Lost: O candidato escrita por Marlon C Souza


Capítulo 14
Capítulo 14 - Um novo homem no comando




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Aaron e Clementine adentravam a densa floresta, determinados a desvendar os mistérios ocultos na ilha. Em meio à trilha que os conduzia ao seu destino, eles trocavam palavras, mergulhando nas complexidades imprevisíveis do lugar.

— É muito legal que estamos finalmente aqui. — Exclamou Aaron, transbordando entusiasmo.

— O que tem de tão especial nisso? — Indagou Clementine, curiosa para compreender a emoção do rapaz.

— Passei a vida sonhando com esta ilha. É interessante como algumas coisas me parecem familiar. É fato que nasci aqui. É nostálgico, mesmo que eu não lembre de nada.

— Pelo menos você já esteve aqui antes. Eu só ouvi falar deste lugar. Meu pai esteve preso aqui por anos, mas sempre se recusou a compartilhar qualquer detalhe.

— Minha mãe também esteve aprisionada aqui. Mas ela nunca me contou nada. O fato de todos temerem esse lugar me intriga ainda mais.

— Concordo plenamente.

— O que mais me intriga é que algumas pessoas afirmam ter me visto quando eu era pequeno, mesmo sem terem sido passageiros do voo 815. Ben e Desmond são alguns exemplos.

— Talvez eles já estivessem aqui.

— Quanto a Desmond, aparentemente foi ele quem derrubou o avião. Pelo menos foi o que minha mãe me contou.

— O quê? — Exclamou Clementine, chocada com o comentário.

Nesse momento, eles ouviram ruídos e, rapidamente, correram para se esconder.

— Fique quieta. — Sussurrou Aaron, fazendo um gesto para Clementine silenciar, o que fez a garota franzir o rosto.

De repente, avistaram homens armados vagando nas proximidades.

— São os soldados de Roger? — Indagou Clementine.

— Não. Não os vi no navio. Provavelmente já estavam aqui. — Respondeu ele.

De repente, alguém agarrou Clementine por trás, aplicando um golpe de mata-leão, enquanto um dos soldados apontava a arma para Aaron, que ergueu as mãos em sinal de rendição.

— Ah, vejam só. Aaron Littleton e Clementine Phillips. — Pronunciou alguém aproximando-se sorrateiramente. Era Wilbert DeGroot.

— Você? — Questionou Aaron, sua mente revivendo um lampejo do dia em que cruzou com ele no escritório de Desmond em Sydney. — Lembro-me daquele dia em que você passou por mim.

Clementine fez um esforço para falar e, rapidamente, gritou: — Aaron, é o Wilbert!

Aaron ficou paralisado. Aquele era o homem sobre o qual sempre ouvira falar, perigoso e astuto. Wilbert acenou para que dois soldados amarrassem Aaron e Clementine e, assim, conduziu-os para longe dali.

Era uma noite fria de inverno em 1960, no estado de Michigan, quando Gerald DeGroot e sua esposa Karen DeGroot, recém-formados na faculdade, caminhavam pelas ruas em êxtase. Era uma ocasião especial para comemorar, já que Karen estava grávida de Gerald, e aquela noite seria uma espécie de lua de mel tardia.

Gerald, um homem alto de cabelos cacheados e olhos castanhos, caminhava ao lado de sua esposa loira de olhos verdes. Eles tinham certeza de que suas vidas estariam prestes a mudar de forma extraordinária.

— Gerald, não sei se é uma boa ideia. — Disse Karen, preocupada com a ideia deles terem relações naquela situação, com ela já no nono mês de gestação.

— Bobagem. Precisamos celebrar o fim da faculdade juntos.

— E se for prejudicial para o bebê? Estou tão perto do parto.

— Estamos juntos nisso, lembra? — Disse ele. Ambos estavam em frente ao hotel onde planejavam se hospedar naquela noite. Subiram rapidamente as escadas, mas no meio do percurso, Karen começou a sentir-se mal, e Gerald desceu as escadas desesperado para encontrá-la.

— É agora, Gerald. Nosso filho vai nascer. — Disse ela, com a bolsa estourada.

Ele desceu rapidamente as escadas em busca de ajuda para realizar o parto ali mesmo. A atendente do hotel prontamente veio ajudar Karen, e assim, eles a levaram para o quarto.

Minutos se arrastaram enquanto Gerald esperava ansiosamente do lado de fora, aguardando o desfecho do nascimento de seu filho. Finalmente, ouviu o choro de uma criança. Entrou no quarto, transbordando alegria.

— Parabéns, papai. É um menino. — Disse a atendente do hotel.

Gerald se aproximou e a atendente entregou o bebê nos braços de Karen. Ele se sentou ao lado de sua esposa, ambos sorrindo de felicidade.

— Vamos chamá-lo de Wilbert. — Disse Gerald, as lágrimas escorrendo de seus olhos, incapaz de conter a emoção.

Voltando ao presente, Aaron e Clementine foram trancados em uma jaula improvisada que possuía os símbolos da Dharma, que ficava dentro de uma sala blindada. Os dois estavam assustados, mas Aaron, destemido, indagou:

— Ei. Qual o plano? Nos manter preso aqui?

Wilbert, aproximou-se da cela e disse: — Só quero conversar com vocês.

— Podia apenas dizer isso. Não precisava nos prender aqui. — Disse Clementine.

— E o correr o risco de vocês não me ouvirem? Aqui vocês não têm escolha. — Disse Wilbert, sorrindo e saindo. Aaron ficou irritado e bateu na grade da jaula.

— Você tentou nos matar, seu desgraçado. No aeroporto. — Disse Aaron.

— Do que você está falando? — indagou Wilbert, distante.

Ao Wilbert dizer isso, saiu da sala, fechando a porta, deixando os dois sozinhos com um soldado armado vigiando-os.

— Por que isso está acontecendo? — Indagou Clementine, assustada.

— Calma. — Disse Aaron, aproximando-se dela e tentando confortá-la.

— Não encosta em mim, cara. — Disse ela, afastando-se dele.

— Estou tentando ser legal.

— Você me arrastou pra essa furada.

— Sério que vai me culpar agora? Você aceitou de primeira e lembre-se que estamos no mesmo barco. Os únicos culpados por isso é Desmond e Hugo.

— Quem é Hugo?

— Esquece. Você não vai acreditar em mim. — Disse Aaron, afastando-se dela e ficando em algum outro canto da cela.

Em 1961, Wilbert já tinha celebrado seu primeiro aniversário quando seus pais decidiram lançar uma agência de pesquisa científica chamada "Iniciativa Dharma". Cheios de entusiasmo pelo projeto, montaram um estande em uma feira na esperança de despertar interesse. No entanto, até aquele momento, poucas pessoas haviam demonstrado qualquer interesse.

Desanimados, estavam prestes a desmontar o estande e considerar desistir quando um homem se aproximou de Gerald e perguntou:

— O que vocês estão fazendo aqui? — Perguntou o homem, revelando-se como Alvar Hanso.

— Boa noite. Eu sou Gerald DeGroot. Estamos aqui para apresentar nossa agência de pesquisa científica. Ou pelo menos era esse o plano. Estamos pensando em desistir do projeto. — Disse Gerald, com pesar na voz.

— Tenho interesse. O nome "Dharma" me chamou a atenção. — Comentou Alvar, intrigado.

Karen aproximou-se para ouvir a conversa. Ela prontamente perguntou: — Com licença, quem é o você?

— Sua esposa costuma se referir a todos os homens de idade dessa maneira? — Alvar Hanso provocou Karen, que ficou furiosa com o comentário machista.

— Desculpe, senhor. Mas poderia nos dizer seu nome e por que se interessou por nossa iniciativa? — Indagou Gerald.

— Meu nome é Alvar Hanso, e eu sou o proprietário da Iniciativa Hanso. — Alvar revelou, deixando Gerald perplexo.

— Isso é incrível. O senhor é o próprio Hanso? — Gerald perguntou, com emoção na voz. — Não posso acreditar que o senhor, o próprio Hanso, se interessou pelo nosso projeto.

— Sim, sou eu. E posso afirmar que sou um entusiasta da ciência. A pesquisa científica é o que mais me atrai. — Alvar Hanso disse com um sorriso enigmático no rosto. Karen observava de longe, ao lado de seu filho.

Alvar continuou: — Tenho interesse em iniciar uma iniciativa científica em uma ilha no Pacífico, um local extremamente especial. Tenho certeza de que lá poderemos obter informações valiosas que podem ajudar a melhorar o mundo.

— Isso é excelente. Quando podemos começar? — Perguntou Gerald.

— Espero que em breve. Vou lhe fornecer o endereço do hotel onde estou hospedado, e espero que possamos ter uma conversa detalhada sobre a Dharma e seu futuro. — Disse Alvar, estendendo rapidamente a mão para cumprimentar Gerald, que aceitou o aperto de mão sem hesitar.

No dia seguinte, os dois estavam sentados no hotel, discutindo os detalhes da iniciativa.

— Espero que entenda que a ilha não é um lugar comum. — Alvar disse, sem rodeios.

— Isso só aumenta meu entusiasmo.

— Meu plano é reunir os melhores cientistas do mundo e levá-los em uma expedição até essa ilha. Vamos estabelecer várias instalações, cada uma com um propósito específico.

— Isso soa muito promissor. Pode contar comigo nessa missão.

— Eu sei que posso contar, meu jovem. Vejo em seus olhos algo que não via há muito tempo nos olhos de alguém.

Os dois riram e continuaram a conversa, e ali estava o começo da Iniciativa Dharma, uma jornada que mudaria o curso da vida dos deGroots para sempre.

No presente, Aaron e Clementine estavam em cantos separados da cela, mas a garota decidiu abrir o jogo.

— Desculpe por ter falado com você daquele jeito. — Disse ela.

— Está tudo bem. Entendo que você está nervosa. — Respondeu Aaron.

Clementine se aproximou de Aaron e os dois se abraçaram.

— Não leve a mal. — Disse ele, sorrindo.

— Não se preocupe. Gosto de você. Só tentei parecer durona porque estou cansada de todos me olharem pensando que sou uma nerd.

— Mas você é uma nerd. — Brincou Aaron, rindo.

— Pare com isso, seu palhaço. — Disse ela, olhando intensamente para ele. Rapidamente, os dois se beijaram. Clementine se afastou, incerta se tinha feito a coisa certa.

— Desculpa. — Disse ela.

— Não precisa se desculpar. Eu gostei. — Respondeu Aaron.

— Eu também gostei. — Disse ela, se aproximando novamente. Os dois se beijaram mais uma vez.

Enquanto isso, do outro lado, Wilbert observava o horizonte da ilha enquanto o sol se punha, segurando um cigarro. Frank se aproximou dele e perguntou:

— O que pretende fazer com eles, senhor?

— Até o momento, nada. Garanta que ele consiga falar com eles ainda hoje. — Disse Wilbert, soltando fumaça do cigarro.

— Ele ainda está escondido, dizendo que está conversando com o pai dele.

— Não é à toa que ele estava em um manicômio. — Disse Wilbert, rindo. Frank esboçou um sorriso leve, mas não estava totalmente feliz em fazer o que estava sendo ordenado.

— Vou chamá-lo. — Disse Frank, afastando-se.

Era 2015 quando Wilbert pousou seu jato em Guam. Acompanhado por Alvar Hanso, Frank e dois homens armados, eles se dirigiram rapidamente a um armazém abandonado da Dharma em Orote.

Os homens, juntamente com Frank, abriram as portas enterradas e adentraram rapidamente as instalações do local. Com lanternas, eles avançaram até o centro de controle da sala, repleta de computadores antigos, característica típica da iniciativa.

Wilbert avistou dois uniformes da Dharma sobre a mesa, Glenn e Hector, e sentiu uma onda de nostalgia.

— Quem eram esses dois? — Indagou Frank.

— Eram responsáveis por enviar suprimentos para aqueles que estavam na ilha. Provavelmente abandonaram o posto assim que souberam que a Dharma havia acabado. — Explicou Wilbert.

— E o que viemos fazer aqui? — Perguntou Frank.

— Não é óbvio? Aqui conseguiremos facilmente a localização da ilha. Poucas pessoas conheciam essa estação. Era um mistério para aqueles na ilha de onde vinham os suprimentos. Esses homens não sabiam da existência da ilha, mas cumpriram bem seu trabalho sem questionar. — Respondeu Wilbert, sorrindo.

Alvar andou até a mesa e viu vários DVDs de orientação da Dharma. Aquilo o intrigou.

— Quem os trouxe? — Indagou ele.

— Imagino que tenha sido o mesmo homem que os dispensou. — Disse Frank.

— Não importa mais quem tenha feito isso. Vamos destruir todos aqueles que destruíram a iniciativa dos meus pais. — Disse Wilbert, demonstrando um completo transtorno.

Frank o olhou apreensivo, percebendo o orgulho nos olhos de Alvar. Sua mente sempre o questionava se estava fazendo o que era certo.

— Peguem tudo o que for útil. — Ordenou Wilbert, acenando para que eles coletassem tudo ao alcance.

Voltando ao presente, a noite caíra sobre a cela. Clementine e Aaron sentiam a fome apertar, então começaram a gritar por comida, buscando qualquer sinal de atenção dos guardas.

— Ei! Vocês querem nos matar de fome? — Indagou Clementine, com frustração, dirigindo-se ao soldado que a encarava em silêncio, como se estivesse alheio às suas palavras.

— Não adianta, Clementine. É inútil. — Disse Aaron, resignado.

Repentinamente, as portas da cela se abriram e uma mulher entrou, trazendo comida para os dois prisioneiros.

— Já não era hora — disse Clementine, ironizando a demora.

O soldado entrou na cela e colocou a bandeja de comida à frente deles.

— Obrigado. — Agradeceu Aaron, de maneira educada.

O soldado saiu, deixando-os a sós. Então, a mulher sorriu para os dois e Clementine respondeu com um sorriso falso, carregado de desprezo.

Os prisioneiros começaram a comer, concentrados na refeição, quando a porta se fechou novamente. Contudo, eles puderam ouvir a voz de uma pessoa que chegara logo em seguida, embora a escuridão os impedisse de enxergar claramente quem era.

— Olá, pessoal. — Disse o homem misterioso, mantendo-se oculto nas sombras.

— Quem é você? — Indagou Aaron, cauteloso.

Rapidamente, o homem se aproximou das grades, revelando-se gradualmente. Era Walt Lloyd. No entanto, agora estava mais velho, com uma barba por fazer e um sorriso enigmático nos lábios.

— Sou Walt Lloyd. Já nos conhecemos quando você era pequeno. É um prazer revê-lo, Aaron. — Disse Walt, sorrindo, deixando os dois perplexos ao vê-lo.


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