Dear Hacker - Duskwood Continuation (Em Revisão) escrita por Akira Senju


Capítulo 35
Possíveis Incongruências


Notas iniciais do capítulo

Olá a todos! Vamos de mais um capítulo!
Tenham todos uma ótima leitura ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/808977/chapter/35

Duskwood city, 10:52

Alan estava em sua sala, sentado em sua cadeira e pensativo, enquanto tamborilava na mesa com uma caneta. Aparentemente, ele esperava por algo ou alguém, até que depois de alguns segundos, ouve-se batidas na porta.

(Alan) - Entre.

A porta é aberta.

(Jason) - Senhor Blommgate, ela já está aqui.

(Alan) - Ótimo. Mande-a entrar.

 

Jason assentiu com a cabeça e saiu. Depois de alguns segundos, a porta foi aberta por ele novamente e uma outra pessoa entrou na sala do delegado. 

(Adie) - Bom dia, senhor Blommgate.

Alan a encarou por alguns instantes, parando de tamborilar com a caneta e deixando-a sobre a mesa.

(Alan) - Bom dia, senhorita! Estou contente por vê-la novamente. – Ele sorriu sutilmente.

Adie continuava extremamente séria, ainda com a aparência abatida e apenas assentiu com a cabeça, em resposta à declaração do delegado.

(Alan) - Sente-se, por favor. -- Ele apontou em direção a cadeira que ficava de frente para sua mesa.

Ela se aproximou e se sentou, olhando-o fixamente.

(Adie) - E então, o que o senhor deseja falar comigo?

Alan desviou o olhar para baixo por um breve momento e se ajeitou em sua cadeira.

(Alan) - Para ser sincero, há muitas coisas da qual eu gostaria de conversar com a senhorita. Mas presumo que, a mais importante delas, a senhorita já saiba, certo?

 

(Adie) - Acho que sim.

(Alan) - Pois bem, estou curioso. 

Ela o encarou por alguns segundos e arqueou uma de suas sobrancelhas.

(Adie) - Sem rodeios, senhor Blommgate, pergunte logo o quer saber.

Alan arqueou uma de suas sobrancelhas.

(Alan) - Ora, senhorita, pensei que fosse suficientemente inteligente para entender onde alguém quer chegar, com apenas pequenas indiretas. Além disso, pensei que por sermos... Aliados, eu não deveria ter tantas formalidades com a senhorita.

Adie suspirou de exaustão e desviou o olhar por um breve momento.

(Adie) - Isso não significa que o senhor possa esperar que eu adivinhe suas dúvidas em relação ao acontecido.

Alan a encarou por alguns instantes, com um leve sorriso ladino.

(Alan) - Pois bem, então vamos direto ao ponto. Onde você e Brandon estavam?

(Adie) - Na floresta.

(Alan) - Hum, certo, na floresta. E sobre os disparos, quem foi o responsável?

(Adie) - Então o seu subordinado não te contou nada? Ou o senhor, como sempre, só está tentando achar mentiras e incongruências na minha versão da história?

Alan, novamente, ficou em silêncio por alguns segundos, enquanto a encarava com um sorriso ladino.

(Alan) - Pelo que percebo, seja lá o que tenha acontecido durante seu sumiço, mexeu bastante com suas emoções, não é mesmo? 

Ela não respondeu.

(Alan) - Hum... e pelo visto, o ponto mais delicado disso tudo, é referente ao tal atirador que feriu o policial Brandon. 

Adie continuou sem demonstrar emoções e permaneceu em silêncio.

(Alan) - Então, posso ser totalmente sincero e sem receios com a senhorita?

(Adie) - Deve.

(Alan) - Pois bem... -- Ele se inclinou para frente, apoiando os braços na mesa e olhando-a nos olhos. - Antes da busca pela floresta, eu sugeri que, para descobrirmos quem poderia ser o tal homem sem rosto que a perseguia, a senhorita deveria me contar tudo sobre sua vida antes de vir para Duskwood. Porém, a senhorita estava aparentemente exausta, por ter sofrido um ataque recente e ainda ter vindo até aqui dirigindo, e eu concordei que nossa conversa poderia ficar para o dia seguinte, após a busca ser finalizada. Mas um detalhe é um tanto quanto intrigante nessa história. A senhorita sempre foi muito misteriosa e, durante nossas conversas até hoje, nunca entregou grandes detalhes sobre si, a ponto de se apresentar para mim, quando a interroguei pela primeira vez, com apenas um apelido e sem mencionar seu sobrenome.  Tudo isso poderia ser apenas uma característica de sua personalidade, mas... -- Ele se recostou em sua cadeira. - Muitas coisas me levaram a cogitar a possibilidade da senhorita estar apenas jogando comigo. Uma dessas coisas é exatamente todo esse mistério em torno do seu repentino sumiço. O que me leva a crer que, durante a busca pela floresta, a senhorita pode ter deixado alguma verdade sobre aquele hacker escapar e Brandon, como um bom policial, pode ter tentado prendê-la por obstrução de justiça. Mas a senhorita, obviamente, não teria aceitado isso passivamente e decidiu lutar e tentar fugir. No meio dessa possível tentativa de fuga, talvez a senhorita tenha conseguido pegar a arma do policial Brandon e teria atirado para mantê-lo longe, dando-lhe a chance de escapar.

Adie deu uma leve risada e desviou o olhar, balançando a cabeça em negação.

(Alan) - Por mais louco que pareça, há muitas evidências que reforçam essa teoria, senhorita. Como por exemplo, o fato de você não vir diretamente para cá, junto do policial Brandon. Não sei se passou pela sua cabeça que eu não iria procurá-la, mas não acredito que a senhorita tenha sido tão ingênua a pensar nisso. Porém, agora que a senhorita está aqui e está sendo submetida a perguntas comprometedoras, está nítida a sua tentativa de se esquivar usando da tática de demonstrar abalo emocional, igual a aquele dia em que deixamos o interrogatório para o dia seguinte. 

 

Adie voltou a olhá-lo nos olhos.

(Alan) - Pelo que percebo, a senhorita entendeu muito bem onde eu quero chegar. E acredito que tenha compreendido que seus joguinhos não irão mais funcionar comigo. Portanto, me diga... -- Ele voltou a se inclinar para frente, escorando os braços na mesa. - Foi você quem atirou no policial Brandon?

Ela estava com um semblante debochado e pensou por alguns instantes.

(Adie) - Hum… – Ela sorriu sutilmente. - Tenho que admitir que é uma teoria muito boa, senhor Blommgate. Você é criativo. Mas... - Ela desviou o olhar por um breve momento e se ajeitou na cadeira, voltando a olhá-lo em seguida. - Há um agravante que pode mudar o percurso de sua teoria... 

 Alan mantinha um sorriso ladino e ela começou a desabotoar a blusa. Ele logo mudou seu semblante, ficando surpreso e ao mesmo tempo, intrigado. Ela estava com uma camiseta branca por debaixo de sua camisa preta de botões e, ao desabotoá-la até a metade, ela descobriu o ombro direito, que estava enrolado por uma faixa.

Alan ficou ainda mais surpreso, mesmo que tentasse disfarçar, e Adie desenrolou a faixa de seu ombro, revelando o ferimento feito por munição de uma arma.

(Adie) - Vejamos... Supondo que tenha sido eu a atirar no policial Brandon... Se baseando nisso, o senhor acredita que também tenha sido eu a atirar em mim mesma? Ou teria alguma nova teoria para isso?

Alan ficou sem palavras por alguns instantes, intercalando seu olhar entre o ferimento e o rosto dela.

Enquanto isso, na casa, Jessy, Cleo, Lilly e Hannah estavam na sala. Lilly deitada no sofá e com a cabeça posta no colo de sua irmã, Hannah. Cleo sentada ao lado e lixando as unhas da mão, e  Jessy sentada ao lado de Cleo, mexendo no celular. 

(Cleo) - Sinceramente, eu não quero ficar criando nenhuma teoria e prefiro acreditar que Adia só está abalada pelo que aconteceu.

(Jessy) - O problema é que nós estamos preocupadas e queremos fazer algo para ajudá-la, mas ela não se abre.  

(Hannah) - Ai, gente, temos que ter paciência. Ela voltou ontem a noite e hoje de manhã já foi intimada pelo delegado Blommgate a ir depor na delegacia. Ela está sob muita pressão e precisa de tempo. 

(Cleo) - Eu concordo totalmente.

(Lilly) - E eu também. Temos que deixá-la tranquila, sem pressioná-la para nos contar o que aconteceu. Assim, quando ela se sentir mais confortável, ela vai nos dizer naturalmente.

Jessy pensou por alguns segundos, até que suspirou.

(Jessy) - É, você tem razão. Bem… – Ela se levantou. - Eu vou lá em cima ver se o Phil precisa de ajuda.

(Hannah) - Tá bom.

(Cleo) - Não demore. Hoje o almoço é com você e com a Hannah.

(Jessy) - Certo, Cleozinha. – Ela saiu da sala.

Phil estava em seu quarto, arrumando sua mala para ir embora. Sua mala estava aberta em cima da cama e ele dobrava uma calça para guardar na mesma.

(Jessy) - Phil… – Ela bateu na porta do quarto, que estava aberta.

Ele, que estava de costas para a porta, logo a olhou.

(Phil) - Oi, pode entrar. 

Ela entrou e ficou observando-o ajeitar a calça dobrada dentro da mala.

(Jessy) - Você tem mesmo que ir hoje? 

(Phil) - Eu disse que ficaria só até encontrarmos a Adie, e ela já voltou, então… sim. Além do mais, preciso voltar logo às atividades do Aurora.

(Jessy) - Hum. 

Jessy foi até a cama dele e se sentou. Em seguida, ela observou algumas camisas espalhadas na cama e começou a dobrá-las e guardá-las na mala. Seu olhar estava concentrado nas roupas em que dobrava e guardava, mas estava claro que ela estava um pouco triste. Phil, que estava concentrado em pegar seus pertences da cômoda e guardá-los na mala, em certo momento, a observou.

(Phil) - O que foi? Está triste porque estou indo embora? – Ele sorriu com deboche.

Jessy logo o olhou e suspirou.

(Jessy) - Bom… sim.

O sorriso debochado de Phil logo se desfez.

(Phil) - É sério isso?

(Jessy) - Sim.

Ele ficou sem jeito e desviou o olhar. Em seguida, ele foi novamente até a cômoda, evitando contato visual direto com Jessy.

(Phil) - Não tem porque ficar desse jeito. Você pode ir ao Aurora nos seus dias de folga. – Ele disse estando de costas, pegando mais alguns de seus pertences da cômoda.

(Jessy) - Eu sei. – Ela voltou a se concentrar em dobrar as últimas peças de roupa que estavam na cama.

Phil se virou, olhando-a intrigado, e voltou para perto de sua mala.

(Jessy) - Pode parecer bobagem, mas… foi a primeira vez, depois de tantos anos, que moramos na mesma casa e nos vimos todos os dias. Eu sentia falta disso, Phil, e significou muito para mim. – Ela guardou mais uma camisa na mala e o olhou.

Ele a encarou por um breve momento, mas logo voltou seu olhar para as coisas que guardava em sua mala.

(Phil) - É… foi legal.

Jessy o encarou por mais alguns segundos, até que suspirou e voltou a se concentrar em ajudá-lo na arrumação de sua mala.

Enquanto isso, na delegacia, Alan estava em frente a máquina de café, enchendo uma xícara com o mesmo. Depois de alguns segundos, ele levou a xícara sobre um pires e colocou na mesa, próximo a Adie. Ele também segurava um segundo pires com uma xícara de café para si e voltou a se sentar em seu lugar.

(Alan) - Eu estou confuso, cada vez mais confuso, senhorita. Eu gostaria muito que essa nossa conversa de hoje fosse esclarecedora. Mas… só estão surgindo mais e mais dúvidas. 

Adie havia tapado novamente a ferida em seu ombro com a faixa e vestido sua blusa por completo. Após a declaração do delegado, ela permaneceu em silêncio e tomou um gole de café.

(Alan) - Estou esperando que a senhorita pelo menos me diga quem atirou no seu ombro. 

(Adie) - E eu estava esperando que o senhor me apresentasse uma nova teoria, já que tudo que o senhor tem feito desde que nos conhecemos é suspeitar de tudo que vem de mim. E tudo isso, por nunca ter deixado de buscar evidências que provem que eu ainda tenho ligações com aquele hacker. 

(Alan) - Ora, vamos ser sinceros, a senhorita não tem colaborado muito para que eu acredite no contrário. 

(Adie) - Ah, não? Então me diga, senhor Blommgate… – Ela se inclinou para frente, olhando bem dentro dos olhos de Alan. - O que eu tenho feito de tão suspeito para que o senhor desconfie de mim? Sendo que tudo que fiz até hoje é responder a porcaria de suas perguntas.

(Alan) - Não se faça de desentendida! Suas respostas são vagas e não ajudam em nada! – Ele disse levemente alterado. 

Adie o encarou por alguns segundos, com um leve sorriso debochado.

(Adie) - Será que… o problema são minhas respostas vagas ou sua incapacidade de me decifrar?

Alan ficou aparentemente irritado. 

(Alan) - Eu não tenho tempo para rodeios, senhorita! Vamos, me diga logo quem foi que atirou em vocês!

(Adie) - Foi o próprio homem sem rosto.

Alan franziu a testa, confuso.

(Alan) - O quê?! Mas como? Ele também estava armado?

(Adie) - Isso aqui… – Ela apontou em direção a ferida em seu ombro - é um ferimento feito por uma munição ogival de uma pistola .40. Reconhece essas características? 

Alan ficou extremamente intrigado e sem palavras.

(Adie) - Durante uma luta corporal com o policial Brandon, o homem sem rosto conseguiu pegar a arma dele e nos atingiu. O policial Brandon foi atingido duas vezes, de raspão. Já eu, levei um tiro no ombro e a bala atravessou. 

Alan estava levemente boquiaberto.

(Alan) - Eu… eu não sei o que me surpreende mais… o fato do tal homem sem rosto ter atirado em vocês ou o seu conhecimento sobre armas.

(Adie) - Hum, claro, dois detalhes com a mesma relevância. – Ela ironizou.

Mesmo com a provocação irônica de Adie, Alan continuava intrigado demais para rebater. Ele desviou o olhar por alguns segundos, até que voltou a olhá-la.

(Alan) - Quem prestou socorro a vocês? 

(Adie) - Eu mesma.

Ele se surpreendeu novamente, ao mesmo tempo que se intrigou.

 (Alan) - Você?! 

(Adie) - Sim.

Ele ficou em silêncio, tentando assimilar a informação.

(Adie) - Hum, aposto que já está pensando em diversas outras teorias que desmentem o que eu acabei de dizer, não é?

Alan continuou olhando-a, agora com raiva, até que suspirou e desviou o olhar. Em seguida, ele se recostou em sua cadeira.

(Alan) - Então… a senhorita tem treinamento em primeiros socorros ou algo do tipo?

(Adie) - Não, eu não tenho. Foram ferimentos de gravidade mediana, senhor Blommgate, e não é segredo para ninguém que a primeira coisa a ser feita nesses casos, é parar o sangramento.

(Alan) - Mas isso não faz sentido algum! Porque vocês não foram para um hospital?

Adie ficou em silêncio, encarando-o.

(Alan) - Está vendo? Como eu não criaria teorias contra uma pessoa que se cala diante de perguntas da qual a resposta poderia esclarecer boa parte da história.

Ela o encarou por mais alguns segundos, até que ficou cabisbaixa.

(Adie) - Está certo, senhor Blommgate. Para essa pergunta, eu definitivamente não tenho uma resposta convincente. Seu subordinado e eu apenas queríamos nos esconder do homem sem rosto, que ainda estava próximo. Eu estava sangrando muito e não queria que meus amigos me vissem daquele jeito. O desespero foi maior e tudo que pensamos naquele momento, foi em encontrar um lugar mais seguro para podermos cuidar das feridas. 

(Alan) -  Já que não queria preocupar seus amigos, porque você não entrou em contato pelo menos comigo? Já que o combinado inicial seria se comunicar com os demais policiais, caso algo acontecesse.

Ela voltou a olhá-lo.

(Adie) - Meu celular ficou sem bateria.

Alan a observou por alguns segundos, desconfiado de cada palavra que ela lhe dizia e Adie continuava sem demonstrar nenhuma emoção, além da exaustão. Depois de alguns segundos, Alan suspirou e se levantou. Ele deu a volta em sua mesa e começou a caminhar de um lado para o outro, pensativo. Enquanto isso, Adie colocou a mão em seu ombro ferido e alongou o pescoço para o lado oposto, fazendo uma leve expressão de dor e incômodo.

(Alan) - Bem, senhorita… Apesar de tudo parecer muito vago até então, nós agora temos alguma coisa que possa nos ajudar a chegar à verdade sobre quem está por trás do disfarce do homem sem rosto e a persegue. Durante a busca na floresta, encontramos algumas pistas e temos o que analisar.

Ela ficou levemente surpresa e o olhou por cima do ombro. Alan parou de caminhar e voltou a se aproximar de sua mesa.

(Alan) - Mas para chegarmos a uma conclusão, precisamos entender o motivo que levou essa pessoa a te perseguir. – Ele se sentou novamente e se ajeitou em sua cadeira. - Para que eu continue investigando esse caso, eu peço… aliás… eu exijo o mínimo da senhorita, que é esclarecer todas as minhas dúvidas a seu respeito. Portanto, está na hora da senhorita me falar toda verdade sobre sua vida antes de vir para Duskwood. E espero que esteja com bastante tempo livre, pois esse interrogatório só será finalizado quando eu tiver mais respostas do que perguntas.

Adie o olhou nos olhos, controlando sua tensão.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Obrigada por chegarem até aqui ♥



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Dear Hacker - Duskwood Continuation (Em Revisão)" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.