Dinastia 3: A Rainha de Copas escrita por Isabelle Soares


Capítulo 12
Capítulo 12




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— Majestade. – Zambia falou enquanto entrava no recinto e fazia uma reverência ao lado de sua filha. – Obrigada por nos receber.

— Não. Eu é que agradeço a presença de vocês. Ainda mais aqui em Clarence.

— A mamãe estava ansiosa para vê-la. – Zara falou animada enquanto se juntavam a rainha.

— É mesmo? Por favor, sentem.

Zambia e Zara sentaram ao lado de Esme e de Rosalie, mas não antes de darem uma olhada discreta para tudo ao redor. Esme amava observar esses gestos. Lembrava dela mesma quando entrou para a família real. Os palácios eram uma maravilha a parte.

— Esme ficou muito interessada em um dos seus projetos, Zambia.

— Verdade, Majestade?

— Sim. Eu estava pensando que nesses anos todos não fiz algo realmente de concreto que ajudassem mulheres. Estou no fim da minha vida e quero muito realizar esse desejo antes de morrer.

Rosalie lhe deu um olhar triste e se preparou para rebatê-la. Mas não havia como não é? Completar 90 anos era uma dádiva, mas também significava que seus dias não seriam tão vindouros feito antes. Tinha acordado assim hoje, pensativa. Quando se é jovem pensasse que sempre vai haver o dia de amanhã, mas quando se estar na idade dela, quantos dias mais haverão?

— Eu sempre fui a favor de causas que beneficiassem mulheres, mas nunca pude atuar ativamente nelas como eu queria e quando tive mais liberdade não soube aproveitar. É aquela coisa... Estamos sempre pressas as regras daqui e vamos seguindo tudo por osmose. Mas agora não é mais desculpa. Rosalie me contou sobre um projeto específico sobre um trabalho com mulheres imigrantes?

— Oh sim. É um antigo, mas que tenho muito orgulho de trabalhar.

— E se baseia em que?

— Não sei se a senhora sabe, mas é bastante difícil para um imigrante se adaptar ao mercado de trabalho aqui em Belgonia.

— Eu sei que existe há anos um programa de integração ao imigrante. Esse projeto foi uma das grandes vitórias populares no parlamento logo quando me casei com Carlisle. Na época não haviam tantos projetos que visassem as minorias que precisavam na época.

— É um ótimo programa sim, majestade, mas ele também é bem discriminatório. Para um imigrante passar pelo teste e ser um candidato qualificado a vaga de emprego oferecido pelo programa, a pessoa é praticamente obrigada a abdicar de tudo que sabe, incluindo, língua, comportamento e cultura para estar dentro.

Esme quase derrubou a xícara de chá que tinha acabado de receber ao ouvir isso. Estava impressionada por sua falta de informação a respeito. É claro que esse programa teria a cara da alta sociedade belgã dos anos 80. A mesma que esteve diante dela nos primeiros eventos em que foi apresentada a eles e dobravam seus narizes com comentários horríveis que ela teve que ouvir. Não fariam um projeto desse sem deixar de lado os seus preconceitos.

— Como assim? Você chegou a fazê-lo? – perguntou ainda em choque.

— Fiz sim, majestade, logo quando cheguei aqui. Era uma das poucas alternativas que tive. Lá há diversas aulas até completar o curso. Nessas incluem “modo de se comportar”, “idioma”, “Cultura e História de Belgonia”. Entendo que é necessário se adequar ao novo ambiente, mas recebi comentários bem xenofóbicos por lá na época e ainda vejo muitos ainda falando a respeito.

— Deus! Isso é horrível! Estou impressionada como ainda pode existir algo assim. Por favor, me conte mais a respeito.

 Zambia foi contado a Esme sobre sua história e ela sentia como se estivesse vivendo um filme. Imaginava o quanto devia ter sido difícil para a jovem imigrante, preta, sem quase não saber o idioma numa terra tão distante da sua. As pessoas falavam de igualdade, de combate ao racismo, de respeito, mas muito pouco foi feito de verdade para mudanças efetivas a respeito.

Esme imaginou que ela havia chegado em meados da década de 2010, naquele período vários grupos neonazistas voltaram a atacar. Quantas notícias sobre invasões em escolas por pessoas armadas, políticos eleitos de extrema direita com atitudes e falas bastante preconceituosas foram eleitos. Esse cenário também se fez presente em Belgonia. Zambia tinha sido empregada pelos Lambs, mãe e pai de William, se apaixonado pelo irmão dele que a tinha usado, a feito de troféu e a descartado como um lixo depois que não viu mais utilidade nela. Uma atitude extremamente típica de uma aristocracia hipócrita que se sentia acima do bem e do mau.

Ao ouvir os relatos sobre o modo de tratamento do programa, acabou sendo transportada para o seu próprio passado. Não tinha sofrido como Zambia. Ela sim era uma verdadeira heroína. Mas ela mesma tinha passado inúmeros preconceitos abertamente quando entrou para a “alta sociedade” belgã e tudo aquilo que ouvia lhe trazia vários gatilhos.

De repente, ela tinha 22 anos de novo. Suas mãos seguraram firme na poltrona por que parecia que estava revivendo tudo de tão viva as lembranças eram em sua mente. Estava diante de uma multidão. Salão e baile do palácio de Belgravia. Era a primeira vez que estava diante de tanta gente. Iria ser apresentada para a nobreza local. Estava temerosa, não sabia o que esperar.

Durante o dia inteiro, havia sentido um frio na barriga de ansiedade. Agora sua pele brilhava com blush e seu cabelo estava penteado com gel, preso em laços de veludo que combinavam com o laço preto em sua cintura.

Tudo vai ficar bem!”, pensava em sua mente. Ela surgiu com o braço dado a Carlisle e viu um sorriso forçado aparecer no rosto de quem eles passavam. “Não você não está vendo isso. Eles só estão impressionados como você está.”, tentou pensar. Mas estava cada vez mais difícil não perceber que nas rodinhas que se fazia presente, as pessoas tentavam medir as palavras.

Mas isso quando Carlisle estava presente. Quando ele se afastou por uns instantes, já sentiu seu mundo desmoronar. De repente se viu sozinha no meu de uma multidão, o ar em seus pulmões começou a faltar e deu graças a Deus quando viu na mesa uma taça de champagne. Foi até lá e se serviu. Ouviu alguém falar em suas costas:

— Olha só. Ela serve a sua própria bebida.

Quase colocou o copo de volta a mesa, mas o estrago já estava feito. É claro que ela deveria ter esperado alguém servir. As pessoas ao redor reparavam tudo mesmo. Nas mesas redondas logo além do perímetro da dança, ouviu comentários a seu respeito, exclamando em tom nada baixo, apontando. “Cadê a educação delas? Só cobram isso de mim?”. Esme resolveu ignorar e tentou mentalizar que ela própria era imune a tudo isso.

— Você é a mais bela desse recinto. Não importa o que digam. – Carlisle falou se aproximando dela. Sempre dentro da bolha deles. – Vamos mostrar a eles quanto somos sortudos.

Ele estendeu-lhe a mão e foram até o meio do salão. Esme concentrou-se nas mãos de seu noivo em sua cintura para não chorar enquanto ambos dançavam. A ficha estava caindo. Podia estar sendo agora a mais graciosa na dança. Podia aprender diversas línguas, fazer uma reverência como uma princesa, mas nada seria suficiente. Jamais pertenceria a esse lugar.

— Está tudo bem, majestade? – Zara perguntou-lhe tirando do transe.

Esme balançou a cabeça tentando afastar as lembranças.

— Tudo que me contou é horrível Zambia! Me sinto mal por não acompanhar isso de perto, mas agora vou. Me diga, o que mais posso fazer?

Esme: Sua Verdadeira História – Capítulo 12: Mundos Paralelos

Para quem se pergunta como é estar no processo de entrada para a família real, eu digo que é uma loucura total! Dou muitos sorrisos quando vejo cenas do primeiro filme O Diário de uma Princesa, onde há toda aquela preparação com cabelo, roupa e bons modos para transformar um rato de rua em hamster. Bom, existe aquilo tudo, mas é multiplicado por mil.

Nunca posso dizer que nunca fui bem preparada para o que estava por vir. Passei cinco meses totalmente compenetrada em me tornar a princesa digna do povo de Belgonia. Depois das primeiras reuniões com a equipe do palácio, coloquei na minha cabeça que entraria nessa nova fase de peito aberto. Faria tudo que fosse possível para aprender tudo e aceitar o que viesse.

Primeiro de tudo, tive que começar a aparecer em alguns eventos. Acharam que seria muito bom as pessoas me conhecerem antes do casamento. Então, a assessoria do palácio começou a investir pesado em compromissos em áreas que podiam agradar o grande público, os críticos e o parlamento. Todos eles eram como um casal. A nossa imagem começou a ser trabalhada em conjunto e não separado. Além do que, eu não tinha competência para fazer tudo sozinha a princípio. Então, eu e Carlisle passamos semanas de um lado para outro com uma agenda totalmente dedicada a cumprir obrigações.

Com tudo isso, é claro que tive que fazer alterações no meu modo de vida. Quer dizer, eu não, a equipe que estava trabalhando comigo e com Carlisle. Todos os dias chegavam malas de roupas com etiquetas me dizendo para quando e onde deveriam ser usadas. Eu não tinha nem o trabalho de escolhê-las. Tudo já vinha pronto.

Além disso, haviam aulas para absolutamente tudo. Como se sentar, como andar com elegância, como falar, o que dizer, etiqueta em geral, protocolos e leis. Inclusive, muitas dessas me assustaram. Eu ficava tentando me lembrar a todo instante que tinha que andar atrás de Carlisle, quatro passos mais especificamente, não só dele como de qualquer membro da família real. Tinha que manter as minhas costas retas ao sentar, os joelhos e pernas juntas para não mostrar demais. Sempre sorrir, levantar o queixo, aliar a minha postura em 90 graus ao andar. Lembrar de observar o meu futuro sogro enquanto ele comia ou falava, para levantar quando ele levantasse, parasse de comer quando ele terminasse e uma série de outras coisas.

— Você já está com tique. – Carlisle disse pra mim certa vez.

— Quero fazer tudo certo, mas é muita coisa para me lembrar.

— Regras foram feitas para serem quebradas, meu anjo. Não quero ver a minha futura esposa louca por causa desses exageros.

E sim, Carlisle brincava com muitos protocolos no início de nossos compromissos juntos. Eu tentava descer do carro mais devagar para dar tempo ele ir na frente e eu o acompanhá-lo, mas ele sempre me esperava e pegava a minha mão para seguirmos juntos. Vez ou outra tocava as minhas costas e mantínhamos o contato físico como apoio multo, dando adeus a regra da não demonstração de carinho em público. Ele fazia questão de demonstrar o quanto estava apaixonado e eu era que aparecia nos jornais como a rebelde que amava desrespeitar os protocolos reais. Mesmo respeitando sempre todos eles, apesar das muitas discordâncias que tenho em relação a muito deles ainda hoje.

Este foi um período realmente de renovação. Eu ficava num misto de tentar agradar a minha nova família para que eles entendessem que eu também podia suprir as expectativas deles como também aquela multidão que se fazia presente nos vários eventos em que eu e Carlisle estávamos.

O calor do público foi essencial para que me autoconfiança se equilibrasse aos outros sentimentos que eu estava sentindo. Por que deles eu sentia todo o amor e carinho necessário. Eu já sabia que existiam pessoas que nos apoiavam. Estava claro pra mim que aquele casamento só estava de pé por que existiam vários fãs nossos por ai e que dava gás ao parlamento aprová-lo pensando que seria melhor para o futuro da monarquia e do país.

As pessoas não sabem mais um casamento real para ser aprovado é um longo processo que envolve a família, os funcionários seniors do palácio e o parlamento. Nada é feito por acaso. Dentro de decisões importantes como aquela o pensamento não é para hoje ou amanhã, é para como seria há 20, 30 ou 50 anos. É levado em considerado as conseqüências de atos, prós, contras, é uma decisão política, além de romântica. Eu tive incontáveis reuniões, onde assinei um contrato de casamento que deixava claro qual a minha posição e que eu não podia de jeito nenhum esquecer meus deveres ali dentro. Dentre outras coisas, eu não estava abdicando apenas da minha liberdade pessoal, mas das escolhas que tinha feito antes para abrir espaço para uma vida totalmente nova, onde coisas muito além de aspectos pessoais seriam levados em conta.

Estar em contato com pessoas que vieram do mesmo lugar que eu me colocava mais os pés no chão. Me lembro bem do primeiro compromisso público que tive após o noivado. Foi em abril de 1981, nas vésperas da páscoa, um pouco tarde, levando em consideração que o anúncio do casamento tinha saído no fim de fevereiro. O que “atrasou” foi o fato que a equipe estava tentando encontrar um evento que fosse mais ao nosso estilo, porém algo não tão rebelde como queríamos.

— Devíamos visitar as comunidades de imigrantes. Você tem noção de que o nosso país está sendo muito procurado por pessoas de outros países? – Carlisle sugeriu para o assessor que estava trabalhando para nós dois.

— Não podemos dar palco pra isso. É como se vocês estivessem incentivando essa imigração.

— Até onde isso seria ruim?

— Não se pode entrar em discussões políticas.

— Por que não fazemos uma visita ao orfanato que a família real ajuda? Estamos próximos da Páscoa, podíamos distribuir alguns chocolates.

O assessor respirou aliviado. Foi a minha primeira sugestão atendida pela equipe. Fiquei feliz.

Lembro que fiquei muito nervosa na noite anterior. Sonhei com tudo que poderia dar errado e dei muito trabalho para o meu maquiador. Quando encontrei Carlisle no palácio, era cedo de manhã, mas para mim parecia meio dia por causa do tanto de tempo que passei insone. Ele me abraçou e coloquei o nariz em seu pescoço para absorver o seu cheiro gostoso.

— Você está nervosa.

— Estou morrendo por dentro.

— Confie em mim. Tudo vai dar certo.

Eu queria morar naquele abraço. Não fazia idéia do que iria encontrar e ele era o meu porto seguro. Entramos no carro para não nos atrasarmos. O nosso assessor ficava repetindo o tempo inteiro o que tínhamos que fazer e dizer. Eu tentava me concentrar no rosto bonito do meu noivo e ele em fazer massagem na minha nuca.

Chegamos exatamente no horário marcado, mas não esperávamos encontrar um mar de pessoas nos esperando nos dois lados das ruas. Senti um nervoso bater ainda mais forte. Meus olhos quiseram marejar, tentei me segurar para não estragar a maquiagem.

— Temos que falar com essas pessoas antes de entrarmos. – Carlisle falou decidido.

O assessor apenas assentiu. No fundo, até a equipe do palácio estava surpresa com aquela recepção do povo de Belgonia. Hoje vejo que foi algo realmente raro. Antes não se via tanta manifestação popular espontânea com qualquer membro da família real. Estava provado que um fenômeno diferente estava acontecendo e ninguém estava sabendo lidar.

— Avise os seguranças acompanharem sua alteza real e a senhorita Platt. Eles vão descer e falar com as pessoas.

Saímos do carro e flash flash. A imprensa pressentiu a movimentação popular que haveria no nosso primeiro compromisso juntos após o anúncio oficial do noivado. Eu não sabia como me comportar diante de tanta gente. Me sentia descompensada. Meu corpo não parecia querer obedecer e eu estava ciente que eu ficaria desajeitada e as regras que eu tinha passado tanto tempo decorando iriam “pro brejo”. Tentei sorrir, mas minha boca tremia. Carlisle pegou a minha mão e formos até um lado da pista onde haviam várias pessoas que gritavam por nós.

— Só confia! – ele falou e eu assenti.

Um garotinho correu para abraçá-lo deixando sua mãe enlouquecida. Carlisle sorriu e o pegou nos braços. Achei aquele gesto lindo e fiquei só babando!

— Olá campeão.

— Minha mãe gosta muito de você.

— É mesmo? Me mostra ela.

O menino apontou para a mulher que tirava fotos em nossa frente. Carlisle se aproximou com o menino nos braços e ela começou a chorar copiosamente. Meu primeiro impulso foi abraçá-la.

— Obrigada pelo carinho. – falei.

— Você é nosso herói! – ele falou para Carlisle.

— Obrigado. Toca aqui.

Carlisle abriu a mão e o menininho bateu nela com força. Acariciei os cabelos dele e o devolvemos para a sua mãe. Seguimos em frente pegando em muitas mãos. Todas as pessoas foram muito calorosas e isso me acalmou mais. Me lembrou de onde eu tinha vindo e que era por elas também que eu estava ali.

— Vocês são luz! Eu vejo muita felicidade daqui pra frente. Vão formar uma família linda! Vão ser monarcas incríveis! – uma senhorinha falou.

— Obrigada. – falei. – Um beijo pra você.

— Vocês são o nosso orgulho! Amamos vocês! – Falou uma jovem mais a frente.

— Obrigado de verdade. – Carlisle falou.

— Obrigada por todo o carinho e amor. Vocês mandam muita energia boa e isso nos faz ir em frente. – falei.

Seguimos até conseguirmos falar com o máximo de pessoas que pudemos. Tentei ao máximo agradecer por todo aquele sentimento positivo e pelos vários presentes que estávamos ganhando.

Dentro do orfanato foi ainda melhor. Eu já estava no meu modo natural e pude aproveitar mais. Distribuirmos os chocolates para as crianças e não tive como não me encantar com o jeito encantador de Carlisle com as crianças. Elas simplesmente o amavam e ele retribuía da mesma forma. Eu tinha certeza que ele seria um pai incrível desde aquele momento.

Aquele dia foi apenas o espelho de tudo que encontramos nos outros muito eventos que vieram pela frente. Apenas afago e isso me deixou terrivelmente emotiva e agradecia. Eu tentava sempre retribuir da maneira correta. Olhando sempre nos olhos e falando com palavras que vinham do coração. Eu sabia que elas me entendiam.

Antes de irmos às ruas, tivemos compromissos internos para que a aristocracia belgã me conhecesse. Para esses determinados eventos o meu nervosismo era multiplicado por mil. Eu sabia o que essas pessoas queriam encontrar e por isso me esforcei horrores para não atender as expectativas delas.

Foi nesse tipo de evento que comecei a ver a realidade por dentro dos muros do castelo. Minha garganta se fechava toda vez que eu sentia a tamanha hipocrisia ao meu redor. Muitas daquelas pessoas se sentiam intocáveis. Estavam dentro de uma bolha que nada tinha a ver com o mundo real lá fora. Aquilo me deixou impressionada!

Me recordo de me esforçar tanto para agradá-los e eu nem sei bem por que. O que vinha em troca eram olhares retorcidos. Então, eu voltava pra casa tentando entender o que tinha feito de errado. Sem entender que eu não precisava agradá-los por que quem mais importava já estava ao meu lado, me amando.

— Isso é que dar quando abrem as portas do celeiro. – escutei certa vez e levei para o coração.

— Por que eu não consigo agradá-los? Não sei mais o que tenho que fazer. – disse depois a Carlisle.

— Não tem que fazer nada, meu amor. Você não precisa tentar fazer nada. Só ser você mesma.

Mas não era a mim mesma que eles queriam e eu sabia disso. Tentei inúmeras vezes não pensar em nada e apenas seguir os meus instintos. Rezando para que aqueles eventos chegassem ao fim, mas eles nunca chegariam, não é? Fariam parte da minha vida dali pra frente.

Seja profissional”, eu ficava repetindo em minha mente enquanto esfregava minha mão uma na outra. Elas já estavam molhadas de tanto suor. Me julgava a cada fala que eu tinha dito. Nunca me parecia perfeita o suficiente. Meus olhos se enchiam de lágrimas.

Eu comecei a entrar numa obsessão pela perfeição. Aos poucos eu me transformava em uma outra pessoa. Meus cabelos tinham que ser alisados todos os dias por que cacheados, no seu modo natural, pareciam desalinhados. Eu pedia para os estilistas mandarem roupas que me cobriam, pois eu não tinha o corpo de muitas mulheres da minha idade que compareciam aos eventos do palácio. Usava saltos altos que inchavam os meus pés no fim do dia por que me sentia baixa demais.

Conheci um fato espantoso. Estive tanto tempo na minha própria bolha pessoal que não havia me dado conta que existiam sim outros mundos paralelos e para se dar bem você tinha que procurar ser o mais forte do bando. Me sentia a pressa fácil e  por isso tentava me igualar a eles pelas minhas inseguranças e se conseguisse mostraria a eles que eu não era o que eles estavam pensando. Assim eu me deixava entrar na domesticação que tentavam fazer comigo. Na minha cabeça, era o único jeito de vencer. COMENTEM POR FAVOR!


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