O Curioso Relacionamento Entre A Fada E O Dragão 2 escrita por V P Santos


Capítulo 4
Durmam Bem, Bobões, Quem Dormiu Na Aula de Runas e O Sinistro Suco de Framboesa


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Os homens se reuniram num semicírculo, encarando os quatro adolescentes.

— E então? Apresentem-se e nos dêem um bom motivo para não matarmos vocês agora mesmo. – Falou um homem barbudo, seus cabelos eram castanhos. – E expliquem como passaram por Norville, Zenich e Grubby.

— Esses três são uns idiotas, não devíamos tê-los deixado de guarda... – Resmungou um rapaz alto e de pele escura. Neil pigarreou e deu uns passos a frente, enfiando a mão no bolso. Os homens ficaram ainda mais alertas.

— Fomos mandados pelos superiores para ajudar, vocês estão tendo dificuldades para abrir essa porta? – Observou Neil, analisando rapidamente o lugar, com ferramentas jogadas no chão, uma fogueira e restos de comida, indicando que aqueles homens estavam ali há algum tempo. Zac olhou de soslaio para Blacy, que murmurava palavras inaudíveis rapidamente, quase sem mexer os lábios.

— Superiores? Que história é essa? – O rapaz franziu o cenho. Neil tirou um pequeno pedaço de papel do bolso e estendeu para os homens. Eles se reuniram para ler o que estava escrito: Durmam bem, bobões!

Neil soprou sua magia de sono nos homens, criando uma grande nuvem ao redor deles e fazendo quatro deles dormirem. O rapaz de pele escura, o homem barbudo e um outro homem de cabelos presos chegaram para trás a tempo de não inalar a nuvem de pólen.

— Droga! Kyle, Larf, em posição! – Gritou o homem barbudo, puxando uma espada da bainha. O rapaz da esquerda, Kyle, puxou um par de adagas e se colocou em posição de batalha. O homem de cabelos presos, Larf, na direita, invocou um arco e posicionou uma flecha que retirara da aljava em suas costas, preparando-se para atirar.

Anllye com alguns movimentos da mão, fez crescer heras que enrolaram e imobilizaram o arqueiro. O homem barbudo e Kyle, porém, conseguiram desviar facilmente das plantas.

— Tapem os ouvidos! – Sussurrou Zac. Os três adolescentes obedeceram e Zac rugiu alto, atordoando os dois homens, que ficaram surdos por alguns instantes. Fora o suficiente para Anllye prender seus pés com as heras e Neil invocar seu arco e acertar um dardo mágico em cada um, fazendo-os cair em sono profundo.

— Caramba! Tivemos sorte! – Suspirou Blacy, aliviada, enxugando o suor da testa. Neil sacudiu a cabeça, concordando.

— Sim, ainda bem que eles nos subestimaram! Os pegamos com a guarda baixa. – O adolescente híbrido ajudou Zac a puxar os homens desacordados até a parede da caverna, onde Anllye os amarrou com heras.

— Certo, agora vamos ver, essa porta tem as runas... Uh... – Anllye se aproximou da grande porta azul brilhante.

Na verdade, a porta tinha as runas mais básicas entalhadas. Se Anllye tivesse prestado atenção nos ensinamentos de Nini sobre runas ao invés de colocar um óculos com olhos abertos desenhados e dormir às aulas inteiras, ela com certeza saberia abrir facilmente aquela porta.

— Não se preocupe, deixe comigo! Eu quero ser útil dessa vez, já que não ajudei na batalha. – Pediu Blacy. A jovem humana começou a pronunciar palavras estranhas, sua língua parecia enrolar. O brilho na porta se intensificou e com um barulho alto de "clang!" a porta destrancou, deslizando para os lados e revelando um vasto e escuro corredor.

— Bem, quem quer ir na frente? – Perguntou Blacy, sorrindo. Neil e Anllye deram um passo para trás, fazendo Zartaxes sobrar, como um voluntário.

— O quê? O quê? – Zac olhou para trás e ambos desviaram o olhar, assobiando. O garoto dragão revirou os olhos, frustrado. – Argh, tudo bem, seus medrosos...

Zartaxes colocou as mãos no bolso e entrou entediado na escuridão do corredor, que acendeu tochas automaticamente por onde ele passava. Depois de andar um pouco e nada acontecer, Zac olhou para o grupo que o observava, curiosos, do lado de fora e abriu os braços.

— Vão continuar aí fora com medo do bicho papão ou vão vir logo? Ah! – Zac acidentalmente esbarrou num botão no chão, que ativou uma armadilha e uma das esculturas de cabeça de dragão na parede cuspiu fogo, quase o acertando em cheio. Era imune ao próprio fogo, mas não ao dos outros. Zac caiu para trás por causa do susto e Anllye correu até ele para ajudá-lo.

— Zac! Você está bem? – A jovem princesa o ajudou a se levantar. Zartaxes se desvencilhou encabulado, e limpou suas roupas.

— Está perguntando pra mim de verdade dessa vez? – Resmungou, emburrado. Anllye revirou os olhos.

— Você está vendo outro Zac por aqui?

— Não sei, você tem um parafuso a menos, vindo de você, nada né surpreende... Au! – Exclamou Zac, quando Anllye lhe deu um tapa no braço com as costas da mão. Neil e Blacy se juntaram a eles, olhando atentamente a masmorra em que se encontravam.

Era úmida que nem a caverna, porém não tanto. As paredes e o chão eram construídos com tijolos de pedra azulada velhos, com esculturas de cabeças de dragões do mesmo material presas no alto. Tudo cheirava a morte, tristeza e um leve toque de framboesa. Blacy tirou um saquinho com um líquido vermelho de sua mochila mágica, colocou um canudo de papel e começou a beber.

— Desculpe, estou com muita sede. É suco de framboesa, alguém quer? – Perguntou, com um sorriso sinistro e vermelho. Todos sacudiram a cabeça negativamente, franzindo o cenho.

— Bem, e o que fazemos agora? Aqui deve estar cheio de armadilhas! – Disse Anllye, ansiosa.

— Só temos duas opções, seguir em frente ou voltar por onde viemos... – Neil suspirou, dando alguns passos para trás. Assim como Zac, esbarrou em outro botão, fazendo com que as portas se fechassem violentamente, com um outro "clang!". Neil suspirou. – Deixa pra lá, vamos em frente.

***

Depois de uma longa caminhada com muitas armadilhas, vários baús com tesouros, celas sujas e esqueletos que voltavam a vida para atacá-los, o grupo de jovens chegou a conclusão de que não faziam ideia de para onde tinham que ir agora.

— Precisamos de um mapa... – Murmurou Neil.

— Não precisamos não, eu posso nos guiar perfeitamente até o... – Zac abriu uma porta e deu de cara com um orc enorme e furioso que rugiu para o garoto. Ele fechou a porta e limpou a saliva de orc do rosto e apontou para outra porta. – É pra aquele lado ali, com certeza.

— Achei que você tinha dito que não era um guia turístico... – Brincou Neil.

— E eu achei que você era mudo... Na verdade, parando pra pensar, tínhamos bem menos problemas antes de você abrir a boca... – Retrucou Zac, rosnando.

— Ei, olhem! Tem uma bifurcação ali. – Anllye apontou para dois corredores escuros mais a frente. – E agora, por onde vamos?

— Por ali. – Zac apontou para a direita, após farejar o ar. Todos o olharam desconfiados e ele se encolheu, envergonhado. – Dessa vez eu tenho certeza. Ali tem um cheiro bizarro de magia, é muito forte.

— E o que nos garante que não é um monstro terrível que vai nos devorar? – Perguntou Neil.

— Verdade... – Disse Anllye, pensativa. Zartaxes olhou para ela decepcionado. – Mas também pode ser o que estamos procurando. Certo, vou confiar em você dessa vez, Zac. Vamos por ali!

Zac sorriu e lançou um olhar soberbo para Neil, que revirou os olhos, frustrado. Blacy observava tudo em silêncio, se perguntando em pensamento se seu rosto estava sujo de suco de framboesa.


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Notas finais do capítulo

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