precisou se preocupar com a rotina de uma antes ou em tentar entender suas necessidades, mas ali estava ele tentando encontrar algum sentido em tudo aquilo,  ele não sabia nada sobre criação de filhos, não que fosse o caso ali, mas algum conhecimento certamente ajudaria.

—Severo – ele ouviu o diretor chamar enquanto entrava na sala de aula, fazendo uma varredura sobre o lugar e pousando os olhos surpresos sobre ele e a criança que estavam desajustados ali no chão, Severo sabia as implicações daquilo, mas ele não estava disposto a acordá-la, não tão cedo e o diretor era o único em quem ele podia confiar sua vida, afinal ali estava o único homem que já o havia visto chorar, Dumbledore  era o bruxo que conhecia seus piores pecados e erros, suas maiores dores, seus incontáveis arrependimentos e agora também  sua maior fraqueza, aquela criança – ela está morta? – ele perguntou parando apenas a alguns metros de distância entre eles.

—Sim - ele disse de forma séria – e preciso da sua ajuda para me livrar do corpo – ele disse revirando os olhos, o diretor sorriu abertamente, chamando uma cadeira e se sentando à sua frente.

—Deve ser uma história interessante de se ouvir – ele comentou apontando para a criança e se ajustando naquela cadeira enquanto cruzava as pernas - penso ela algo como o dia em que uma criança dormiu nos braços do mais temido e assustador professor dessa escola - ele piscou de forma divertida - ou quem sabe o dia em que o mais temido e assustador professor dessa escola fez uma criança dormir em seus braços, acho que prefiro essa última.

—Acha isso engraçado não é mesmo - Severo pontuou irritado – não pense você que eu a embalei ou algo do tipo.

— Oh não, claro que não - o diretor gargalhou como a muito tempo Severo não o via fazer.

—Tente não fazer tanto barulho velho, você não vai querer acordá-la, acredite – ele pediu com cautela.

—Uma pena, já que seria interessante poder ouvir o ponto de vista dela aqui – ele ainda sorria – e olhando assim apesar de me parecer bastante abatida, ela ainda tem um semblante bem angelical, crianças tem esse potencial quando dormem você não vê? - ele perguntou, claro como se ele apreciasse esse tipo de coisa, velho senil.

—Não se iluda, uma noite inteira sem pregar o olho e a falta da primeira refeição do dia tem o poder para transformar esse incrível e doce anjinho a sua frente em uma criatura que pode simplesmente invocar o demônio e mais o inferno inteiro a seu favor.

—Não pode ser tão ruim assim – o diretor disse tentado controlar o riso.

—Pode… - Severo o encarou por um momento - porque além de tudo, ela tem o meu temperamento – o sorriso do diretor se alargou ainda mais com aquele comentário.

—Devo admitir que você está coberto de razão nesse caso então – aquela afirmação o fez arquear as sobrancelhas, não que fosse alguma novidade – assim como admito que encontrá-lo nessa situação é algo bastante interessante de se assistir, mas acredito que não seja para isso que tenha me chamado – Alvo comentou - mesmo que isso já tenha valido a pena – Não, de fato havia algo a mais, embora as intenções agora fossem outras, e não simplesmente se livrar da criança como no início, ainda existia algo que aquele velho havia deixado passar de forma proposital obviamente e que Severo precisava elucidar ali e para não correr o risco, ele lançou um feitiço de privacidade que encobriu a criança, assim ela não poderia ouvi-los falar caso acordasse de forma repentina, embora aquilo fosse algo quase impossível de acontecer, já que a criança estava exausta.

—Sim – Severo afirmou - Você foi o primeiro a ler aquela carta, a carta de Maeva, você fez isso no primeiro dia de aula – Severo relembrou – e o conhecendo por tempo suficiente, posso assegurar que tenha revisitado essa mesma memória algumas outras vezes depois daquilo.

—Eu fiz – o diretor confirmou, aquilo era bastante previsível.

—Quando iria me contar que Maeva havia me atrelado a ela? – Severo perguntou sério olhando para a criança.

—Achei que não fosse necessário – ele disse finalmente – e vejo que estava certo.

—Claro que achou – Severo o encarou – a carta falava do colar já que a ave o trouxe no mesmo envelope, colar do qual você não deu a menor importância naquele dia, um fato curioso eu diria, mas pelo que posso me recordar você sabia muito bem a respeito dele e do que esse acessório poderia fazer, afinal foi você que comentou sobre isso comigo na enfermaria, quando Shara sofreu aquele acidente na sala comunal da Sonserina além de que foi você também que mencionou sobre o uso de magia antiga quando eu o estava testando.

—Sim eu fiz – agora ele estava sério, ele estava escondendo algo e esse era o seu ponto ali, Severo iria chegar lá.

—hummm interessante – Severo o encarou – o que mais você sabe sobre ele e que você esteja escondendo de mim? – ele foi direto ao ponto.

—Eu posso ver que Shara tem a quem puxar... o talento que tanto te incomoda é claro – obviamente que aquilo fez Severo erguer uma das suas sobrancelhas em sinal de confusão, aquilo era uma espécie de elogio? ou aquele velho estava apenas dando voltas? mas Severo entendeu o que ele havia tentado insinuar ali – ela é perspicaz não é meu caro? é bastante astuta e também muito esperta, muito além da sua idade, eu posso ver que foi ela que percebeu esse arranjo sutil, uma pequena pista que Maeva deixou naquele papel, e ela fez isso muito antes mesmo de você se dar conta disso... – aquilo o incomodava, de fato Alvo tinha razão, mas Severo nunca tinha percebido o quanto aquela criança carregava de si mesmo nela - interessante, tenho certeza de que poderemos esperar grandes coisas dela no futuro – ele disse se levantando –  e isso também é sobre o colar, já que existem expectativas, mas é complicado Severo, muito complicado.

—O que é complicado? – ele não poderia deixa-lo divagar de forma tão vaga sobre aquilo, para simplesmente vê-lo fugir depois sem elucidar seu raciocínio, aquele velho era ardiloso e após tantos anos, Severo conhecia suas estratégias muito bem – eu exijo saber – ele impôs – você sabe o quanto eu detesto enigmas Alvo, principalmente quando eles me envolvem de alguma maneira – como era o caso ali – e bem seja lá o que for que esteja tentando encobrir eu mais do que ninguém posso tenho o direito de saber, ou acha que não posso lidar com isso? – Alvo o olhou de maneira diferente, aquilo o havia convencido.

—Elza Lowell – Alvo disse de forma triste – foi quem me mostrou o colar pela primeira vez – Pelo sobrenome era obvio que aquela tinha algum tipo de parentesco com Maeva a mãe dela talvez? – ela era a avó de Maeva – isso respondia sua pergunta – fazem anos que não há vejo embora minhas suspeitas recentes me digam que ela ainda está viva e escondida em algum lugar.

—Está me dizendo que Shara tem um parente por parte de mãe, que está vivo, é isso? – ele perguntou incrédulo, se fosse o caso ela seria uma senhora bastante idosa agora, mas o que o deixou mais abismado ali é que se isso fosse mesmo real, onde ela estava esse tempo todo? E por que ela não havia ido até a bisneta?

—Sim, uma bisavó – Alvo parou de costas para ele – nenhuma guardiã conseguiu se esconder com sucesso por tanto tempo como ela, nenhuma Severo e isso não é comum – aquela constatação fez com que ele passasse os olhos de forma involuntária sobre a criança que repousava sobre si agora de maneira tão calma, ele não podia deixar de se sentir aflito, afinal era mesmo um futuro duvidoso e cheio de perigos – eu sinto muito Severo - Alvo pareceu notar, agora ele havia se virado e se aproximado deles - o futuro para alguém que carrega uma marca como essas que está tão cheia de simbologias e significados não é muito promissor não é mesmo, Maeva é a prova disso – Severo tentou manter sua feição o mais vazia possível, afinal ele havia acabado de insinuar que poderia lidar com seja lá o que fosse, mas aquelas palavras o atingiram em cheio e ele podia sentir seu coração pesar, por mais que negasse, ele se importava com aquela criança estupida, mesmo não desejando nada daquilo, ou fugindo do que sentia, mas ela era dele.

—Eu a protegerei com a minha vida – ele disse, enquanto a envolvia um pouco mais para perto de si, Alvo tinha razão sobre o fato dela parecer com um anjo enquanto dormia – eu fiz uma promessa, e mesmo que não me sinta confortável com a situação em que Maeva me deixou, a promessa será mantida.

—Não é suficiente – Alvo o encarou - tudo isso Severo é muito maior do que você pode imaginar – Dumbledore o olhava sério – por hora, ela deve usar o colar, isso bastará.

—Ela usará – Severo disse, empurrando qualquer sentimento conflituoso para a parte de trás de sua mente, embora pudesse sentir a ira tomando conta do seu interior, ele detestava quando algo fugia do seu controle assim, mas ao mesmo tempo ele sabia que aquele velho nunca errava, ele era o bruxo mais brilhante de todos os tempos, razão pelo qual o fez mudar de lado no auge daquela maldita guerra, pois ele sabia que Alvo era o único que poderia deter o lord das trevas e defender quem ele amava, e agora ouvi-lo declarar aquelas verdades tão duras sobre o futuro daquela criança, fez com que ele desejasse mais uma vez nunca ter sido envolvido em nada disso, ele não poderia perder mais ninguém – do que você está falando aqui? – ele pediu.

—Do colar é claro – ele disse de forma vaga – Shara tem chamado a atenção sobre si, não é culpa dela obviamente e por mais que Maeva tenha se esforçado para faze-la desconhecida aos olhos de quem pudesse ou quisesse a machucar, alguma força maior, algo que eu não posso compreender fez a hidra se mover até aqui e encontra-la– Alvo parecia pensar sobre aquilo.

—Antony havia dito que algumas criaturas podem sentir quando uma ameaça se aproxima – Alvo o olhou desconfiado – o pássaro – Severo explicou percebendo que havia dito o nome daquela maldita ave de forma intima demais, o que havia de errado com ele?

—Sim é claro, havia me esquecido o nome dele, bem isso é verdade, mas isso só faz piorar, afinal uma hidra pode até reconhecer o perigo, admito, mas a hidra em questão sabia muito bem a quem atacar, ela não atacou Potter ou Weasley quando ambos entraram naquela água com o intuito de salva-la naquele dia, a hidra estava focada no seu único objetivo, a criança, Severo uma hidra não é apenas uma criatura aquática – Severo não entendeu a última referência, ele precisou de um tempo para processar aquilo.

—Eu sei o que hidras são, posso nunca ter visto uma, mas eu sei sobre... – Alvo o cortou.

—Não você não sabe, assim como a maioria dos bruxos também não, uma hidra, é uma fera selvagem, e essa informação qualquer literatura poderá te fornecer, porém existe algo sobre o passado dela - Alvo disse concentrado – que a literatura contemporânea simplesmente não traz, uma hidra nem sempre foi aquilo que vemos e sabemos hoje em dia, mas a verdade é que assim como Medusa aquela criatura também está embaixo de uma maldição, curiosamente tudo isso aconteceu naquele mesmo dia – Alvo informou – mas pelo que me recordo foi você que disse não acreditar e nem se importar com aquela lenda, uma pena é claro, portando não tomarei o seu tempo com esse tipo de bobagens.

 _Não – Severo queria levantar, encara-lo nos olhos ou azara-lo que fosse, mas aquela condição não o permitia - apenas continue, Alvo, e veremos, deixe que eu julgo isso – o diretor assentiu, parecendo satisfeito.

—Medusa tinha duas irmãs, Esteno e Euriale – Alvo fez uma pausa o encarando – Medusa foi uma bruxa de beleza ímpar, porém suas irmãs não e elas também não tinham magia, elas eram não magis e portanto, desde muito cedo elas a invejavam em tudo – Severo ouviu aquilo com atenção, ele não podia deixar de associar aquilo a Lily e Petúnia Dursley – Sim Severo, a história apenas se repete, eu posso ver no que você está pensando.

—Não ouse usar legilimencia em mim – Severo grunhiu.

—Não se faz necessário Severo, acredite – Alvo informou - em vingança, foram elas, as suas próprias irmãs que denunciaram a Atenas o que havia acontecido entre Medusa e Poseidon e bem o resto dessa história você já sabe, o que você não sabe é que naquele mesmo dia Poseidon irado com o que tinha acontecido com Medusa, as condenou, suas irmãs debaixo de outra maldição, elas foram transformadas naquela criatura marítima horrenda, a hidra que conhecemos, ambas presas em um único corpo, e abaixo do governo de sua irmã mais velha no reino de água doce, assim elas passaram a servi-la como castigo. Medusa ao contrário de suas duas irmãs era mortal, mas elas sentenciadas a aquela vida miserável, não, então conclua aqui que a hidra que atacou Shara naquele dia no lago, na verdade é um ser milenar e com bastante cede de vingança.

—Alvo por mais mirabolante que isso tudo possa parecer a pergunta que eu faria aqui é por que só agora? e por que ela? – ele apontou para a criança, se aquilo tivesse um fundo de verdade, teria que haver um motivo.

—Shara representa perigo, isso é evidente – Alvo disse, enquanto caminhava pela sala – Medusa governou o reino das aguas doces por um bom tempo, condenou suas irmãs a morarem em um pântano, mas ela não era eterna e assim que ela deixou essa vida, as suas irmãs passaram a disputar o trono, o reino de água doce é um reino dividido, mas o principal elas buscam vingança contra Poseidon e contra toda a sua descendência, desde a primeira guardiã até os dias atuais, porém existe algo que nenhuma outra guardiã conseguiu reunir durante esse tempo todo Severo, e que Shara possui – Severo fechou os olhos por um momento antes de continuar com aquilo, na dúvida se desejava mesmo saber do que se tratava.

—O colar, presente de Poseidon as protege, cada guardiã por um período especifico de tempo, mas existe algo a mais... a varinha – Alvo disse por fim – esses dois elementos juntos são fundamentais para... – Essa foi a deixa para Severo o interromper dessa vez ainda de olhos fechados.

—Quebrar a maldição – ele disse abrindo os olhos e encarando o diretor que assentiu.

—Sim Severo, agora perceba aqui que quebrar a maldição é interesse de apenas um dos lados desse reino dividido, já que independente do que aconteça a hidra ela nunca mais poderá voltar a sua forma natural, e se a maldição for quebrada por uma guardiã, a hidra terá que se render a Poseidon por todo o sempre, já que não existirá mais dois reinos aquáticos, apenas um, como no início.

—Não se trata apenas de uma disputa territorial – Severo parecia pensar também, e isso era ainda mais informação do que aquilo que Antony havia revelado naquele dia – a hidra sente a ameaça e está tentando evitar sua condenação – aquilo o fez estremecer se não fosse por aquele pássaro, naquele dia no lago, aquela criança já poderia estar morta.

—Sim, como eu disse isso é algo muito maior, as irmãs de Medusa foram antes de qualquer outra criatura, as primeiras inimigas de uma guardiã, antes mesmo de qualquer bruxo em terra almejar o sangue de uma delas para qualquer ritual – Severo estava processando tudo aquilo, dizer que ele não acreditava não era mais uma verdade, ele estava envolto de tudo aquilo agora, era fantasioso, mas haviam fatos e contra fatos definitivamente não haviam argumentos, velha e popular filosofia trouxa, a hidra era real e ela havia atacado.

—Você comentou sobre a varinha Alvo, e você está me dizendo que nenhuma guardiã chegou a possui-la no passado, mas me perdoe, já que não faz sentido, uma varinha como aquelas estar à disposição no Olivaras e nunca ter sido encontrada por ninguém anteriormente – Aquilo não fazia nenhum sentido mesmo, uma varinha daquela magnitude estava simplesmente no lugar mais óbvio de todo o mundo bruxo, numa loja de varinhas.

—Sim, a varinha de Medusa – Alvo sorriu de forma singela – nenhuma guardiã a usou antes, Elza foi a primeira a juntar as peças, ela gastou a vida atrás daquela varinha e a encontrou, possivelmente a deixando no Olivaras após isso, ela sabia que ela chegaria até Shara assim, Elza preparou o terreno muito bem, ela era esperta.

—Já que ela era esperta o suficiente e possuía os elementos necessários, o que há impede dela mesma fazer aquilo que me parece estar compelindo Shara a fazer aqui? - ele perguntou intrigado - Shara é apenas uma criança Alvo, completamente indefesa – Severo disse sentindo seu sangue esquentar mais uma vez.

—Elza não podia mais, pois ela não era mais a portadora legitima do colar, o colar ele só protege uma guardiã por vez Severo e apenas uma pode se tornar sua dona e usá-lo para essa finalidade, quando uma guardiã gera outra vida, outra criança, outra menina, magicamente os poderes do colar passam a proteger a guardiã mais nova – ele explicou.

—Curioso, assim como a lenda que fala do sangue, que apenas o sangue da guardiã mais nova poderá ter valor e ser usado no ritual – ele meditou sobre aquilo.

—Exato Severo e por isso o colar é tão importante e Shara deve usá-lo, mas ainda assim, sobre quebrar a maldição, não é tão simples, existe algo a se fazer, algum segredo que aquele colar carrega, e isso é algo que infelizmente ainda não sabemos, mas que Shara aparentemente pode fazer, como se estivesse predestinada a isso – Antony havia falado sobre isso também, sobre Shara ser predestinada a aquilo, e Shara de fato havia notado a poção, ele suspirou.

—A poção – ele disse por vez.

—Sim, magia antiga, um bom começo para uma criança indefesa não é mesmo? - Alvo o analisou, ao usar suas próprias palavras ali - sabe Severo, tudo isso me faz pensar outra coisa, afinal como podemos ver e como você bem pontuou inicialmente Shara herdou muito de suas características e habilidades, ela notou a poção por que ela possui vocação pra isso, no caso ela precisava ser sua – Alvo disse repetindo apenas aquilo que o pássaro já havia dito anteriormente – ela é filha de uma guardiã e também filha do maior mestre de poções que já existiu - Severo suspirou era a segunda vez que aquilo era dito daquela maneira para ele.

—Suponho que aquele pássaro tenha vindo até você e te dito tudo isso não é mesmo? - Severo perguntou sabendo que obviamente era o que ele tinha feito, aquele pássaro fofoqueiro.

—Na verdade não Severo - Alvo disse de forma séria - ainda não tive a oportunidade de conversar com ele, quer dizer não recentemente – Eu admiro que queira protege-la, mas saiba que Shara carrega consigo um grande desafio e que independente do que você faça, não irá conseguir detê-la.

—Alvo eu não permitirei que ela seja exposta ao perigo dessa maneira por que você, uma bruxa velha e um pássaro falante achem que ela deva - ele estava falando sério ali.

—Shara corre perigo desde o dia que nasceu, você não pode mudar isso - ele disse por fim.

—Bastante promissor Alvo - Severo devolveu de forma fria – mas enquanto ela estiver sob minha responsabilidade, haverá freios – ele cumpriria sua promessa como ele bem havia dito e Alvo não disse mais nada sobre isso - ainda sobre a varinha, seguindo a coerência de tudo que foi dito até aqui chego à conclusão óbvia de que a varinha foi um presente da Sra. Lowell correto? - Alvo assentiu - bom então se ela era a bruxa idosa que foi até o Olivaras, a bruxa que não gostaria de ser reconhecida, a bruxa que simplesmente sumiu por todos esses anos e apareceu apenas para presentear a bisneta com essa adorável e absurdamente difícil e perigosa empreitada, um belo presente é claro – ele disse irritado ali – por que ela simplesmente não o fez pessoalmente? Teria sido muito mais esclarecedor, principalmente para aqueles que se preocuparam com essa aparição repentina de alguém que visivelmente sabia muito mais do que deveria – Por Merlin pelo que tudo indicava todas as mulheres daquela maldita família eram complexas e terrivelmente difíceis de compreender.

—Entendo seu raciocínio Severo, mas não se esqueça que ainda assim foi a varinha que a escolheu e isso só é possível por que existe uma conexão e um propósito - Sim tinha isso também, Severo não sabia mais em oque se apegar, já que aparentemente aquela criança que repousava de forma tranquila em seu peito, estava mesmo predestinada a algo grandioso – Elza deve ter seus motivos para fazer da forma como fez – Alvo deu de ombros – desconheço a maioria deles.

—Como ela pode prever o futuro Alvo? Sabemos que isso não funciona assim, eu mesmo nunca vi um bruxo com tamanho potencial e como ela pode saber sobre mim? - Severo perguntou se lembrando de como Olivaras também havia ficado deslumbrado com aquele fato, já que aquela senhora havia previsto com exatidão o que iria acontecer e tudo isso com um mês de antecedência.

—Sim ela sabe, penso que Maeva possa ter comentado sobre a paternidade da criança, mas isso é apenas uma suposição é claro, já sobre prever o futuro, digamos apenas que toda guardiã ao nascer é presenteada com um ou mais dons, dons esses que não são comuns entre a classe bruxa, faz parte da magia ancestral dessa família, e acontece principalmente em virtude de ela carregar o sangue de Poseidon que era um Deus. Elza por exemplo, pode fazer breves viagens no tempo e também pode manipular sonhos - Severo o encarou por um momento pensando em como Alvo poderia ter aquelas informações assim de forma tão precisa - Elza me contou a alguns anos atrás ele disse respondendo sua pergunta, fomos amigos Severo, acredite ela era uma companhia muito agradável.

—É claro - Severo disse por fim, quando ele conheceu Maeva nada disso havia sido dito, e cada vez que ele obtinha mais informações sobre o seu passado mais certeza ele tinha de que a conhecia muito menos do que ele podia imaginar – alguma possibilidade então da Sra. Lowell ter visto o sucesso disso tudo no futuro? Já que ela tem sido essa grande facilitadora – Severo disse esse ponto com certa ironia, era fácil ficar nos bastidores, arranjar tudo, e nem sequer aparecer.

—Faria sentido, porém existe algo… Elza, ela não pode interferir nos acontecimentos, nem no passado e nem no futuro, já que a lei de espaço e tempo é clara, poderia ser desastroso, então penso que não, ela não sabe, mas ela está mobilizando as coisas justamente por acreditar que exista mesmo a possibilidade de Shara ser a guardiã escolhida para essa árdua empreitada, mas não que ela possa ter alguma certeza do sucesso dela nisso tudo - Certo, Severo pensou que aquilo poderia ser algo em que se apegar, mas não era o caso então, ele tinha muitas outras dúvidas, mas até o momento era o bastante.

—Ainda mais promissor - Ele disse encostando a cabeça contra a parede.

—Eu sinto muito - o diretor disse passando os olhos sobre a criança – O futuro é incerto Severo, para todos nós, mas consegue ser ainda mais intimidador para alguém como ela – ele disse parecendo pensar em algo - Severo e isso é tudo que eu sei sobre o colar e agora você sabe exatamente o mesmo que eu – ele disse o encarando e voltando a se sentar na cadeira que ele havia convocado anteriormente – e isso ainda não responde sua pergunta inicial, sobre Maeva tê-la atrelado a você, penso que ela sabia que você poderia protege-la até certo ponto, ela certamente confiava em você pra isso, mas acredito que ela não sabia sobre o potencial da criança até então, ela morreu sem saber que Shara estava predestinada a isso.

—Bem, essa não era bem o tipo de conversa que eu imaginei que teríamos aqui, mas como eu disse eu mesmo vou julgar tudo isso, porém confesso que precisarei de um pouco mais de tempo para conseguir associar - Severo disse também analisando o diretor e olhando outra vez para a criança que sequer havia se movido em seus braços - ela não vai conseguir Alvo - ele disse por fim - ela não está preparada para isso.

—Assim como Potter também não está para Voldemort - Alvo disse o encarando - ainda - ele concluiu - sobre isso leve o tempo que precisar, mas existe algo que você precisa saber Severo, já que agora você também detém a verdade - Alvo disse e Severo sabia que havia algo a mais ali - uma hidra não é apenas uma criatura aquática – ele reforçou outra vez.

—Você mencionou isso antes - Severo disse, será que Alvo estava começando a ter demência?

—Sim, mas não me refiro apenas a aquilo que aconteceu no passado, ontem à noite uma mulher misteriosa foi vista no vilarejo de Hogsmeade, ela atacou um comerciante local e o matou a sangue frio e devorou partes dele – aquilo foi chocante, uma mudança brutal - alguns bruxos desconfiaram que poderia ser algum tipo de distração de algum clã de bruxos rivais ou até mesmo um antigo comensal da morte disfarçado, e a perseguiram até a floresta, porém o que chama bastante atenção aqui foi o relato de alguns dos aldeões, já que eles viram a mulher supostamente entrando no lago e submergindo de forma sobrenatural - Alvo disse bastante sério.

—O que isso pode significar Alvo? – Severo sabia que não poderia ser bom.

—Significa que em determinadas circunstancias uma hidra pode sair do seu refúgio, a lenda menciona isso também, em noites em que a luz da lua seja predominante sobre a terra a Hidra pode se transformar em uma mulher e pode caminhar pelos arredores do lago, ela também pode atacar caso sinta fome, foi o que aparentemente ela fez, ela não pode ir muito longe já que sua forma natural não sobrevive longe da água  – Alvo comentou – Obviamente que ela não poderá entrar no castelo, Hogwarts tem proteções suficientes para impedi-la, mas suponho que teremos que ter vistorias noturnas pelos arredores do castelo em noites onde a lua se fizer presente, acredito que a hidra esteja tentando chamar nossa atenção e precisamos estar atentos aos nossos alunos.

—Shara não deve sair da escola – Severo foi enfático – já que ela é o alvo - Severo podia sentir o ar lhe faltar ali.

—Ela não deve tirar o colar – o diretor informou e Severo assentiu, ele mesmo cuidaria disso – o profeta diário ainda não publicou nada a respeito do ocorrido, suponho que o ministério esteja controlando isso, eles não querem alarmar a população bruxa, mas é uma questão de tempo Severo.

—Cuidarei disso – Severo disse - ela usará o colar nem que eu tenha que cola-lo no pescoço dela - ele faria se fosse o caso.

—Tenho certeza que sim – o diretor se levantou – Maeva podia não saber sobre nada disso, pelo menos não dessa maneira, mas ela sabia que você a protegeria independente do que pudesse acontecer, por isso ela deixou a pista – Severo encarou o professor que parecia refletir sobre aquilo – ela estava certa.

—De fato, ela estava, mas não me restam escolhas aqui – Severo disse pensando em quanto Maeva havia sido sutil com tudo aquilo.

—Todos temos escolhas Severo e você já fez a sua – aquilo o calou, mais uma vez o diretor tinha razão – Sobre as aulas, pedi para o professor Lockhart cobrir a sua turma nessa tarde – aquilo o tirou dos seus devaneios.

—Desculpe? – Severo estava indignado – aquele paspalho não sabe a menor diferença entre uma pena de ganso para uma pena de hipogrifo, e você o tem na minha sala de poções, repleta de ingredientes letais e de cabeças ocas os manuseando de forma descontrolada, acredite ele vai destruir essa escola antes mesmo que você saia dessa sala de aula.

—Não seja tão presunçoso Severo, ele não é um completo imprestável – Alvo riu com o canto da boca.

—Você sabe que ele faz – aquilo era completamente infame.

—Bom, foi o melhor arranjo que pude fazer em tempo, e que veio a calhar já que na próxima terça-feira ele havia me pedido uma folga de dia inteiro, parece que vai ter algum tipo de evento o lançamento de uma nova coleção de cremes para a pele que ele foi convidado a participar e bem, você poderá retribuir o favor, o cobrindo na sua aula de defesa daquela manhã, é para o primeiro ano, nada complicado de resolver – Alvo pediu de forma divertida.

—É claro, seria um prazer Alvo, apenas torcemos para que ele ainda tenha alguma pele para mostrar até lá já que a maioria daqueles ingredientes pode ser bastante agressivo se usado de forma inadequada – Severo ponderou, se bem que não seria nada mal se algo do tipo o acometesse.

—Então vamos torcer para que isso não aconteça – ele sorriu de forma divertida – Severo estarei na minha sala de aula se precisar de algo – o diretor disse se retirando.

—Onde pensa que vai velho? – Severo o chamou – existe ainda o segundo motivo pelo qual eu o chamei aqui essa tarde, ou você acha que era apenas para termos uma conversa difícil? – Alvo se virou intrigado – me ajudar a levantar daqui, afinal não sou mais tão novo assim e minhas costas estão me matando – Alvo se aproximou estendendo a mão para ele, Severo segurou a criança contra si, enquanto aceitava a ajuda e se levantava, ela mal se moveu ali, e ele agradeceu – vou deixar Shara no seu dormitório, mas antes precisarei de uma poção para dores musculares – ele disse – pare de rir velho tolo – ele pediu e depois de um whisky de fogo.

—Sabe Severo confesso que nunca o imaginei nessa posição - ele sorriu - tão paternal - aquele comentário fez Severo revirar os olhos.

—Cale a boca velho – ele disse - se você soubesse o que houve aqui antes de chegar, diria qualquer coisa, menos isso, então não se deixe influenciar apenas pelas circunstâncias, você já deveria saber isso - Severo disse se aproximando da porta.

—Severo - Alvo chamou - o que aconteceu aqui? - ele perguntou desconfiado.

—Eu não sou uma pessoa boa, afinal eu sou o temível professor de poções dessa escola - Severo disse, sorrindo com o canto da boca - por hora deixo apenas na sua imaginação, já que no momento tenho uma criança para colocar na cama - ele disse enquanto saia, deixando um diretor abismado e sem nenhuma informação para trás, de certa forma aquilo o fazia se sentir melhor.


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Notas finais do capítulo

Obrigada a quem esta acompanhando até aqui :)
Fico feliz que estejam gostando, estou tentando não demorar tanto para responder algumas coisas, mas tem muita agua pra rolar ainda, literalmente hahaha (se eu já fiz essa piada antes, me perdoem :) )

Por favor comentem :)



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