Dear Hacker - Duskwood Continuation (Em Revisão) escrita por Akira Senju


Capítulo 33
O Inesperado


Notas iniciais do capítulo

Olá a todos! O capítulo de hoje está um pouco grande, mas espero que gostem. :)

Tenham todos uma ótima leitura! ♥



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Mesmo sem forças e se sentindo completamente perdido, Jake estava sentado em frente ao seu computador, pronto para começar as investigações para encontrar Adie. Na tela de seu computador, o programa já estava aberto, com uma janela de aparência similar a tela de um celular, o qual precisava de uma chave de acesso para executá-lo. Era óbvio que o primeiro passo seria acessar o telefone de Adie, na tentativa de obter sua localização. Após digitar a chave, Jake conseguiu acessar o sistema. Em seguida, ele colocou em paralelo um software de rastreio para se obter a localização do aparelho e após digitar o endereço de IP do celular de Adie, foram necessários apenas alguns segundos para que a busca em tempo real fosse finalmente concluída. Seus olhos azuis encaravam através de seus óculos a tela de seu computador com expectativa, enquanto o sistema concluía o rastreamento. Depois de alguns instantes, a localização do dispositivo foi acessada e Jake se atentou, mas depois de ver onde estava localizado o celular de Adie, ele se surpreendeu e ao mesmo tempo, se intrigou, ficando boquiaberto.

Enquanto isso, Jessy, Lilly, Hannah e Cleo estavam sentadas à mesa de jantar e tomavam um café. Elas estavam caladas, pensativas e com os olhares distantes, até que o silêncio foi interrompido por Hannah. 

(Hannah) - Será que o Jake já teve alguma ideia para começarmos a investigar o desaparecimento de Adie? 

Todos a olharam.

(Lilly) - Hum… vamos confiar que sim. 

(Cleo) - Acho que ele deve fazer o mesmo que quando você desapareceu, Hannah. Que foi obter acesso ao seu celular.

(Jessy) - A diferença é que agora pode ser mais difícil para ele. Quem o ajudava a encontrar informações no seu celular e intermediava ele com o grupo, era Adie.

(Cleo) - E acredito que será difícil para ele se comunicar com os demais dessa vez. Ele parece ter dificuldades em se expressar.

(Lilly) - É isso que não entendo! Se vocês sabem o quanto é difícil fazer tudo isso sozinho, porque estão em dúvida sobre ajudar nas investigações do desaparecimento dela?

(Jessy) - Não é dúvida, Lilly… É só que… eu acho que não consigo! Não me sinto preparada psicologicamente para passar por tudo isso novamente. 

(Lilly) - E você acha que o Jake está? Você tem noção do quanto ela é importante para ele? Já parou para se perguntar como ele está se sentindo? 

Jessy ficou cabisbaixa e pensativa por alguns instantes.

(Cleo) - Eu entendo o ponto de vista da Jessy. Durante o desaparecimento da Hannah, fizemos muita besteira por conta do desespero por respostas, inclusive você, Lilly. E tudo isso por não sabermos lidar com a pressão. Nesses momentos, era Adie que interferia e tentava nos manter focados.

(Jessy) - Exatamente! Ela sempre conseguiu lidar com tudo de uma forma incrível. Ela era o suporte de todos.

(Lilly) - Mas agora a coisa é com ela! E vocês simplesmente estão optando por não afetarem seus psicológicos. 

Cleo suspirou e desviou o olhar, enquanto Jessy olhava para sua xícara de café.

(Lilly) - Eu me pergunto o que aconteceu com aquele papo de que todos queriam fazer por ela o que ela fez por nós. Foi tudo da boca para fora?

Jessy suspirou entristecida, fechou os olhos e passou as mãos no rosto.

(Cleo) - Não, não foi da boca pra fora. Sinceramente, nós só não esperávamos que fosse acontecer de verdade. Achamos que se estivéssemos próximos dela e contando com a ajuda da polícia, ela estaria segura.

(Hannah) - Mas coisas desse tipo não tem como prever ou prevenir e se pararmos para pensar, ninguém nunca está psicologicamente preparado para lidar com isso.

Todas continuaram pensativas por alguns instantes.

(Cleo) - Quer saber? Vocês têm razão! Mesmo que não tenhamos por onde começar, vamos fazer o nosso máximo para conseguir encontrar Adie.

(Hannah) - Sim, amiga! É assim que temos que pensar! 

Jessy continuou cabisbaixa, perdida em seus próprios pensamentos por alguns instantes, até que surgiu uma lembrança de Adie.

Flashback on

(Cena do capítulo 23 - Falsa Trégua)

(Jessy) - É... você tem razão. – Ela olhou para Adie. - É incrível a sua capacidade de fazer com que eu me sinta segura, Adie. – Ela sorriu sutilmente.

Adie sorriu sutilmente.

(Adie) - Eu vou te contar um segredo. Acredite ou não, você nunca precisou de mim para se sentir assim.

Jessy se intrigou.

(Jessy) - Como assim?

(Adie) - Em alguns momentos durante as investigações, eu pude ver sua verdadeira essência. Você é forte, Jessy. Você é determinada e não precisa de ninguém para se manter de pé. Para compreender isso, basta olhar para toda sua história de vida e ver onde você chegou e tudo que superou.

Jessy desviou o olhar.

(Adie) - Por isso, nem pense em fugir desse trabalho na Tool Tastic, pois ele vai te provar, mais uma vez, a sua própria força e sua incrível capacidade de recomeçar. Eu considero isso uma virtude, nem todos conseguem. E o melhor é que você sempre dependeu de uma única pessoa para isso... De você mesma.

Flashback off

Os olhos de Jessy marejaram, assim como naquele dia, mas agora, por sentir a falta de sua grande amiga.

(Jessy) - É… vocês tem mesmo razão.

As meninas, que haviam voltado a ficar em silêncio e estavam distraídas, olharam para Jessy.

(Jessy) - Ela me mostrou que… eu posso fazer tudo aquilo que eu me determinar. Por isso…Eu vou fazer tudo que estiver ao meu alcance para encontrá-la! – Ela olhou cada uma nos olhos, por um breve momento. - Vocês podem contar comigo. 

Após dizer isso, ela se levantou e saiu da sala de jantar.

(Hannah) - Ótimo! – Ela sorriu sutilmente e com um pouco mais de esperança.

Jessy seguiu até as escadas e as subiu. Ao chegar em cima, ela seguiu para o seu quarto, estando cabisbaixa e pensativa.  Quando estava prestes a abrir a porta de seu quarto, ela ouviu a porta do início do corredor se abrindo.

(Jake) - Jessica. – Ele chamou estando à porta de seu quarto.

Ela olhou para trás.

(Jake) - Posso falar com você?

Ela se virou, olhando-o.

(Jessy) - Claro, Jake. 

Jake fechou a porta de seu quarto e foi até ela.

(Jake) - Eu fiz duas tentativas de rastreamento do celular da Adie, mas algo me pareceu um tanto quanto estranho. 

Jessy se surpreendeu.

(Jessy) - O que foi?! Você descobriu onde ela está?

Jake suspirou.

(Jake) - Infelizmente não. 

Jessy ficou desapontada.

(Jake) - Acontece que o programa de rastreio aponta a localização dessa casa. 

(Jessy) - O quê?!

(Jake) - Sim, eu estou tão confuso quanto você e só há uma maneira de descobrir o porquê disso.

(Jessy) - E qual é?

(Jake) - Eu gostaria de pedir para que você verifique as coisas dela, para se certificar se o celular realmente está aqui. 

Jessy pensou por alguns instantes, até que assentiu com a cabeça.

(Jessy) - Certo. – Ela se virou e abriu a porta do quarto. 

Jake ficou esperando, próximo a porta, enquanto Jessy foi até a cama de Adie e começou a vasculhar. Ela levantou o travesseiro, mas o celular não estava lá. Ela levantou as cobertas, olhou debaixo da cama, na gaveta da mesa de cabeceira, mas não encontrou nada. Em seguida, ela começou a vasculhar a gaveta da cômoda onde Adie guardava suas roupas. Ela começou a levantar peça por peça e, ao levantar a última, achou um celular.

(Jessy) - Jake.

Ele estava encostado na parede, ao lado da porta e logo se atentou a voz de Jessy.

(Jake) - Sim. – Ele apareceu em frente à porta.

Jessy foi até ele e o entregou o celular. Jake ficou levemente surpreso e o pegou.

(Jessy) - Eu acho extremamente estranho que ela tenha saído sem o celular. Ela nunca faz isso.

Ele encarava o celular, estando intrigado.

(Jake) - É…

Depois de alguns segundos, ele levantou o olhar e entregou o celular para Jessy.

(Jake) - Obrigado, Jessica.

Jake se virou e seguiu em direção ao seu quarto.

(Jessy) - Ei, Jake. Espere.

Ele parou e se virou para olhá-la.

(Jessy) - Quero que saiba que pode contar comigo para ajudá-lo a encontrar a Adie. 

Ele a encarou por alguns segundos, até que assentiu com a cabeça e se virou, seguindo até seu quarto. Jessy o seguiu com os olhos, até que olhou para o celular de Adie em suas mãos e suspirou entristecida.

A noite estava chegando, e com ela, também vinha a tristeza e a apreensão. Na hora do jantar, todos estavam calados e pensativos. Dan, que nunca dispensava um bom prato, nem havia tocado na comida e estava com os braços escorados na mesa, enquanto encarava o nada. As garotas tentavam comer, mas a maior parte do tempo, elas apenas mexiam nos alimentos com o garfo. Phil estava jantando normalmente, mas seu olhar estava distante e indicava sua preocupação. Thomas também estava claramente preocupado, tanto com Adie, quanto com Hannah, que estava ao seu lado.

Já Jake, não havia descido para jantar. Ele estava no quarto, encarando seu computador e sem saber o que fazer, afinal, ele já havia vasculhado todo o aparelho de Adie e não havia encontrado uma pista sequer. Havia os vídeos que o próprio homem sem rosto gravou dela nos últimos dias, mas depois de muito analisá-los, ele teve que aceitar que não havia nada naquelas imagens que pudesse ajudá-lo. 

No dia seguinte, bem cedo, Alan ainda estava em sua casa e tomava um café da manhã reforçado, antes de se aprontar para ir para a delegacia. Enquanto tomava um suco de laranja, ele encarava a tela de seu celular, ansioso por uma resposta. Por um momento, passou em sua cabeça voltar atrás em sua decisão, já que aquele hacker também havia desaparecido. Depois de muito encarar a tela de seu celular, ele o deixou sobre a mesa e se levantou para ir se aprontar para mais um dia de trabalho.

Na casa, Jake estava na cozinha, tomando um copo de água. Ele era o único acordado e, talvez, o único a não ter dormido nada. Depois de tomar água, ele lavou seu copo e saiu da cozinha. Ele foi até a sala e aproveitou para ficar um tempo ali, sozinho. Ao se sentar no sofá, ele passou as mãos no rosto e suspirou de exaustão. Sua perna inquieta deixava evidente sua agitação interna e abaixo de seus olhos, haviam olheiras. Depois de alguns minutos, Lilly estava descendo as escadas e seguia para a cozinha, mas ao olhar para a sala e notar Jake ali, ela parou. Ela permaneceu parada, olhando-o, como se hesitasse se aproximar, mas depois de alguns instantes, ela foi até ele. 

(Lilly) - Oi.

Por estar perdido em seus pensamentos, Jake tomou um leve susto.

(Jake) - Oi.

Ele permaneceu sem olhá-la e Lilly decidiu se aproximar mais e se sentar no outro sofá, ao lado. 

(Lilly) - Como você está? 

(Jake) - Como você deve imaginar.

Ele continuava com o olhar vazio e distante e Lilly ficou cabisbaixa por alguns instantes.

(Jake) - Você também é uma das que decidiu poupar seu psicológico dessa vez? 

Ela logo voltou a olhá-lo.

(Lilly) - Talvez eu realmente devesse fazer isso, afinal, nem você e nem Adie foram totalmente sinceros comigo. Assim como da primeira vez.

Jake logo a olhou.

(Jake) - Do que está falando?

(Lilly) - Você pensou que a verdade sobre seus crimes nunca chegariam até mim? 

Jake ficou levemente surpreso.

(Lilly) - Eu soube de tudo, com riqueza de detalhes. Mas mesmo tendo esse motivo para não ajudá-lo, eu decidi…

(Cleo) - Oi. Bom dia, gente. 

Jake e Lilly se encararam por um breve momento, até que Lilly olhou para Cleo.

(Lilly) - Bom dia, Cleo.

(Cleo) - Desculpe interrompê-los, mas eu precisava perguntar se vocês vão tomar café. É que depois do jantar de ontem, que todos mal tocaram na comida, decidi me certificar de quem vai mesmo comer, antes de preparar alguma coisa.

(Lilly) - Bom, eu vou sim, Cleo.

(Cleo) - E você, Jake? Você precisa se alimentar, não come nada desde ontem.

(Jake) - Estou sem fome. Obrigado.

Cleo o olhou por alguns segundos, até que olhou para Lilly e suspirou entristecida. Em seguida, ela se virou e foi para a cozinha e Lilly voltou a olhar Jake, que ficou cabisbaixo.

(Lilly) - Bom… tudo que eu esperava era a ver…

(Jake) - Vá até o meu quarto quando puder. Eu vou lhe contar tudo que quiser saber.

Lilly ficou levemente surpresa e ele se levantou e saiu, em direção às escadas. 

Mais tarde, na delegacia, Alan continuava apreensivo, porém, seguia com seu trabalho que não podia parar. Estando com os olhos fixados no computador enquanto analisava alguns documentos, uma notificação de mensagem chegou em seu celular, fazendo-o olhar imediatamente e pegá-lo. 

CHAT: 

              ???

(???) - Ótima escolha, delegado.

(???) - Devo parabenizá-lo pela inteligência.

 

Alan ficou surpreso e se concentrou em respondê-lo imediatamente.

 

CHAT: 

              ???

(Alan) - Com sua demora para aparecer, já me arrependi de ter aceitado sua ajuda, seu idiota!

(???) - Entendo sua ansiedade, Alan.

(???) - Mas não vamos perder tempo conversando bobagens. 

(???) - Eu soube que ela desapareceu.

(Alan) - E como soube?

(???) - Isso não importa.

(???) - O ponto importante aqui é que, eu sim, consegui alguma coisa que pode ajudá-lo a encontrá-la.

Alan ficou ainda mais surpreso.

CHAT:

                 ??? 

 (???) - Eu obtive acesso a nuvem do celular dela e encontrei esse vídeo:

O Hacker enviou o primeiro vídeo que o homem sem rosto gravou de Adie, no estacionamento do supermercado.

(Alan) - Eu vi esse vídeo. Inclusive, tenho ele em meus arquivos.

(???) - Ótimo.

(???) - Eu o analisei minuciosamente e, ao aproximar a imagem, percebi que o estacionamento do supermercado possui duas câmeras de segurança.

(???) - Uma delas está posicionada à direita e pega a entrada do estacionamento. Por ser um estacionamento que possui área aberta, essa câmera capta imagens de parte da floresta.

(???) - Acredito que se conseguirmos as imagens dessa câmera, do dia que esse vídeo foi enviado para Adie, poderemos talvez ter uma imagem do suposto homem sem rosto.

(Alan) - Certo. Então, eu irei ao supermercado mais tarde para conseguir essas imagens.

(???) - Muito bem, delegado. É ótimo que eu não precise dizer a você o que fazer.

(Alan) - Ah, e você acha que está em posição de me dar ordens?

(Alan) - Acha mesmo que eu iria acatar ordens de um bandido como você?

(???) - Não sei…

(???) - Depende dos seus interesses.

(Alan) - Olha, meu tempo é precioso demais para que eu continue perdendo-o com você.

(???) - Igualmente, delegado.

(???) - Quando tiver as imagens, envie-as para mim.

(Alan) - E quem disse que eu preciso de você para analisá-las?

(Alan) - Eu mesmo posso fazer isso.

(???) - Bem, como quiser.

(???) - Mas lembre-se que, até então, o senhor sequer tinha notado as câmeras de segurança no vídeo. 

(???) - O que deixa claro qual de nós dois está realmente capacitado para resolver o caso. ;)

                               ??? está agora offline

Alan suspirou irritado e logo travou a tela de seu celular, deixando-o sobre a mesa em seguida.

(Alan) - Imbecil!

Na casa dos amigos, Lilly estava saindo de seu quarto e, aproveitando que os demais estavam no trabalho, ela foi até o quarto de Jake. Ao chegar em frente, bateu três vezes na porta. Depois de alguns segundos, Jake abriu e os dois se encararam por alguns instantes, até que, sem dizer uma palavra, ele acenou para que ela entrasse. Após entrar, Lilly ficou um pouco sem jeito e olhava tudo ao redor discretamente.

(Jake) - Sente-se. – Ele apontou para sua cama.

Lilly se aproximou da cama e se sentou. Jake se sentou ao lado dela e olhava para frente.

(Lilly) - E então, o que tem para me dizer? 

(Jake) - O que te disseram?

(Lilly) - A verdade sobre você, Jake. Você é um dos hackers responsáveis pela invasão do sistema do FBI e vazamento de documentos ultrassecretos do governo dos Estados Unidos. Quando eu soube o quão grave isso foi, desejei muito que fosse um engano… – Ela suspirou entristecida. - Você tem noção do que suas ações ocasionaram? – Ela o olhou.

Jake continuava olhando para frente, sem demonstrar nenhuma emoção. 

(Jake) - Eu soube de algumas coisas. 

Lilly desviou o olhar e balançou a cabeça em negação.

(Lilly) - E para piorar, Adie sabe de tudo isso e te acoberta. Embora eu não queira pensar nisso, a verdade sobre vocês dois, que agora se tornou incontestável para mim, é que… vocês são dois criminosos. 

Apesar do peso das palavras de sua irmã, Jake continuava sem demonstrar emoções e o silêncio tomou conta por alguns instantes.

(Lilly) - Acho que… talvez eu não tenha errado em publicar informações sobre vocês…

(Jake) - É… de certa forma, isso foi realmente bom.

Ela o olhou intrigada.

(Jake) - Desde aquele dia, eu comecei a pensar na possibilidade de mudar minha realidade e tive vontade de voltar a lutar.

(Lilly) - Lutar pelo que?

(Jake) - Pela minha liberdade, Lilly. – Ele a olhou.

Ela se intrigou ainda mais.

(Lilly) - Jake, você cometeu um crime!

(Jake) - Não. Eu não cometi um crime. Pelo menos, não foi essa a minha intenção. 

Ele voltou a olhar para frente e suspirou entristecido.

(Jake) - Há alguns anos atrás, eu trabalhava para a CIA, no Setor de Suporte às Operações. Eu vivia com a minha mãe e nós dois morávamos em uma casa não tão grande, mas confortável. Nesse tempo, eu ganhava o suficiente para mantermos um estilo de vida tranquilo, até que minha mãe ficou doente. Ela teve câncer no ovário e o tratamento custava muito caro, mas eu conseguia mantê-lo. No trabalho, eu sempre fui muito reservado e não tinha amizade próxima com nenhum de meus colegas, até que eu percebi uma certa semelhança de ideias com um deles. Nós quase sempre concordávamos sobre algum assunto referente ao nosso trabalho e, com o tempo, começamos a conversar mais. Ele era um cara legal, mas tinha um defeito… ele era completamente alucinado por assuntos políticos. Apesar disso, nós nos dávamos bem e acabamos construindo uma amizade, embora eu nunca soube grandes detalhes sobre a vida particular dele. Nós trabalhamos um tempo juntos, mas depois ele se mudou e conseguiu um emprego como engenheiro de software numa empresa local e, desde então, nós mantínhamos contato de vez enquanto, apenas por mensagens. O fato dele ser extremamente discreto sempre intrigou a todos. Ninguém nunca soube se ele era solteiro, casado, se tinha filhos, se morava com a família ou sozinho. Mas ele era um bom colega e o fato dele ser muito discreto nos fez acreditar que ele prezava pela segurança de sua família acima de tudo e não queria deixá-los vulneráveis, já que nosso trabalho exigia sigilo. Depois de algum tempo, vieram as eleições e consequentemente uma troca de governantes nos Estados Unidos. Em seguida, mudanças começaram a acontecer no país, algumas delas para melhor e outras para pior. Os valores dos serviços médicos aumentaram esporadicamente e eu comecei a ter dificuldades. Meu amigo se tornou um ativista e, certo dia, em meio a uma conversa aleatória com ele por chat, ele expôs uma ideia para mim. A ideia era tentar invadir o sistema do FBI para conseguirmos extrair informações ultrassecretas, apenas com intuito de fazermos protestos anônimos, mas sem divulgar nada do que foi conseguido. Seríamos só nós a ver o que mais o governo pretendia, o que estranhamente nos traria uma sensação de poder, de tê-los nas mãos. Mesmo que eu estivesse com dificuldades, eu jamais pensaria em tomar uma atitude tão arriscada. Porém, como eu já sabia que essa ideia de invasão seria praticamente impossível de ter sucesso, acabei aceitando fazer parte disso, exatamente por ter certeza de que não conseguiríamos. Alguns dias se passaram e minha mãe precisou ser internada, mas como o dinheiro já estava faltando, não pude arcar com todos os gastos necessários. Nesse tempo, confesso que a ideia desse meu amigo ativista passou pela minha cabeça de uma forma alterada. Eu desejei que desse certo. Eu pensei em executar o plano e pedir dinheiro, em troca de não publicar as informações. Embora isso tenha ficado apenas em meu pensamento, meu amigo entrou em contato comigo no mesmo dia e me disse que havia conseguido outros dois hackers experientes que poderiam nos ajudar nesse plano, sendo que um deles era um amigo muito próximo e trabalhava para o FBI.

Lilly arregalou os olhos.

(Jake) - Mesmo que eu estivesse desesperado, não contei a ele sobre minha ideia perversa, mas decidi aceitar a continuar executando o plano, pois, se desse certo, eu também gostaria de protestar, de tentar mudar as coisas de alguma forma. Eu me uni a aquele grupo de Hackers, mas nunca vi o rosto dos outros dois, nunca soube seus verdadeiros nomes e nunca falei com eles de qualquer outro assunto que não fosse a invasão do sistema. Para invadir o sistema, tivemos que agir cautelosamente, e a condição imposta pelo hacker que trabalhava para o FBI era que nada o comprometesse extremamente. Tudo que ele faria por nós, era nos livrar do próprio sistema de segurança do FBI, o resto, seria com os demais. Começamos a trabalhar em prol disso e tudo durou cerca de dois meses e, nesse tempo, minha mãe faleceu.

Lilly sentiu um certo impacto com essa notícia.

(Lilly) - Eu sinto muito.

Jake ficou cabisbaixo por alguns instantes e suspirou.

(Jake) - Depois que ela se foi, eu fiquei desmotivado a continuar nesse plano, mas meu amigo ativista usou os melhores argumentos, inclusive, usando a morte dela, para motivar ainda mais a minha revolta contra o sistema governamental e ir até o fim para derrubá-lo. Ao longo dos dias, fui notando que esse meu amigo estava ficando cada vez mais inativo na execução do plano e um dos outros hackers, que era chamado de Kalih, parecia estar no comando. Quando questionei meu amigo sobre isso, ele me disse que sua ausência era porque ele estava ocupado demais tomando conta de todo o resto, cuidando de encobrir qualquer rastro que pudesse ser deixado por nós. Era o plano perfeito, tínhamos duas pessoas cuidando para nos manter seguros e, em alguns dias, conseguimos acessar o sistema e tivemos acesso aos documentos Top Secrets. Ao lermos tudo que estava ali, percebemos o quanto somos manipulados e menosprezados por quem nos governa. Mas isso não se aplica somente a aquele país, e sim, a todos. Apesar de toda revolta contra aquilo que todos chamam de lei e justiça, eu não pensei em momento algum em publicar aquelas informações. Eu tinha consciência que aquilo poderia causar até mesmo uma guerra entre países. Criamos um grupo de ativistas na internet e começamos a fazer protestos anônimos que traziam informações de forma despretensiosa, como se não passasse de achismos. Porém, nosso grupo chamou a atenção do FBI, que a essa altura já havia notado a invasão. Eu decidi sair do grupo depois de receber uma ameaça direta de um dos agentes do FBI, embora ele não soubesse nada sobre mim, de alguma forma, ele conseguiu meu e-mail. Eu informei a esse meu amigo sobre isso e disse que estaria fora a partir daquele dia. Ele se mostrou compreensivo e eu voltei a minha rotina de sempre, apenas trabalhando para a CIA. Depois de alguns dias, eu estava navegando na internet tranquilamente, até que recebi uma mensagem de um dos hackers que fez parte do plano, era o mesmo que trabalhava para o FBI. Ele havia me mandado um vídeo e me disse que aquilo estava circulando por toda internet naquele exato momento. Era um vídeo do meu “amigo”, trajado como um hacker que deseja manter-se em sigilo… de moletom preto com touca, com uma máscara branca e usando um modificador de voz. No vídeo, ele…

(Lilly) - Espera, e como você soube que era ele?

(Jake) - Bom, ele se apresentou com o nickname que sempre usava, Jaden. 

(Lilly) - E como você soube que a ameaça que chegou no seu e-mail, de um agente do FBI, não era desse mesmo hacker que ajudou vocês?

(Jake) - Mas era exatamente nisso que eu acreditava, até que ele entrou em contato comigo e me mandou esse vídeo. No vídeo, esse “amigo” entregou os outros que agiram no plano de invasão, até mesmo o que trabalha para o FBI, porém, sem entregar grandes informações sobre ele. Ele só deixou claro que havia outro envolvido, ou seja, de certa forma, ele o protegeu. Já sobre mim e sobre Kalih, ele entregou os nomes e deixou claro que Kalih foi o responsável por tornar público alguns dos documentos ultrassecretos, provando com dados do computador que ele usou para fazer isso. Mas, além de nos entregar, Jaden excluiu toda sua participação do plano e responsabilizou nós três por tudo. Pela ideia, pela invasão, pelo vazamento e disse ter desistido de tudo bem no início. Só depois desse vídeo que eu compreendi o porque ele estava cada vez mais ausente durante a execução do plano. Ele estava reunindo provas contra nós e se algum dia resolvêssemos desistir ou fôssemos caçados, ele nos entregaria e poderia provar que era inocente. – Ele balançou a cabeça em negação.

(Lilly) - Mas porque ele livrou o outro? O que trabalha para o FBI.

(Jake) - Acredito que, talvez, esse hacker do FBI saiba de algo que possa comprometê-lo, afinal, ele me ajudou a fugir. Se ele não tivesse me enviado o vídeo, eu teria sido pego. Meu nome estava sendo falado nos jornais e em questão de minutos, todos no meu trabalho já sabiam do que eu tinha feito. – Ele suspirou entristecido. - Eu sei que fui muito idiota em me envolver nisso…

Lilly observava-o entristecida e também suspirou.

(Jake) - Bem, divulgaram meu nome e o nome de Kalih, mas eu nem sequer soube o verdadeiro nome dele. As informações sobre Kalih me foram ocultadas pelo próprio hacker que trabalhava para o FBI. Segundo ele, eu não deveria tentar nenhuma vingança e muito menos procurá-lo.

(Lilly) - E porque?

(Jake) - Essa parte eu nunca pude entender. A explicação dele foi muito vaga. Tudo que ele me disse era que Kalih não é uma pessoa qualquer. A inteligência dele vai além do que podemos alcançar e um dia, mesmo que ele tenha sido um dos culpados, precisaríamos dele para chegar até Jaden.

Lilly o encarava pensativa e ele voltou a olhá-la.

(Jake) - Essa é a verdade sobre mim, Lilly. Eu sou um dos mocinhos e nunca quis causar transtornos naquele país, mesmo discordando da maior parte do sistema governamental. 

(Lilly) - Se você é inocente porque não faz alguma coisa para provar isso?

(Jake) - Como eu disse, depois que você fez aquele vídeo, eu tive esperanças de conseguir provar minha inocência de novo, mas isso não é algo fácil.  Eu teria de me empenhar para conseguir provas contra Kalih. Mesmo que Jaden tenha nos traído, foi Kalih o responsável pelo vazamento dos documentos. Ele é o principal culpado por eu ter que viver minha vida em fuga. Já Jaden, eu sei como posso chegar até ele.

(Lilly) - E o que te impede de agir logo? 

(Jake) - Eu preciso ser cauteloso, Lilly. O FBI sabe sobre Adie estar do meu lado. E é por isso que eu preciso de tempo para pensar melhor no que fazer. Nesse caso, erros não são mais permitidos. 

Lilly ficou pensativa por alguns instantes e desviou o olhar.

(Jake) - Mas agora que Adie sumiu, confesso que… – Ele ficou pensativo por alguns segundos. - Bom, nada.

Em seguida, ele se levantou e se sentou em sua cadeira, que ficava de frente para o computador.

Lilly voltou a olhá-lo e se sentiu péssima em vê-lo daquele jeito.

(Lilly) - Jake… 

Jake continuou olhando para a tela de seu computador.

(Lilly) - Peço que… me perdoe pelo que eu disse agora a pouco. 

(Jake) - Eu entendo, não se preocupe.

Ela suspirou.

(Lilly) - Nós vamos encontrar ela, você vai ver. – Ela se levantou e colocou a mão no ombro esquerdo de Jake, acariciando-o.

Jake continuou sem reação por alguns instantes, até que suspirou e tocou a mão de Lilly em seu ombro.

Mais tarde, Dan, Jessy, Thomas e Hannah estavam na sala, tentando se distraírem com um filme de ação. Cleo e Lilly estavam na cozinha, preparando o jantar. Já Jake, continuava em seu quarto, e Phil, também estava no seu. De repente, ouviram-se três batidas na porta da sala e todos se olharam intrigados.

(Hannah) - Quem deve ser?

(Jessy) - Será que é alguma notícia da Adie?

Com essa possibilidade, todos logo se levantaram para ir até a porta.

(Cleo) - Alguém bateu mesmo na porta ou foi impressão minha? – Ela veio apressada da cozinha, juntamente com Lilly.

Antes que alguém pudesse respondê-la, Dan abriu a porta e, ao verem quem era, todos arregalaram os olhos.

(Jessy) - A-Adie?!


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Notas finais do capítulo

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