Em uma rua particular que ficava a poucos minutos do famoso parque Ueno e que estava cercada por edifícios corporativos e algumas lojas familiares, duas pessoas caminhavam juntas. Eles eram um homem de cerca de quarenta anos, com cabelos pretos que começava a ter alguns fios grisalhos. Seus olhos eram escuros como a noite acima deles, sendo cobertos por óculos grandes e quadrados. Suas características eram duras, mas ainda assim conseguiam transmitir uma compleição suave.

Ele estava ao lado de uma garotinha que devia ter uns onze ou doze anos de idade, seus cabelos tendo uma coloração tão escura quanto o do homem ao seu lado. Os dois andavam de mãos dadas, sorrisos alegres em seus rostos.

—Pai, vamos para sua casa ou você vai me deixar na casa da mamãe?

O homem, Kuuga Akihiko, olhou gentilmente para sua filha enquanto passavam por um poste de luz, seus óculos refletindo a luz amarelada.

—Huhm... Ainda não sei, e você? Gostaria de ir agora para casa de sua mãe ou para casa do papai?

—Isso depende, você tem comida saborosa na sua casa? Na da mãe só há coisas de mau gosto, e ela disse que só irá às compras amanhã de manhã.

—É mesmo? Lamentavelmente, eu também estou sem comida em casa. - A menina fez uma expressão triste, um beicinho se formando em seus pequenos lábios, o que fez o homem rir um pouco.

—Essa não é uma notícia tão ruim, podemos parar em algum lugar para comer, o que você acha? Quer ir comer um hambúrguer ou uma pizza?

A expressão triste da garota e seu biquinho se dissiparam, dando lugar à felicidade pura e a um sorriso tão radiante quanto o próprio sol.

—Sim! Waah! Faz tanto tempo que eu não como uma pizza! - Ela proclamou, e então começou a assobiar alguma melodia de J-pop em seu júbilo.

O pai da jovem só conseguia abanar a cabeça com a atitude de sua filha, um sorriso terno vindo aos seus lábios. Ele adorava passar tempo com sua garotinha, afinal, ela era mais importante que o mundo inteiro para ele, especialmente depois do divórcio entre ele e sua ex-mulher. Para se distrair da tristeza, ele decidiu dedicar-se exclusivamente ao seu trabalho como advogado, mas para sua infelicidade, isto só o fez acumular uma enorme quantidade de estresse dia após dia.

Todo o estresse e até mesmo a solidão que ele sentia diariamente eram apagados quando ele estava com sua filha, ela que sempre o olhava com carinho e tentava apoiá-lo o máximo que podia, a menina ao seu lado era como um raio de sol que cortava as nuvens cinzentas e deprimentes acima de sua cabeça, atingindo-o diretamente com seu calor e trazendo brilho à sua vida.

Sacudindo levemente a cabeça para limpar seus pensamentos, Akihiko continuou caminhando lado a lado com sua filha, apertando sua mão de forma paternal e afetuosa. Notando esta ação feita por seu pai, o sorriso da menina se alargou mais e ela devolveu de bom grado o aperto de mão.

O que nem o pai nem a filha estavam esperando, era que um par de olhos anormalmente grandes e avermelhados, contendo uma sede de sangue inigualável, os observava das sombras escuras de uma das vielas estreitas mais próximas, à espera do momento certo para atacar o seu alvo.