A Pedra Filosofal: Regulus Black Mestre de Poção 1 escrita por Bruna Rogers


Capítulo 14
Capítulo 14




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Regulus Black odeia o Halloween, não lhe faltam motivos para isso, principalmente desde que se tornou professor, ainda mais quando os gêmeos Weasley junto a seus amigos, ou apenas os dois, determinaram que Halloween é um dia liberado para suas pegadinhas e o caos pela escola. Por mais que os professores tentassem podar os planos deles, sempre acontecia algo.

Esse ano, no entanto, Regulus esperava muitas coisas, com a pedra filosofal no castelo e o assalto ao Gringotes, a porra de um trasgo nas masmorras não era uma delas. Primeiro porque os trasgos nunca deveriam chegar perto da escola, por mais inepto que essas criaturas possam ser ainda são muito perigosos para criança, principalmente as que não sabem fazer feitiços defensivos. E ele não está só na área da escola, como dentro do castelo. Bem, Regulus sabia de antemão que havia um trasgo no castelo, é uma das armadilhas e obstáculos — que seja — para impedir que alguém chegasse a pedra filosofal, e se esse trasgo está pelos corredores significa que alguém conseguiu tirá-lo de onde ele estava.

Porque é claro que tinha que ser no Halloween que quem quer que fosse tentaria conseguir aquela maldita pedra.

O dia foi tão bom, quanto qualquer Halloween e o peso das mortes que nesse dia comemoram mais um ano. Ele começou ouvindo a conversa de seus colegas durante o café da manhã, nada realmente interessante em sua maioria, exceto por Sprout elogiando o conhecimento de Longbottom em sua matéria. Isso não parecia algo tão relevante assim, mas como o garoto não parecia estar indo bem em nenhuma matéria até agora foi interessante saber.

Durante sua aula com Grifinória e Sonserina, ele observou seus alunos fazendo a poção que ele havia ensinado, então decidiu testar o conhecimento do pequeno garoto explodidor de caldeirões.

— A Poção do Morto-Vivo é uma versão muito mais forte da poção que vocês estão fazendo agora. Senhor Longbottom, você sabe me dizer qual planta em pó é adicionada a infusão de losna para fabricá-la?

A mão de Hermione Granger voou para cima em uma velocidade quase assustadora quando ele terminou sua pergunta. Ele notou Potter e Weasley revirando os olhos para ela, mas sua atenção se manteve no garoto moreno de bochechas arredondadas.

Neville o encarou por um minuto com os olhos arregalados e as bochechas avermelhadas antes de sair do aparente transe de choque em que ele estava.

— Asfódelo, senhor Black — ele finalmente respondeu, um pouco mais alto do que um murmúrio, meio em dúvida.

Black sorriu levemente para isso, assentindo com a cabeça antes de voltar a caminhar pela sala.

— Muito bem, cinco pontos para a Grifinória.

As demais aulas para seu dia foram tão tranquilas quanto se pode esperar, ele comemorou internamente no final do dia por não ter a turma da Grifinória do terceiro ano hoje, ele não quer ficar nem perto dos Gêmeos Weasley. Apenas ouvir o que eles fizeram já é o suficiente para ele, pobre Fitch — nem tanto — por ter que arrumar a bagunça daqueles dois.

Nada explodiu até a hora do jantar, uma grande vitória comparada aos últimos anos.

Regulus se sentou próximo a ponta da mesa dos professores, a cadeira de Quirrell estava vazia, ele notou brevemente antes de se concentrar nos alunos.

A decoração ricamente espalhada pelo salão, cortesia de Flitwick, parecia encantar os primeiros anos. Regulus não vai admitir isso em voz alta tão cedo, mas ele realmente amava ver o brilho encantado nos olhos dos novatos, como tudo parecia deixá-los entusiasmado, um mundo novo se abrindo diante de seus olhos, principalmente os nascidos trouxas e os mestiços que não cresceram no mundo mágico.

A comida esplendida como sempre sendo servida para todos, tudo parecia tão normal. No entanto, é óbvio, que algo aconteceria. Não era necessário nem falar com Trelawney, a professora de adivinhação, para prever isso.

O professor Quirrell entrou correndo pelas portas principais, o seu turbante roxo torto em sua cabeça e o terror estampado em seu rosto pálido. Regulus se levantou antes mesmo do homem chegar à mesa principal, nada de bom pode vim daquela aparência.

— Trasgo...nas masmorras...achei que deveria saber — ele disse entre lufadas de fôlego, desmaiando assim que terminou.

Quirrell caiu para frente desacordado, sua cabeça acertando o chão com força o suficiente para que o som do baque ecoasse pelo salão, o fato de todos terem se calados quando o franzino professor começou a falar facilitou para que todos pudessem ouvir quando o crânio do homem encontrou o chão de pedras.

O caos se desenrolou a partir daí, os alunos gritando desesperados enquanto se moviam para sair dos bancos que rodeiam as mesas.

— Silêncio — Dumbledore projetou sua voz — não quero que ninguém entre em pânico. Monitores levem seus alunos de volta aos dormitórios, professores vocês vão comigo até as masmorras.

Regulus se virou tão rápido para encarar Dumbledore quanto os alunos começaram a se encaminhar para fora. Pelo menos os da Grifinória e os da Corvinal.

— Dumbledore — ele rosnou irritado, mas baixo o suficiente para os alunos não ouvirem — as comunais da Lufa-Lufa e Sonserina ficam nas masmorras.

O homem levou um segundo para entender o que tinha acabado de fazer, mandando dezenas de alunos direto para a cova do leão, ou bem, ao caminho de um trasgo.

— Sim, sim — Dumbledore disse, tendo a atenção dos alunos de volta a ele — lufanos e Sonserinos esperem aqui até que tudo seja resolvido.

Ele partiu antes que qualquer outra pessoa pudesse falar algo. Regulus bufou seguindo o velho junto com os outros professores.

No caminho para as masmorras, Dumbledore mandou que os professores se separassem para cobrir todos os caminhos para as masmorras.

Regulus confiou que seus colegas poderiam cuidar de tudo sem ele, e correu para o terceiro andar. A única forma de chegar ao único trasgo que poderia estar a solta por Hogwarts, ele foi até a área leste do terceiro andar.

A porta parecia intacta, mas o trinco não estava funcionando, ele percebeu ao tocar a maçaneta.

Ótimo, ele pensou enquanto abria a porta de madeira velha.

***

Harry arrastou Ron até o corredor do banheiro feminino. O ruivo estava claramente apavorado, mas mantinha a varinha apertada em seu punho, pronto para lançar algum feitiço para se defender.

Eles precisaram se esconder por um segundo, quando ouviram passos pesados se aproximando deles. Ron pensou que fosse seu irmão mais velho, Percy, que notou a ausência deles, mas quando se esconderam atrás de um grifo de pedra viram o Professor Black passar correndo por eles sem olhar para trás, ou notar a presença dos dois.

Eles voltaram a correr e viraram no corredor do banheiro quando viram a sombra enorme se projetando na parede não muito longe deles.

É uma visão assustadora, a criatura de quase quatro metros de altura, a pele cinzenta e o corpanzil cheio de calombos como um pedregulho e uma cabecinha no alto que mais parecia um coco. Pernas curtas e grossas como um tronco de árvore e pés chatos, carregando um enorme bastão de madeira que ele arrastava pelo chão.

O trasgo parou próximo a porta e espiou lá dentro abanando as longas orelhas antes de entrar.

— Há uma chave na porta, podemos trancá-lo lá — Ron disse apontando para o local onde o grande ser entrou.

— Boa ideia — Harry concordou e eles correram até lá, o mais silenciosamente possível para não atraírem a atenção do trasgo.

A porta havia se fechado na costa da criatura, então Harry apenas teve que virar a chave e o trasgo estava preso e eles estavam seguros.

— Pronto!

Eles comemoraram a vitória e começaram a voltar pelo corredor quando ouviram um grito alto e feminino que vinha da sala onde eles trancaram aquilo.

— Ah, não — Ron exclamou pálido ao mesmo tempo que Harry praguejou.

— Merda.

Eles se encararam.

— Vem do banheiro das meninas.

— Hermione! — eles disseram juntos

Eles queriam voltar e enfrentar um trasgo armado? Obviamente que não, mas que escolha eles tinham?

Eles deram meia volta correndo para a porta trancada. Harry se atrapalhou para virar a chave novamente e abrir a porta, então eles entraram correndo.

Hermione estava encolhida tremendo embaixo de uma pia, cercada pela cerâmica das pias ao redor que o monstro quebrou com aquele bastão. O trasgo estava avançando contra ela quando os meninos entraram, para chamar para si a atenção dele, os dois começaram a lançar o que conseguiam encontrar do banheiro destruído pelo chão: madeira, cerâmica, cano, uma torneira.

O trasgo nem pareceu sentir qualquer coisa, ou ouvir os insultos lançados por Ron. Até que o ruivo deu um grito. Então finalmente a criatura se virou para eles.

— Vamos corra, corra — Harry gritou encarando os olhos castanhos da garota, tentando puxá-la na direção da porta.

Ela, no entanto, estava congelada. Os ecos dos gritos do moreno estavam deixando o trasgo enlouquecido. Ele rugiu e avançou contra Ron que estava muito perto dele, não tinha como o ruivo escapar.

Harry fez a primeira coisa que teve tempo de pensar — muito corajoso, completamente idiota — ele pulou sobre as costas daquela coisa, e o trasgo nem sentiu o peso do menino sobre si.

Ele saltou, a varinha ainda em sua mão entrando direto na narina do trasgo enquanto Harry caia no chão, arrastando seu corpo para trás, ainda encarando a criatura que urrava e balançava o bastão para todos os lados.

Ron puxou a própria varinha, quando viu Hermione se afundar no chão de medo. Brandindo-a ele apontou para o trasgo.

— Wingardium leviosa! — Ron diz, o primeiro feitiço em sua mente.

Aquele que ele aprendeu mais cedo naquele dia, que Hermione o corrigiu e o irritou, motivo pelo qual ele fez aquele comentário cruel sobre ela não ter amigos, próximo o suficiente para ela ouvir, a razão pela qual ela estava chorando naquele banheiro em primeiro lugar.

Na mesma hora o bastão voou da mão do trasgo e sobre sua cabeça. O trasgo encarou o objeto no ar, sua cabeça se inclinando para o lado em confusão pelo que estava acontecendo. Para as crianças tudo pareceu durar uma eternidade, mas em meros segundos o bastão caiu e com um barulho feio ao atingir a cabeça da criatura. O trasgo cambaleou e em seguida caiu no chão, de cara na pedra sobre seus pés. O baque fez todo o banheiro sacudir.

Hermione finalmente pareceu sair de seu estado de choque o suficiente para se mover em direção aos meninos enquanto Harry se levantava do chão.

— Ele está... morto? — ela é a primeira a quebrar o silêncio tênue que se formou.

— Acho que não — Harry respondeu se aproximando lentamente — acho que apenas desmaiou — ele se abaixou e puxou sua varinha, estava suja de uma coisa que parecia cola grumosa.

— Eca — os três enrugam o nariz em expressões quase idênticas de nojo.

Harry limpou a varinha nas calças do trasgo, quando a porta se abriu com um alto barulho, que fez as crianças saltarem em suas pele, quando os professores entraram.

Minerva adentrou o banheiro seguido por Filtch e Quirrell que em algum momento acordou. O homem com turbante púrpura deu uma espiada no trasgo.

No segundo que o professor de DCAT se aproximou da criatura, ela soltou um ronco alto que fez o professor soltar um gemidinho e se sentar depressa no vaso sanitário não destruído, a mão sobre o peito e os olhos assustados.

Minerva abriu a boca para dizer algo quando o professou Black entrou, mancando levemente em uma perna. A expressão dele estava em branco, Harry não sabia dizer se ele estava bravo ou assustado, não havia nada em seu rosto, apenas olhos cinzas gélidos.

— O que vocês estavam pensando? — Minerva perguntou, a fúria mal reprimida em sua voz — vocês tiveram sorte de não serem mortos. Por que não estão no dormitório?

Filtch lançou um olhar rápido e penetrante para Harry, o moreno olhou para o chão.

— Por favor, professora Minerva — Hermione disse em uma voz ainda assustada, mas firme — eles vieram me procurar.

— Srta. Granger — a matrona encarou a garota.

— Sai procurando o trasgo porque pensei que poderia enfrentá-lo. Sabe eu já li tudo sobre trasgos.

Harry e Ron se encararam em silêncio, assistindo Hermione mentindo para defendê-los.

— Bem — McGonagall diz após ouvir a história — nesse caso, Srta. Granger que bobagem, como pode pensar em enfrentar um trasgo montanhês sozinha?

Hermione abaixou a cabeça. Harry parou de se concentrar na professora de transfiguração, observando como o professor de poções, Sr. Black estava mudando o peso de seu corpo para o lado esquerdo, puxando as vestes, tão negras quanto seu nome, mais fechadas em sua volta. A única indicação de algo dele, foi a respiração ofegante de quando ele entrou correndo no banheiro, agora mais equilibrada.

— Professora McGonagall — Black interveio — por mais que eu concorde com a senhora, que essas ações devem receber toda a atenção das regras. Acredito que as crianças devem ser levadas até a Ala Hospitalar.

O Sr. Black encarou os três garotos.

— Apenas para garantir que eles estejam bem. Eu mesmo os acompanharei, e então ao amanhecer eles podem apresentar sua história ao diretor.

McGonagall o encarou por um momento antes de se voltar para as três crianças. Ela assentiu levemente

—Sim, uma boa ideia, sr. Black.

O professor Black os acompanhou até a enfermaria, onde eles foram checados pela medibruxa Pomfrey que garantiu, que além de algumas escoriações, todos estavam bem. E então o homem os acompanhou até a Torre da Grifinória.

— Peço aos três que tentem não se colocarem em riscos como esse novamente — Black disse antes de se despedir das crianças — se tiverem ou acharem que alguém está em perigo, por favor, avisem algum adulto. Por hora, tenham uma boa noite.

***

Regulus desabou na cadeira de seu quarto uma hora depois dos acontecimentos com o trasgo. Quando finalmente pode levar seus sonserinos para a comunal, e acalmar suas preocupações — completamente válidas — sobre suas segurança dentro do castelo.

Ele dispensou as crianças da reunião semanal, deixando que elas aproveitassem o que sobrou do Halloween como preferirem dentro da comunal. Ele passou pela cozinha, pedindo que uma rodada de chocolates quentes fossem entregue para os alunos ainda naquela noite.

Regulus estava tão exausto. Esfregando a perna esquerda dolorida pela corrida que ele fez por três andares ida e volta. A carne queimando sob as cicatrizes deixadas a tantos anos atrás. Pelo menos aquele cão de três cabeças ainda parecia intacto e violento, perigoso e ainda de guarda, a pedra ainda está a salvo.

Ele ficou tão feliz quando finalmente conseguiu passar um dia todo trabalhando sem poção para as dores musculares e das cicatrizes dos inferis. Mas ele ainda não podia abusar do próprio corpo assim, talvez nunca mais. A idade já chegou a ele de qualquer forma.

Tudo o que ele quer é dormir e esquecer de viver por vinte e quatro horas, talvez mais.

Mas um elfo doméstico batendo à sua porta com uma solicitação de sua presença no escritório de Dumbledore derrotou seus planos como um castelo de cartas no vendaval.

 


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