A Pedra Filosofal: Regulus Black Mestre de Poção 1 escrita por Bruna Rogers


Capítulo 4
Capítulo 4




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A primeira semana de aula passou como um flash, quando Regulus piscou já era sexta-feira e as aulas do dia tinham enfim acabado. Ele aprendeu depois de sua primeira aula a abrir cada aula com uma palestra e um lembrete para os sonserinos que ele não toleraria bullying e discriminação em sua sala. Os grifinórios conseguiram relaxar ao redor dele em toda a sua glória de ex-Comensal da Morte, Lorde Black. Ele suspeita que sua repreensão a Vivian Rosier tenha se espalhado na comunal dos leões,pois eles passaram a respeitá-lo muito mais depois disso. Os Lufa-Lufas e Corvinais foram os mesmos, quando ele colocou sua postura em prática, levando pontos e detendo até mesmo os membros de sua própria casa por seus delitos.

Regulus convocou uma reunião com os Sonserinos depois do jantar de sexta-feira, ele se sentou na mesma cadeira de antes, suas cobras amontoadas na sala comunal e reunidas ao redor com um ar de relutância curiosa.

— Eu decidi — ele entoou, olhando ao redor da sala mal iluminada, através dos rostos que o observavam — que uma abordagem mais direta deveria ser utilizada, tanto em termos de minha história quanto da casa Sonserina como um todo. Toda sexta-feira à noite, depois do jantar, desejo que vocês se reúnam comigo na sala comunal. Devo deixar isso claro: por enquanto, isso não é um pedido  — acrescentou ao ver algumas bocas abertas — Eu sei que a Sonserina enfrenta muitas dificuldades com o resto da escola. Isso permitirá que você tenha acesso mais fácil para registrar reclamações e expor suas preocupações comigo, que posso passar para as pessoas apropriadas ou lidar com elas individualmente.

Parkinson tinha um olhar tenso em seu rosto, mas ela não podia argumentar exatamente, então ela simplesmente assentiu. O resto da casa seguiu seu exemplo.

— O que você queria discutir conosco, então, professor? — ela perguntou, de braços cruzados.

Regulus se recostou.

— Sei que muitos de vocês estão pelo menos vagamente cientes da história da minha participação na guerra e da deserção subsequente — disse ele — Imagino que vocês possam ter perguntas. Esta é a minha promessa para vocês: nada do que você disser será usado contra você esta noite. Vocês tem a liberdade de me perguntar qualquer coisa que queiram saber - Ele abriu os braços e deu um sorriso tenso e desdentado — Você quer saber sobre a guerra? Você quer saber sobre o Lorde das Trevas? Aqui está sua chance. Não posso garantir que vão gostar do que ouvirão.

Houve um longo momento de silêncio na sala, vários alunos em pé moveram o pé, outros abriram e fechavam a boca como se quisessem perguntar mais sem coragem de prosseguir. Uma tensão se apoderando do ar. Regulus suspirou internamente.

— Eu vou falar então, certo? Se sintam à vontade para me interromper se desejarem.

O silêncio continuou a reinar no ambiente, dessa vez menos tenso, e ele tomou isso como um sinal para continuar.

— Como a maioria, senão todos vocês sabem, eu nasci na Mais Nobre e Antiga Casa Black, e como tal sempre tive muita expectativa sobre mim, mesmo sendo o segundo filho. Há um longo legado e história familiar, que inclui uma aversão às nascidos trouxas e trouxas. Meu irmão mais velho Sirius — ele fez uma pausa.

Não ficou mais fácil falar sobre seu irmão, mesmo depois de tanto tempo sem ao menos falar com ele. Seu peito ainda se apertava e seu coração doía fisicamente só de pensar nele. Tudo que eles haviam perdido sempre o assombram. Regulus engoliu e empurrou as memórias mais dolorosas para o fundo de sua mente.

— Foi selecionado para a Grifinória, contrariando as tradições dos Blacks de irem para a Sonserina. Quando eu entrei, um ano depois, eu fui escolhido para a Sonserina - ele observou a todos por um momento antes de continuar - Meus primeiros anos em Hogwarts foram extremamente normais. Fiz amizade com outras crianças de sangue puro da minha idade e me destaquei nos estudos. Na verdade, embora houvesse muita inimizade baseada em sangue no castelo, a Guerra de Sangue não começou de verdade até meu terceiro ano, quando o Lorde das Trevas e seus seguidores Comensais da Morte fizeram sua presença conhecida, atacando trouxas e áreas bruxas proeminentes para provocar medo. A agenda deles era baseada na eliminação de nascidos trouxas. Sangues-ruins, eles os chamavam - ele fez uma careta ao dizer, e viu Diane Harris se encolher.

Regulus olhou para os alunos mais velhos, os sétimos deveriam estar entrando em seu primeiro ano naquela época se Regulus não estivesse enganado. Apesar das amizades que ele fez, nunca foi com os alunos mais novos, apenas com os do ano dele e os mais velhos. Pessoas com quem ele ainda teve relações após sua formatura, principalmente porque estes também se tornaram servos do Lorde das Trevas.

Servos. Engraçado pensar nisso agora, considerando que os puro-sangues se achavam melhor do que os outros, superiores e destinados a governar sobre mestiços, nascidos trouxas e trouxas. Estes mesmos puro-sangues aceitaram tão facilmente servir alguém. Ter alguém "melhor" do que todos eles, a ironia do mundo.

— Nascidos trouxas, para eles, eram sujos, imundos, indignos de magia, manchando o grande mundo bruxo e suas tradições. Os trouxas também eram indignos da vida e deveriam ser eliminados ou escravizados. Eles queriam total domínio bruxo, para afirmar sua superioridade — ele continua voltando a olhar para todos os rostos presentes - então, quero que você responda a essa pergunta, porque sei que muitos aqui compartilham essa crença. O que torna os trouxas tão deploráveis, tão indignos? O que faz os nascidos trouxas merecerem o rótulo de "sangue-ruim"?

A sala comunal estava em silêncio mortal. Ele juntou os dedos e esperou por uma resposta.

— Porque eles não podem fazer mágica —  disse uma garota do sexto ano com as feições pálidas e delicadas - Os trouxas não podem fazer magia, então eles são inferiores.

— Realmente eles não fazem magia - ele concorda - Mas sabem o que eles podem fazer mesmo sem isso?

— Rolar na lama —  William zombou com um sorriso de escárnio — Assassinar uns aos outros em guerras inúteis? Abominar o que eles não podem entender?

Regulus riu. Havia pouco humor no som, que carregava um arrepio zombeteiro que ecoava na sala.

—  E nós magos somos melhores como? — ele esperou — Nós, o povo mágico, estamos acima de matar uns aos outros em guerras inúteis? Julgo que não preciso lembrá-los que recém saímos de uma dessas guerras inúteis. Onde também abominamos e matamos o que não conseguimos entender.

O rosto de Prince se contorceu em algo irritado e totalmente indigno, mas ele manteve a boca fechada, incapaz de pensar em um contra-argumento.

— O que você está esquecendo — Regulus continuou —  é que os trouxas são como nós, apenas com sua tecnologia e ciência ao contrário de nossa magia. Eles contêm o mesmo espectro de bom e mau que nós — a mente de Regulus viajou por um momento, recordando de seu tempo entre os trouxa no ano passado, no tempo em que ele se recuperava de sua quase morte - eles riem da mesma forma, choram da mesma forma — as boas lembranças se tornam sombrios com a lembrança dos respingos vermelhos contra os ladrilhos rachados, o riso aterrorizante soando em seus ouvidos embalados com gritos. Regulus se sacudiu internamente - eles sangram como nós.

— O sangue deles é imundo — As palavras de Brienne Parkinson eram menos carregadas de raiva do que as de seu colega monitor, mas não eram menos cáusticos.

Regulus ignorou

— Os trouxas já estiveram na lua, vocês sabiam?

A julgar pela entrada coletiva de ar na sala, não.

— Sem nenhuma mágica, nenhuma, apenas seu intelecto e tecnologia, eles se lançaram no espaço e na lua. Os trouxas pisaram na lua. Podemos dizer o mesmo?

Nenhum bruxo já esteve perto de chegar à lua.

— Na Segunda Guerra Mundial, os trouxas americanos criaram uma notável peça de tecnologia chamada bomba atômica. Eles o lançaram em duas cidades japonesas. Ambos foram destruídos. Centenas de milhares de pessoas foram mortas em apenas uma das explosões. O governo americano não mágico, assim como muitos outros, como o nosso próprio Reino Unido, ainda possui essas bombas atômicas — armas nucleares. Se eles quisessem, poderiam jogá-lo no Reino Unido Bruxo e acabar conosco — notando o ceticismo horrorizado em alguns de seus rostos, ele acrescenta — eu não estou mentindo. Você pode perguntar ao professor Robins em Estudo dos Trouxas sobre isso ou ir até a Londres dos Trouxas e ler tudo por si mesmo - ele pode ver as caretas de seus alunos só com essa menção, mas há muito mais curiosidade agora do que puro desgosto — Os trouxas superam em muito o número de bruxos e bruxas na Grã-Bretanha, assim como em todo o mundo. Eles têm suas próprias armas e formas de combate. Mesmo com magia, não seríamos capazes de superá-los, e eliminá-los é uma tolice, porque nossa população está diminuindo do jeito que está.

Ele pensou em sua prima. Regulus esteve visitando sua prima Andrômeda depois do fim da guerra, inicialmente apenas para ver como ela está e pedir perdão por a ter rejeitado como o resto de seus parentes, não que ele realmente quisesse renegar ou repudiá-la, Andy sempre foi uma boa pessoa, uma boa prima para ele e Sirius.

Encontrá-la e acima de tudo ser recebido de braços abertos por ela foi inesperado, mesmo para a pequena chama de esperança em seu peito enquanto ele ia até ela. Então ele finalmente conheceu Edward Tonks, ou Ted como ele preferia. O nascido trouxa por quem sua prima se apaixonou e amou tanto a ponto de fugir com ele mesmo com todas as ameaças que os Black fizeram a ele.

Ted parecia um homem bom, ele foi simpático a partir do momento que percebeu que Regulus não era uma ameaça a sua família. E conversar com ele era bom, fácil; um homem inteligente e espirituoso que enfrentou muito para ter sua família.

E havia Adora, como ele a chama. A filha de Andrômeda era uma coisa completamente diferente de um Black. Seus cabelos rosa chiclete de metamorfomago, uma energia abundante e um coração de ouro. Ele poderia nunca ter a conhecido se algo em seu percurso tivesse sido diferente, se ele, Sirius e Andrômeda nunca tivessem se rebelado contra as tradições e costumes de sua família no momento que fizeram.

A garota que lhe foi apresentada como Nymphadora fez uma careta terrível e repreendeu o pai por chamá-la assim. Regulus estremece por dentro só de imaginar ter tido uma reação semelhante a essa diante de sua mãe. Um tapa seria a opção menos dolorosa entre "as ferramentas de educação" de Walburga Black. Mas a forma que a menina disse "não me chame de Nymphadora" com suas mãos na cintura e um olhar de descontentamento aberto, apenas prova que ela está em um lar onde ela se sente segura o suficiente para ser ela mesmo, em que sua opinião seria ouvida, mesmo que fosse apenas para Andy responder como "Nymphadora é um nome lindo". E a menina apenas vai franzir o nariz em desgosto mais uma vez, exigindo que os outros a chamem de outra forma.

Essa liberdade e expressividade é algo que não foi vista entre os Blacks, e em qualquer outra família puro-sangue normalmente. Com os adultos apenas podando os mais novos como se suas arestas e diferenças fossem algo errado que deveria ser arrancado de dentro deles como erva daninha sendo removida pelos pais, mesmo que isso signifique perder algo que pareça precioso.

— Minha prima Andrômeda, nascida na Casa dos Black de sangue puro, casou-se com um nascido trouxa — ele começou — Sua filha agora é uma metamorfomaga, uma característica altamente desejável e valorizada, que costumava ser mais proeminente em minha família antes de nossa endogamia e a recusa em casar com aqueles de sangue supostamente impuro, levando a que essas raras características fossem reproduzidas. Foi necessária a inclusão de sangue novo para ressurgir.

— Sangue-ruim são nojentos — Brienne Parkinson disse, só que ela parecia muito mais hesitante agora, como se estivesse repetindo as palavras de seus pais — Eles sujam nossas tradições e sociedade. Eles não têm lugar em nosso mundo.

— Por que isso? — Diane Harris estalou, falando com os olhos brilhando — Eu posso fazer mágica, assim como você. Só porque não nasci aqui não significa que não pertenço a este lugar.

— Todos vocês já ouviram falar de Lily Evans — ele disse — A mãe de Harry Potter. Ela era uma nascida trouxa, e ela era a melhor bruxa em seu ano, capaz de limpar o chão com muitos membros do Sagrado Vinte e Oito. Nenhum dos puros-sangues de seu ano poderia superá-la em termos de inteligência, e poucos poderiam em habilidade mágica. Em contraste, eu conheço puros-sangues com intelecto e poder medianos.

Foi difícil para ele compreender e aceitar isso pois estava rodeado de adultos - aqueles que deveriam ser sábios e ensinarem os mais novos - repetindo o quanto inferiores os nascidos trouxas são, o como eles estavam roubando a magia para eles e tentando destruir o que os "Bruxos de Verdade" criaram. E a simples ideia de um bruxo — sangue-puro — ser superado por um desses imundos ladrões de magia era descabido. Mas depois de começar em Hogwarts e finalmente conviver com pessoas diferentes ele pôde ver o quão errado ele esteve por tanto tempo. Então veio a era da negação por mais alguns anos, até que ele finalmente superou isso, e então foi tarde demais para muitas coisas.

Essas crianças, elas mereciam ouvir de um adulto que cresceu como muitos deles, a verdade que muitos não querem acreditar ou aceitar.

— Sangue não importa — ele disse, desejando que suas palavras afundassem em suas mentes — Existem nascidos trouxas inteligentes e poderosos, e existem puros-sangues estúpidos e fracos. Sangue não é garantia de valor.

Regulus deixou no ar por enquanto. Foi o suficiente para uma noite; ele não queria sobrecarregá-los e sobrecarregá-los com informações.

— Vejo vocês aqui na próxima sexta-feira à noite — disse ele, levantando-se da poltrona — por favor, pense sobre o que eu disse. Equívocos sobre a pureza do sangue e os trouxas levaram a uma guerra que derramou muito sangue mágico. É diferente da natureza da Sonserina entrar em ação sem pensar no contexto, a menos que você queira ser convocado para a Grifinória.

Houve algumas risadas fracas com isso, e ele sorriu, deixando uma pitada de calor escapar.

— Boa noite — disse ele.

— Boa noite, Professor Black — eles disseram em coro.

 


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