Dear Hacker - Duskwood Continuation (Em Revisão) escrita por Akira Senju


Capítulo 44
Renúncias


Notas iniciais do capítulo

Olá a todos! Espero que gostem do capítulo de hoje ♥

Tenham todos uma ótima leitura!



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Adelynn POV

Segredos… Algo que todos possuem. Em sua maioria, são motivos de vergonha, raiva ou tristeza. Existem segredos que precisam ser revelados, pois a verdade, por mais dolorosa que seja, pode livrar alguém de um prejuízo muito maior e ajudá-la a dar início a uma evolução. Mas existem segredos que devem estar apenas conosco, para sempre, ou… Até conseguirmos revertê-los.

                                               …

Adie passou o olhar em um por um, o que fez com que cada um tivesse uma sutil reação. Hannah desviou o olhar, olhando para baixo. Cleo a encarava, com uma certa expectativa. Jessy a olhava com o semblante entristecido. Jake a olhava com uma certa preocupação. Lilly a encarava de forma neutra e Dan, sequer a olhava, ele estava distraído, perdido em seus pensamentos.

(Lilly) - E então? 

Adie imediatamente voltou a olhá-la e, após pensar por mais alguns segundos, ela respirou fundo e olhou para baixo por um breve momento.

(Adie) - Certo… – Ela voltou a olhá-los. - Mas antes de falar dos meus “pecados”, devo ressaltar que vocês possuem segredos interessantes. E um detalhe ainda mais interessante, é que eu já sabia de todos esses segredos, da qual me foram revelados naturalmente, em um ato de confiança. Me sinto feliz por vocês confiarem em mim, embora, agora as coisas pareçam estar mudando, não é mesmo, Lilly e Jessy?

As duas ficaram surpresas.

(Jessy) - Não, não é isso, Adie! Nós apenas queremos respostas e…

(Lilly) - Nossa intenção é fortalecer os laços e nos unirmos mais.

Ela olhou para Lilly.

(Adie) - Bem, sua intenção era unir a todos, mas, agora, o Thomas, mesmo sabendo do segredo do Dan, provavelmente, está fora. Jessy está chateada com o Dan e com o Phil e, sabe-se lá, se terá estruturas para continuar.

Jessy, que a olhava, suspirou e ficou cabisbaixa

(Adie) - E sua irmã… – Ela apontou a mão sutilmente para Hannah, que estava cabisbaixa. - Está claramente abalada. Todos se dividiram bem no momento de lermos um livro juntos e, talvez, encontrarmos respostas. O que torna tudo ainda mais difícil. Agora eu lhe pergunto… Está satisfeita com o resultado?

Lilly olhou para Hannah e suspirou, entristecida.

(Adie) - Está convencida de que foi o Richy? Ou sequer se lembra que esse era o foco da investigação dos segredos?

Lilly a olhou e bufou, levemente irritada, mas Adie a encarou de forma intimidadora, o que a fez desviar o olhar e ficar pensativa.

(Adie) - Sabe… – Ela se recostou no sofá. - Quando as pessoas me contam segredos, os mesmos, também se tornam meus. Porém, acredito que a maneira como me sinto diante de tantas informações, desde que os conheci e me envolvi no caso da Hannah, seja o meu maior segredo para vocês. Se bem me lembro, acho que nunca disse a ninguém o que realmente passa em minha mente todos os dias antes de dormir e que impede que eu pegue no sono, na maioria das vezes, sem o auxílio de uma dose de whisky. – Ela ficou com o olhar distante, pensativa por alguns segundos, até que suspirou. - Vocês têm ideia de como é difícil esconder seus segredos? Aqui, nesse grupo, há alguém que matou por acidente. – Ela olhou para Hannah, que logo a olhou. - Alguém que quase foi responsável pela prisão do próprio irmão, que é inocente. – Ela olhou para Lilly, que a olhava, mas logo ficou cabisbaixa. - Alguém que, mesmo que indiretamente, foi responsável pelo acidente de uma pessoa. - Ela olhou para Jessy, que se surpreendeu. - Alguém que mandou uma pessoa inocente para a prisão. – Ela olhou para Dan, que arregalou os olhos. - E alguém que é procurado pelo governo. – Ela olhou para Jake, que apenas continuou olhando-a, de forma neutra. - Convenhamos, não são segredos bobos. A maioria, se tratam de crimes. – Ela encarou um por um, de forma intimidadora. - Nesse exato momento, fazendo este breve panorama, em meio a essa reunião da qual a revelação dos segredos foram exigidos como garantia da permanência de alguns de vocês na investigação, eu me pergunto: Vocês não acham ser um pouco tarde para exigir verdades ou desconfiarem de mim? Vocês nunca haviam me visto antes e me contaram seus segredos mais obscuros, confiaram suas vidas a mim, sem sequer saber meu nome completo. – Naquele instante, um leve sorriso malicioso surgiu nos lábios dela, enquanto ela olhava cada um, calmamente, e todos se intrigaram.

(Dan) - O que você está querendo dizer?!

(Adie) - É simples… Vocês deveriam ter se atentado a importante lição ensinada pelo nosso querido amigo, Richy. Ninguém é totalmente confiável… E quando se trata de alguém da qual vocês conheceram por mensagens, onde qualquer emoção pode ser muito bem descrita sem ser de fato sentida, vocês precisam ser cautelosos.

Todos a olhavam, extremamente intrigados, até mesmo Jake.

(Adie) - Não se pode contar com a sorte em casos assim… – Ela permaneceu encarando-os, em silêncio por alguns segundos, e todos pareciam extremamente confusos e desconfiados. - Hum… – Ela deu uma leve risada. - Mas, vocês realmente tiveram sorte. Eu renunciei a minha tranquilidade para ajudá-los e protegê-los. Saibam que, apesar de estar sendo constantemente questionada por tudo, obviamente, eu continuo escondendo o que sei. Porém, acredito que vocês não fazem ideia da árdua briga interna que sempre se repete em mim, entre minha ética e minha emoção. Mas eu suporto tudo isso e sem reclamar, por um único motivo: Vocês são muito importantes para mim. Vocês se tornaram minha família e me deram a oportunidade de viver algo único, algo que eu acreditei que acontecia apenas em filmes. Somos um grupo de amigos que investigou e solucionou um caso de desaparecimento de uma integrante do nosso meio, por conta própria. E agora, moramos em uma casa juntos, fazemos festa, dividimos contas, tarefas, momentos e segredos. Para complementar esse fatídico roteiro de suspense, que é a nossa vida, um de nós, que sou eu, está sendo perseguida por um idiota mascarado. – Ela deu uma leve risada. - Apesar de tudo, ter renunciado à minha vida para estar aqui com vocês, valeu a pena. Porém, nesse exato momento, algumas perguntas surgiram e se repetem em minha mente... Será que vocês fariam o mesmo, por mim? Vocês seriam capazes de ouvir qualquer tipo de segredo da minha parte, mesmo que fosse um crime, e o guardaria dessa forma? Será que vocês suportariam os conflitos internos e o auto julgamento, por mim? Ou vocês se afastariam para sempre? Ou pior, me entregariam para a polícia? 

(Jessy) - Acontece que nós já guardamos um segredo seu, Adie. A presença de Jake aqui ainda é mantida em sigilo, exatamente por ele ter cometido crimes, mas nós respeitamos isso porque você nos pediu. 

(Hannah) - Acontece que não é só por ela. Se Adie não tivesse pedido, eu teria feito isso. Afinal, ele é meu irmão.

(Jessy) - Esse é um fato que foi mantido em segredo e nós só descobrimos a alguns minutos, Hannah.

(Hannah) - Exatamente porque Adie não impôs isso e respeitou nosso tempo para revelar esse segredo. Quando ela pediu a vocês que a presença de Jake fosse mantida em segredo, para evitar qualquer suspeita da polícia, ela também estava falando por nós.

(Lilly) - Isso é verdade.

Todos ficaram pensativos e o silêncio tomou conta. Depois de alguns segundos, Adie suspirou e se ajeitou no sofá, se inclinando para frente e escorando os cotovelos em suas coxas. 

(Adie) - Bem… Dentre as diversas informações, teorias, questionamentos e filosofias que passam por minha mente todos os dias, há um fato que, por mais difícil, devemos aceitar… Os segredos eternos, não existem. Existe um momento certo para que cada um apareça, seja revelado por nós mesmos, ou por terceiros. Por acreditar que exista um momento certo para cada coisa, impor isso a alguém e tentar adiantar tais processos, pode acarretar reações da qual não estamos preparados para lidar, como a do Thomas e da Jessy. A consequência disso são os afastamentos, que podem ser temporários ou permanentes.

Hannah a olhou, preocupada. 

(Adie) - Existem sim alguns segredos em minha vida, mas ninguém irá me impor o momento certo para revelá-los e lamento por vocês terem acreditado que eu entraria nesse joguinho estúpido. 

Jessy e Lilly, que estavam cabisbaixas, logo a olharam.

(Adie) - Eu realmente preciso de vocês agora, nesse momento, pois me sinto perdida… Mas entendo tal posicionamento. Estamos falando aqui de uma pessoa que vocês conhecem apenas há alguns meses e que precisa de ajuda. Mesmo sendo essa mesma pessoa a ter enfrentado tudo por vocês, conhecendo-os apenas há dias, e ter chegado a um estado de esgotamento por conta dos acontecimentos repetitivos. Mas a escolha é de vocês. Façam o que acharem melhor. – Ela se levantou. - Apesar de tudo, essa reunião foi proveitosa, pois me ajudou a compreender que eu não posso contar com vocês incondicionalmente e não devo mais perder tempo. Eu aceito que precisarei resolver essa merda toda, sozinha. – Ela passou uma breve olhada em cada um, parando em Jessy e se virou, saindo da sala em seguida.

(Jake) - Adie, espera! – Ele logo se levantou e caminhou em direção a ela, mas Adie seguiu apressada para as escadas e começou a subir.

(Dan) - Cara, deixa ela.

Jake a seguiu, mas parou perto da escada e a observou chegar ao topo e entrar em seu quarto. Ele suspirou com pesar e voltou para sala.

(Dan) - Eu entendo como ela se sente e até concordo com a atitude dela.

(Cleo) - Mas não foi essa a nossa intenção! Como ela vai investigar tudo sozinha?

(Jake) - Ela não está sozinha! – Ele a olhou, levemente irritado.

(Dan) - Não mesmo.

Cleo bufou e desviou o olhar. Depois de alguns segundos, Lilly se levantou e saiu. Em seguida, Jessy fez o mesmo e, depois de mais alguns instantes, Cleo e Hannah também saíram, deixando apenas Dan e Jake na sala. Jake havia se sentado novamente no sofá e estava com os cotovelos apoiados nas coxas e cabisbaixo, enquanto balançava sua perna direita. Dan o observou por alguns segundos, até que se levantou e se aproximou dele.

(Dan) - Aí… – Ele se sentou ao lado de Jake. - Eu nunca a ouvi falar desse jeito e, sinceramente, nunca havia parado para pensar em como ela nos tem nas mãos. Mas, apesar de tudo, ela jamais vacilou e permanece sendo leal a todos, até mesmo ao idiota do Phil.

Jake levantou o olhar.

(Jake) - É... 

(Dan) - Até mesmo eu, passei a confiar nela plenamente. Mesmo que no início eu tenha sido rude e a julguei mal. – Ele balançou a cabeça em negação. - Eu só gostaria de saber se ela possui mesmo algum segredo tão difícil de compreender.

(Jake) - Não seja como os demais. Se você se importa com ela de verdade, não a questione como os outros fizeram. Eu estou tentando ajudá-la a não desistir, mas tem sido difícil. – Ele o olhou. 

Dan desviou o olhar e suspirou, preocupado.

 Alguns minutos depois, Jake abriu a porta de seu quarto e a primeira coisa que seus olhos buscaram, foi por ela, porém, ele não a viu em sua cama. Após entrar no quarto e fechar a porta, ele deu alguns passos e logo notou Adie olhando pela janela, que ficava um pouco distante da sua mesa do computador, à direita. Ele a observou por alguns segundos, tentando imaginar o que se passava naquela mente inquieta e cheia de dúvidas. Adie parecia desconectada do mundo e intercalava seu olhar entre o céu e as árvores que estavam distantes. Enquanto a observava, Jake apenas pensava no quanto gostaria de estar no lugar dela, apenas para livrá-la de sentir qualquer tipo de frustração.  

(Jake) - O que eu posso fazer para mostrá-la que você não está sozinha?

Adie continuou em silêncio por alguns segundos, até que suspirou.

(Adie) - Nada do que eu disse se aplica a você.  – Ela se virou para olhá-lo. - Você é o único motivo pelo qual eu ainda não desisti. – Os olhos dela marejaram.

Jake se aproximou, olhando-a com ternura e lhe deu um beijo carinhoso na testa.

(Jake) - Eu te amo. – Ele a envolveu com seus braços, em um abraço acolhedor e lhe deu um beijo na cabeça.

Adie apenas fechou os olhos e se entregou ao abraço dele.

Mais tarde, a casa dos amigos estava ensurdecedoramente silenciosa. Cada integrante do grupo estava perdido em sua própria confusão interna, o que tornava-os incapazes de falar qualquer coisa. No quarto das meninas, Hannah estava abatida e deitada na cama de Cleo, que amparava sua cabeça com um travesseiro posto em seu colo e acariciava seus cabelos. Jessy estava deitada em sua cama, que ficava no canto direito do quarto e, estando com o rosto virado, ela encarava a parede, enquanto pensava sobre tudo. Lilly estava em sua cama, que era a terceira, e mexia em seu celular. Porém, em certo momento, ela olhou em direção a sua irmã e ficou observando-a. Cleo a olhou, mas Hannah sequer a viu, estava distante. Lilly suspirou entristecida e logo voltou sua atenção para o seu celular. No quarto que era de Thomas e Hannah, ele estava olhando pela janela, mas parecia desconectado do mundo e seu semblante era indiferente. Dan estava na cozinha, encostado no balcão, enquanto bebia um pouco de whisky e pensava sobre tudo. Alguns minutos se passaram, e Lilly chegou na porta da cozinha.

(Dan) - Oi.

(Lilly) - Oi. – Ela respondeu sem entusiasmo e logo foi até a geladeira.

(Dan) - Parece que ninguém vai jantar hoje, não é?

Ela fechou a porta da geladeira, segurando uma garrafa de água mineral.

(Lilly) - Acho que todos perderam a fome.

Dan não disse nada e virou um gole de sua bebida. Lilly se aproximou do balcão e se sentou em um dos banquinhos. Em seguida, ela abriu a garrafa de água e bebeu alguns goles.

(Dan) - Como está o clima lá em cima?

(Lilly) - Como você deve imaginar.

(Dan) - Hum, isso vai passar. Já superamos coisas piores.

(Lilly) - Eu só não pensei que fosse acabar assim. Eu… Eu não queria ter causado isso. – Ela ficou cabisbaixa.

(Dan) - Olha… A verdade é que todos estão precisando ser mais compreensivos. A Adie precisa de apoio, mas vocês estão oscilando. Hora oferecem o mundo para ela, se mostram presentes e lhe dão suporte, mas, depois, exigem algo em troca. Embora suas intenções e as de Jessy, talvez, fossem as melhores, tudo indicou desconfiança.

(Lilly) - Eu sei! Você não faz ideia do quanto me arrependo por não ter usado as palavras certas. – Ela escorou os cotovelos no balcão e passou as mãos no rosto.

Dan a observou por alguns segundos, com pesar. Em seguida, ele deixou seu copo de whisky sobre o balcão e ficou ao lado de Lilly, abraçando-a. 

(Dan) - Todo mundo erra, pequena. As coisas vão se ajeitar.

Lilly deitou sua cabeça no ombro dele e ele escorou sua cabeça na dela.

(Jake) - Oi. – Ele surgiu na porta da cozinha.

Dan e Lilly logo o olharam.

(Lilly) - Oi, Jake.

(Dan) - Já vou logo avisando que hoje não haverá jantar.

(Jake) - Sem problema. Eu só vim perguntar se vocês viram a Adie. 

(Dan) - Ela não estava com você?

Jake se aproximou deles.

(Jake) - Sim, estava. Ela adormeceu a alguns minutos atrás e eu fui tomar um banho, mas quando retornei, ela já não estava.

(Lilly) - Talvez ela tenha ido até o nosso quarto.

(Jake) - Não. Eu fui até lá e me disseram que também não a viram. 

Dan e Lilly se intrigaram.

(Dan) - Que estranho.

(Jake) - Eu vou tentar ligar para ela.

Ele logo se virou e foi em direção a saída da cozinha. Dan e Lilly se olharam, ainda intrigados. 

Depois de alguns instantes, Jake chegou em seu quarto e entrou apressado. Ele foi em direção a sua mesa de cabeceira e pegou seu celular. Em seguida, ele desbloqueou a tela e logo procurou o contato de Adie para iniciar uma chamada de voz. Ao encontrá-lo e iniciar a chamada, ele colocou o celular no ouvido, mas quando chamou pela primeira vez, o celular de Adie começou a tocar em cima da mesa de seu computador, o que o deixou surpreso e levemente boquiaberto. Ele encerrou a chamada de áudio e foi até sua mesa. Ao ver o celular, Jake também notou um papel com algo escrito, debaixo do aparelho. Estando intrigado, ele logo pegou e desdobrou o papel. Era um recado de Adie, que dizia: 

Meu amor… Escrevo esse recado para pedir que me perdoe por não ter esperado para te ver, antes de sair. Eu aprendi que nunca devemos nos afastar de quem amamos sem antes nos despedir e demonstrar o que sentimos, afinal, não sabemos se aquela será a última vez que a veremos. Mas eu estou aflita e não pude suportar minha própria inquietação. Caso tenha sido a última vez em que nos vimos, saiba que eu te amo mais do que tudo e todos, meu querido Hacker!

Ass: Adie.

Após ler o recado, Jake ficou sem reação por alguns instantes. Porém, não havia muito o que fazer, já que ela havia deixado seu celular. Ainda pasmo, ele deixou o papel sobre a mesa novamente e se aproximou de sua cama. Estando perto, ele se sentou e suspirou, esfregando as mãos no rosto.

Enquanto isso, Adie dirigia pela estrada escura e, embora olhasse fixamente para frente e parecesse concentrada, seu olhar estava distante e vazio. Em sua mente, ecoavam lembranças daquilo que, talvez, jamais se repetiria.

Flashback on

Adie caminhava por um pequeno corredor de uma casa simples, com as paredes de cor branca e o piso de madeira. Depois de alguns passos, ela parou em frente a uma porta de cor marrom e bateu quatro vezes. Após alguns segundos, um homem de cabelos loiros, mesclados de branco, e com aparência de aproximadamente 50 anos de idade, trajado com um suéter bege com golas brancas e calças de cor marrom escuro, abriu a porta e logo sorriu ao vê-la.

(Adie) - Tem um minuto, senhor Sebastian? 

(Sebastian) - Para a minha princesa, sempre! – Ele sorriu lindamente e abriu mais a porta, convidando-a a entrar.

Adie também sorriu e logo entrou. Era uma biblioteca simples, que continha uma estante de livros não muito grande, uma mesa redonda e três cadeiras.

(Adie) - O senhor sabe que eu odeio me despedir, ainda mais por se tratar de uma viagem de apenas uma semana. 

O senhor se aproximou da mesa, onde estava antes.

(Sebastian) - O que a fez mudar de ideia?

(Adie) - Eu não mudei de ideia, papai. Mas… Eu… Eu queria te dar um abraço. – Os olhos dela marejaram.

O sorriso de Sebastian se desfez, ao notar uma certa preocupação em Adie.

(Sebastian) - O que foi? 

(Adie) - Nada, pai… Não é nada. – Ela passou as mãos nos olhos. 

Ele se aproximou um pouco mais.

(Sebastian) - Me fale, filha. Não me deixe preocupado.

Ela o olhou e pensou por alguns segundos.

(Adie) - É só que… Eu tenho medo de não ver mais o senhor e a mamãe. 

(Sebastian) - Minha filha, porque está pensando nessa bobagem?! 

(Adie) - Não sei. Talvez eu só esteja emotiva por conta dos problemas que enfrentei nos últimos meses e… 

(Sebastian) - Meu amor, me escute… – Ele a segurou pelos ombros, com carinho. - Vocês precisam descansar e essa viagem vai te fazer muito bem. Então, me prometa que vai deixar essas ideias de lado e vai aproveitar ao máximo. 

Adie ficou em silêncio por alguns segundos, enquanto olhava-o.

(Sebastian) - Se sua preocupação está relacionada com a minha saúde, saiba que eu estou bem e estou tomando os remédios nos horários certos, como a minha médica preferida me exigiu. – Ele sorriu.

Adie também sorriu.

(Adie) - Espero que o senhor não se descuide na ausência de sua médica preferida.

(Sebastian) - Eu prometo! - Ele ergueu a mão direita, firmando uma promessa.

Adie sorriu novamente.

(Adie) - Ótimo. Então eu prometo que vou aproveitar a viagem. 

Sebastian sorriu novamente.

(Adie) - Bem, eu preciso ir. – Ela logo se virou para sair.

(Sebastian) - Não está se esquecendo de nada?

Adie parou.

(Adie) - Não… – Ela o olhou. - Acho que guardei tudo na mala.

Sebastian deu uma leve risada.

(Sebastian) - Me refiro ao abraço que você veio me dar.

(Adie) - Ah… – Ela relutou por alguns segundos, até que começou a se aproximar de seu pai devagar, temendo se despedir.

 Mas, apesar do receio, ao chegar perto, ela o abraçou. Sebastian a envolveu com um abraço caloroso e cheio de amor, o que dissipou o medo de Adie e a fez abraçá-lo mais forte.

(Adie) - Eu te amo, papai!

(Sebastian) - Eu também te amo, minha princesa!

Flashback off

Os olhos de Adie estavam cheios de lágrimas, que logo desceram pelo seu rosto. Seu medo era apenas um pressentimento de que aquele abraço, realmente significava uma despedida a longo prazo. 

Na casa dos amigos, Dan, Jake e Lilly, estavam na varanda, olhando ao redor da casa, na esperança de encontrar algum rastro de Adie.

(Dan) - Cara, como ela saiu com o carro e ninguém ouviu?!

(Lilly) - Está todo mundo distraído com seus próprios questionamentos, Dan.

Dan suspirou, preocupado, e passou a mão em sua barba, andando de um lado para o outro. Jake, que estava atrás da casa, retornou.

(Dan) - E aí?

Jake suspirou com pesar.

(Jake) - Nada.

(Lilly) - Ah, céus, se algo acontecer com ela será por minha culpa! – Ela esfregou as mãos no rosto, aflita.

Jake a olhou, mas por estar extremamente preocupado, sequer foi capaz de dizer algo para acalmar sua irmã.

Depois de alguns minutos de estrada, Adie havia parado em frente a uma floresta e estava recostada em seu carro, enquanto tomava uma dose de uma garrafa de whisky Black Label, que estava pela metade e posta sobre o teto do carro. Próximo onde ela estava, havia um folheto de busca pelo preso fugitivo, Ted Madruga, mas seu olhar estava em outra direção. Ela encarava aquele caminho escuro e sombrio que dava acesso às profundezas daquela floresta e, apesar da noite calma e estrelada, da qual o único barulho que se ouvia era do vento que agitava as folhas das árvores, havia o perigo iminente de estar sendo observada pelo homem sem rosto, que poderia executar seus planos ao perceber que ela estava sozinha. Porém, ela parecia não se preocupar com essa possibilidade e, estranhamente, parecia até desejar tal coisa. Seus pensamentos estavam longe e, enquanto olhava a escuridão, ela se lembrava de mais momentos do passado.

Flashback on

CHAT:

            Private

(Adie) - Oi, tem um minuto?

   Private está agora online

(Private) - Precisa ser breve.

(Adie) - Eu estou preocupada.

(Adie) - Algumas pessoas entraram em contato comigo e me informaram que Hannah Donfort desapareceu há três dias.

(Private) - Nossa…

(Private) - Eu lamento muito por isso.

(Adie) - Mas tem uma outra coisa…

(Adie) - Um hacker também entrou em contato comigo.

(Private) - O que?!

(Private) - E você o respondeu?!

(Adie) - Sim, ele me pareceu inofensivo.

(Private) - Adie, isso é perigoso!

(Adie) - Fique calmo. 

(Adie) - Eu sei que posso ter sido descuidada, mas, apesar de não acreditar em grandes coincidências, pode se tratar de quem nós procuramos.

(Private) - O que a faz pensar nisso?

(Adie) - Eu não sei exatamente…

(Adie) - Eu só… sinto.

(Private) - Certo…

(Private) - Tudo bem.

(Private) - Se pretende continuar a ter contato com essas pessoas e com esse hacker, tenha cuidado.

(Private) - Tente conseguir o máximo de informações possíveis e me mantenha informado.

(Adie) - Certo.

Tempos depois…

(Cena do Capítulo 13 - O Recomeço)

CHAT:

                   Private

(Private) - É ele!

Ao ler, ela se assustou.

CHAT:

                   Private

(Adie) - Do que você está falando?!

(Private) - Ele é o outro.

(Adie) - Como tem tanta certeza?

(Private) - As informações publicadas pela garota Lilly não deixam dúvidas. Ele é Jacob Hartmann.

(Private) - Agora é minha vez de fazer a mudança.

(Private) - Se prepare para agir, Adie. Dessa vez, o recomeço é real.

Private está agora offline

Adelynn POV

Naquele dia, meus conflitos internos aumentaram. Eu sempre soube que recomeçar era difícil, mas eu sabia que esse recomeço me tiraria ele... para sempre.

                                   …

Depois de uma noite em claro, Adie estava sentada em sua cama, com a perna agitada e olhava com apreensão para o seu celular. Ela encarava sua última conversa com aquele contato, Private, com uma certa expectativa, desejando vê-lo online. Depois de muito esperar, ela enviou uma mensagem.

CHAT:

             Private

(Adie) - Ei, onde você está?

(Adie) - Que idiotice da minha parte… Eu sei que você não pode responder essa pergunta.

(Adie) - Apenas me diga se já chegou em seu destino.

Duas horas depois…

CHAT:

             Private

(Private) - Oi.

(Private) - Ainda não. Estou resolvendo os últimos detalhes da mudança.

(Private) - O importante é que estamos perto do que tanto esperamos.

Adie apenas visualizou aquelas mensagens e imediatamente se levantou, indo até o guarda roupas e tirando uma mala. Em seguida, ela começou a tirar suas roupas do guarda roupas e colocá-las na mala.

                                 …

Algumas horas depois, Adie estava dentro de um avião. Ela estava com a cabeça recostada na poltrona, com os olhos fechados e segurava seu celular, enquanto ouvia músicas com seus fones. Depois de alguns minutos, o som de uma notificação de mensagem interrompeu sua música por um segundo e ela logo olhou.

CHAT:

             Private

(Private) - Em algumas horas, chego ao destino.

      Adie está agora online

(Adie) - Hum, eu também.

(Private) - O que?! Como assim?!

(Adie) - Meu destino não é o mesmo que o seu, mas eu preciso que me escute

(Adie) - Eu sei o quanto esperamos por isso, embora signifique que nosso trabalho ainda está apenas começando, mas…

(Adie) - Por favor, vamos mudar os planos.

(Private) - Mas… do que você está falando, Adie?!

(Private) - Porque mudar agora que estamos tão perto?

(Adie) - Eu proponho que haja uma outra maneira de fazermos isso. 

(Adie) - Uma maneira que me justifique, que possa criar a possibilidade dele me perdoar

(Adie) - Ele é importante para mim…

(Private) - Está dizendo que…

(Private) - Você sente algo por ele?

(Adie) - Sim.

(Adie) - Eu me apaixonei por Jacob Hartmann, o hacker, o terceiro…

(Private) - …

(Adie) - Caso você não aceite, há um outro jeito de mudar os planos

(Adie) - Esteja ciente que estou disposta a tudo

(Adie) - Até mesmo a…

(Adie) - Renunciar.

                   …

Tempos depois...

Adie estava observando um lugar familiar, era a Mina Ironsplinter. Depois de alguns segundos, ela olhou para o seu celular, que estava em sua mão e encarou as últimas mensagens trocadas com Jake.

CHAT:

                    Jake

(Adie) - O que aconteceu?

(Jake) - Não posso ir sem lhe dizer.

(Adie) - Sem me dizer o que?

(Jake) - Algo que venho querendo lhe contar a muito tempo.

(Adie) - O que você quer me dizer?

(Jake) - Adie

(Jake) - Eu amo você.

(Adie) - Eu também amo você, Jake

 Jake está agora offline

Sua distração com aquelas mensagens foi interrompida por uma movimentação próxima a mina, eram alguns carros chegando. Ao levantar o olhar, ela viu que se tratavam dos carros do FBI, mas ela não pareceu se surpreender e permaneceu encarando-os, até que recebeu novas mensagens e logo olhou para o celular.

CHAT:

                             Alan

(Alan) - A quem você contou sobre a mina?

(Adie) - Porque você pergunta?

(Alan) - Bom

(Alan) - O FBI acabou de chegar

(Alan) - E parece que eles definitivamente não estão aqui pela Srta. Donfort.

   Alan está agora offline

Adie suspirou e guardou o celular no bolso.

Adelynn POV

Não havia outra maneira... Ele jamais me perdoaria se soubesse e, sendo assim, não tenho escolha.

(Adie) - Me perdoe, Jake. – Ela disse com pesar, em tom baixo.

Após essas palavras, ela começou a caminhar em direção aos carros do FBI, mas, depois de alguns passos, alguém segurou seu braço.

Flashback off

Adie suspirou após essas lembranças.

(Adie) - Será que algum dia você será capaz de me perdoar? – Ela tomou o resto de whisky que havia em seu copo. 

 

Na casa dos amigos, Jake estava em frente ao seu computador, que estava ligado. Ele encarava a tela através de seus óculos, observando uma pasta que continha alguns arquivos de vídeos. Depois de alguns segundos, sua concentração foi interrompida com uma notificação de mensagens que chegou no celular de Adie e ele logo o pegou para verificar do que se tratava.

CHAT: 

              Desconhecido

(Desconhecido) - Talvez o meu sumiço tenha lhe dado a falsa impressão de que eu desisti, mas não se engane

(Desconhecido) - Eu sei que está por perto, pois posso vê-la.

         Desconhecido está agora offline

 

Jake ficou extremamente assustado e boquiaberto. Adie estava em perigo e sequer sabia.

Enquanto isso, em um quarto com baixa iluminação, Brandon encarava a tela de seu computador, acompanhando a execução do software de varredura, da qual lhe mostraria o paradeiro do hacker em algumas horas. Depois de alguns segundos, algo fez com que a execução do software parasse e ele se intrigou.

(Brandon) - Mas… O que está acontecendo?!

No instante em que ele colocou a mão no mouse, a tela apagou e logo começaram algumas interferências. Em seguida, alguns códigos em verde começaram a aparecer, como se estivessem sendo digitados rapidamente, até que a tela ficou totalmente preta novamente. Após dois segundos de tela preta, a imagem de alguém encapuzado e com o rosto completamente escuro, tornando impossível reconhecê-lo, apareceu. 

(Hacker - Voz modificada por Voicemod) - Seu empenho em me encontrar deixa evidente o quão brilhante você pode ser, mas poupe seu trabalho. Acredito que você esteja estranhando o meu contato, mas os motivos… Bem, o único motivo que me levou a fazer isso, você já deve saber. Ela precisa de você agora e eu estou disposto a colaborar de todas as formas e, para provar o que estou dizendo, estou lhe enviando minha localização nesse exato momento.

No mesmo instante, a imagem do hacker ficou em segundo plano e Brandon recebeu um email. Ele rapidamente clicou no email, abrindo-o. Era um mapa e havia um ponto vermelho, marcando uma localização precisa, situada em Duskwood. Em seguida, a imagem do hacker voltou a aparecer em sua tela.

(Hacker - Voz modificada por Voicemod) - Minha atitude tem como justificativa o fato de estar realmente empenhado em solucionar o caso e proteger alguém importante para mim. Não me importo com as consequências, desde que quem mais me importa, esteja a salvo. 

O vídeo foi finalizado e Brandon estava boquiaberto, extremamente surpreso com a atitude daquele hacker. Depois de alguns segundos de surpresa, sem mais perda de tempo, ele se levantou e saiu apressado.

Na casa dos amigos, Dan desceu as escadas e seguiu até a sala. Ao chegar lá, viu Cleo e Lilly entrando em casa.

(Dan) - Aí, vocês viram o Jake?

(Cleo) - Ele pediu meu carro emprestado e acabou de sair.

(Dan) - E onde ele foi?

(Cleo) - Ele não quis dizer, mas parecia aflito. 

Dan se intrigou.

(Dan) - Que merda… Será que aconteceu alguma coisa com a Adie?

(Cleo) - Com a Adie? 

(Dan) - É… – Ele olhou para Lilly. - Você não contou a ela?

(Cleo) - Contar o que? O que aconteceu?!

Lilly ficou sem jeito, mas tentou disfarçar, enquanto encarava Dan.

Em uma casa abandonada, não muito extensa e em meio a floresta, alguém, trajado com roupas pretas, mais especificamente, com uma blusa moletom de mangas compridas e encapuzado, estava sentado em frente a um computador com duas telas grandes. Ele encarava as telas, da qual tinha vários códigos em verde sendo digitados automaticamente. Diferente do que se espera de um hacker procurado, esse, parecia calmo e sereno. Depois de alguns minutos, o barulho da porta da casa sendo aberta no andar de baixo, foi ouvido, mas a serenidade do hacker permaneceu. O som dos passos que subiam as escadas lentamente, ecoava pela casa, até que a porta daquele lugar, onde o hacker estava, foi aberta.

(Brandon) - Então, não era um blefe…

Apesar de sua situação caótica, o hacker permaneceu imóvel por alguns segundos, até que se levantou calmamente e ergueu suas mãos em rendição.


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Notas finais do capítulo



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