Filha de Gelo e Fogo escrita por Dafne Guedes


Capítulo 18
Epílogo da Parte I


Notas iniciais do capítulo

Pessoal, apesar do nome do capítulo, esse não é o último. Vou continuar com a segunda parte nesta mesma história. Sei que estou postando muito, mas a verdade é que já terminei a parte II, e estou a caminho da parte III, então não faz sentido ficar segurando os capítulos.
A música do capítulo é



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/809218/chapter/18

"She was darkened but light-headed, a daydream
Earning from her eyes down to her knees
With some kind of love
Tonight I can't tell if it's love or hate
How smooth they are and quick to interchange
Some kind of love

I'll be the devil in your eye
If it's what you need to heal"

 

 

Quando os homens saíram para beber à saúde do rei, e a tia Catelyn voltou ao quarto do pai, Robb se deixou ficar no Grande Salão, e Cordyra também ficou. Ela começou a dizer.

—Senti tanto a sua fal...

Não houve tempo para concluir a frase. Um instante depois, Robb a puxou para si. Seus braços a envolveram, levantando o corpo dela de encontro ao dele. A boca de Robb era suave, mesmo enquanto comprimia a de Cordyra bruscamente. Ela arquejou baixinho, e sentiu a pulsação de Robb acelerar; a mão direita dele nos cabelos dela, a palma contra a cicatriz que ela causara na bochecha dele conforme ele a beijava.

Cordyra envolveu o pescoço dele com os braços, arqueando o corpo para ele. Ela sentiu o hálito dele chiando em sua boca; ele a beijava com delicadeza, ainda que os movimentos das mãos e do corpo mimetizassem a paixão. Mas Cordyra não queria delicadeza. Ela queria que fosse arrebatador e extraordinário, que ele demonstrasse com urgência que sentira sua falta tanto quanto ela sentira dele.

A porta se abriu, mas nenhum dos dois virou para ver quem entrava.

Ela abriu os lábios de encontro aos de Robb. Os dele eram macios, e tinham gosto de açúcar de cevada e especiarias. Cordyra ouviu risinhos nervosos à porta da sala e sentiu a mão de Robb apertando mais sua cintura. A outra mão migrou da bochecha para a nuca, em concha, conforme ele foi intensificando o beijo, subitamente, como se não conseguisse se conter. E então Robb se inclinou para ela, a língua traçando o formato de sua boca, fazendo Cordyra estremecer.

— Oh. —Suspirou ela baixinho colada a ele, e ouviu a porta se fechar. Quem quer que estivesse por ali, agora tinha ido embora. Ela manteve os braços em volta do pescoço dele. Se ele quisesse que aquilo acabasse, então ele teria de tomar a iniciativa para cortar. Robb interrompeu o beijo, mas não a soltou. Ele ainda a segurava contra si, seu corpo um ninho firme para o dela. Cordyra acariciou a lateral de seu pescoço com os dedos; havia uma leve cicatriz branca logo acima do colarinho... Robb estava ofegante.

— Cordyra... minha Cordyra...

— Acho que não há mais ninguém. — Sussurrou ela.

Não era verdade, e ambos sabiam disso. Não importava. Ele a puxou com tanta força que Cordyra quase tropeçou, seu sapato ficou preso no tapete. O sapato saiu, e Cordyra chutou longe o outro pé, ficando na pontinha dos dedos para alcançar a boca de Robb — os lábios firmes e doces, provocadores agora, conforme iam passeando pela fenda dos lábios dela, pela maçã do rosto, até a mandíbula. Cordyra estava nadando em tontura quando sentiu Robb abrindo a alça de Irmã Negra com uma das mãos, e a outra já no corpete do vestido.

Antes de Robb não tivera noção de que seu corpo poderia sentir aquelas coisas, tenso e rígido de desejo, ao passo que ela parecia flutuar. Robb foi beijando seu pescoço e Cordyra jogou a cabeça para trás. Sentiu quando ele se abaixou para apoiar Irmã Negra na parede; quando ele se aprumou outra vez, tornou a abraçá-la. Então foi arrastando-os para longe da longa mesa, em parte carregando-a, a boca urgente no beijo. Os dois tropeçaram pelo tapete, as mãos e os lábios frenéticos quando se apoiaram na imensa lareira. Cordyra arqueou mais ainda o corpo, agarrando a borda da lareira, curvando-se contra Robb de uma forma que o fez inalar profundamente. As mãos dele percorriam as curvas dela, do quadril até a cintura, e voltando a subir para agarrar os seios.

Cordyra arquejou, inspirando a nova sensação, ávida por sentir as mãos dele. Os dedos de Robb se enfiaram no decote do vestido. Ele tocava a pele, a pele exposta de Cordyra. Ela estremeceu, maravilhada, e ele a fitou, seus olhos selvagens e quentes e azuis. Robb então tirou a capa, jogando-a de lado; quando voltou para Cordyra, ela pôde sentir o calor do corpo dele através do fino vestido de seda. Mesmo durante a noite do casamento, mesmo na sala de sua casa, em Winterfell, Cordyra jamais sentira o próprio corpo tão absolutamente confortável como agora. Robb a ergueu na lareira de pedra, de forma que agora ela estava sentada num patamar de madeira acima dele. Ela então enlaçou a cintura dele com as pernas. Robb aninhou o rosto dela entre as mãos. Os cabelos dela eram uma cortina de prata esvoaçando ao redor de ambos conforme o beijo prosseguia infinitamente.

Por fim, Cordyra o puxou para si. As costas delicadas encontraram a madeira do tampo quando ele se debruçou em cima dela, uma das mãos conferindo apoio à sua cabeça. Ao sentir o copo de Robb ao longo do dela, foi como se seu sangue incendiasse. Agora ela entendia por que poetas diziam que o amor era como chama. O calor a dominava completamente, e tudo o que Cordyra queria era mais e mais — mais beijos, mais toques, ser devorada pelas sensações do mesmo jeito que uma floresta é devorada por uma queimada. E o rosto de Robb — ela jamais o vira daquele jeito, olhos queimando e perdidos para o desejo, as pupilas arregaladas e negras. Robb gemeu quando ela o tocou, passando as mãos pelo peito firme, os braços rígidos firmando o tronco e mantendo-o apoiado acima dela. Cordyra emaranhou os dedos na confusão vermelha dos cabelos dele quando Robb se abaixou para beijar cada seio volumoso, o hálito quente contra a pele dela.

A porta da sala foi aberta de novo. Robb congelou, e um momento depois se levantou aos trancos, se afastando da lareira, pegando o manto que deixara cair. Ele o entregou a Cordyra enquanto ela se sentava às pressas.

                A senhora Catelyn estava parada à ombreira da porta, encarando os dois. Cordyra agarrou o manto contra o corpo, embora ainda estivesse completamente vestida.

—Me parece que esqueci de dar a você os parabéns pelo casamento, Cordyra. –Disse-lhe a tia. Não havia muita alegria em sua voz, mas ela disse as palavras bravamente.

—Também eu esqueci de prestar minhas condolências. –Cordyra a respondeu. –Pelo senhor seu marido, meu tio.

                Ela assentiu, aceitando suas palavras.

—Não quis interrompê-los. –Disse. –Agora que é rei, Robb, precisa de um herdeiro, e Cordyra deve dá-lo a você.

                Cordyra assentiu.

—Na verdade... já estou. Já o tenho. Há um bebê em mim.

                Dois olhos muito azuis se fixaram sobre ela.

—Tem certeza? –Perguntou a senhora Catelyn incisiva.

                Cordyra hesitou.

—Bem, nenhum meistre disse, mas tenho todos os sintomas. –Prometeu. –Enjoei por todo o caminho até as Gêmeas, e....

                Ela notou Robb e a mãe trocando um tipo de olhar. Ela conhecia bem a ambos, e viu o que outro poderia não ter visto: culpa. Parou de falar, enquanto Robb olhava para o chão. Suas mãos suaram. Não prestara muita atenção ao que Lorde Frey contara a ela, mas ele lhe disse que Robb precisara pagar um preço pela travessia. Será que ele tinha chegado a mencionar que preço seria esse? Ela não conseguia forçar sua mente a lembrar.

—Mãe, nos deixe, por favor.

                Cordyra sentiu-se fora de órbita. Por que Robb não estava comemorando? Decepção se alojou em seu âmago, como uma comida estragada que comera. Ele arrastou uma cadeira até onde ela estava e pediu para que se sentasse, o que Cordyra fez. Então começou:

—Walder Frey exige certos pagamentos para aqueles que realizam a travessia. Para passantes comuns, apenas dinheiro, imagino, mas pediu mais de mim.

—Pediu para que casasse com uma de suas filhas. –Cordyra o interrompeu. –Sei disso.

                Robb esfregou as mãos no tecido da calça, então as passou no cabelo. Ela esperou pacientemente.

—Neguei. –Robb continuou. –Disse a ele que já era casado. Então ele me pediu um de seus dragões.

                Muito tempo antes, quando eram apenas crianças, Lorde Eddard a contou sobre o bracelete que Lady Alyssa Velaryon havia levado a Winterfell junto com ela para atestar que era uma criança de Brandon Stark. Era de aço valiriano, e não muito largo. Quando Cordyra tinha cinco ou seis anos, Eddard dera o bracelete a ela. Era grande demais para que ficasse em seu braço, então Cordyra o guardou.

                Sansa era bem mais nova, mas já tinha um olho para coisas bonitas e brilhantes. Quando viu o bracelete, no tempo em que elas ainda dividiam um quarto, o quis de todo jeito, e Robb o entregou. Cordyra chegou no quarto para encontrar uma das poucas coisas que ainda tinha de seu pai ensopada com baba de bebê. Ficou com raiva de Robb por semanas.

                Achava que já tinha esquecido disso, mas a memória voltou à tona.

—Você não...

—Disse a ele que o daria um dragão ao fim da guerra. –A voz de Robb era cheia de cansaço.

—Você vai? –Ela perguntou, o observando de perto, com olhos estreitos.

                Robb ergueu a cabeça e a olhou, mas ela sabia a resposta desde o primeiro momento.

—Dei minha palavra.

                Aquilo era o suficiente. Ela se levantou da cadeira, e foi-se encaminhando para a porta. Robb começou a ir atrás dela.

—Não posso pedir perdão pelo que fiz. –Ele a disse. –Foi o necessário. Teríamos sido massacrados pelas tropas de Tywin se fosse diferente.

Por um momento houve silêncio. Cordyra olhou para Robb e viu com tristeza que ele havia se retirado para trás da expressão de Senhor. Era sua armadura, sua proteção. Mas agora ele é rei, pensou.

                Ela se virou para ir embora. Robb se moveu nervosamente.

—Vamos conversar sobre isso. –Pediu.

—Não. –Ela disse friamente. –Parece que há muito que eu não sabia. Sinto muito, mas preciso de um tempo para refletir sobre a natureza da minha própria ignorância.

                O coração dela parecia ter pontas afiadas quando passou pela porta.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Se houver alguém por aí, não se esqueça de comentar o fim desta primeira parte. A partir do próximo capítulo, vamos acompanhar os eventos de A Fúria dos Reis.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Filha de Gelo e Fogo" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.