Dinastia 3: A Rainha de Copas escrita por Isabelle Soares


Capítulo 21
Capítulo 21




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A rainha batia os dedos no encosto da poltrona. O silêncio era para ela absurdamente entediante. Certo que se podia ouvir o tic tac do relógio de cuco na parede, mas isso não lhe era capaz de entreter. Toda entrevista ficava assim, um tanto nervosa. Tinha passado a noite anterior assistindo a umas filmagens antigas do batizado de Edward e outras mais. Era impossível não se encantar com aquelas cenas agora com muitos anos de distância. Claramente podia-se ver nas suas jovens expressões e na de seu marido, uma energia tão contagiante, uma felicidade tão genuína que achava ela que isso jamais se repetira depois. Eram recém – casados construindo sua própria família, não havia mais nada alegre do que isso.

“- Acho que é aqui que aperta. – Esme de 27 anos falou para o marido.

Carlisle aparece no centro da filmagem e a então duquesa sai de foco. A imagem é tremida e passa umas linhas debaixo da tela. Mas nada tira a beleza do jovem príncipe.

— Estou aparecendo, será?- perguntou ele inexperiente.

— Está sim.

— Ok. Hoje é um dia especial! Esse carinha aqui vai ser batizado. – Carlisle vira a câmera para a esposa que segura o bebê Edward em seus braços. – Não é um momento feliz?

— Ele parece contente.

Edward com três meses olhava bem para o pai segurando aquele enorme aparelho preto com uma luz vermelha piscando. Os dois tinham acabado de comprar uma câmera VHS e agora Carlisle insistia em registrar todos os momentos possíveis.

— Sabia que esse mandrião foi utilizado por mim e por todos os bebês da família desde o século XIX?

— É um bonito mandrião e agora babado.

Esme pega a fralda e limpa a boca do filho menor. Em seguida, Emmett aparece na cena e fica bastante em foco, levantando as mãozinhas para o alto para chamar a atenção do pai que filmava.

— Papai vou sair na televisão?

— Vai amor. Um dia vai ver essas filmagens e se dará conta de o quanto era um garoto esperto e bonito.

— Mamãe posso brincar com o “mãozinho”.

— Agora não, meu filho, lembra pra onde mamãe disse que iríamos.

— Sim.

Umas batidas na porta fez com que a imagem ficasse desfocada.

— Altezas, precisamos ir.

— Já vamos.

A câmera foca o chão e a tela fica preta.”

— Eu estava observando as notícias de vocês durante os anos 80 e 90 e eu percebi algo curioso. – a voz de William traz a rainha de volta ao presente.

— Hum.

— Nos anos entre 1985 a 1988 vocês apareciam praticamente todos os dias nos meios midiáticos. Houve simplesmente um boom da imagem de vocês. O que aconteceu nessa época?

— Na verdade, tinha-se uma noção que depois que passássemos alguns anos casados, as pessoas iriam se cansar de nós. Éramos algo como uma nuvem passageira num dia de verão. Porém, Emmett nasceu e depois Edward e tudo foi completamente o contrário. O público nos acompanhava agora como uma família.

— Foi o palácio que resolveu explorar mais a imagem de vocês ou foi algo voluntário?

— Foi uma mistura de ambas as vontades, na verdade. Acontecia que Carlisle e eu tínhamos alguns projetos que estávamos implantando, mas não recebíamos o apoio do palácio e a gente tinha que bancar de alguma forma. Por outro lado, eles começaram a ver que não podiam se desfazer da gente. As pessoas queriam nos ver, então acharam que era importante para a manutenção da monarquia que as pessoas nos vissem.

— Teve um mini doc com a rotina de vocês. Isso transformou mesmo a idéia do Reality em realidade, numa época em que ninguém sabia que isso existia.

— Surreal, não é? Mas nem eu e nem Carlisle queríamos aquilo. Eu estava grávida, tínhamos duas crianças pequenas em casa nessa época. Imagina abrir as portas para que uma equipe de TV passasse o dia inteiro por sete dias e exibir tudo isso pra todo mundo ver? Loucura! Já não bastasse que saíssemos todos os dias nos jornais com o mínimo possível de privacidade.

— E por que vocês aceitaram?

Esme respirou fundo antes de responder.

— Na verdade foi idéia do escritório central. Tínhamos no início daquele ano participado das olimpíadas nacionais em Milton, Baltania e Marlborough e foi uma loucura. Centenas de pessoas nos esperando chegar nas estradas. Os estádios cheios e a frente dos hotéis simplesmente recheados. Eu me lembro que Carlisle e eu mal conseguimos sair de um desses jogos. Tivemos que pedir ajuda da polícia, saímos dentro de um camburão. Ai acredito que virou uma chave dentro do palácio.

— Não importava o tempo vocês simplesmente eram um fenômeno.

— Basicamente. Então, a TVI apresentou o projeto para a rainha e pro rei. De alguma forma os convenceram e vieram falar com a gente com o contrato feito para assinarmos. Dissemos não na mesma hora. Não estávamos interessados nessa exposição toda, nem queríamos aquilo. Mas acabaram nos convencendo por que o dinheiro seria doado para algumas instituições e projetos que a gente apoiava. Então, achamos que seria por uma boa causa.

— Então, vocês foram meio que obrigados a isso? Precisavam do dinheiro, mas em troca teriam que ceder a imagem de vocês dois.

— Vendo dessa forma sim. E nessa época, o que funcionava era o seguinte, tínhamos os nossos próprios trabalhos, nossos valores, mas ainda estávamos na asa do palácio. Nosso escritório ainda tinha que dar satisfação para a central e isso nos fazia presos as decisões da alta cúpula. Se o rei e a rainha não aprovassem, eles poderiam fazer qualquer coisa para impedir que aquela idéia ou ação fosse adiante.

— Isso não atrapalhou a dinâmica familiar de vocês?

— Claro que sim. Nessa época foi o momento que mais trabalhamos. Tínhamos que realizar os nossos trabalhos solos e aqueles que o palácio destinava pra gente. No meio disso estávamos formando a nossa família. Tanto que a dinâmica com Edward e Alice foi totalmente diferente do que foi quando Emmett nasceu. De repente, estávamos no meio de um show business.

— Você e Carlisle não percebiam que a imagem de vocês estava sendo muito explorada, além do limite?

— Sim, claro que sim. Além disso, vinham as cobranças. Eu não podia engordar. Se eu passasse dos 58 quilos, nossa! Era uma guerra. Por que a idéia era que se mantivesse a imagem de estar dentro do padrão de beleza. E ainda tínhamos que levar as crianças para os compromissos, para as entrevistas. Eu detestava isso por que eu percebia que também queriam explorá-los comercialmente, entende? Não queria que eles deixassem de estudar e nem de serem crianças.

— Uma vez você falou que a sua sogra tinha lhe deixado bem expresso qual era a sua função dentro da realeza. Algo como uma procriadora e esposa modelo. Acha que conseguiu no meio de tudo isso que estava acontecendo? Quer dizer, sendo ‘celebridade’ e uma mãe tão jovem.

Esme ficou pensativa por alguns instantes antes de responder. Agora remoendo as memórias para o seu livro e colocando os acontecimentos do passado em voz alta, ela estava começando a olhar as coisas de seu passado com uma perspectiva diferente. Certo que muitas dessas análises que fazia das coisas que aconteceram eram sobrepostas com os seus valores de hoje. Na época, nunca tinha parado para pensar o quanto estava vivendo uma vida completamente conservadora. Tudo que viveu com Carlisle veio muito naturalmente.

Mas era uma pergunta pertinente a de William. Por que ele descreveu exatamente a visão que se tinha de um comportamento que por anos era considerado aceitável para as mulheres. Certo que nos anos 80, principalmente no final, as coisas já eram bem diferentes, mas era exatamente o que ocorria dentro da monarquia, e ocorre ainda hoje, eles viviam como no passado. Ela com 18 anos podia dizer com certeza que era feminista e sempre seria. Mas olhando agora, durante boa parte de sua vida adulta tinha agido opostamente ao que sempre sonhou na adolescência. Isso lhe quebrava um pouco.

— Não sei bem te dizer com exatidão. Por que eu levei sim uma vida que qualquer amiga minha feminista ou eu mesma recriminaria. Eu abandonei a minha carreira para me casar e passei anos me dedicando a minha família crescente. Mas não acho que eu era considerada modelo, sabe? Acho que nesse ponto eu era mesmo rebelde. Eu questionava muita coisa.

— Isso era o oposto que queriam de você?

— Com certeza. Acho que minha complacência durante o noivado e nos primeiros anos do casamento os fizeram achar que poderiam me transformar na Barbie que eles queriam que eu fosse. Sabe aquela que vestiria belas roupas, sempre sorridente, acenando elegantemente com saltos nos pés e sempre calada. E de alguma forma, naquele momento, eu era o personagem característico da mulher da família de propaganda de margarina. Carlisle, as crianças e eu fazíamos muito bem esse papel para o público. Mas nos bastidores, eu aprendi a dizer muito não e isso era muito incômodo, tenho certeza.

— E quando aprendeu isso?

— Quando os meus filhos nasceram. Por que eu pensava, eu não quero que eles cresçam com todo esse controle abusivo com eles como queriam fazer comigo, sabe assim? Então, isso me deixou bem mais armada.

— Quero que deixe uma coisa clara, estamos falando que a causadora de tudo isso era a rainha Elizabeth?

— Ela principalmente, mas não a única. Todo mundo que trabalhava nos cargos altos do palácio, que eram que mexiam as engrenagens, eram homens e as poucas mulheres que trabalhavam lá nessa época eram também controladas por esses homens. Não tinha a menor possibilidade de haver um pensamento diferente.

— Não acha que talvez o seu relacionamento ruim com a sua sogra não contribuiu para a criação de uma imagem dela um tanto além do que realmente era? Já parou para pensar sobre isso?

— Acho sim que começamos com o pé esquerdo. Éramos duas pessoas teimosas juntas e Elizabeth estava muito acostumada a ter tudo debaixo de seu séquito. Eu não me encaixava nos planos e no afeto dela desde o início. Então, construirmos muros muito altos diante de nós duas.

— E isso não influenciou alguma coisa?

— Talvez a narrativa teria sido diferente se eu tivesse tido mais paciência. Tenho até medo do que as pessoas vão pensar quando ler esse livro e imaginarem que ela era a vilã e eu a mocinha, entende? Acho que nós duas tivemos culpa para tudo ser tão tenso. Fui arrogante em alguns momentos. Na época, eu tinha raiva por que ela, com o poder que tinha, não tentar se unir a mim e a Carlisle e fazer um sistema diferente. Não era à toa, mas Elizabeth era uma mulher e a verdadeira monarca ali. Era o cérebro de tudo e tinha todos em suas mãos. Mas preferia manter as aparências e seguir com padrões que iam contra o próprio sexo dela.

— Mas isso fazia parte da geração a qual ela foi criada.

— Hoje vejo dessa forma, muitas coisas que ela fazia, mesmo de um jeito torto, reconheci e comecei a fazer meio que sem querer quando virei rainha. Na verdade, o que havia naquele momento no palácio era uma grande disputa por poder. Tínhamos dois lados num ringue, os tradicionais e os progressistas. Era muita idéia diferente junta que só ia terminar mesmo em conflito até que um dos lados cedesse.

— Mas ambos tiveram que ceder de alguma forma.

— Sim, verdade. Hoje vejo que talvez teria sido mais saudável para ambos que não tivesse havido tantas discussões tolas. Mas o que eu não queria que os meus filhos reproduzissem determinados comportamentos machistas e nem tivessem que ser controlados como marionetes. Não queria que eles sofrerem como Carmen, que vivia uma vida dura, porém tendo que agüentar tudo calada e sofrendo em segredo por anos, para entrar numa conveniência desnecessária. Por isso briguei tanto para que as coisas fossem diferentes.

— Chegamos a um ponto importante. Acha que houve interferência de Elizabeth e Pierino na educação deles? Não acho que as pessoas sabem, mas a guarda das crianças até a quinta posição da linha sucessória pertence aos monarcas reinantes. Poderia deixar isso mais claro?

— Isso é uma coisa que muita gente não consegue entender nem por aqui. Os monarcas têm direito a guarda das crianças, mas isso não dá direito a controlar toda a vida deles. Eu sempre entendi que os pais têm que ter a obrigação de educar os seus filhos. Eu nunca tirei esse papel dos meus filhos com os meus netos.

— Foi tirado de vocês?

— Não totalmente, claro, por que a gente sempre tentou impor esses limites. Mas havia sim uma influência dos avôs na vida deles. Emmett foi criado para ser rei e Edward o substituto dele, apesar de que dos dois o que mais conviveu com Pierino e Elizabeth e talvez mais influenciado por eles foi Edward. Acho que isso o deixou muito engessado, sabe? Com esse excesso de auto cobrança que ele tem até hoje.

— Vocês sentiram que perderam o controle com eles?

— Em alguns momentos sim e isso é uma das coisas que mais eu me arrependo na vida. Ter se deixado levar tanto pelo trabalho, pelos compromissos e não ter observado mais os meus filhos em alguns momentos.

— E por que não tentou acabar com isso quando teve tempo? Digo, impedir que usassem vocês e eles.

— É muito fácil se deixar levar. É muito confortável ter alguém ali sempre à disposição, fazendo tudo por você, cuidando, aconselhando pra que você faça o que acha que é preciso. Você vai se prendendo tanto nessa vida que depois quando se dar conta já está num caminho sem volta. A responsabilidade da instituição monarquia fala mais alto. A família e o real se distanciam e se confundem ao mesmo tempo.

— Entendo.

— Tem uma canção que diz assim: “Minha dor é perceber. Que apesar de termos feito tudo que fizemos.
Ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais.”

— É uma bonita canção.

Esme assentiu com um sorriso triste.

Esme: Sua Verdadeira História – Capítulo 21: Show business

Uma das coisas que eu mais gostava de fazer quando os meus filhos eram crianças era estar diante deles. Voltar a ser apenas uma menina para me divertir com eles. Tudo virava uma magia, um conto de fadas, uma nostalgia boa. O enorme jardim do palácio de Belgravia virava o nosso refúgio. Eu pegava os brinquedos de Emmett, colocava Edward nos braços e seguíamos para o andar de baixo.

Emmett com três anos já era um menino levado. Não parava quieto um segundo. Tínhamos que estar sempre com os olhos bem atentos para ver o que ele estava aprontando. Na época já dizia que queria ser um soldado. Era fascinado pela idéia. Lembro de comprarmos para ele um uniforme e ele ficar tão apaixonado que não queria tirá-lo. No dia que o levamos para um compromisso no esquadrão do exército nacional, Emmett ficara enlouquecido. Subia nos tanques e queria interagir com os soldados como se fosse um.

— Mamãe boom boom!

— Não corra muito, soldado Emmy, você pode cair. – eu falava enquanto o observava brincar no jardim.

Ele corria pelos labirintos de plantas. Subia as escadas e descia pelo escorregador e mal os meus olhos podiam acompanhá-lo. Parecia que sua energia não acabava nunca.

Enquanto isso, Edward estava quietinho ao meu lado em cima da toalha que coloquei na grama. Era um bebê tão lindo! Tinha as bochechas gorduchas mais gostosas que eu amava encher de beijos. Era mais cabeludo do que o irmão na mesma idade. Os fios que nasceram cor de bronze ficaram mais claros e ali estavam os olhos azuis de seu pai. E as semelhanças não paravam por ai. Apesar de Edward ainda ser muito pequeno, eu já notava que ele seria uma criança calma. Acordava e ficava por horas no berço olhando para as suas mãozinhas ou para móbile. Não chorava e se esperneava feito irmão. Exibia um lindo sorriso quando o pegávamos no colo. Acariciava o meu seio quando o amamentava. Seus olhinhos sempre eram observadores e suas mãos curiosas para descobrir o mundo. Tal como Carlisle, que muitas vezes se reservava ao silêncio. Ficava lendo e pensando por horas. Tentava descobrir tudo de novo e diferente. Eu tinha certeza que os dois se dariam muito bem quando ele crescesse.

Às vezes, eu ouvia alguns comentários dizendo que nós, Carlisle e eu, deveríamos estar aliviados com Edward, que poderíamos curti-lo sabendo que ele não seria um rei um dia e não teria tantas obrigações a cumprir como Emmett. Eu não pensava dessa forma. Via os meus dois meninos como meus e não como algo emprestado do Estado. O amor que eu sentia por um era o mesmo pelo outro e nunca gostei de compará-los. Cada um me proporcionava uma experiência diferente.

Era inegável que Edward teria um pouco menos holofote que o seu irmão mais velho. Quando saímos da maternidade as pessoas estavam lá para vê-lo, mas não era só por ele em si, mas pela a família que formamos, pelo conjunto. Quando passou o mistério pela escolha de seu nome, este escolhido pelos seus avós, não chegamos a receber tantas cartas de pessoas nos parabenizando quanto na vez anterior. O seu batizado não foi televisionado e podemos seguir com a cerimônia tranquilamente.

Eu percebia que isso lhe faria bem. Emmett sempre foi mais dado com todos. Sorria sempre e à medida que ia crescendo interagia com todos. Edward era tímido desde o princípio. Não aceitava estar em braços desconhecidos. Quando estávamos em público, ele escondia o seu rostinho no nosso pescoço. Desde o primeiro momento, eu soube que ser a sombra de seu irmão seria um alívio para Edward e não um encosto.

Era tão bom sentir que os dois seriam grandes companheiros. Emmett era apaixonado por Edward. Se eu descuidasse ou Maria, o encontraríamos dentro do berço do irmão. Eu ficava louca com isso, com medo dele machucá-lo, mas a intenção do meu primogênito era apenas contar suas histórias para um Edward sempre bom ouvinte.

— Ei Eddy! Você consegue pegar esse brinquedo. – Emmett falou enquanto balançava o avião em cima da cabeça de Edward, que acompanhava tudo com os seus grandes olhos azuis e esticava as suas mãos para o alto.

— Coloque mais baixo Emmy e verá que ele tem mãos rápidas.

Emmett obedeceu e quase encostou o avião na cabeça do irmão. Edward foi ligeiro, conseguiu pegá-lo e colocá-lo na boca. Logo tirei-o de lá.

— Consegue me pegar agora ‘mãozinho’? – ele falou enquanto corria.

Edward se balançava, mas não saia do lugar. Tentava engatinhar, mas nunca conseguiria alcançar Emmett. Nem os adultos conseguiam.

— Ele ainda é muito pequeno para essa brincadeira, querido. Talvez quando ele for maior consiga.

Senti uns passos a se aproximarem. Me virei imediatamente e vi que era a rainha. Já pude esperar que escutaria algo que talvez tirasse a minha paz de espírito. Ela detestava me ver ao lado das crianças e eu amava contrariá-la quanto a isso. Abracei mais Edward como uma medida involuntária de proteção.

— Não deveria estar provando as roupas para as olimpíadas? Tem noção que viajará em 4 dias?

— Já estou indo.

Me levantei com o meu caçula ainda em meus braços e tirei a toalha da grama. Olhei para os lados em busca de Emmett, mas ele estava em algum lugar fora da minha vista.

— Emmy! – chamei-o.

— Deixe as crianças aí com a babá. Você com eles só se distrai. 

Não respondi. Apenas recolhi os brinquedos e chamei Emmett novamente. O menino surgiu correndo e segurou na ponta da minha saia. Demos as costas e eu podia sentir os olhos de minha sogra me fuzilando.

— Você deveria se preocupar em fazer uma dieta radical nesses dias. Não acredito que ainda não conseguiu recuperar o peso da gravidez.

Balancei a cabeça e preferi não falar nada. O peso, além dos meus modos, eram um fator que ela utilizava para sempre chamar a minha atenção e descarregar os seus problemas. Ela fiscalizava e fazia questão de me lembrar que minha baixa estatura não permitia que eu passasse de 50kg. Na gravidez de Edward acabei engordando um pouco mais e o resultado do pós foi alguns desajustes na minha silueta de antes. Era como matar Elizabeth do coração e os meus ouvidos por sempre ter que escutar a mesma reclamação.

Naquele momento formos escalados para participar de um evento super importante, as olimpíadas de inverno, que sempre ocorriam no início do ano, quando o frio já estava mais ameno para poder sair mais de casa. Assistir jogos não era lá um divertimento muito querido meu e de Carlisle. Mas iríamos com prazer. Meu marido estava louco para levar Emmett em sua primeira partida de futebol. Eu sabia que talvez ele soubesse tanto sobre o jogo como o meu filho de três anos, mas era algo que todo pai gostava de fazer com os seus garotos.

Sabíamos que seria algo grande, marcaria a minha volta ativa as atividades após alguns meses de licença maternidade. Ficaríamos uma semana entre Milton, Baltania e Marlborough, então resolvemos levar as crianças conosco. Eu não estava tão nervosa, a equipe do palácio estava cuidando de tudo, já que não era um compromisso propriamente nosso. Tudo que iríamos fazer era marcar presença em alguns jogos, entregar medalhas e Carlisle faria alguns discursos. Somente isso. Nada com que se preocupar. O que não imaginávamos era o que nós iríamos encontrar por lá.

Assim quando chegamos na estrada que iria para Milton a encontramos completamente lotada. Simplesmente as pessoas foram nos receber no limite da entrada e saída do município. Eram tantas pessoas que mal podíamos passar. Ficamos surpresos. Não sabíamos que elas poderiam estar assim tão calorosas. Faziam quase seis anos que não andávamos por lá, não havia como explicar tanto alvoroço. Porém, não tínhamos como ignorá-los. Descemos do carro, Carlisle e eu com os nossos seguranças e começamos a cumprimentar as pessoas ao redor. Cada vez que achávamos que estava perto do fim, mais pessoas se aproximavam e fizemos questão de apertar a mão de quase todas. Acenamos e seguimos em frente.

Ok, já estávamos acostumados a expressões de carinho, só não esperávamos por isso naquele momento. Na nossa cabeça tinha sido um evento isolado na qual estávamos extremante gratos. Nos arrumamos e seguimos com Emmett para uma partida no gigante, e recém – inaugurado, estádio de Milton. Quando chegamos vimos que já estava lotado. Isso era ótimo! Os ingressos eram cestas básicas e isso acarretaria em muitas pessoas sendo contempladas.

Emmett parecia que estava no paraíso. Seus olhinhos brilhavam e ficavam atentos a cada lance. Ficamos na área VIP e era relativamente próximo ao campo, que o propiciou uma boa visão. Sabíamos que ele não entendia nada, mas dava pra ver que seria um grande fã de esporte. Carlisle e eu o incentivávamos a comemorar a cada gol dos times. Não podíamos torcer para nenhum para não corrermos o risco de estar privilegiando algum dos lados, então o que ganhasse seria muito bom. Emmett acabou entendendo sozinho que a graça era que a bola entrasse dentro daqueles “três pauzinhos” e já comemorava sem ao menos incentivá-lo.

Tudo foi tranqüilo até notarmos uma movimentação nas nossas costas. Os seguranças conversavam baixinho saiam e voltavam a sentar, falavam no rádio e aquilo estava estranhíssimo. Nossa imagem apareceu no telão principal no intervalo da prorrogação e ouvimos um rugido enorme. Acenamos para a câmera sem parecermos envergonhados. Não sabíamos que aquele som eram aplausos, saudações ou vaias. Carlisle e eu nos entreolhamos.

Quando o jogo acabou, Carlisle foi entregar as medalhas e fazer o seu discurso, como programado. Fiquei com Emmett nas arquibancadas. Olhei pro lado e vi que o estádio estava lotado e imaginei que seria difícil sair de lá. O segurança atrás de mim sussurrou em meu ouvido.

— Senhora, acho melhor você e a sua alteza me seguirem até o vestiário.

Não perguntei nada, coloquei Emmett no braço e o segui em silêncio. Ficamos lá até Carlisle e os jogadores entrarem. Eu já estava preocupada por sentir um ar estranho no ar. Cumprimentamos os times, como se nada tivesse acontecendo, até que ouvimos um barulho forte. No rádio dos nossos seguranças escutamos:

— Me desculpe, não conseguimos segurá-los. Pedimos reforço à polícia.

— O que está acontecendo? – perguntei enquanto agarrava Emmett mais apertado nos meus braços.

— O público que estava do lado de fora invadiu o estádio.

— Por que isso? – Carlisle perguntou. – Não avisaram que o estádio estava cheio?

— Eles não estavam aqui para ver o jogo e sim os senhores.

— Como é? Eles estão com raiva da gente? – perguntei imaginando que se alguém podia invadir um estádio era por raiva.

— Desculpe-me senhora, mas com a recepção que tiveram na estrada, acha mesmo que estão com raiva?

O barulho ficou maior e os seguranças resolveram liberar os jogadores primeiro para despistar. A minha primeira atitude foi me esconder dentro do banheiro com Emmett em meus braços, Carlisle me seguiu. Já estávamos com medo. Não, era pavor mesmo. Foi a primeira vez que me senti realmente assustada. Eu tremia e chorava. Pensava em Edward que estava no hotel com Maria. Tinha medo do que poderiam fazer com ele e conosco.

Ficamos um bom tempo lá presos. Parecia que a situação não se acalmava. Ouvimos barulhos nos corredores, um caos. Só podemos sair quando fizeram uma corrente humana formada por policiais no corredor, o que nos auxiliou até chegarmos no camburão da polícia. Enquanto isso, as pessoas gritavam ao nosso redor, choravam, tentavam pegar na gente e eu amedrontada só fui entender quando vimos que a única notícia que saia na TV era que tínhamos sofrido para sair do estádio na noite anterior por conta do assédio de fãs. Nada sobre o time que ganhou a final de futebol. Apenas sobre “tieteiros” que estavam dispostos a tudo para ver de perto seus ídolos.

Lembro de chegar no hotel naquela noite e de abraçar Emmett e Edward muito forte. Eu tremia e os apertava como se quisesse protegê-los. Carlisle olhava para nós com uma palidez incomum. Ele também estava assustado. Até o momento, a gente tinha conhecido apenas o lado carinhoso dos fãs, mas a gente não sabia como seria aquilo em outra proporção. Tínhamos medo deles se machucarem e nós também por tabela.

— O que foi aquilo? – perguntei. Não estava acostumada com aquele arrombo de pessoas fazendo qualquer coisa para estar perto de quem eles só viam pela TV.

— Eu não sei. – pelo visto, nem ele sabia.

Mais uma coisa era certa, iria se repetir em todos os lugares que iríamos. Até que permitimos que algumas pessoas tirassem fotos com a gente. No primeiro dia, fotografamos com 50 pessoas, depois com 100 e no último dia foram com quase 500 pessoas antes dos eventos esportivos que participaríamos. Então, tiramos a conclusão que sim, as pessoas gostavam muito da gente e isso era mais do que surreal pra nós. Por que não era normal isso acontecer com membros da realeza até o momento. Eles eram colocados num lugar inalcançável e agora Carlisle e eu éramos tratados como celebridades.

O certo que nem sabíamos como agir diante disso. Não era algo natural nem para o palácio. Essa coisa de super estrelas que todos os dias estavam nos tablóides, eram perseguidos por paparazzis e por fãs, tal como os Beattles, era normal em Hollywood. Em Belgonia não havia essa coisa até sermos considerados parte do coração de muitas pessoas dentro do território nacional. Não havia protocolo pra isso.

O que se acreditava era que Carlisle e eu seriamos uma modinha passageira. O Romeu e a Julieta que tiveram o final feliz. Mas aqueles dias nas cidades mais republicanas do país, era o oposto disso. Agora éramos a família que as pessoas gostavam de acompanhar. A história romântica que tinha dado certo e que queriam sonhar com aquilo para a vida delas. Ouvi muito os críticos falarem que Carlisle era o príncipe perfeito, loiro, alto, bonito, um ótimo pai e marido com uma esposa que poderia ser qualquer uma das fãs, uma mulher comum, que conheceu o seu final feliz e estava dando esperanças para outras mulheres. Eu ainda achava aquilo bizarro. Na nossa cabeça éramos apenas duas pessoas completamente comuns que estavam tentando fazer dar certo diante da loucura que era a vida adulta.

Mas para o palácio isso era muito bom. Fizeram uma pesquisa informal para tentar saber o nível de popularidade da família real para tentar entender o que tinha acontecido. O resultado foi que Carlisle e eu éramos mais populares do que as suas majestades Nem nos tempos da rainha Mary, que foi um verdadeiro fenômeno imortal de Belgonia, tinha acontecido isso. E o que fazer? Foi nesse momento que Elizabeth deu uma cartada certeira. Ela sabia que essa pesquisa significava que a monarquia não estava tão segura assim. Quando o esposo dela assumiu, mesmo sendo tão jovem, despreparado e diante de uma grande tragédia da morte de seus pais e irmão, a população o abraçou completamente, mas agora era diferente. Como um passo tudo poderia acabar, o amor se transformar em ódio. O seguro era se apoiar na nossa imagem.

De repente, Passamos até o dobro de compromissos, queriam que as crianças tivessem presentes também, aceitamos levá-los com um tanto de relutância, com medo de haver algum tumulto de novo. Mas sempre estávamos lá e todos os dias os jornais falavam da gente. Havia paparazzis em qualquer lugar. Se antes tínhamos um pouco de folga, podíamos fazer um passeio sem sermos notados, agora era impossível. Privacidade zero.

Até que bolaram uma nova turnê internacional. O Japão seria o destino. Porém, iria ser diferente da outra. Agora iria um grupo da imprensa representante dos principais meios de comunicação do país para cobrir todos os nossos passos. O mercado asiático era muito importante para nós e seria essencial para a nossa economia. Tentamos focar nisso e nos preparamos como na turnê anterior e ignoramos o fato de que essa viagem era uma bela de uma tentativa de manter a nossa imagem em alta.

Levamos as crianças conosco e foi um verdadeiro desafio para mantê-las entretidas durante as treze horas de vôo para Tóquio. Eu estava animada. Particularmente, sempre gostei de turnês por que me proporcionavam sempre algo novo para conhecer. O Japão, especificamente, era mágico! Tudo era colorido, brilhante, e com inúmeras tecnologias que nos deixavam impressionados. Carlisle parecia uma criança quando formos à feira e ele pôde ver as novidades tecnológicas dos japoneses que estavam anos luz de nós do ocidente. De repente, ele queria levar tudo para Belgonia e com mil e uma idéias na cabeça. No mesmo avião que a gente, estava Michael Losevelt, o filho do falecido criador dos fogos artificiais especiais da nossa “terrinha” para apresentar aos japoneses, mas descobrimos que eles faziam melhor e eles que acabaram ensinando novas técnicas para nós.

No mais, tudo deu certo mais uma vez. Conseguimos alguns acordos, as crianças se divertiram como nunca, saímos impressionados, os belgãos tinham imagens nossas quase que simultaneamente pela TV e voltei grávida. Sim, a nossa empolgação não foi só com a inteligência dos japoneses... Edward mal tinha completado um ano quando descobri que teríamos um terceiro bebê.

Eu estava me preparando para um evento solo quando me senti muito enjoada. Mal tinha tomado o café e já tinha colocado tudo pra fora. Fiquei com aquela sensação chata de estar flutuando, com um suor frio, que significava que logo teria uma tonteira. Pedi um tempo, peguei o telefone e disquei o número da minha irmã.

— Estou enjoando muito.

— Acha que pode estar...?

— Não sei, mas já senti isso antes. Estou com medo de estar.

— Não se preocupa. Não pensa em nada. Vou comprar um teste na farmácia e levo pra você.

Continuei a trabalhar com aquele pensamento na cabeça. Me sentia mal, queria ir embora, mas não podia largar tudo, tinha que seguir a agenda. Quando cheguei, Lily já me aguardava. Me abraçou e eu senti o seu calor me acalmar. Subimos e eu fiz os dois testes. Fiquei me balançando de um lado para o outro. Morrendo por dentro. Minha irmã apenas me dizia palavras doces. Não tive coragem de olhar os resultados. No fundo, sabia que tinha dado positivo e não deu outra. Fiquei enlouquecida! Eu ficava pensando como lidaríamos com três crianças tão pequenas em meio a esse furacão que estávamos vivendo. Nada tinha sido planejado e tudo que não está nos planos me causa muito terror.

Lily ficou comigo até Carlisle chegar. As crianças correram quando ouviram a porta abrindo, como sempre faziam, para abraçá-lo. Edward era ainda tão pequeno. Se apoiava nas coisas para dar os seus passinhos. Emmett era mais rápido e alcançava os braços do pai primeiro. Na hora que ele me viu já soube que tinha alguma errada. Lily foi com Maria ficar com as crianças e meu marido veio até mim. O levei até o quarto e não consegui segurar o choro.

— O que aconteceu, Essie?

Eu não parava de chorar e então ele viu os testes sob a cabeceira, não precisou de palavras para que entendesse tudo.

— Vamos ter mais um bebê?

Balancei a cabeça sem conseguir dizer nenhuma palavra.

— Por que você está assim?

Nada de palavras ainda. Então, ele me deitou na cama e ficou abraçado a mim até que eu me acalmasse. Passava as mãos nos meus cabelos e beijava a minha testa.

— Não precisa se preocupar, Essie. Esse bebê vai ser mais uma benção em nossas vidas. Eu estou muito feliz.

Me virei para abraçá-lo de frente. Colei mais os nossos corpos. Por que eu estava agindo daquela forma? Eu amava ser mãe e agora teria mais um bebê para me dar alegria. Mas meu coração ainda estava apertado.

— Edward ainda é tão pequeno... Como vamos dar conta? Podíamos ter nos cuidado.

Carlisle levantou o meu queixo e me olhou com um olhar firme.

— Vamos conseguir juntos. Já passamos por coisas piores e conseguimos.

— Agora pode ser uma menina, hã? – falei com um sorriso entre lágrimas.

— Tomara, apesar de eu estar um tanto desesperançoso. A nossa combinação só sai meninos.

— Me tire de fora dessa. A culpa é toda sua.

— Sim, a culpa é toda minha.

A notícia da minha terceira gravidez foi mais bem recebida no palácio do que esperávamos. A rainha Elizabeth parecia que iria explodir de felicidade.

— Tudo está dando tão certo! Um bebê agora era a melhor coisa que poderia acontecer. Não vejo a hora de podermos divulgar em todos os lugares.

Tremi com essa possibilidade. Mas não tive muito tempo para pensar nisso. Emmett iria completar quatro anos e estava na hora de entrar para a escola. Carlisle e Carmen tiveram sua primeira educação por tutores no palácio até os onze anos e poderem entrar em Hollowarts. Eu não queria que isso acontecesse com os meus filhos. Mais uma vez, Carlisle e eu tivemos que lutar para fazer valer a nossa vontade com relação as nossas crianças.

— Sabe qual é o seu problema? – Elizabeth disse para mim. – É que você não entendeu que seus filhos não são iguais as outras crianças.

E realmente eles não eram. Aquela afirmação doeu de ouvir, é claro. Mas não estava totalmente equivocada. Quando levamos Emmett para o seu primeiro dia no St. Joseph parecia que haveria um desfile militar. Tinham colocado uma grade e havia vários fotógrafos prontos para captar o momento. Saberíamos que haveriam fotos. Era parte da tradição registrar momentos importantes, mas não esperava que seria daquela forma. Já desci do carro ranzinza. Porém, decidimos que iríamos agir normalmente. Felizmente, Emmett não se assustou com aquele tanto de gente, até acenou. Cumprimentamos a diretora da escola e pousamos um minuto para as fotos. Aqueles flashes e mais flashes me deixavam mais irritada. Essa seria mesmo a vida que eles teriam para sempre, não é? E eu ainda estava trazendo outra criança para esse mesmo mundo. Me senti a pessoa mais egoísta do mundo.

— Alteza, você está grávida de novo? – um paparazzi perguntou de longe.

— Já chega de fotos, hã? – falei. – Combinamos uma ou duas. Já está demais.

Carlisle percebeu o meu mau humor e apenas me conduziu gentilmente para dentro do prédio. Acariciava as minhas costas enquanto entrávamos, mas nem aquilo não conseguiu me acalmar. A rainha tinha mesmo razão, eu não era para estar mesmo com raiva.

— E aí campeão? Pronto para conhecer os seus novos coleguinhas? – Carlisle perguntou.

— Sim! – Emmett falou animado. Não tinha se dado conta que ficaria ali por metade do dia.

— Estaremos aqui quando você voltar. – falei.

— Okay, mamãe.

— Agora me dá um beijo.

Emmett pulou em meus braços e eu abracei o seu corpinho pequeno. Sua boca melou a minha bochecha, mas aquele era o melhor beijo do mundo. Quando o vi saindo pelos corredores até a sua classe, meu coração se derreteu todo. Era a primeira vez que eu deixaria ali sozinho, sem mim, sem Carlisle, sem Maria, sem os muros do palácio. Não consegui controlar as lágrimas. Senti os braços de Carl em meus ombros.

— Vai ficar tudo bem.

— Eu sei.

Quando formos embora dali, coloquei a cabeça no vidro do carro e pensei: talvez fosse melhor assim. Dentro da escola seria o único lugar que o meu filho teria para ser uma pessoa normal. COMENTEM POR FAVOR!


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