Alternate Eldarya escrita por Ahelin


Capítulo 3
Resoluções


Notas iniciais do capítulo

Alô! É esse o momento em que eu invento uma fanfic de como estava ocupado porque fui abduzido por alienígenas que me fizeram dançar a Macarena?
Brincadeiras à parte, vim com o terceiro capítulo. Serão cinco no total!
Ele tava praticamente pronto, mas eu simplesmente não conseguia tirar minha bunda preguiçosa do sofá pra terminar. Tô feliz que isso finalmente aconteceu hehehe
Ah, não esquece de dar uma olhada na sinopse de novo! Tomei vergonha na cara e adicionei um contexto temporal que vai ser importante nos próximos capítulos.
Sem mais delongas, aproveita! Te vejo lá embaixo o/



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Três pares de olhos curiosos estavam à espreita quando os primeiros raios de sol infiltraram as janelas da sala de leitura. Lentamente, suas orelhas captaram os cochichos vindo dos espectadores.

Você abriu os olhos devagar para não assustá-los, sentindo-se culpada com a ideia de ouvir o que estavam dizendo. Até mesmo sua bisbilhotagem tinha um limite. Você poderia, em vez disso, aproveitar o momento para dar uma boa olhada neles.

— Ela acordou! — Aowin disse com um gritinho de surpresa, escondendo-se atrás de Beri. Ela era a menor dos três, e seu rosto arredondado contribuía para a imagem doce e gentil. Seus cabelos eram castanhos e curtos, mas os olhos eram quase tão verdes quanto os de Ezarel e as orelhas também terminavam em pontas delicadas.

— Calma, Ao. Ela não vai te morder. — Alyssa sorriu e acenou com a mão para você. Ela era a mais alta, ganhando de Beri por alguns centímetros, e de seu longo cabelo alaranjado despontavam pequenas antenas semelhantes às de uma abelha. Os olhos dela eram a particularidade mais interessante: as íris douradas e a esclera quase preta. Mesmo tendo parecido tímida no jantar, ela era claramente a líder da trupe. — Bom dia!

— Bom dia — você respondeu com um sorriso, esfregando os olhos para se livrar do sono remanescente. 

— Você dormiu aqui? — Beri franziu as sobrancelhas. Seus cabelos dourados e lisos cresciam um pouco sobre o rosto e emolduravam orelhas que te lembravam dolorosamente de Ykhar. Seu sorriso levado era a maior marca de todas. 

— Sim, mas não se preocupem. Foi minha noite mais confortável em dias. — Você esticou os braços em direção ao céu, alongando a coluna, e constatando que suas costas não doíam tanto.

A visão da sala era de tirar o fôlego; seu pensamento do dia anterior sobre o sol refletindo nos penduricalhos de vidro estava certo. Mais do que nunca, você gostaria de conseguir tirar uma foto. 

No canto da sala, foi possível ver Beri passando alguma coisa para Alyssa. Um pequeno objeto que parecia suspeitamente com uma bolsa de moedas. Qual poderia ter sido a aposta? Surpresa, você constatou que, assim como crianças sempre seriam crianças em qualquer universo, pré-adolescentes também nunca mudariam. 

— Que bom. — Alyssa sorria de orelha a orelha. — Você vem de longe?

— Eu diria que sim… 

— Longe, longe, como o centro de Eel? — Aowin piscou seus grandes olhos castanhos. Estava desconfiada de alguma coisa.

Quanta informação revelar? Se eles não conheciam toda a história de Ezarel no QG, não fazia sentido contá-la sem que ele estivesse ali para se defender. E se eles conheciam… Isso significaria que eles saberiam ao menos um pouco sobre você, a não ser que o elfo tivesse omitido esse detalhe. 

— Sim, eu moro nas planícies — você ofereceu, com um pequeno sorriso. — No QG. Nós trabalhavamos juntos, Ezarel e eu.

Não era mentira, mas estava longe de ser toda a verdade. 

Os três se entreolharam, rostos curiosos se iluminando.

— Isso quer dizer que ganhamos uma fonte de fofocas sobre como o Ez era quando mais novo? — Beri esfregou as mãos maliciosamente, recebendo em resposta uma cotovelada de Alyssa.

— Pra isso você arrastou a gente até aqui? — Ela ralhou. — Pra interrogar a convidada?

Você ergueu as mãos num gesto pacificador. 

— Vou selecionar as melhores histórias, prometo, mas antes disso preciso desesperadamente de um banho. Tem algum banheiro que eu possa usar?

 

A água quente te fez bem, e o sabão operou maravilhas. Os três insistiram que você usasse o banheiro interno, e você agradeceu à vaidade de seu anfitrião pela quantidade generosa de cremes e óleos enfileirados sobre a porcelana da banheira. 

Com sua pele limpa e seu cabelo cheirando a lavanda, você finalmente se deu por satisfeita. A toalha que lhe entregaram era macia e agradável. Isso, somado ao fato de o homem de seus sonhos estar dormindo no quarto vizinho, com certeza tornou aquela manhã uma das melhores que você havia vivido em meses.

Vestida agora em roupas leves e confortáveis — que fariam Purriry remexer-se em seu sono — você rumou para a cozinha onde os três adolescentes estavam. 

Alyssa estava fervendo água, enquanto Beri e Aowin preparavam pequenos lanches e os colocavam em sacolas iguais. 

— Vocês sempre fazem o almoço de todo mundo? — você perguntou, a voz baixa.

Alyssa deu de ombros. 

— Só quando acordamos primeiro. Ezarel sempre reclama, mas secretamente ele aprecia a ajuda. 

Você assentiu. 

— É a cara dele.

Beri ergueu a cabeça para te olhar, os olhos brilhando.

— Isso me lembra… Desde quando vocês se conhecem?

Você pensou. 

— Nos conhecemos há oito anos. — Doeu mais do que o previsto dizer isso em voz alta.

Os três trocaram risadinhas. 

— E como ele era? — Aowin entrou na conversa. Apesar de ser mais tímida que os outros dois, também estava curiosa. 

— Reclamão. — Você sorriu, lembrando com carinho. — Ele me odiava no início, e só começou a me tratar de um jeito mais ou menos decente quando comecei a ignorá-lo. 

Beri riu. 

— Sério?

— Você não faz ideia! — Você rolou os olhos. — Miiko, nossa capitã na época, me deu um quarto que não tinha colchão. Quando fui pedir encarecidamente às pessoas por qualquer coisa que não me obrigasse a dormir sobre a madeira de um projeto de cama caindo aos pedaços, ele riu e disse que eu era fresca. Mas não se preocupem, tive minha vingança depois. Miiko admitiu que eu estava certa e me pediu para escolher alguém para decorar meu quarto. 

— E você o escolheu. — Alyssa estava incrédula.

— E ele ainda reclama disso. Reclamou ontem, inclusive. — Você sorriu, a memória aquecendo seu coração. 

— E vocês saíam juntos em missões? — Beri estava terminando de fechar as sacolas de almoço, e logo pôde te dar atenção completa. 

— Sim, várias vezes. Uma vez resgatamos um bebê Kappa e cuidamos dele por alguns dias. Foi quando pensei pela primeira vez que ele seria bom com crianças. Mas não pense que ele ia comigo sem dizer nada. — Você ajustou sua voz para um timbre mais grave e usou suas melhores habilidades de atriz para imitá-lo. — Não acredito! Vou ter que ficar com ela de novo? Só pode ser tortura! O que fiz para merecer isso? Isso é punição do Oráculo, tenho certeza. Devo ter jogado pedras no Cristal… 

Vocês quatro abafaram as risadas, tentando não acordar o assunto da conversa. 

— E você dizia o quê?

— Absolutamente nada. — Você abriu um sorriso maléfico. — Outra vez eu o ignorei por tanto tempo que ele fingiu estar passando mal para chamar minha atenção. 

Aowin balançou a cabeça.

— Parece o Beri. Ele prendia a respiração quando ficava bravo. Ezarel ficava maluco achando que ele estava morrendo.

— Ei! — protestou o garoto. — Isso já faz tempo!

Você deu de ombros. 

— Eu diria que é bem feito para ele. Inclusive, podem incomodá-lo o máximo que conseguirem, ele precisa pagar pelos próprios pecados. 

Alyssa ergueu as sobrancelhas e olhou na direção do corredor. 

— Não é por falta de esforço. Ele está tendo uma temporada bem agitada. 

Você assentiu, satisfeita. Com os lanches prontos, Alyssa foi acordar os mais novos enquanto vocês fofocavam ao redor da mesa, saboreando um belo chá servido por Beri. 

Minutos depois, vocês ouviram um barulho e a cozinha ficou em silêncio. O arrastar de pés de Ezarel era o único som conforme ele entrava, esfregando os olhos, e caminhava em direção à pia sem ver para onde estava indo. 

Ele pegou uma xícara, colocou nela um infusor com ervas e completou com água da chaleira, parecendo meio sonâmbulo. Beri, Ao e você apenas o observaram, às vezes trocando alguns olhares entre si. Foi só depois de tomar o primeiro gole de chá que ele estalou o pescoço e se virou para desejar um bom dia…

E imediatamente deixou a xícara cair no chão, o chá se espalhando por todo lado. Ela fez um barulho alto, mas não quebrou. 

Aowin levantou em um pulo e pegou um pano, seu rosto cheio de preocupação. 

— Tudo bem aí? — Ela deixou o pano no chão para que absorvesse o chá e recolheu a xícara.

Ezarel parecia ter visto um fantasma. Mais especificamente, o fantasma era você.

— Hm. Pergunta. — Ele pinçou a ponte do nariz entre o polegar e o indicador, perturbado. — Vocês estão vendo… — disse, a voz sumindo aos poucos, e acenou vagamente na sua direção.

Beri piscou algumas vezes e, de um segundo para outro, havia explodido de rir. 

— Nossa, olha a hora! — exclamou, levantando-se também e recolhendo as sacolas com os lanches com a ajuda da garota. — Vem, Ao, vamos chegar atrasados. Bom dia pra vocês dois! Ez, vamos dar a volta por fora. E boa sorte pra você — completou ele, dando-lhe dois tapinhas ombro ao passar. — Parece que vai precisar. 

Eles acenaram e, em instantes, haviam desaparecido em direção ao pátio. O silêncio novamente pairou na cozinha. 

— Desculpa… — Você mordeu o interior de sua bochecha, ansiosa. — Não queria te assustar. 

Ele balançou a cabeça e, como se nada tivesse acontecido, serviu uma nova xícara de chá.

— Bom dia, eu acho — disse, com uma risadinha que estava a um estalo de se tornar descontrolada. — É exatamente por isso que eu queria você por perto durante a noite. 

— Eu não mudaria de ideia nem se tivesse a chance. Baseado nessa reação, você teria caído da cama assim que me visse, ou pior, me empurrado só para testar. — Você sorriu. — Bom dia, Ezarel. 

Ele encontrou um lugar na cadeira a seu lado, e passou longos segundos quieto. Estava observando você, o próprio chá, a mesa, as manchas no teto. 

— Eles pareciam animados — recomeçou, apontando com o queixo para o corredor. As crianças. — Sobre o que vocês estavam falando?

— Sobre você, obviamente. 

Ele fez um som de descontentamento, mas parecia de bom humor. 

— Só coisas boas?

Você colocou um dedo sobre os lábios.

— É segredo. Vai ter que perguntar a eles. 

— É justo. 

Ele partiu um pedaço de pão que estava sobre a mesa e te ofereceu um pouco. Vocês comeram em silêncio, o tempo todo roubando olhares um para o outro, e Ezarel parecia querer dizer alguma coisa. Abria a boca e logo em seguida a fechava, inseguro. 

— Não deve ter sido fácil acordar sozinha, com tudo mudado — disse, finalmente. 

Você suspirou. 

— Não foi. Nos primeiros dez minutos, eu esperava que você aparecesse com um bigode fazendo piadinhas sobre como eu dormi por muito tempo. De novo. Quando vi que era de verdade, eu quase quis voltar para o Cristal.

Ele tinha um olhar culpado.

— Me perdoa por ir embora.

Você colocou uma mão sobre a dele, tentando a todo custo confortá-lo.

— Foi difícil para você também, e você teve que aguentar por mais tempo que eu. Tudo bem, Ez. Estamos os dois aqui agora. Ei! Onde está a Marie-Anne? Ela veio com você, não?

Ele relaxou visivelmente.

— Vai saber. Ela não aguentou dois meses aqui antes de sair solta no mundo em busca de aventura. — Ele balançou a cabeça. Dava pra ver que ainda falava da antiga amiga com carinho, apesar da história conturbada que vocês haviam vivido com ela. — Ela está melhor. Mais feliz. Da última vez que veio visitar, há um ano, estava trabalhando como caçadora de recompensas. 

Você soltou uma risadinha.

— Por que isso não me surpreende?

Ele deu de ombros. 

— Talvez você fique feliz por saber que Twylda se casou de novo. Ela mora com o marido no topo da montanha. Você deveria vistá-la.

Seu rosto se iluminou, mas você pensou duas vezes na proposta.

— Não. Ela veio de tão longe querendo esquecer do passado. Eu traria lembranças dolorosas. 

Ele assentiu.

— Todo ano, no aniversário do Mery, ela me visita. Cozinhamos, ela brinca com as crianças, e contamos histórias. Você é bem-vinda à reunião, se quiser participar. Seria uma ótima ocasião.

— Eu adoraria. 

Ezarel sorriu. 

— As pessoas foram gentis com você no QG? Com todas as mudanças, você deve ter ficado louca. 

— Ez, você não faz ideia! — Você arregalou os olhos. — É muito estranho. Imagine ser completamente inútil um dia, a novata estrangeira, e no dia seguinte todos saberem quem você é e agirem como se você fosse um tipo de deusa. Foi assim. Juro que eu vi pessoas fazendo reverências para mim. Tem uma estátua enorme com a minha cara! 

— Estátua, é? — Ele deu uma risadinha. 

— Ezarel. — Você o encarou, séria. — Por acaso tem algum dedo seu nessa história?

Ele desviou o olhar.

— Não sei do que está falando. Talvez eu tenha dado uma ajudinha, só na parte do seu nariz… — Ele piscou várias vezes, fazendo charme. — Está bem no meio do seu rosto, não dava pra deixar que errassem. 

Você riu alto. 

— Ótimo. Você é a razão pra todo mundo me tratar como alguma heroína. 

— Não. A razão para as pessoas te tratarem como heroína é que você sacrificou a si mesma para salvar o resto de Eldarya. — As palavras dele eram positivas, mas o tom era amargo. 

De repente, o clima da conversa mudou. Você sabia que esse assunto chegaria, mais cedo ou mais tarde, e se preparou muito para ele. 

— Eu nunca quis isso, você sabe. 

— O quê?

— Ser o sacrifício! — Você atirou as mãos para o alto. — Eu já havia perdido tudo uma vez. Não fiquei nem um pouco animada com a ideia de perder de novo. 

— E, mesmo assim, você não pensou duas vezes. — Ele parecia ferido e culpado ao mesmo tempo, como se estivesse se arrependendo das palavras no instante em que elas saíam. 

— Eu não sou perfeita como você parece achar — você começou, a voz suave. — Eu nunca quis salvar Eldarya. Eu gosto daqui, e aos poucos comecei a me sentir em casa, mas sou egoísta demais para oferecer minha própria vida por esse lugar. Agora mesmo estamos vivendo a maior crise em sete anos, talvez algo pior do que a guerra contra o Lance, e olhe só onde estou! — Você riu, mas não havia humor. — Virei as costas para todos eles e só pensei nos meus próprios desejos, como fiz desde o início, logo antes de uma missão que vai determinar o futuro de todo nós. E eu não poderia me importar menos.

— Então por quê? Me diz. Por que colocar a si mesma na linha por eles?

Você o encarou por um instante, incrédula.

— Achei que estivesse óbvio depois do meu discurso. Eu fiz isso para salvar você, Ezarel. Pela esperança de que um dia você construísse seu chalé nas montanhas. — Você acenou ao redor de si, indicando a casa, e só então percebeu que estava chorando. — Mesmo que eu não fosse parte dele. Eu não poderia ficar sentada vendo tudo se desfazer, junto com você e seus sonhos, nossos sonhos, sendo que eu tinha como impedir. Me diz que não faria o mesmo se a situação fosse oposta.

Ele abriu a boca, mas logo a fechou com um suspiro. 

— Foi o que eu pensei — você continuou. — E, vendo o que você conquistou aqui, como você encontrou uma família… Eu faria tudo de novo, quantas vezes fosse preciso, pra assegurar que continuasse assim. 

Ezarel ergueu a mão para acariciar seu rosto, as próprias lágrimas prestes a transbordar. Ele a encarou por um momento, e aqueles olhos verdes pareciam enxergar seus mais profundos segredos. Aqueles que você não ousava admitir para si mesma. Ele percebeu o significado escondido em suas palavras.

— É por isso que você vai voltar para lá? — ele perguntou, baixinho, como se falar mais alto fosse trazer o pensamento à realidade.

A ameaça atual era ainda mais perigosa que um grupo de rebeldes. De novo, a vida de Ezarel estava em risco, e agora a das pessoas que ele amava também. 

Você soluçou, e um segundo depois foi erguida nos braços dele. Foi um curto caminho até o quarto, onde ele puxou os cobertores até seu queixo e você chorou no ombro de seu amado pelo que pareceram horas. 

— Eu estou cansada — você sussurrou em certo momento, entre soluços. — Cansada de lutar. Cansada de ser importante. Eu não quero ser o trunfo. Não quero ser a responsável por vencer as guerras. Só queria que isso acabasse logo. 

— Eu deveria ir com você. Talvez eu possa…

Você balançou a cabeça veementemente, silenciando-o.

— De jeito nenhum. 

Ezarel encarou o teto, derrotado. Vocês estavam deitados perto um do outro, cada um perdido em seus próximos pensamentos. 

— Aquela missão… Quando seria?

— Quando eu saí, estávamos esperando a próxima ordem. Ela viria em algumas semanas, no máximo. 

Ele não disse nada por um tempo. Os dois sabiam muito bem como a história terminaria. 

— Fica comigo… Só um pouco — pediu, finalmente olhando para você. — Eu não sou louco o suficiente para pedir que fique para sempre, mas sou a ponto de pedir que finja que nada disso existe por três dias. 

Você piscou as novas lágrimas que ameaçavam cair. Era irônico, para dizer o mínimo. Você saiu do QG sem se preocupar com nada além do próprio umbigo, cega pela dor e pela saudade, apenas para encontrá-lo… Para que ele fosse exatamente o que a faria decidir voltar. 

As cenas de sua última “despedida” ficariam para sempre em sua memória. Você o segurou, desacordado e indefeso após um ataque, e naquele momento decidiu que faria o que fosse preciso para salvá-lo. Nada mais importava. 

Agora, tudo parecia se repetir.

Você riu, uma risada seca e quase maníaca. 

— Eu nunca imaginei que, se te encontrasse, estaríamos discutindo como eu vou te deixar de novo. 

— Exceto que você não vai. — Ele a envolveu em um abraço. — Não assim. Você vai escrever, vai me dar notícias. E, quando toda essa loucura acabar—

Se acabar. 

Quando acabar, você vai voltar para cá e nunca mais vai sumir do meu campo de visão. — Ele aconchegou a cabeça na curva entre seu pescoço e seu ombro. — Já perdi você uma vez. Juro que se não tiver notícias por mais de um mês, vou aparecer no QG com poções explosivas. 

Você sorriu. 

— Estávamos brigando tem menos de duas horas, e agora você está me pedindo para casar com você?

Ele não levantou a cabeça.

— Volte inteira, e vou pensar no seu caso. Não, na verdade, só volte viva. — Ele acariciou seus cabelos, um toque quase reverente. — Só volte. Eu senti sua falta. 

— Eu também, Ez. — Você o abraçou de volta. — Eu também. 

— Como era… você sabe… no Cristal?

Você deu de ombros. 

— Eu não senti a passagem do tempo, não exatamente. Por um tempo, eu senti você por perto, mas depois era só… energia. Um fluxo constante. Foi instantâneo, mas ao mesmo tempo parece ter sido um instante infinito. Não sei se estou fazendo algum sentido.

Ele assentiu. 

A manhã passou assim, em silêncio, na cama. Finalmente vocês dois tinham se habituado à ideia de que ambos estavam ali, juntos, e bem. Mesmo que fosse por pouco tempo. 

Você aproveitaria seus dias com ele com a consciência de que poderiam ser os últimos. Você faria de tudo para que a missão fosse um sucesso e qualquer ameaça fosse eliminada. E, no fim… Você voltaria. Nada seria capaz de mudar seus planos dessa vez. 


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Notas finais do capítulo

Oie, eu de novo. Aviso importante aqui: se você ainda não jogou New Era e tem vontade, preciso te avisar que tem alguns spoilers bem... comprometedores da história principal no próximo capítulo. Talvez você queira jogar, mas pra te poupar do esforço, eu vou colocar uma nota no início indicando quais partes pular se você quiser contornar essa parte. Enfim, obrigado e até logo (espero). Abração!



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