Lost: O candidato escrita por Marlon C Souza


Capítulo 28
Capítulo 28 - A mediadora




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/809104/chapter/28

O ano era 2023, e o apartamento de Kate em Nova York estava pulsando com uma mistura de antecipação e elegância. Vestida em um deslumbrante vestido vermelho, que complementava suas madeixas de forma impecável, Kate sorria para seu reflexo no espelho. A noite prometia algo especial, e ela se entregava ao momento, imersa na felicidade que a ocasião proporcionava.

No entanto, a paz momentânea foi interrompida por uma batida à porta, anunciando a chegada de um elemento surpresa.

— Já vai! — Ecoou a voz de Kate, sem desviar a atenção do espelho. Com um suspiro, ela se dirigiu até a porta, curiosa para descobrir quem poderia ser o intruso.

Ao abrir a porta, Kate se deparou com uma figura surpreendente - uma jovem adolescente, Clementine, com seus 18 anos repletos de confiança. A atenção de Clementine foi instantaneamente atraída para o vestido deslumbrante de Kate, e ela não pôde deixar de expressar sua admiração.

— Nossa, que vestido lindo — elogiou Clementine, seus olhos percorrendo a silhueta elegante de Kate.

A resposta de Kate veio em forma de um sorriso agradecido, mas a curiosidade rapidamente tomou conta dela.

— Obrigada — respondeu Kate, seu sorriso revelando uma leve surpresa. — E quem é você? — Indagou, enquanto seus olhos buscavam entender a conexão entre elas.

Clementine, com um brilho nos olhos, se apresentou com confiança.

— Eu sou Clementine Phillips, filha de James. Prazer em finalmente conhecê-la pessoalmente, Kate — anunciou, deixando Kate com os olhos arregalados e a mente repleta de perguntas não respondidas.

No presente, na ilha, sob o manto escuro da noite, Clementine lutava para encontrar o sono, perturbada pela presença inquietante de Walt no acampamento. Inquieta, ela dirigiu-se até onde Aaron repousava e deitou-se ao seu lado. Aaron, despertado pela presença dela, percebeu a proximidade incomum.

— Clementine? — indagou ele, expressando surpresa.

— Oi, Aaron — murmurou ela. — Me desculpe por deitar aqui, mas estou com medo de Walt aparecer.

Um sorriso brincou nos lábios de Aaron. — Se quiser me chamar para transar, seja pelo menos mais criativa.

— Sério? — Respondeu Clementine, surpresa.

— Você me disse isso uma vez, não pude perder essa oportunidade — brincou Aaron.

Os olhares de ambos se encontraram, e Clementine, completamente sem jeito, comentou: — Você está mais bonito, Aaron.

— Obrigado, eu acho — respondeu ele.

A conversa tomou um rumo mais sério quando Clementine trouxe à tona o passado de Aaron. — Soube que você se casou e teve uma filha há muito tempo. Que bizarro imaginar isso — comentou ela.

— A verdade é que até agora ainda não caiu a ficha — confessou Aaron, sorrindo.

Em um momento de vulnerabilidade, Clementine ousou perguntar: — Muito tarde para nós? — Aaron, assustado, virou-se para encará-la.

— Sabe que sou tipo uns 20 anos mais velho que você, certo? — Observou ele.

— Eu sei, mas não consigo tirar você da minha cabeça — confessou Clementine, revelando seus sentimentos.

Aaron virou-se, deixando-a sem jeito. O amor entre eles era mútuo, mas ele entendia que naquele momento, ela era jovem demais. Para Clementine, a diferença de idade não importava; para Aaron, fazia toda a diferença.

Em 2023, Kate se viu imobilizada diante de Clementine, as palavras se perdendo em sua mente. Após um breve momento de desconcerto, ela tomou a decisão de abrir as portas de seu apartamento para a jovem.

— Adiante-se, entre — disse Kate, esforçando-se para dissimular a surpresa em sua voz.

Clementine adentrou o recinto, seus olhos explorando cada canto enquanto admirava a beleza do apartamento de Kate.

— Uau. Vocês dois moravam aqui? — questionou, fitando a deslumbrante vista da cidade de Nova York pela janela. Ainda atônita, Kate não conseguiu evitar perguntar diretamente:

— O que você está fazendo aqui?

— Vim fazer uma pergunta. Você ainda ama meu pai? — indagou Clementine, sua determinação evidente em seu olhar.

— O quê? — Kate ficou surpresa.

— Talvez seja cedo demais para perguntar?

— Garota, se James te mandou, saiba que...

— Não! — Exclamou Clementine, interrompendo Kate — ele não sabe que estou aqui. Eu descobri seu endereço por conta própria. Foi tudo parte do meu plano. Meu pai está passando por um momento difícil. Ele está em um rancho em Las Cruces, e estou preocupada com ele.

— E espera que eu resolva os problemas dele? — Indagou Kate. — O problema do seu pai é ele mesmo.

— Pelo menos considere perdoá-lo. Eu entendo que traição é complicada, mas eu amo demais meu pai para vê-lo nessa situação.

— Já terminou?

— Por favor, me ouça.

— Olha, admiro seu gesto, mas não estou interessada em falar com ele agora. Se puder, vá embora. Tenho um compromisso.

— Kate, por favor.

— Você me ouviu.

Clementine baixou a cabeça, respirou fundo e deixou o apartamento, deixando Kate para trás. Mesmo incerta sobre sua decisão, Kate ficou pensativa. Ainda havia algo por James. Sem pensar muito, ela se dirigiu à porta e avistou Clementine em frente ao elevador, esperando pacientemente. Kate, hesitante, chamou:

— Espere! — disse ela para a garota que se virou rapidamente, um sorriso aparecendo em seu rosto. — Talvez possamos conversar um pouco mais.

— Não tinha um compromisso agora? — perguntou Clementine. — Sim, mas... ele pode esperar — disse Kate, desta vez sorrindo. Clementine não hesitou. O elevador chegou, com algumas pessoas dentro. Ela se virou, caminhando de volta para o apartamento de Kate. As pessoas dentro do elevador bufaram e apertaram o botão novamente para continuar seus destinos.

No presente, Kate estava com seu marido, Alexander Widmore, em um bar característico de Londres. Após a breve discussão com Claire, ela se encontrava dividida sobre a ideia de voltar para aquela ilha. Apesar dos anos, o amor por Aaron persistia. Contudo, Kate nunca havia conseguido dar um filho a Alexander. Enquanto conversavam:

— Por que essa carinha triste? — indagou Alexander.

— Não sei o que deu na minha cabeça. Como eu poderia pensar que Claire iria simplesmente aceitar numa boa eu embarcar nessa viagem para ver o filho dela? — comentou ela.

— Aquela mulher não me parece muito sã. — observou ele.

— Parte da culpa é nossa. Ao invés de ficarmos na ilha para procurá-la, fugimos como uns covardes.

— Não havia muito o que fazer, meu amor. Vocês estavam num helicóptero, e pelos relatos, a ilha havia viajado no tempo.

— Confesso que ainda não consigo acreditar em toda essa loucura. — disse Kate, rindo. — Mas eu queria saber se Aaron está bem. Queria poder vê-lo novamente. Quando ele me ligou, parecia tão angustiado.

— Você o ama, eu entendo.

— Eu tenho sido tão idiota, Zander. Eu nem sequer te dei um filho.

— Esquece o passado. Vamos viver o agora. O que você pretende fazer agora?

— Realmente não sei. — comentou Kate. Alexander se aproximou dela e a abraçou. Do outro lado da rua, James observava, escondido entre as pessoas. Seu coração palpitava mais forte, respirou fundo e sentiu como se estivesse sufocando. Estava começando a ter uma crise de ansiedade ali mesmo, e para evitar, desviou seu percurso para um sentido oposto ao deles.

Enquanto isso, na ilha, era um novo dia. Walt estava sentado em uma pedra, observando as ondas da praia, seus pensamentos presos em momentos do passado vividos ali com seu pai e os demais sobreviventes do voo 815. Não podia deixar de lembrar de John Locke.

— John. Eu queria que acontecesse um milagre comigo também. Mas milagres não existem. Existe troca de favores. Você recebeu a cura de suas pernas e, quando deixou de cumprir seu dever, logo foi descartado pela ilha. — comentou Walt, para ninguém em especial.

Hugo chegou e sentou-se ao lado de Walt.

— John foi muito importante para que tudo ocorresse como deveria. Somos apenas peças nesse grande quebra-cabeça que é essa ilha, cara. Eu demorei muito tempo para entender isso, mas estamos fadados ao destino quase que imutável. — disse Hugo.

— Você tem que parar de aparecer do nada. — comentou Walt.

— É, eu sei. Não consigo controlar. — disse Hugo rindo.

Walt, de cima da pedra, observou Rose e Bernard na praia, conversando e olhando para ele e Hugo. Mas a distância dificultava entender o que estavam conversando.

— Eles nunca vão me perdoar, não é?

— Dê tempo ao tempo, cara. Você ainda tem um álibi por ter confessado. — disse Hugo, levantando-se e colocando a mão no ombro de Walt. Logo, desceu a pedra, deixando Walt sozinho.

Em outro canto, o grupo composto por Clementine, Bianca e Jessy estava preparando o almoço daquele dia, enquanto o outro grupo, formado por Aaron, Yan e Hugo, que chegara após a conversa com Walt, estava iniciando um processo de pesca.

Aaron comentava com o grupo: — Confesso que faz muitos anos que não pesco.

— É, cerca de uns cinco mil, não é? — comentou Yan rindo.

— Eu não vivi cinco mil anos, mas Jacob viveu uns 2000 mais ou menos. Desde que ele foi adotado pela minha filha. Ela então, viveu mais que ele. — comentou Aaron. — Só fiquei uns 20 anos por lá.

— Deve ter sido entediante. — comentou Hugo, rindo.

— O que eles viram acontecer... praticamente toda a história da humanidade. — comentou Aaron.

— Do que adiantava se eles estavam presos aqui na ilha? — indagou Yan.

— Os guardiões têm livre acesso ao mundo. Apesar da responsabilidade, pode sair a hora que quiser, não é Hugo? — disse Aaron.

— Era engraçado quando eu que parecia um fantasma para você. — disse Hugo.

— Cara, como vocês podem simplesmente ter poderes e achar isso normal? Isso é incrível. — comentou Yan.

— Na verdade, esses poderes não são meus, são de Taweret. Sou apenas seu guardião. — comentou Aaron. — Ou costumava ser.

— Como assim costumava ser? — indagou Yan.

— Aaron, você me disse que Taweret te puniu por deixar Minuts se corromper. Por isso, teve que passar o cargo para sua filha. Mas por que permanece com seus poderes? — indagou Hugo, desconfiado.

— Nem tudo precisa de uma explicação lógica. Vamos apenas seguir o roteiro. — comentou Aaron, sorrindo. Hugo e Yan o olharam, mas decidiram não comentar.

Clementine mantinha os olhos fixos em Aaron o tempo todo.

— Você gosta dele, não é? — Indagou Jessy, que estava ao seu lado, ambas preparando o almoço.

— O quê? Claro que não. — Disse Clementine, sem graça.

— Amiga, por favor, não precisa mentir. — Disse Bianca, chegando.

— Gente, mesmo que eu gostasse, aquele não é o mesmo Aaron que veio com a gente. — Comentou Clementine.

— Eu sei. Ele está bem diferentão mesmo. Tá mais másculo. — Disse Bianca.

— E mais velho. — Disse Clementine.

— Isso te apavora? — Indagou Jessy.

Clementine abaixou a cabeça, Ji Yeon chegou logo em seguida e disse:

— Não sei o que vocês estão conversando, mas se for sobre o Aaron me interessa. — Comentou ela, sorrindo.

— Se manca. — Disse Clementine.

— O que foi? Tá com ciúme, caipira? — Indagou Ji Yeon.

— Garota, você não tem nada inútil pra fazer não? — Indagou Bianca.

— Eu não queria atrapalhar o momentinho de vocês, mas eu queria comentar algo. Aquele tal de Roger. Será que ele conseguiu sair da ilha? — Indagou Ji Yeon.

— Por quê? A patricinha quer sair? — Indagou Clementine.

— Digamos que meu trabalho aqui já terminou. Já sei onde estão meus pais. Mortos. Agora tenho que voltar ao continente. Não tenho tempo pra brincar de batalha medieval com vocês. — Comentou Ji Yeon, saindo.

Clementine andou até Ji Yeon e a puxou pelo ombro. — Ninguém te arrastou para cá sem seu consentimento, garota. Se não gosta da gente, vai em frente, entra na floresta e ache o Roger. Vamos ver quanto tempo leva para uma patricinha mimada morrer no matagal.

As duas ficaram se encarando, Jessy se aproximou. — Ei, garotas. Não temos tempo para isso.

Ji Yeon olhou fundo nos olhos de Clementine e disse: — Eu não deveria ter me juntado a vocês.

Ji Yeon virou-se para sair e deu de cara com Aaron, que apareceu do nada.

— Como você fez isso? — Indagou Ji Yeon, assustada.

— Não importa se você acredita ou não em tudo que estamos falando, mas você não vai a lugar nenhum. É perigoso. — Disse Aaron.

— Sou treinada desde pequena. Não tenho medo de nada. — Disse Ji Yeon, sorrindo. — A não ser que queira ser meu guarda-costas. Vou adorar sua companhia.

— Nojenta. — Gritou Clementine.

— Não se preocupe, não vou roubar ele de você. Só vou pegar emprestado. — Disse ela, olhando nos olhos de Aaron e mordendo os lábios.

Aaron a segurou nos ombros. Ji Yeon gemeu. Aaron perguntou — o que deu em você?

— Nada. — Disse ela. — Só estou de saco cheio de ficar aqui com vocês. Me solta. — Disse ela.

Aaron a soltou, e Ji Yeon seguiu até certo ponto, parou no meio do caminho e virou-se para dizer: — vou arrumar um jeito de sair daqui. Alguém está comigo?

Todos estavam quietos e assim permaneceram. Ji Yeon fez um gesto com o dedo para eles e gritou: — fodam-se vocês então. Eu vou embora.

Clementine observava Aaron olhar para Ji Yeon daquela forma. Todos olharam para ela tentando entender o que se sucedera com ela que parecia triste.

— O que houve, Clementine? — Indagou Jessy. — Está pálida. — Continuou falando, enquanto se aproximava de Clementine. Aaron parecia preocupado.

— Nada. — Respondeu ela, olhando para Aaron e logo após abaixando sua cabeça.

Em 2023, Clementine e Kate conversavam enquanto comiam um lanche no Mr Clucks no centro da cidade de Nova York. Kate não hesitou em perguntar:

— O que espera de mim?

— Eu realmente não sei. Minha mãe nem sabe que estou aqui. Meu pai tinha deixado uma conta no meu nome com uma boa quantia. Estou aqui por conta própria.

— Você sabe que seu pai me traiu, não é?

— Entendo que você entenda deste jeito. Mas não é bem assim. É complicado.

— Eu o amava demais.

Clementine observou a forma com que Kate expressou aquela fala. Logo disse:

— E ainda o ama, não é?

Kate não respondeu. Mas a resposta era óbvia. Clementine continuou.

— Por que não dá uma nova chance para ele?

— Estou cansada de me machucar nesta vida, garota. Seu pai é como uma ferida que sempre que eu tento tratar me machuco mais.

— Ele está em depressão. Deu para ter crises de ansiedade direto. Ele não para de falar o quanto errou com você. Ele te ama, mais do que tudo.

Kate se calou. Seu telefone tocou e o nome “Zander” apareceu na tela chamando. Kate não atendeu naquele momento. Diante daquelas declarações de Clementine, resolveu ir embora. Então se levantou.

— Vou seguir. Preciso me encontrar com alguém.

— Kate, por favor. Ao menos considere o que eu disse.

— Me empresta seu celular.

Clementine pegou se telefone e colocou nas mãos de Kate. Kate anotou seu número e salvou. Logo após devolveu o celular para Clementine.

— Me ligue durante essa semana e marcamos de nos encontrar de novo. Não prometo que voltarei com seu pai, mas estou disposta a ajudá-lo.

Clementine deu um sorriso. — Mesmo?

— Sim. Agora preciso ir. — Disse Kate saindo.

Clementine sorriu e saiu logo em seguida.

No presente, do outro lado da ilha, Roger, Marcel e Juan encontravam-se presos dentro da mesma cela que antes Aaron e Clementine se encontravam. Frank estava do lado de fora observando os três.

Roger, sorrindo, aproximou-se de Frank, próximo as grades e disse: — Eu quase acreditei em você. Trouxe eles até nós.

— Roger, eu juro que eu não imaginava...

— Já chega, ow piloto. Estou cercado de traidores. — Disse Roger.

Miguel se aproximou e disse: — Não esperava que as coisas chegassem a esse ponto.

— Olha se não é o Bryan, ou vamos dizer, Miguel. Quantos nomes mais você tem? — Indagou Roger.

— Roger, já chega, tá legal. A situação já está bem tensa. — Disse Juan.

— Você, de todos, é o mais errado. — Disse Roger.

Juan caminhou até ele e o desferiu um soco, e Roger revidou e ambos iniciaram um confronto dentro da cela, chamando a atenção dos guardas.

— Ei, parem vocês dois. — Disse um dos guardas.

Roger desferiu chute fazendo Juan rapidamente cair aos chãos e logo após cuspiu nele.

— Você não tem honra, capitão. É um covarde. Se uniu ao inimigo sem pensar duas vezes.

— Seu amigo nos mandou para morte. Estou surpreso que ainda esteja do lado dele. — Disse Juan, afastando-se para outro lado da cela. Roger ficou pensativo. Frank assentiu e ficou olhando, até que disse:

— Não menti sobre estar nisto por causa de minha família. Se eu pudesse, desistia de tudo agora e fugiria da ilha junto com você, mas já percebi que isso não será possível.

Ao dizer isso, Frank saiu. Miguel apenas ficou olhando, mas saiu também logo em seguida.

Na base, Wilbert, junto com alguns soldados tentava se comunicar com o continente. Seu objetivo era falar com Alvar Hanso, até que finalmente conseguiu sinal via satélite, então, pegou seu telefone e discou o numero que o levaria a se comunicar com a estação a Linha.

— Wilbert?! — Indagou alguém do outro lado da ilha.

— Preciso falar com Alvar.

— Certo. Vou chama-lo.

Em uma outra sala, Alvar estava diante de Miles e o corpo de Zack no chão à sua frente. O homem que havia atendido o telefone entrou na sala e assustou-se com a cena que viu. Evitando falar do assunto, disse:

— Senhor, é Wilbert na linha. Está ligando da ilha.

— Certo. Obrigado. — Disse Alvar, pegando o telefone. — Quais as novidades? — Indagou Alvar, com o telefone em mãos.

— Nesse momento estamos com Roger e Juan presos. O grupo de Hugo está na praia, todos juntos e Walt está com eles.

— Perfeito. Em alguns anos, nos encontraremos pessoalmente. — Disse Alvar.

— Sim senhor. — Disse Wilbert, desligando.

Alvar olhou para o homem a sua frente e a Miles e disse: — Traga-me Ben Linus.

— Senhor, enquanto ao Zack? — Indagou Miles.

— Coloque o corpo dele na sala do necrotério. No momento certo trarei ele de volta. — Disse Alvar.

Miles e o homem partiram até a sala onde Ben estava e abriram a porta. Ben estava no chão cabisbaixo e olhou para eles.

— Miles?! — Indagou Ben.

— Olá Ben. — Disse.

Os dois pegaram Ben pelos braços e o arrastaram até a sala onde Alvar estava e o jogaram no chão ao lado do corpo de Zack.

— Você o matou? — Indagou Ben à Alvar que estava em pé bem a sua frente.

— Isso não é importante. Tem algo que quero te mostrar.

Enquanto isso, na ilha, Clementine estava caminhando sozinha dentro a floresta quando deu de cara com Walt. Ele a encarou e disse:

— Não tenha medo.

— O que você está fazendo aqui?

— Eu costumava brincar com meu cachorro por essas bandas quando eu era criança.

— Aaron tagarelou sobre trevas que habitam dentro de você. Então, as coisas que você faz geralmente não é você, certo?

Walt fechou seus olhos e, assim, começou a chorar. — Eu não suporto mais tudo isso.

Clementine sorriu. — Não vai me convencer.

— Eu entendo. — Disse ele, enxugando as lágrimas. — Escuta, eu não pretendo te machucar e devo evitar contato com vocês. — Disse ele e virou-se para seguir outro percurso.

Clementine virou para voltar para a praia e percebeu que Yan estava logo atrás dela, observando-os.

— Há quanto tempo está aí? — Indagou ela para Yan.

— Estava passando e vi vocês dois conversando.

— Não preciso de guarda-costas, tá legal? — Disse Clementine, saindo.

Yan deu um sorriso e saiu em direção oposta. Clementine caminhava até que finalmente chegou onde Aaron estava sozinho “meditando”. Escondeu-se atrás de um arbusto e ficou observando-o.

Em 2023, Kate havia acertado tudo para encontrar-se novamente com James. Clementine havia promovido aquele encontro para os dois. Mas a ideia de Kate era apenas para ajuda-lo, mas para James, era uma nova chance com sua amada.

Kate andava pelas desertas ruas de Las Cruces até finalmente chegar ao rancho de James. Abriu o portão gritando pelo nome dele.

— James?! — Gritava.

Então, ele veio, abriu a porta, todo alegre. Mas trajava roupas rasgadas e estava com um odor muito ruim. — Kate, quanto tempo. Que bom te ver.

— Realmente, muito bom te ver. — Disse ela, sorrindo.

— Não vai entrar? — Indagou ele.

— O que houve contigo? — Indagou ela, observando a situação em que ele se encontrava.

— É apenas uma fase. Espero que não repare a bagunça. — Disse ele, convidando-a para entrar.

Quando ela adentrou a casa observou que estava tudo uma bagunça. Dezenas de papeis de recorte de jornal de 2004 sobre o acidente do voo 815.

— Isso ainda te atormenta? — Indagou ela, pegando a notícia nas mãos.

— Como não atormentaria. Foi o dia que tudo mudou na minha vida. — Comentou ele, indo na cozinha. Abriu a geladeira e pegou duas cervejas. Kate continuou lendo a notícia, quando James chegou e disse: — Foi o evento em que eu te conheci.

— James, espero que entenda que estou aqui como uma amiga.

— Sim, sardenta, eu entendo perfeitamente. — Disse ele, entregando a cerveja nas mãos da Kate.

— Sua filha me procurou em nova York e me deu esse endereço. Quando você disse que queria comprar um rancho aqui nessa cidade, não pensei que seria tão deplorável.

— Nada comparado ao seu apartamento em Nova York. — Disse ele, sorrindo.

Kate o olhou nos olhos, e assim, abaixou a cabeça.

— O que foi? — Indagou ele.

— Por quê? — Indagou ela.

— Por que o quê? — Indagou ele, novamente.

— Por que eu não consigo parar de pensar em você. Eu te odeio por tudo que você fez eu passar. Nós nos casamos, Sawyer e você destruiu tudo.

— Eu sei. Eu tenho esse dom de destruir as coisas, mas eu te peço uma chance de consertar.

— Consertar? Está brincando? Não posso me envolver com você de novo.

James se aproximou de Kate, com um sorriso no rosto, declarou:

— Nunca deixei de te amar. Nem por um segundo. Sei que eu deveria ter te dito que estava convivendo com a Cassidy, mas eu fiz tudo aquilo pela minha filha. Desculpa, por favor, me perdoe.

— James, eu te perdoo. — Disse Kate.

James se aproximou dela mais ainda e tentou a beijar.

— Não faça isso comigo. — Disse ela, com as mãos tremendo.

— Apenas deixe acontecer. — Disse ele, agarrando-a novamente e assim a beijando intensamente, e assim, os dois transaram.

No outro dia, Kate e James acordaram na cama e comentavam:

— Você nunca vai me deixar em paz. — Comentou ela.

— Desculpa sardenta. Talvez não precisamos ser um casal, mas podemos ficar sempre que você quiser. — Disse ele rindo.

— Seu idiota. — Disse ela, sorrindo.

— Estou feliz por estar aqui com você. — Disse ele.

— Por favor, não me decepcione de novo. — Disse ela.

Algumas horas depois, Kate partia para ir embora. James pegou seu celular e ligou para sua filha.

— O quê? Vocês transaram? — Indagou Clementine do outro lado do telefone.

— É, eu só tenho que te agradecer filhota. Obrigado por tudo que está fazendo por mim.

— Não há de que. Agora preciso ir, pai. Estou na escola. E minha mãe não pode nem sonhar que falei com você.

— Vai lá. Boa aula, meu amor.

No presente, Clementine permanecia olhando para frente, absorta em seus pensamentos que mal percebeu que Aaron havia sumido. Procurando por todos os lados, não percebeu que ele estava atrás dela.

— O que faz aqui? — Indagou ele.

A menina levantou-se sem graça, e comentou: — Desculpe. Eu tava procurando frutas e acabei me distraindo.

— Comigo?

— Você continua o mesmo idiota de sempre. Mesmo mais velho.

— Tem algo que não tem contei. — Disse Aaron, passivo.

— O que seria? — Indagou ela.

— Nunca deixei de gostar de você. Mesmo tendo passado 20 anos. E eu não entendo como pode ser possível uma pessoa gostar de alguém por tanto tempo, mesmo sabendo que não pode ter aquela pessoa mais. — Disse Aaron, cabisbaixo.

— É, eu entendo isso muito bem. — Disse Clementine.

Era 2028 e Clementine acabara de se mudar para o centro da cidade de Las Cruces para ficar mais próximo de seu pai, principalmente depois da morte de Cassidy. Em seu apartamento no centro da cidade, ela se instalava e sentia que dali para frente seria cada vez mais difícil.

A campainha tocou. Ela foi atender. Era seu pai.

— Oi meu amor. — Disse ele, a abraçando.

— Pai, você sabe que eu não iria morar com você naquele rancho, né?

— Tudo bem. Pelo menos está mais perto morando aqui no centro.

— Sinto muito que você e Kate não deram certo de novo. — Disse Clementine, triste.

— Ela estará melhor lá em Nova York. Não há nada para ela aqui.

— Você se considera um nada?

— Você é meu tudo, meu amor. Muito obrigado por vir. — Disse James, triste. Sua filha o abraçou e ele começou a chorar.

— Pai, estarei aqui sempre por você.

— Eu amo a Kate demais. Não consigo viver sem ela.

— Eu entendo. Mas você precisa superar.

— Eu sei, meu amor. Eu sei. — Disse ele, se recompondo. — Que tal continuarmos a mudança? — Ele continuou, colocando um sorriso no rosto.

— Sim, boa ideia. As malas estão lá embaixo. — Disse ela, rindo. Os dois então descenderam para pegar as bagagens e os itens que ainda faltavam.

No presente, em Alexandria, Alvar percorria os corredores sombrios, seguido por Ben, cuja presença era acompanhada por dois seguranças fortemente armados. As paredes pareciam fechar-se ao redor deles, criando um labirinto claustrofóbico.

— Quem poderia imaginar que a Dharma tinha uma estação além de Guam?! — indagou Ben, lançando um olhar curioso à Alvar.

— Há muito mais para você descobrir, Ben. Tenho certeza de que o que verá aqui o surpreenderá. — Alvar disse, revelando um sorriso malévolo.

Adentraram um elevador que os levou ao subsolo da estação. A temperatura desceu rapidamente, envolvendo-os em um ar gélido.

— Está frio. — observou Ben.

Chegando ao último andar, entraram em uma sala com diversas gavetas semelhantes a um necrotério, todas rotuladas com nomes, capturando a atenção de Ben. Alvar acenou para que um dos soldados abrisse uma das gavetas que tinha uma etiqueta com o nome de Eloise Hawking. Alvar mandou Ben se aproximar.

— Veja. — disse Alvar. Os olhos de Ben se arregalaram. O corpo ali era realmente de Eloise e estava bem conservado.

— Está bem conservada. Por que a mantém aqui? — Indagou Ben.

— Calma Ben, ainda não te mostrei tudo. — Disse Alvar, acenando para que o soldado fechasse a gaveta. Assim, alguém se aproximou lentamente e Ben estava ficando tenso.

— Quem está vindo? — Indagou ele para Alvar. De repente, Charles Widmore apareceu na frente deles e colocou sua mão no bolso. Estava usando um sobretudo.

— Olá Ben. — Disse Charles, fazendo Ben ficar extremamente chocado.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Lost: O candidato" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.