Dinastia 3: A Rainha de Copas escrita por Isabelle Soares


Capítulo 2
Capítulo 2




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Maio de 2048

Esme tinha que confessar que estar revivendo suas memórias do passado estava mexendo muito mais com os seus sentimentos do que ela imaginava que aconteceria. Relembrar a sua juventude lhe trazia um misto de emoções. Tinha uma nostalgia, é claro! Mas tinha mais tristeza do que alegria. Os seus dias antes do casamento foram turbulentos. Sua família não estava bem e ela... Bem, tentando se organizar.

A gaveta da escrivaninha prendia o seu olhar. Observava esse lugar específico por que lá estava uma caixa com muitas fotos de seu tempo de solteira. Estavam bem guardadas e ela quase nunca as tirava do seu esconderijo. Por quê?

Suas mãos se estenderam para abrir a gaveta, elas tremiam. Puxou-as de volta e respirou fundo. Que receio era aquele de pegar essas fotos? Parecia uma grande estupidez! Esticou a mão novamente e pegou a caixa de uma vez. Passou a mão pela tampa antes de abrir. Em que estado estariam essas fotografias? Havia anos que ela não as tocava. Trouxe essas recordações da casa de seus pais quando Lily se casou com James há 60 anos e desde desse tempo não as pegou de volta. Pensou em abrir a caixa e quase ouviu a voz de sua sogra dizendo: “Essa é sua nova vida agora. Acredite! Ninguém quer ver uma gata borralheira desengonçada com uma coroa de cristal.”. De imediato, ela pôs a caixa na cama. Balançou a cabeça e pensou, “Por que eu ainda me preocupo com isso?”.

— Mãe?

Esme virou-se e viu Alice entrando quase que saltitante no quarto. Ela sorriu levemente. Podia passar os anos que fossem, sua filha sempre seria a mesma menina que foi um dia.

— Oi, querida.

— William já está lá embaixo... Nossa! Não acredito! É a famosa caixa que a gente nunca vê?

— Está vendo agora.

— Ai que maravilha! Quero muito dá uma olhada!

— Não! Não! Você disse que William já está lá embaixo e eu não quero vê-lo esperando. Não quero ocupar demais o tempo de ninguém.

Alice revirou os olhos e colocou as mãos na cintura, sua posição preferida quando estava na defensiva. Esme podia lembrar dela assim, com chuquinhas nos cabelos e com uma cara de chateação quando não faziam as suas vontades. Edward sempre olhava para ela e dizia: “nem tudo é sempre como você quer.” e ela o respondia com teimosia.

— Eu sempre quis saber o porquê de você deixar essas fotos separadas das outras. Você organizou tão bem as outras. Colocava em álbuns cheios de post- its com legendas e essas não?

Por que essa é a caixa de pandora. Trazia coisas que Esme tentou deixar escondida por muito tempo. Fazia reviver pessoas importantes que se foram e a deixava com muitos gatilhos.

— Está na hora de eu dar uma atenção a elas também. Vou entregar a caixa para William. Ele vai precisar desse material para o livro.

— Que chato, ein! Que ódio que eu estou do William agora, viu? Por que ele tem direito de ver primeiro e eu não?

— Pare...

— Pare de ser teimosa! Já sei.

Esme sorriu e com as mãos trêmulas levantou-se da cama. Sentiu saudades de sua mobilidade de antes. Agora, com a idade avançada, até uma simples coisa se tornava um desafio. Alice a ajudou e a levou para o andar de baixo em passos lentos. Sempre amou as escadas do palácio, mas agora simplesmente as odiava por dificultar mais ainda as coisas.

Quando chegou a sala de refeições, já podia ouvir as gargalhadas estridentes de sua bisneta. Já podia imaginar o cenário. Edward devia estar brincando com ela e foi exatamente o que encontrou quando entrou no recinto. O seu filho incentivava Bebela a ir até ele e ela animada quase corria para os braços dele, onde era recebida com um balanço que a fazia sorrir ainda mais.

Renesme e William observavam tudo sentados à mesa enquanto beliscavam uma comida e outra. Era a melhor cena familiar que poderia encontrar. Seu coração sempre se aquecia quando via que tudo estava em paz em sua família. Carlisle e Bella iriam adorar fazer parte de tudo isso. Era uma pena muito grande que eles não estivessem ali.

— Quem vai ficar com o vovô hoje?

— ÔÔ. – a pequena Isabella falou apontando para Edward.

— É o vovô da neném?

A menina respondeu com um sorriso manhoso. Era impressionante como Edward tinha se apaixonado pela sua neta. Por mais que tivesse lá suas reservas com William, por motivos que Esme compreendia como ciúme de pai, ele tinha se deixado levar completamente pela pequena menina. Ela estava curando todas as feridas que ele tinha criado no peito com o falecimento de Bella. Esme estava imensamente grata por isso.

— Bom dia! – saudou ela. – Renesme irá conosco?

— Infelizmente não, vovó. Tenho compromissos agora de manhã.

— Que pena! Queria muito que conhecesse a minha morada de juventude.

— Eu também. Nem consigo acreditar que nunca fui lá.

— Me sinto um privilegiado, então. – falou William.

— É mesmo. – intrometeu-se Alice. – Edward, acredita que a mamãe finalmente vai abrir a caixa secreta e vai mostrar apenas para William?

Edward curvou as sobrancelhas e sorriu levemente para o genro.

— Respeito às decisões da mamãe. Se ela não quis trazer isso à tona é por que não estava pronta. Fico feliz por você achar que agora é a hora, mãe.

— Obrigada, filho.

Alice bufou e sentou no sofá com os braços cruzados. Isabella apertou o nariz de Edward e fez todos gargalharem.

— Você gosta de maltratar o seu avô, não é mocinha?

— Você está pagando os seus pecados, querido. – Esme falou enquanto beijava os cachos acobreados da bisneta. – Você era curioso como ela. Acho que é de família.

— Deve ser mesmo. - Edward bateu de olho para Renesme.

— Majestade. – Chamou William. – Acho que é melhor irmos. Vem uma tempestade por aí e isso pode dificultar um pouco a nossa volta.

— É claro! Vamos.

Esme sentiu até um tremor, mas respirou fundo e seguiu com Alice e William para a garagem, onde se encontraria com o seu segurança. No caminho, passou pelas mesmas ruas que antes esteve por tantas vezes. O tempo fechado traduzia bem os seus sentimentos. Voltar a sua casa de juventude era trazer de volta todos os personagens que foram tão importantes em sua vida, que se foram tão cedo e que a deixou com uma enorme dor em seu peito. Não sabia qual a sensação quando entrasse lá. Era tão complicado lembrar de sua família e mais ainda de seu tempo de adolescente... Balançou a cabeça e tentou não pensar nisso.

— Está tudo bem, majestade? – William perguntou logo quando desciam do carro.

— Mãe, se a senhora não se sentir bem, podemos voltar. – disse Alice ao lado de Esme.

A rainha balança a cabeça, odiando a super proteção dada a ela devido a sua idade. Porém, ao colocar os olhos para a casa onde morou por 7 anos, logo ao chegar em Belgravia, teve que segurar com mais força a mão de Alice.

É certo que não havia morado ali por longos anos, mas aquela casa despertava muitas memórias nela. Seus pais, os seus momentos como adolescente, a perda deles, a reconstrução do lar com Lily e James, o nascimento de seu sobrinho querido e a perca dos pais dele. Era um misto de emoções muito grande para suportar sozinha.

— Eu quero entrar lá. Faz anos que não venho aqui e acredito que esteja na hora de fazer uma visita.

William e Alice se olharam, mas resolveram conduzir a velha rainha para a porta da frente. Elas sabiam o quanto Esme era determinada e se ela queria que aquela entrevista acontecesse ali, assim seria.

Esme caminhou em passos lentos em direção à porta de entrada. Tudo estava exatamente como há muitos anos. É claro que Harry e Emma tinham feito algumas reformas, mas tudo continuava ali. A mesma porta com os vitrais, a sala de estar com os tacos de madeira, a escada que levaria aos quartos. Se fechasse os olhos, suas memórias viriam com força. Por isso, quando entrou procurou logo um lugar para se sentar. Estava grata pelo sobrinho não ter decidido vender a casa quando mudou-se com a família para a Inglaterra. Ela nunca conseguiria se desfazer desse lugar.

— Esse lugar é divino, senhora – William falou com animação.

— É verdade. Mamãe que escolheu essa casa. Ela sempre teve um bom gosto.

— Vocês sempre moraram aqui? – o jornalista perguntou com curiosidade.

Esme passou a mão no estofado do sofá. Não era o mesmo de antes, mas estava no mesmo lugar que sempre esse móvel esteve.

— Não. Moramos alguns meses na casa do meu tio Fred. Não tínhamos na época condições para comprar nada. Estávamos mesmo na penúria.

— Devia ter sido muito difícil morar por tanto tempo na casa de outra pessoa.

— Foi terrível. Ele tinha um bom coração, mas era uma família muito grande. A esposa dele estava odiando cada minuto ter que nos sustentar ali. Ainda mais por que a situação financeira não era boa pra ninguém naquela época.

— Sim, já ouvi a respeito. Houve uma grande recessão em Belgonia na época, não é? A taxa de desemprego chegava a quase 70%.

— Foi uma década difícil sim. As pessoas reclamam do custo de vida de hoje, mas naquele período, uma cesta básica comum custava tal qual como uma parcela de um carro.

— Além disso tínhamos uma Guerra Fria fervendo. O conflito no Vietnã ferrou com a economia do mundo todo.

— Não é a toa que nós na época gritamos tanto para que essa baboseira chegasse ao fim.

— Isso é muito incrível! – William falou animado e Alice percebia o grande entrosamento que existia entre sua mãe e ele. Era como estar dentro de um livro de História.

— E quando vocês se mudaram para cá, mamãe?

— Alguns meses depois de chegarmos em Belgravia. Papai teve um golpe de sorte. Mudou o chefe na fábrica. Ele tinha umas idéias legais, lançou alguns programas de apoio aos funcionários. Mamãe conseguiu essa casa e a gente pagou o aluguel dela por meses com o valor reduzido por causa desse programa. Depois é que eu a comprei quando me casei.

— Ainda bem que você conheceu o papai então.

Esme fez uma careta. Odiava essa impressão que existia que plebéias só se casavam com alguém da família real ou com alguém com boas condições financeiras para ascenderem socialmente. Alice percebeu o comentário infeliz e logo corou.

— Isso até parece que me casei com o seu pai por que eu estava interessada no dinheiro dele.

— Isso foi muito vinculado na mídia na época. – Comentou William

— A mídia fala demais.

— Com certeza. É triste que ainda exista essa percepção. – William olhou sério para a tia de sua esposa.

— Desculpe-me mamãe! Foi idiotice de minha parte.

— Eu quis ajudar a minha família sim. Não me envergonho disso. Comecei a trabalhar com 17 anos. Ainda nem tinha saído da escola ainda. Toda a minha vida coloquei os meus em primeiro lugar. O dinheiro da casa não veio da família real e sim do trabalho que eu realizei dentro da instituição.

— É compreensível. Esse tipo de comentário não está restrito apenas as potenciais esposas reais. Não vê o meu caso? Não importa quanto dinheiro eu tenha. Sempre acham que eu quero usurpar o tesouro real.

— Exatamente. Você entende, não é?

— Claro. Mas não é sobre isso que queremos conversar no momento. É sobre essa casa e tudo que aconteceu nela. Posso abrir a caixa?

Esme assentiu e desviou o olhar para os cômodos ao redor. Mas o barulho da tampa sendo aberta e o plástico que revestia as fotos fazia com que sensações estranhas tomassem o seu ser. Tudo estava vindo à tona. Parecia que os espíritos das pessoas que lhe deixaram estavam vivendo de novo. Ela era capaz de vê-los ali em sua frente exatamente como eram há tantos anos. Sorrindo, chorando, falando alto e com aquele insight que ela lembrava.

 Alice curvada em direção a William observava atenta as fotografias antigas que mostrava a família Platt. Lily e ela vestidas para alguma festa do dia das bruxas, seu pai a abraçando apertado em algum momento da infância, a foto do casamento deles e seus momentos durante a adolescência. Esme olhava para o seu rosto de menina e nem podia imaginar que um dia tinha sido daquela forma. Sentiu o coração bater um pouco mais forte. Não sabia se era a energia daquela casa ou era a sua antiga pessoa presa dentro de si que estava querendo sair de dentro dela depois de tantos anos.

— Então, majestade, quem era essa garota da foto?

— Era uma menina um tanto impulsiva. Livre...

— Como eram os dias dela?

Esme: Sua Verdadeira História – Capítulo 2: Uma Vida Nova

Entrar na minha casa de juventude foi como abrir as portas para um tempo que há muito estava guardado. Quando me perguntaram sobre os meus primeiros anos em Belgravia, propus que tínhamos que conversar dentro do lugar onde todas aquelas lembranças ocorreram.

A casa da rua Bracknell, nª 4, num dos bairros residenciais mais afastados do grande centro de Belgravia trazia uma série de lembranças que eu tentava evitar por anos. Tanto que passei a não visitá-la com freqüência. Algo absurdo, eu sei. Pura covardia!

Pensando nisso, tive essa atitude comigo mesma muitas vezes. Abandonei não só essa casa, mas muita coisa dessa fase apenas por achar que ela deveria ficar longe da minha nova vida, da pessoa que eu estava me transformando e principalmente por me causava muita dor.

Nunca tive vergonha das minhas origens. Uma coisa que poucos sabem é que havia um certo preconceito dentro da família real com relação ao meus familiares e o que vivi até aquele ponto. Era a primeira vez que alguém da classe média baixa se juntava a monarquia quase imaculada. Mesmo naquela época, quando todos apontavam o dedo para mim e tentavam me inserir a uma história totalmente conveniente aos planos deles, nunca deixei de dizer que meus pais eram trabalhadores honestos, uma professora, a profissão mais comum do mundo, e de um proletário fabril vindos do interior e que atualmente moravam quase no subúrbio da capital do país.

Fui quase empurrada a deixar meu passado para trás para assumir uma personalidade digna de uma futura rainha consorte. Isso começou a acontecer quase que de maneira inconsciente. A gata borralheira tinha que se tornar a Cinderela ou a Branca de Neve com os seus toques meigos típicos de uma boa parideira, a mãe de família acolhedora.

Porém, o que mais me fez deixar os meus familiares em um lugar seguro de minha mente foi o fato de todos eles partirem tão cedo para o outro plano. Enquanto cada um ia, parecia que eu ficava mais sozinha. Tente imaginar, eu estava num lugar onde as pessoas me detestavam, negavam que eu era, e aqueles que realmente faziam parte de mim estavam morrendo. Era como se eu tivesse indo junto com eles também. Então para afugentar essa dor crescente, coloquei-os longe. Até agora.

Mas não era uma dor recente. Era algo que vinha se prolongando desde o momento que deixamos o nosso paraíso para trás. Nos primeiro instantes que nos mudamos para a capital não tínhamos condições de alugar uma casa para ficarmos. Meu tio foi especial nesse momento. Além de encontrar uma vaga para o papai na fábrica de sapatos que ele trabalhava, também nos abrigou nos primeiros meses de mudança. Não foram tempos fáceis. Especialmente por que a gente estava muito preso a vida confortável que tínhamos anteriormente. Então, todas as coisas que vieram em seguida foram desafiantes.

Papai não estava feliz, nem lembrava aquele homem sorridente e falante de antes. Ele faleceu cedo, aos 65 anos, nove anos depois que saímos de Orland. Posso afirmar que o começo do fim dele foi quando chegamos a Belgravia. Ele vivia quieto pelos cantos, não fazia piadas bobas como antes, detestava a rotina que a fabrica lhe impunha e o pior, começou a fumar um cigarro atrás do outro, além da bebida que não era mais algo ocasional.

Foi um alívio quando mamãe conseguiu trabalho em uma escola e começou a ganhar o seu primeiro salário. Arriscamos uns trocados e nos mudamos para a casa que moramos esse tempo todo em Belgravia. Na época, era apenas alugada, mas consegui comprar pra eles depois. Era bom poder ter o nosso cantinho. Era muito apertado na casa do meu tio e ter de viver o tempo sabendo que estava sendo incômodo.

Tenho lembranças de termos que dividir camas com os meus cinco primos. As filas para o banho no único banheiro disponível. Um tormento! A nossa nova casa era um símbolo de mudança e renascimento. Era o novo cantinho dos Platt.

Por isso, quando abri a porta de entrada, pareceu que não haviam passado 74 anos. Comecei a ouvir vozes, vultos ao meu redor. Minha energia mudou. Me vi com várias idades e em várias situações diferentes. Ali na sala, eu podia ver a minha irmã estudando como louca para passar na faculdade de direito. Nossos natais ao lado da lareira. Mamãe na cozinha, o cheiro até subiu. Papai fumando perto da grande janela e muitas outras lembranças que só em estar ali poderia me proporcionar.

Fiquei parada absorvendo tudo com o coração acelerado. Não tinha como não estar. Finalmente, aqueles que estavam escondidos estavam voltando a se comunicar comigo. Virei para a escada e lembrei do meu velho esconderijo. Onde passei tantos dias da minha adolescência. Pra mim também não foi fácil no começo. Fui estudar num colégio com o dobro do tamanho do anterior em que freqüentei em Orland. Era uma boa instituição, a melhor que oferecia educação pública do país. Lily e eu só conseguimos entrar por que tínhamos notas muito boas. Eu fiquei muito feliz na época com essa aprovação. Só não contava que haveriam pessoas diferentes da minha bolha ali.

Me adapto fácil à mudanças. Belgravia me trouxe muitas novas oportunidades que provavelmente eu não teria no interior. Eu logo consegui uma bolsa para um curso de arte. Comecei desenhando paisagens meio abstratas e essas foram se transformando em formas mais bem feitas. Eu sempre gostei de desenhar. Não sei bem se foi por influência de dona Karen e sua mente criativa ou era um talento que eu tinha como trunfo. Aquilo me distraia e me conectava a um lado desconhecido de mim mesma, me ajudou conhecer pessoas que seriam essenciais para o meu controle mental diante das mudanças que estavam acontecendo. Minha vida nova, as idas e vindas do meu corpo adolescente, a rejeição das pessoas a minha volta, desenhar se tornou o meu fio de escape.

Em seguida, comecei a ter alguns contatos interessantes dentro do curso. Eu precisava trabalhar. As coisas lá em casa estavam mais equilibradas depois de dois anos na capital, mas ainda assim sempre estávamos uma hora ou outra na corda bamba. Então, no meu último ano na escola, resolvi trabalhar em meio período. Minha estadia no curso me deu uma ponte para trabalhar numa galeria de arte, o que me permitiu estar mais próxima do que eu realmente gostava. Além de me dar mais independência. O dinheiro não era muito, mas ajudava na hora de poder ter coisas que eu precisava.

Foi lá que conheci muitos arquitetos que me ajudaram a me convencer que era aquilo que eu queria como profissão. Quer dizer, com dezessete anos você não tem muita ideia do que realmente quer para o futuro, mas eu sabia que tinha algo haver com criação, com desenho. Arquitetura também é uma arte e o papo deles me convenceu.

Na época, muitas mulheres já estavam conseguido ficar bem inseridas no mercado de trabalho, mas nas universidades ainda víamos muito mais homens que mulheres nas carteiras das salas de aula do curso superior. Principalmente em cursos como Arquitetura que era considerado “coisa de homem”. Mas eu não dava importância a isso. Eu sabia exatamente o que eu queria e lutaria por isso.

Quando me formei no colegial, resolvi tirar um ano sabático e me dedicar somente ao vestibular da Universidade de Belgonia. Era um sonho arriscado, levando em conta que eu queria entrar como bolsista e uma instituição bastante renomada e concorrida. Não levei isso em conta. Nunca tive medo de desafios. Juntei minhas forças e comecei a estudar a fundo.

Tenho tantas boas lembranças de Lily e eu estudando noites a dentro. Minha irmã sempre foi a “nerd” da família e de estudo ela entendia. Então fiquei extremamente grata à dedicação dela a mim. Não teria sido aprovada se não fosse por ela. Nos reecontramos naquele momento. Por conta da nossa diferença de idade e interesses diferenciados nos afastamos um pouco, mas naquele momento tive minha companheira de volta. Minha maior apoiadora e inspiração. Foi ela a primeira a saber quando saiu o resultado da minha aprovação.

Lembro de depois sair correndo pela pequena casa onde morávamos gritando aos quatro ventos que tinha entrado para a universidade. Foi uma brisa de felicidade. Mamãe até dançou de tanto de orgulho e papai estava com aquele velho sorriso novamente. Eu sentia que finalmente as coisas estavam ganhando um rumo. Cada linha que eu desenhava era um sonho que eu ia criando e que eu esperava realmente que se concretizasse. Só não imaginava que o destino me resetvaria algo totalmente diferente para mim. Mas ali, naquele momento, eu só via uma garota com uma força de vontade enorme. Olhava para o seu e agradecia. O sol está voltando a brilhar!

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