Dear Hacker - Duskwood Continuation (Em Revisão) escrita por Akira Senju


Capítulo 38
Sentimentos Incompreendidos


Notas iniciais do capítulo

Olá a todos! Hoje o capítulo promete! ;)

Tenham todos uma ótima leitura! ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/808977/chapter/38

Enquanto Jake a encarava, por alguns instantes, Adie foi levada para longe por seus pensamentos.

Flashback on

Estava anoitecendo e, em uma cabana abandonada em meio a floresta, estavam Adie e Brandon. Adie estava sentada no chão e o ferimento em seu ombro ainda sangrava. Brandon tirou sua farda e, estando com uma camiseta da cor branca por baixo, da qual estava com manchas de sangue por conta das feridas em suas costas e em seu braço, também a tirou e rasgou um pedaço de seu tecido. Adie tentava controlar sua expressão de dor, mas quando Brandon mexeu em seu braço para envolver a ferida com o pedaço de pano, ela não pôde se conter.

(Adie) - Ai!

(Brandon) - Me desculpe. – Ele logo parou sua tentativa de envolver a ferida com o pano.

(Adie) - Não se preocupe, vá em frente. 

Ele a olhava com pesar, mas fez o que era necessário para parar o sangramento da ferida. Alguns minutos depois, ele estava sentado no chão e de costas para Adie, que limpava as feridas de suas costas e de seu braço com outro pedaço do tecido de sua camisa, que estava molhado com água. 

(Adie) - Ainda bem que foram só de raspão. 

(Brandon) - Mas, infelizmente, ele te acertou em cheio. 

(Adie) - Eu vou ficar bem. – Ela finalizou a limpeza das feridas de Brandon e deixou o pano no chão, ao lado.

Ele se virou, continuando sentado, mas agora, de frente para ela. 

(Brandon) - Eu estou muito preocupado. Levamos horas para encontrar essa cabana e você perdeu muito sangue. 

(Adie) - Me sinto melhor depois de ter tomado dessa água que você trouxe. Agora, só preciso de repouso.

Ele a encarou por alguns segundos, enquanto ela ficou cabisbaixa, olhando para as próprias mãos que estavam sujas de sangue.

(Brandon) - Me sinto péssimo por não ter conseguido fazer nada. Me sinto envergonhado por ter sido desarmado por aquele idiota e por ele ter te ferido. – Ele suspirou. - Eu sou um fracasso… era meu dever te proteger e… e eu falhei. – Ele ficou cabisbaixo e balançou a cabeça em negação. 

Adie o observou por alguns segundos.

(Adie) - Por favor, pare de se torturar. Você fez o que pôde, mas, infelizmente, essas coisas acontecem.

Ele continuou cabisbaixo por alguns segundos, até que a olhou.

(Brandon) - Por favor, seja sincera… como você realmente está se sentindo em meio a tudo isso?

Ela pensou por alguns segundos, até que suspirou.

(Adie) - Bem, depois de ter me envolvido no caso da Hannah, confesso que, ao vir para Duskwood, eu pensei que conseguiria viver uma nova realidade e isso foi mesmo possível, por alguns dias. Porém, estando no meio de toda essa merda de novo e agora sendo a vítima, confesso que, por alguns instantes, eu lamentei por essa bala não ter atravessado o meu peito, ao invés de meu ombro. – Ela desviou o olhar.

(Brandon) - Não! Não fala isso, Adie. Apesar de tudo, eu sei que nós vamos encontrar esse idiota. 

(Adie) - Você me pediu para ser sincera e eu fui. – Ela voltou a olhá-lo.

Ele a encarava com pesar, como se a dor dela o machucasse profundamente.

(Adie) - Estou sem ânimo algum para continuar investigando essa tal lenda. Nada disso faz sentido mais! Se antes era o Richy e tudo teve um motivo pessoal, quem será agora? E por que eu? Até algumas horas atrás eu tinha um suspeito, mas agora… eu não tenho mais nada. – Ela suspirou e ficou cabisbaixa.

Brandon também suspirou, entristecido, e desviou o olhar. Os dois ficaram em silêncio por alguns segundos, até que ele a olhou.

(Brandon) - Adie…

(Adie) - O que? – Ela disse sem olhá-lo.

(Brandon) - Há um segredo, considerado ultrassecreto, sobre aquele fatídico dia da explosão na Mina Ironsplinter e… acho que está na hora de você saber. 

Adie logo o olhou e ele ficou com o olhar distante.

(Brandon) - O delegado Alan me confidenciou algo bastante intrigante que aconteceu naquele dia… Mas o que ele jamais pôde imaginar é que, além de saber muito bem do que aconteceu, eu sei de uma outra parte desse segredo que pode mudar tudo, não só para ele, mas também, para você e seus amigos. 

Ela se intrigou extremamente.

Flashback off

(Jake) - Adie? Está tudo bem, minha linda? Adie? – Ele tocou no ombro dela, onde estava o ferimento. 

Ao sentir uma leve dor, ela logo o olhou e segurou a mão dele, evitando que ele fizesse qualquer movimento sobre a ferida. Em seguida, ela disfarçou seu susto e afastou a mão dele de seu ombro devagar, acariciando-a.

(Adie) - Me desculpe, eu me distraí… você disse alguma coisa? 

(Jake) - Sim. Eu perguntei se você estava se referindo ao reaparecimento do homem sem rosto? 

Ela desviou o olhar por um breve momento e suspirou.

(Adie) - Sim…

(Jake) - Então você descobriu quem está por trás do disfarce? É alguém do grupo?

Ela pensou por alguns segundos, tentando encontrar palavras para explicá-lo, mas ficou evidente sua confusão. 

(Adie) - Não… bem… eu acho que… eu não sei! – Ela se levantou e começou a andar de um lado para o outro. - Eu estou tentando, mas não consigo ainda… É-É difícil… - Ela esfregou as mãos no rosto

Jake se levantou e foi até ela.

(Jake) - Ei, fique tranquila e não se force a nada. – Ele se colocou à frente dela, fazendo com que ela parasse de caminhar, e acariciou o rosto dela, que estava aflito. - Chega desse assunto por hoje, certo? 

Ela suspirou e assentiu com a cabeça.

(Jake) - Então vem, você precisa descansar. - Ele a puxou pela mão, guiando-a até a cama.

Adie se sentou na cama e continuou com o olhar distante. 

(Adie) - Porque as coisas não poderiam ser diferentes, Jake? Porque? – Os olhos dela marejaram - Porque eu? Porque logo eu? – As lágrimas começaram a descer de seus olhos. 

Jake a olhava com pesar e logo se abaixou, ficando de frente para ela, e enxugou as lágrimas que molhavam aquele rosto aflito.

(Jake) - Não fica assim, minha linda. Eu estou aqui com você. 

(Adie) - Me perdoe… por favor. – Ela esfregou as mãos no rosto e ficou cabisbaixa.

(Jake) - Ei… – Ele levantou o rosto dela com carinho e encostou sua testa na dela. - Você não tem que me pedir perdão. 

Ela o olhou por alguns segundos, enquanto as lágrimas ainda desciam de seus olhos e Jake voltou a enxugá-las com carinho. Depois de alguns segundos, ela suspirou, se acalmando.

(Jake) - Porque não se deita um pouco? Me deixe cuidar de você até que se sinta melhor. 

Ela pensou por alguns segundos, enquanto olhava-o, até que assentiu com a cabeça. Ele sorriu sutilmente e se levantou para ajeitar o travesseiro. Após Jake colocar o travesseiro em uma posição mais confortável, ela se deitou.

(Jake) -  Bem, como você não desceu para o jantar, eu vou até a cozinha preparar algo para você comer.

(Adie) - Eu estou sem fome.

(Jake) - Minha linda, você precisa se alimentar ou ficará doente.

Ela pensou por alguns segundos.

(Adie) - Certo, tudo bem.

Ele se inclinou, com um leve sorriso nos lábios, e acariciou o rosto dela, lhe dando um beijo em seguida.

(Jake) - Eu não demoro.

Ela assentiu com a cabeça e ele se virou e saiu do quarto.

Enquanto isso, era o fim do expediente de Alan e Brandon, e os dois estavam em um restaurante, ambos tomando uma dose de Whisky, enquanto esperavam seus pedidos para o jantar. 

(Alan) - O dia de hoje foi bem interessante. Eu esperava te contar tudo apenas amanhã, mas você me surpreendeu ao decidir voltar ao trabalho. 

Brandon encarava-o, sério.

(Brandon) - Não há motivos para folga se já me sinto melhor. – Ele tomou um gole de whisky.

(Alan) - Hum… – Ele deu uma leve risada. - Sabe que, estranhamente, você e a senhorita Folsham são um pouco parecidos.

Brandon, que por um breve momento olhou para o seu copo, logo voltou a olhar para o delegado.

(Alan) - Vocês dois têm a capacidade de suprimir as próprias emoções em prol de dar seguimento ao dever. Essa característica em você, não me surpreende, pois você é um policial. Mas, nela… é algo que ainda me intriga. – Ele bebeu um gole de whisky. - Hum… Devo confessar que, hoje, durante o interrogatório, cheguei a sentir pena dela. Ah… você precisava estar lá para ver… pela primeira vez, eu pude ver a fragilidade dela, mas, ao mesmo tempo, eu pude ver o quanto ela é resistente. Exatamente como estou vendo você agora.

Os dois se encararam por alguns segundos, até que Brandon desviou o olhar.

(Alan) - Brandon, me diga… o que de fato aconteceu durante o sumiço de vocês? 

Brandon voltou a olhá-lo.

(Alan) - Eu posso até compreender que ela esteja abalada psicologicamente, depois de tudo, mas e você? Está evidente que algo mexeu com suas emoções durante esse atentado e, assim como ela, você está lutando contra cada emoção, numa tentativa desesperada de disfarçá-las.

Brandon permaneceu olhando-o, levemente tenso.

Na casa dos amigos, Dan foi até a cozinha para beber água e, ao entrar, viu Jake preparando um sanduíche. 

(Dan) - Nossa, eu não imaginava que você fosse tão guloso assim. – Ele olhou para o sanduíche, surpreso.

Jake logo o olhou.

(Jake) - Não é para mim, é para a Adie.

(Dan) - Ah, então ela finalmente apareceu? – Ele se aproximou, ficando ao lado de Jake.

(Jake) - Sim, ela está no meu quarto.

(Dan) - Hum. – Ele suspirou. - Espero que ela fique bem logo. – Ele se virou e foi até a geladeira. 

(Jake) - É… Acho que vai levar um tempo maior, dessa vez. 

Após pegar uma garrafa de água, Dan fechou a geladeira e se virou, tirando a tampa da garrafa e olhando para Jake, que estava finalizando o preparo do sanduíche. 

(Dan) - Eu entendo. – Ele observou o sanduíche. - Mas acho que ninguém merece um sanduíche sem queijo. 

Jake o olhou, levemente surpreso e depois, observou o sanduíche, notando que nem sequer havia aberto a embalagem de queijo Taleggio, que estava ao lado. 

(Jake) - Ah, droga… – Ele desmontou parte do sanduíche e abriu a embalagem de queijo para colocá-lo.

Dan deu uma leve risada e virou alguns goles de sua água.

No restaurante, Brandon suspirou de exaustão e tomou mais um gole de whisky. 

(Brandon) - Senhor Blommgate, eu era o responsável por mantê-la segura diante daquele imbecil mascarado, mas, como o senhor mesmo já soube, ela foi atingida por um tiro, da qual ele mesmo disparou usando a minha arma. Tem noção de como eu me sinto um fracasso como policial?

(Alan) - Bem, eu entendo como se sente. Isso é algo que apenas policiais que de fato amam a profissão e estão comprometidos a cumprir o dever, sentem, mas, você deveria ficar feliz por ela estar viva, poderia ter sido pior.

Brandon o encarou por alguns segundos, até que desviou o olhar.

(Alan) - Foi só isso mesmo que o desestabilizou ou existe alguma outra razão?

Brandon bebeu mais um gole de whisky e permaneceu olhando para baixo, em direção ao seu copo.

(Brandon) - Acontece que, assim como o senhor, eu conheci o lado frágil dela e isso mexeu comigo profundamente. 

Alan se intrigou.

(Alan) - Então ela também contou sobre a vida dela para você?

(Brandon) - Não. Mas eu pude ver como ela se sente em relação a tudo que está acontecendo. Ela não teve tempo de descanso e tudo começou novamente. Eu pude perceber que ela está realmente cansada e isso me deixou muito preocupado. 

Ele olhou para Alan e, em seu olhar, era possível enxergar uma enorme tristeza ao falar sobre Adie.

Já Alan, ao notar isso, se intrigou ainda mais.

(Alan) - Brandon, por favor, seja sincero… você criou algum tipo de sentimento por essa moça? Ou eu estou enganado?

Ele suspirou, levemente irritado e desviando o olhar por um breve momento.

(Brandon) - Estou sendo apenas humano, senhor Blommgate! E isso vai além do ofício. 

Alan continuou encarando-o, intrigado.

(Brandon) - Talvez esteja na hora de confiar um pouco mais nela e deixá-la ir atrás da verdade sobre quem a persegue. 

(Alan) - Hum…– Ele sorriu sutilmente, desviando o olhar por um breve momento. - Mas é isso que eu decidi fazer depois do interrogatório de hoje. Vou deixá-la agir de forma mais autônoma. Inclusive, ela me ofereceu ajuda para encontrar Ted Madruga, usando os próprios métodos de trabalho, da qual, se baseando no caso da senhorita Donfort, ela assegurou ser eficiente.

Brandon ficou surpreso. 

(Brandon) - E o senhor aceitou?

(Alan) - Ainda não. Eu sei que vou precisar agir de forma mais cuidadosa e tentar parecer despretensioso a partir de agora, o que torna minha convivência com ela um grande desafio, mas... eu prometi que pensaria a respeito. A propósito, há algo que quero lhe confidenciar. – Ele pegou o celular no bolso de sua calça e abriu o chat. Em seguida, ele clicou na conversa com o Hacker e entregou seu celular para Brandon.

Brandon pegou o celular e começou a ler as mensagens. Depois de alguns segundos, sua expressão, que estava neutra, mudou, se tornando surpresa e ele voltou a olhar para o delegado.

(Brandon) - Então… o senhor vai mesmo trabalhar com esse hacker?!

(Alan) - Sim, e já começamos. Ele fez com que eu me atentasse para um detalhe interessante de um dos vídeos que a senhorita Folsham me cedeu e eu já estou com novas imagens em mãos para serem analisadas.

Brandon ficou surpreso.

(Alan) - Eu consegui as imagens da câmera de segurança do mercado e, com muita sorte, ela terá gravado uma imagem desse tal homem sem rosto. 

Brandon continuava surpreso e, agora, seu olhar demonstrava uma leve esperança.

Na casa, Jake abriu a porta de seu quarto com uma certa dificuldade, pois estava segurando uma bandeja que tinha um prato com um sanduíche, um copo de suco de laranja e uma maçã. Ele entrou com cuidado no quarto e fechou a porta, empurrando-a com as costas. 

(Jake) - Espero que você goste do sandu… – Ele olhou para Adie na cama e notou que ela havia pegado no sono.

Ele sorriu sutilmente e foi até sua mesa, onde ficava o computador. Em seguida, ele colocou a bandeja sobre a mesa e se aproximou de Adie. Apesar de toda turbulência de emoções vivida por ela nas últimas horas, agora, ela parecia estar em um sono sereno. Jake a cobriu com seu edredom e lhe deu um beijo carinhoso na testa. Em seguida, ele foi até o apagador, apagou a luz do quarto e voltou para a sua cama, se deitando ao lado de Adie com cuidado para não acordá-la. 

Depois de jantar com o delegado, Brandon chegou em seu apartamento. Apesar de ter desabafado, de certa forma, com o seu superior, seus pensamentos continuavam agitados. Após jogar a chave de seu carro no sofá, ele também se jogou no mesmo, se sentando recostado. Além de pensar sobre os acontecimentos dos últimos dias, uma parte de sua conversa com o delegado, veio a sua memória.

Flashback on

(Alan) - Brandon, por favor, seja sincero… você criou algum tipo de sentimento por essa moça? Ou eu estou enganado?

Flashback off

Ao se lembrar da pergunta feita por Alan, ele deu uma leve risada.

(Brandon) - Ah, delegado… se você soubesse… – Ele balançou a cabeça em negação e suspirou. 

 

Na casa, depois de horas de um sono profundo, Adie abriu os olhos, incomodada por uma dor no ombro direito. Após sua visão desembaçar, ela, que estava virada para o lado esquerdo, viu Jake dormindo, estando de barriga para cima. Ela o olhou por alguns instantes, com um leve sorriso, e suspirou. Em seguida, ela se levantou, com cuidado para não acordá-lo e saiu do quarto. Ela desceu as escadas e seguiu até a cozinha. Ao chegar lá, ela abriu a geladeira e pegou uma garrafa de água mineral. Ao tirar a tampa da garrafa, ela virou a água como alguém que estava com bastante sede.

(Dan) - Bebendo água desse jeito eu poderia jurar que você tomou todas na noite passada. – Ele surgiu na porta da cozinha.

Adie tomou um susto e se engasgou com o último gole de água que tomava. Ela tossiu algumas vezes e se virou, olhando-o com raiva.

(Dan) - Desculpa, eu não queria te assustar. 

Ela arqueou uma de suas sobrancelhas.

(Adie) - Ah, jura? 

Dan deu uma leve risada e foi até a geladeira, enquanto ela jogava a garrafa de água vazia no lixo. Depois de alguns segundos, ele fechou a porta da geladeira e segurava uma garrafa de whisky.

(Adie) - Não consegue dormir? 

(Dan) - Na verdade, eu acho que já dormi o suficiente. – Ele pegou um copo na bancada e serviu uma dose de whisky.

(Adie) - Então porque está bebendo? 

Ele tomou um gole da bebida.

(Dan) - Aaah! Para começar bem o dia.

Ele foi até a geladeira para guardar a garrafa e Adie se intrigou.

(Adie) - O dia? Do que está falando? Ainda é noite.

Ao fechar a porta da geladeira, Dan a olhou intrigado e com uma de suas sobrancelhas arqueada.

(Dan) - É sério, o que você bebeu? 

(Adie) - Hum, só água. 

Ele deu uma leve risada.

(Dan) - Me acompanhe, senhorita Black Label. – Ele caminhou, saindo da cozinha.

Depois de alguns segundos, Adie o seguiu e eles foram em direção a porta da sala. Ao chegarem lá, Dan, que estava na frente, abriu a porta e Adie se surpreendeu ao ver o sol brilhando lá fora. Dan a olhou com um leve sorriso e saiu de casa, indo para a varanda. Ela o acompanhou e os dois se sentaram na mesa do lado de fora. Após se sentarem, eles ficaram em silêncio por alguns instantes, Adie olhando para frente e Dan observando-a.

(Dan) - Continua surpresa por ter amanhecido ou tem outra coisa? 

(Adie) - Estou surpresa por você estar bebendo a essa hora. – Ela o olhou.

(Dan) - Hum, quer saber a verdade? 

(Adie) - Por favor.

(Dan) - Você tem um amigo que se preocupa muito com você e, esse amigo, teve um pesadelo horrível durante a noite e perdeu o sono. Ao ver o dia clarear, seu amigo decidiu descer para tomar algo que contenha álcool, numa tentativa de tirar pelo menos um cochilo antes de ir trabalhar.

Ela ficou levemente surpresa.

(Adie) - Trabalhar? 

(Dan) - Sim. Está surpresa por eu ter um emprego agora?

(Adie) - Não. Estou surpresa por seu chefe te fazer trabalhar aos domingos.

Dan se intrigou.

(Dan) - Hoje é domingo?!

(Adie) - Sim. 

Ele desviou o olhar, como se voltasse a raciocinar com mais clareza.

(Dan) - Caraca… – Ele sorriu.

Adie deu uma leve risada e desviou o olhar.

(Adie) - E então, não vai me contar como foi o seu pesadelo, amigo? 

O sorriso dele se apagou e ele a olhou.

(Dan) - Ah… uma merda. – Ele desviou o olhar e virou mais um gole de whisky.

(Adie) - E você não pode me dar detalhes?

Ele pensou por alguns segundos.

(Dan) - Não é uma questão de poder… acontece que… foi mesmo uma merda sonhar que você havia partido. 

Adie o olhou surpresa e ele também a olhou.

(Dan) - Quero dizer… no sonho, você… você foi embora. – Ele desviou o olhar e bebeu do whisky novamente.

Adie desviou o olhar e suspirou.

(Adie) - E porque isso foi tão ruim para você?

Ele a olhou com o cenho franzido.

(Dan) - É sério que está me perguntando isso?

Ela também o olhou.

(Adie) - Sim. Qual o problema?

Ele suspirou, levemente irritado, e desviou o olhar enquanto balançava a cabeça em negação.

(Dan) - Eu vou te dizer qual é o problema… O problema é que eu nunca me apeguei à amizade de uma mulher, como me apeguei a sua. 

Ela o olhou.

(Dan) - Embora todos desse grupo também sejam meus melhores amigos, incluindo a garota que eu sou muito afim, você é a que mais se parece comigo. Você me entende e é paciente com minha hostilidade, o que faz com que eu confie em você extremamente, a ponto de revelar o que realmente sinto.

(Adie) - Hum, isso foi uma indireta? 

(Dan) - Tá vendo? Você sempre entende. – Ele sorriu sutilmente e levantou seu copo, simulando um brinde.

Ela deu uma leve risada e desviou o olhar novamente. 

(Dan) - Mas, falando sério…  eu percebi que, quando você não está, é uma merda. Isso aqui vira uma melancolia insuportável e, até posso compreendê-los, porque, de certa forma, me sinto da mesma maneira. O que consolou a todos, era a possibilidade de que sua ausência fosse temporária, embora pudéssemos estar errados. Porém, no meu pesadelo, você tinha ido embora para sempre e, como eu já disse, foi uma merda, mas uma merda muito mais difícil de suportar.

Adie ficou pensativa por alguns segundos.

(Adie) - E qual foi o motivo da minha partida?

(Dan) - Bem, eu só me lembro que não tinha nada a ver com esse homem corvo, mas não faço ideia do real motivo.

Ela continuou pensativa e com o olhar distante.

(Dan) - Olha, eu estou tentando fazer diferente do resto da galera, sabe. Te deixar em paz e livre para falar quando quiser. Mas, não vou fingir que não estou curioso para saber o que aconteceu com você. – Ele a olhou, enquanto ela continuava com o olhar distante. 

Depois de alguns segundos, ele virou seu último gole de whisky.

(Adie) - Eu tomei um tiro no ombro.

Dan se engasgou e tossiu algumas vezes.

(Dan) - Quê?! 

Sem dizer nada, ela levantou a manga de sua blusa até a altura do ombro, revelando o ferimento feito por munição de uma arma. 

(Dan) - Mas o que… – Ele olhava para o ferimento estando boquiaberto. - Porque diabos você não disse nada?!

Ela abaixou a manga de sua blusa.

(Adie) - Isso aqui é apenas parte do problema, Dan. 

Ele continuava olhando-a, surpreso e intrigado. 

(Adie) - Eu não fui sequestrada, como todos pensam. Eu e o policial Brandon fomos baleados pelo próprio homem sem rosto. Durante uma luta corporal, ele pegou a arma do policial Brandon e nos atingiu. Depois que conseguimos recuperar a arma e fazê-lo correr, nós procuramos um abrigo para cuidar dos ferimentos e…

(Dan) - Espera… Porque vocês não foram até nós ou procuraram um hospital?

(Adie) - Porque não queríamos que aquela coisa mascarada nos seguisse e chegasse até vocês.

(Dan) - Adie, isso não faz sentido algum! Havia mais policiais armados e vocês poderiam, pelo menos, ter pedido ajuda!

(Adie) - Você vai ficar questionando o raciocínio de uma pessoa que havia acabado de ter o ombro atravessado por uma bala e estava sangrando pra caralho ou quer ouvir o resto da história? – Ela o olhou, irritada.

Ele suspirou, levemente irritado, e desviou o olhar.

(Dan) - Tá, continua.

Ela suspirou e desviou o olhar.

(Adie) - Pois bem… Algumas horas depois, encontramos uma cabana velha e entramos. Ali, cuidamos das feridas e passamos a noite. – Ela ficou em silêncio por alguns segundos, com o olhar distante.

Dan a olhou.

(Dan) - Só isso?

(Adie) - Hum, quem me dera.

Ele continuou olhando-a, percebendo que, seja lá o que mais tenha acontecido, foi o principal causador da mudança no comportamento dela. 

(Adie) - Até agora eu não consegui falar disso para ninguém, nem mesmo para o Jake. Porém, você tem razão… eu e você somos parecidos e isso despertou a confiança mútua para falarmos sobre como realmente nos sentimos. – Ela suspirou. - O que mais me devastou no meio de toda essa turbulência, foi uma mentira… uma mentira que nos contaram. 

Dan a olhava, extremamente intrigado.

(Adie) - Confesso que estou tentando lutar contra o que sinto. Em minha mente, há momentos que tento me convencer que minha reação é exagerada e que não é para tanto… mas isso não muda o fato de eu não conseguir falar abertamente o que aconteceu… melhor dizendo, o que eu soube.

Dan desviou o olhar por um breve momento.

(Adie) - Já que somos parecidos, talvez você possa me ajudar a entender se estou sendo irracional, dessa vez. Me diga… como se sentiria se soubesse que chorou sobre o túmulo de alguém desconhecido? 

Dan logo voltou a olhá-la, extremamente surpreso.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Obrigada por chegarem até aqui! ♥



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Dear Hacker - Duskwood Continuation (Em Revisão)" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.