Horizon: Nemesis Burst escrita por lohanacarter


Capítulo 4
Capítulo 4




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“Eles queriam transcendência digital, uma forma de enviar a mente a qualquer ser, orgânico ou mecânico. Nemesis foi um experimento em busca desse fim. Abandonado, mas nunca extinto”.

— Tilda van der Meer 

 

A pergunta fez Ted erguer as sobrancelhas e observar os dois rostos diante de si, duas versões mais novas de Elisabet Sobeck que ele teria que se acostumar. Ele não parecia esperar uma pergunta naquele nível, talvez imaginando que as duas fossem duas tribais ignorantes sem nenhuma ideia de como funcionava o mundo antes delas. 

— O que vocês sabem sobre isso? — ele enfim perguntou, fazendo Aloy revirar os olhos e bufar. 

— Não é você quem faz as perguntas — devolveu Aloy, sem paciência. Inacreditável que tivesse salvado aquele homem para querer ela mesma enfiar uma flecha na testa dele. — Você sabe algo sobre isso, ou não? 

— Eu preciso saber por que estão me perguntando isso. 

Aloy abriu a boca para mais uma resposta atravessada, mas Beta colocou o braço na frente dela como se pedisse para ela se acalmar e deixar que ela cuidasse daquilo. Talvez fosse melhor, a irmã teria mais paciência com aquele cretino do que ela.

— Escute, Ted… — começou Beta, tranquila, como se tivesse dando explicações a uma criança. — Você ouviu Aloy dizer que eu fui feita pelo grupo que saiu da Terra há quase mil anos, certo? Nós os chamamos de Zeniths. Na nossa última batalha, descobrimos algo sobre Nemesis, e Tilda van der Meer nos disse sobre ser a projeção das mentes da Far Zenith, uma tentativa de transcendência digital que deu errado. 

“Ela explicou que essa coisa foi aprisionada, deixada sozinha, e quando finalmente conseguiu se libertar, destruiu Sirius. Agora, quer destruir a Terra. Precisamos impedir isso, e precisamos da sua ajuda.”

Ted escutou atentamente a explicação de Beta. Ele não apresentou nenhuma expressão exagerada, mas era nítido que aquilo havia lhe deixado intrigado. Obviamente, havia ali muitas informações que eram novidade para ele. 

— Os membros da Far Zenith ainda estão vivos? Os originais? 

— Os que voltaram para a Terra não estão mais — Aloy respondeu, olhando Ted de modo ameaçador para que ele entendesse o que estava em jogo se ele não colaborasse. 

Percebeu que Ted entendeu quando ele engoliu em seco. 

— Bom, na minha época… Já haviam tentativas de transcendência digital. Mas nenhuma havia dado certo ainda. 

Claro que não seria fácil, mas já era um começo. Se Ted Faro tinha alguma noção de como aquilo funcionava, mesmo que nenhuma tivesse se concluído de forma satisfatória, era um passo na direção certa. 

— Então você acha que pode encontrar uma forma de impedir Nemesis? — perguntou Beta, dando um sorriso esperançoso.

— Impedir? Eu não sei se posso prometer isso — respondeu Ted, erguendo as mãos na frente do corpo. — Preciso de informações mais concretas sobre Nemesis para poder ter uma ideia do que estamos lidando.

Aloy respirou fundo e assentiu. Ela sabia, desde que era uma criança exilada, que nada viria fácil demais pra ela. Mas era um passo, e poderia começar a encontrar pistas que a levassem a uma solução. O sonho da Elisabet não vai morrer, prometeu a si mesma. 

Ela já havia salvado o mundo duas vezes. Poderia salvar uma terceira vez. 

***

Com Ted Faro somado à equipe, Aloy não tinha como voltar para base com ela, Beta e ele montados no seu Heliodo. Sylens não era sua primeira opção, mas com Alva, Zo e Kotallo fora em missões distintas, ela não teve outra opção a não ser contatar o Banuk para que ele a ajudasse.

Olá, Aloy. Precisa de alguma coisa? 

Ela ainda não confiava em Sylens. Por mais que ele tivesse desistido da ideia de deixar a Terra, Aloy não acreditava em ações puras e altruístas da parte dele. Além disso, ele era viciado por conhecimento, e Ted Faro poderia ser muito precioso para ele nessa questão. 

— Sylens, preciso de você em Terrafirme do Legado. Vou mandar as coordenadas e você me encontra aqui. 

Por que você precisaria de mim em território Quen? 

— Tem alguém aqui que você vai gostar de conhecer. 

Antes de Sylens pudesse fazer mais  perguntas, Aloy desligou o canal. Soltando um suspiro, ela saiu de sua tenda e viu uma comoção do lado de fora, com vários Quen reunidos e eufóricos. 

Não foi surpresa nenhuma encontrar Ted Faro no meio, sendo aclamado e adorado. E ele parecia estar gostando muito. 

— Eles acham que o CEO transcendeu e finalmente atingiu sua verdadeira forma.

Aloy virou-se quando escutou a voz de Beta, se aproximando dela de braços cruzados. Ela também encarava a reunião em volta de Ted com uma sobrancelha erguida.

Aloy soltou uma risada desacreditada.

— É sério isso? 

Beta acabou soltando uma risada também. 

— Pois é. Acho que os Eméritos não contaram a verdade do que aconteceu.

As duas ficaram paradas em silêncio, lado a lado, observando os pobres Quen se enganando a respeito da verdade sobre Ted Faro. Não podia culpá-los, afinal. Até o que sabiam, Ted Faro era o homem que salvou o mundo. Eles nada sabiam sobre a realidade dos fatos, onde ele havia criado máquinas assassinas que haviam destruído a vida na Terra, para que Elisabet e Gaia pudessem reconstruir. 

— Chamei Sylens para vir para cá — Aloy disse de repente, olhando para Beta. 

— Sylens? Aquele que você disse que criou uma arma que destruiu o escudo dos Zeniths?

— Sim. Precisamos voltar para base com Ted Faro, e não dá para irmos os três no meu Heliodo. 

Beta crispou os lábios.

— Era melhor eu não ter vindo, né? 

— Não diga isso — Aloy negou com a cabeça, colocando as mãos nos ombros de Beta. — Você foi extremamente útil aqui, cuidando para que Ted acordasse. Mas eu preciso que você volte com Sylens, e eu levarei Faro.

Beta franziu o nariz, sem entender. 

— Por quê? 

— Eu não confio em Sylens totalmente. E não confio nem um pouco em Faro. Não quero os dois juntos.  

— Mas Sylens desistiu de ir embora da Terra para nos ajudar. 

— Sim mas, mesmo assim, não consigo confiar nele completamente. Com Sylens, sempre existe algo oculto.

Beta mordeu os lábios nervosamente. Aloy sabia que ela ainda era retraída demais, e tinha medo de muitas coisas, mesmo que agora estivesse tentando ser mais corajosa e positiva. Estar com Alva ou Zo, por exemplo, era fácil. Ambas eram gentis e carismáticas, mas Kotallo já era mais quieto e intimidava. Sylens era pior ainda nesse aspecto, visto que Beta nem sequer tivera tempo de conhecê-lo. 

— Você não precisa ter medo de Sylens, se é isso que está pensando — disse Aloy, adivinhando os pensamentos de Beta. — Ele pode não ser confiável, mas não é um vilão. Não vai fazer nada para prejudicar você. Mas colocar dois cretinos juntos, isso poderia nos render problemas.

Beta puxou a respiração com força e então expirou, assentindo com a cabeça. 

— Se você diz, então confio em você. 

***

Na manhã seguinte, Aloy ouviu o som de um Heliodo nos céus. Saindo de sua tenda ao lado de Beta, viu Sylens pousar a máquina do lado da sua no poleiro, para logo então saltar e se dirigir até elas. 

— Espero que tenha uma boa razão para me chamar aqui, Aloy. 

Esse era Sylens. Sem rodeios, sem cumprimentos, apenas objetividade e frieza casuais. 

— Ah, a razão é ótima. Você vai gostar de ter sido convocado. 

Aloy abriu a cortina da tenda, deixando que Beta entrasse primeiro, seguida de Sylens. Ela entrou por último, e não pode deixar de sorrir vitoriosa ao ver o choque de Sylens em sua expressão. Logo ele, que sempre gostava de estar a um passo à frente dela. 

— Você queria me mostrar um clone de Ted Faro? 

Aloy soltou um riso nasalado. A situação ficou ainda mais engraçada quando viu a expressão indignada de Ted. 

— Não, Sylens. Este — ela apontou Ted, andando para frente de Sylens — é o próprio Ted Faro. O mesmo que destruiu o mundo, e apagou Apolo. 

A expressão de Sylens endureceu. Aloy sabia como ele odiava Ted Faro desde que haviam visto a gravação onde ele informava que havia apagado Apolo e logo após assassinara os Alfa. Ele não aceitava o fato de que aquele homem havia apagado todo o conhecimento da humanidade e os deixado na ignorância. 

— Quem diria. O homem que destruiu a vida e aniquilou anos e anos de conhecimento humano, então está vivo…

Ted se colocou de pé, cansado de todas aquelas acusações. 

— Eu fiz o que fiz porque não queria infectar a nova geração com a nossa doença! Salvei vocês.

Sylens semicerrou os olhos, sem se intimidar. Bateu a lança no chão e deu um passo na direção de Faro, encarando-os de cima a baixo. 

— Chama isso de salvar, seu grande imbecil? 

— Chega! — interveio Aloy, colocando-me entre eles. A atenção dela se voltou para Sylens. — Você tem ótimos motivos para odiá-lo, mas podemos deixar isso pra depois. Tenho que levar Ted pra base, mas não consigo carregar ele e Beta no meu Heliodo. 

Sylens desviou sua atenção de Faro, para observar Aloy com frieza. 

— Por que não chamou um dos seus amigos pra isso? Tenho cara de transporte  você? 

— Meus amigos estão ocupados, não teriam como vir. 

Sylens soltou um riso amargo. 

— Você fala como se eu não estivesse trabalhando. 

— Em nada que eu tenha conhecimento, não é, Sylens? Já que você gosta de manter o mistério. 

Sylens cruzou os braços e a encarou com seriedade. 

— É claro que você ainda não confia em mim, não é Aloy? 

— No meu lugar, você confiaria? 

Sylens sorriu, como um mentor orgulhoso. 

— Você tem razão — ele respondeu, com um tom de voz arrastado. — Bem, se bem te conheço, não vai deixar que Ted Faro monte comigo. — Ele voltou seu olhar para Beta, que até então apenas encarava a cena se desenrolar com expectativa. — Então vamos? Temos um longo voo pela frente.


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