O acordo Dramione escrita por Aline Lupin


Capítulo 9
Capítulo 9




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O despertador tocou. Mais um dia assim e ela não conseguiria ir trabalhar. Sinceramente, não queria ir. Queria dormir, dormir e não acordar tão cedo. O sonho que estava tendo era tão bom. Primeiro, é claro, veio o pesadelo. De novo na Mansão Malfoy. De novo os gritos, gritos que vinham dela mesma, notou. E o sorriso maléfico de Bellatrix. Depois, as risadas. Então, o olhar desesperado de Draco Malfoy, se negando a tortura-la. Santo Deus, ela não se lembrava disso. Passou a mão pela cicatriz que parecia arder. Somente de pensar e sonhar com aquilo, parecia que Bellatrix tinha marcado ela naquele mesmo instante. Agora entendia porque Harry reclamava tanto da própria cicatriz. É claro, não eram somente motivos psicológicos, mas o fato de que Harry e Voldemort eram interligados, por Harry ter parte da alma do Lorde das Trevas. Então, faria sentido sua cicatriz arder. A dela, no caso, era por causa do seu psicológico abalado. Se ela tivesse dinheiro, iria a um terapeuta, psicanalista. Bom, qualquer tratamento serviria, se ela pudesse conter os sonhos horríveis, que a faziam ligar as luzes pelo medo.

Claro, que depois, veio o sonho mais agradável do mundo. Estava carente. Não tinha um namorado. Havia beijado Viktor Krum nas férias de Natal do ano anterior, mas não deu em nada. E Rony, bom ele não contava. Somente se beijaram uma vez. Depois, conheceu um cara trouxa nas férias. Deu alguns beijos, mas nada demais. Acabou tão rápido quanto se iniciou. E então, sonhar que estava beijando alguém era bom demais. Mas, logo recordou quem era a pessoa, porque, quando abriu os olhos, viu o olhar cinzento dele. O sorriso malicioso. Aquilo não poderia ser verdade. Acordou envergonhada consigo mesmo, mas, ei, quem ela poderia enganar? Não a si mesma pelo menos. Draco Malfoy era charmoso e isso não dava para negar.

Levantou da cama, sentindo-se ruborizada. Não pensaria mais nele e pronto. Mas, o relógio em seu pulso estava ali para lembra-la do que devia para ele. Que devia um favor. Revirou os olhos, mas sua respiração estava ofegante. Foi direto para o chuveiro, então, para acalmar os nervos. Ao sair, se sentia mais calma. Voltou para o quarto, somente de toalha e viu da janela um sedan preto, parado ao lado da calçada. Poderia ser ele. Caramba, se fosse, o que ele queria? Cobrar favores? Se vingar?

Ela tomou muito tempo escolhendo a roupa certa. Parecia que nada ficava bom. Poderia usar, é claro, sua saia lápis inseparável. Ou vestir algo melhor. Encontrou um vestido de malha bordo, com mangas cumpridas, que descia até o joelho. O dia parecia frio do lado de fora. Combinou então com uma meia calça preta e botas de salto alto. Pegou sua jaqueta de couro preta e a bolsa, saindo do quarto.

Hesitou na porta de saída. Deveria ir até ele ou não? E será que era ele? E se fosse, será que ela deveria ir até o carro e seguir com ele até o Ministério? Não estava no acordo seguir no mesmo carro para o trabalho. Não pensou mais, então, abrindo a porta. E quando olhou para rua, não havia nenhum carro. Ignorou a sensação de insatisfação que percorreu seu peito. Deu uma risada consigo mesma, por estar tão nervosa e ansiosa para encontrar Malfoy. Ora essa, era só o Malfoy.

Fechou a porta, trancando-a e seguiu pela rua. Iria andar até o café mais próximo. Tinha tempo para isso. Tomaria seu café com um pão com manteiga e depois, aparataria até a cabine telefônica que a levaria até Ministério. Seguiu pela rua, sentindo vento de outono roçar seus cabelos cacheados. Sentia-se livre, finalmente. Caminhar lhe fazia bem. Enumerou em sua mente uma lista do que teria de fazer no departamento. Primeiro, iria servir o café a Lewis, como sempre, depois, iria coletar as informações com os colegas sobre o que tivesse ou não acontecido no dia anterior e faria seu próprio relatório sobre o ocorrido em Azkaban. Depois, arquivaria uma pilha de documentos. Então, somente então, procuraria as provas que Harry precisava para saber se Lewis era ou não culpado. Culpado do que, ela não sabia. Não estava acreditando em Harry, realmente. Ele as vezes exagerava em seu instinto quanto as pessoas.

Depois que chegou na cafeteria, fez seu ritual matinal, tomando seu café preto com açúcar e comendo seu pão com manteiga, acrescentando naquela manhã biscoitos amanteigados. Pagou o café em seguida e seguiu para uma esquina erma. Aparatou ao lado da cabine telefônica e entrou.

Quando chegou no Ministério, viu a confusão de reportes do Profeta Diário. Havia uma coletiva em imprensa. Kingsley respondia às perguntas e era questionado de forma severa. Tudo pelo ocorrido em Azkaban. Hermione tentou passar despercebida, mas logo foi avistada por um repórter, que não para de perguntar se ela sabia quem eram os detentos que causaram a rebelião em Azkaban.

— Er...eu...- ela ficou confusa, assustada. Não sabia se deveria responder isso. Isso seria expor Malfoy. O que sentia não ser o certo. Ele não tinha culpa pelo o que pai estava fazendo.

— Com licença – ela escutou uma voz familiar. Então, um braço envolveu seu ombro – Deixe minha colega em paz. Temos trabalho a fazer agora.

— Mas, ela ainda não respondeu minha pergunta – a mulher de cabelos ruivos e franja curta disse, em tom petulante.

— Sem mais perguntas – Malfoy disse, afastando Hermione para longe.

— Vocês realmente são um casal ou não? – Hermione escutou a voz da mulher ao longe.

— O que está fazendo? – ela indagou, sem entender.

— Nos tirando daqui. Realmente temos algo a fazer hoje. E você demorou demais pra sair de casa. Amanhã, esteja pronta as oito e meia.

— Isso é uma ordem? – ela perguntou, quando eles pararam em frente a uma lareira vazia.

— Digamos que isso faz parte do acordo – ele respondeu, com um sorriso irônico nos lábios – Primeiro as damas.

Ela revirou os olhos e entrou.

— Para onde? – ela perguntou, pegando o pó de flu.

— Para o Beco Diagonal – ele respondeu.

*

Depois que saíram da lareira de dentro da livraria Floreios e Borrões, Hermione o seguiu para longe. Estavam indo e direção a Travessa do Tranco.

— Para onde mesmo estamos indo? – ela perguntou, tentando se firmar em seu salto.

— Você verá. Apenas fique quieta, ao meu lado. Melhor, me dê sua mão – ele não pediu, mas exigiu.

Ela revirou os olhos.

— Sei me cuidar sozinha – ela replicou.

Ele a fitou impaciente, estendendo a mão.

— Você precisa colaborar. Trabalhamos em equipe – ele justificou.

— E isso não é motivo para me tocar – ela rebatou.

— Tudo bem, faça como quiser – Ele saiu andando a frente dela, com uma rapidez absurda.

Ela o seguiu, quase torcendo o tornozelo. As ruas de pedras não eram feitas para os saltos dela.

— Espera, Malfoy – ela pediu.

— Vai me deixar ajuda-la agora? – Ele parou de andar, estendendo a mão para ela, que aceitou a contragosto - Por que é que você vem com isso? – Ele olhou com um ar duvidoso para os saltos.

— Porque eu fico bonita, sexy. Essas coisas – ela respondeu, ruborizando por ser tão sincera com ele.

— E pode quebrar sua perna – ele avaliou, rindo.

— Ahn, obrigada por ontem, por me devolver o relógio – ela disse – E por hoje, por me salvar do Profeta Diário.

— Fiz isso por mim – ele disse, de forma ríspida.

Ela revirou os olhos, cansada do lado temperamental dele. Contudo, resolveu não discutir, apenas se apoiando nele enquanto desciam a rua. Ela deveria ter colocado suas sapatilhas na bolsa. Logo entraram na Travessa do Tranco e lugar parecia mais escuro, sujo e frio do que o normal. Hermione colocou algumas mechas de cabelo para frente, tentando não ser reconhecida pelos transeuntes. Era basicamente bruxos que apreciavam as trevas. E mulheres com um aspecto estranho, com os olhos arregalados e maldosos. Quase teve um mini ataque quando uma bruxa se aproximou para tentar ler a mão dela, por um níquel. Malfoy a afastou com violência, fazendo Hermione quase torcer a perna.

— Malfoy, para de me arrastar assim – ela sussurrou, exasperada.

— Você está chamando muito a atenção – ele sibilou – Daqui a pouco, estaremos rodeados de gente como eles, que querem tiraram o dinheiro de quem vem aqui ou qualquer outra coisa que interessem a eles.

— O Ministério não toma conta desse lugar? – ela sussurrou no ouvido dele.

— Mais ou menos. Não fale disso aqui, ok? Se não quer receber uma azaração ou uma maldição – ele a advertiu e parou de andar, tirando o casaco preto dele – Vista.

— Por que? – ela insistiu em saber, mas pegou o casaco, colocando-o. Era maior do que ela, mas cobria seu corpo até o joelhos.

— Para você ficar menos...a mostra – ele respondeu, parecendo irritado e puxou o braço dela, enganchando com o dele – Agora, sem mais perguntas e ande rápido.

Ela assentiu e o acompanhou, com medo. Tinha a impressão de que alguém iria espreita-los e fazer mal a eles. Alguns homens olhavam para ela com lascívia, o que a deixava enjoada. As mulheres a fitava com inveja. Parecia que todo mundo naquele lugar tinha algum interesse escuso neles, tentando vender algum objeto mágico, que com certeza, o Ministério iria recolher. Deveria haver alguma batida ali. Não era possível que eles vendessem objetos de artes das trevas, sem sofrer represália.

Pensava nisso, enquanto evitava tropeçar nas pedras, quando finalmente pararam em frente a uma casa de aspecto lúgubre, com telhado triangular. Estava tão suja, que não dava para ver a tinta. As janelas estavam com tabuas e a porta fechada.

— Varinha em punho, Granger – Malfoy orientou – Siga-me em silêncio. Qualquer coisa que ver, atinja no alvo.

Hermione não queria entrar sem saber com o que estava lidando ali, mas não teve escolha. Malfoy soltou seu braço e caminho para a porta da frente da casa, sem olhar para trás. Ela suspirou desejando muito acerta-lo com uma azaração, mas se controlou. Se estavam ali era por um motivo importante.

Malfoy abriu a porta sem a menor dificuldade. Ela se abriu em um rangido e liberou a passagem para eles. Entraram em um corredor estreito, rescendendo a mofo e local fechado por muito tempo, quem sabe por anos. Não havia iluminação, então Hermione usou o feitiço lumus para iluminar o local, pois Malfoy adentrava sem isso, como se conhecesse o lugar antecipadamente. Aquilo era realmente estranho. Primeiro, ele havia recebido uma denúncia anônima de um local que feras e seres, onde por acaso, um bruxo das trevas se escondia. E ali, ele parecia ter domínio da situação, como se previamente já o tivesse visitado. O que Malfoy sabia de fato? E quais eram suas intenções de verdade?

Olhou ao redor, vendo quadros. Pareciam de pessoas de outro tempo. Outro século. Mulheres e homens que pareciam ser importantes. Ela conseguiu prestar tanta atenção, devido ao barulho que escutou, ao chegar ao saguão da casa. Não imaginava que fosse grande. Do lado de fora, parecia uma casa abandonada. Por dentro, parecia enorme. Como uma mansão. Ela engoliu a seco, percebendo que o barulho, como se fosse alguém pisando em tabuas que rangiam, parou. Alguém estava ali e ela não sabia quem era. No saguão, não havia ninguém. Havia uma escadaria velha, de madeira. Um lustre pendia do teto, coberto de teias de aranha e o chão era quadriculado, preto e branco, de porcelanato. Estava muito sujo, como se não visse limpeza há anos.

— O que é esse lugar? – ela sussurrou para as costas de Malfoy.

Ele não lhe deu atenção, apenas fazendo um gesto com a mão, pedindo silêncio. Ela se calou, a contragosto. Não gostava de ser a última a saber das coisas. E não ter noção de onde estava pisando.

Então, sem aviso, uma sombra desceu pelas escadas e Malfoy levantou a varinha rapidamente, pronunciando o feitiço:

— Imobilus!

A sombra parou. Ela pode ver quem era. Uma criatura. Um ser, na verdade. Um vampiro.

*

Nunca viu um de perto. Sabia que existia um que morava no porão da Toca, na casa dos Weasley, mas jamais se atreveu a entrar naquele lugar. E ali, estava ela, diante de uma criatura perigosa e que era imprevisível. Nem todos os vampiros conviviam bem com os seres humanos. O Ministério classifica os vampiros como semi-humanos e há várias regras e leis que devem seguir ao encontrar um deles. Quando essa lei não existia, vampiros eram caçados livremente pela comunidade bruxa e exterminados, sem piedade. Era o medo de ser transformado por um, ou mordido, é claro. Além do mais, vampiros poderiam não ter os poderes dos bruxos, mas tinham uma força sobre humana, poderiam viver mais do que bruxos e eram difíceis de matar por sua rapidez e agilidade. Além de que algumas classes de vampiros usavam a hipnose e transformavam a própria aparência, para parecerem jovens e belos, enganando quem cruzasse seu caminho.

Aquele, no entanto, tinha a aparência velha, a pele pálida, quase azulada. A pele parecia cobrir seus ossos, pois sua aparência era cadavérica. Os olhos pretos, como a noite a encaravam, sem qualquer expressão. E sua boca estava escancarada, cheia de dentes afiados. Vestia uma capa preta, que cobria todo seu corpo, não deixando entrever seus pés.

Ela notou, só então, que estava paralisada de medo. E logo percebeu que Malfoy carregava uma cruz na mão direita, enquanto que a esquerda apontava a varinha para o vampiro, que fechou a boca, em um sorriso malicioso. Ele não era belo. E seu sorriso era o que deixava sua aparência ainda mais assustadora.

— Acha que sua magia pode me atingir? – ele perguntou, com uma voz sedutora. Sua voz era bela, masculina. O que destoava da sua aparência.

— Mas, a cruz parece ter feito o efeito desejado – Malfoy zombou, sem o menor medo – Agora, vamos a questão que nos fez entrar aqui. Peça para seus amigos não atacaram, é claro, ou você terá problemas sérios com o Ministério.

— Ah, o Ministério – ele sorriu ainda mais, deixando suas presas a mostra – E o que o Ministério quer agora conosco? Já não bastou vocês dizimarem meu clã, desejam tirar o que me restou?

Ele usava um tom zombador, mas seus olhos negros continham todo o ódio que sentia, direcionada a Hermione, que engoliu a seco e respirava profusamente. Sentiu algo tocar seus cabelos. Girou o pescoço para trás, instintivamente. Não havia ninguém ali. Somente os três. Mas, ela teve a sensação que não, não estavam realmente sozinhos.

— Não estamos aqui para causar nenhum problema – Malfoy esclareceu, mas em tom duro – Contudo, tenho ordens do próprio Ministro quanto a investigar as atividades de vocês. Soubemos de ataques massivos a cidades trouxas ao redor Manchester e algumas cidades da Escócia. E pela forma como as vítimas foram encontradas, sabemos que foram vocês.

O vampiro entrelaçou as mãos. Era a primeira vez que Hermione via suas mãos por baixo da capa. Eram brancas, com unhas compridas. Ele parecia se divertir com isso. E parecia saber que ela o olhava atentamente.

— Claro e por isso querem atribuir os ataques a nós? Por que não estou surpreso? – Sua voz denotava ironia e raiva – E onde estão as provas de que fomos nós?

— As vítimas estão com as gargantas dilaceradas – Malfoy respondeu sem se abalar – Ao todo foram cem trouxas mortos, com o mesmo padrão de mordida. E não era de um lobisomen. Além do fato que temos magia, você sabe – Ele zombou, causando um riso estranho do vampiro – Podemos recriar com nossa magia o que houve, com um simples toque da varinha. E vimos uma criatura muita parecida com um vampiro. O que nos faz pensar:  o que vocês querem agora? Sei muito bem que alguns de vocês faziam parte do exército de Voldemort...

— Não fale o nome dele! – O vampiro trovejou – Não admito que fale o nome desse ser na minha casa!

Hermione sentiu os pelos do couro cabeludo arrepiados, que se estenderam por seus braços. Escutou choramingos estranhos ao redor e gritos.

— Seu protesto não admite sua inocência – Hermione quis socar Malfoy por isso. Ele devia ficar quieto e não provar aquele ser. Mas, ao que parecia, o vampiro não parecia interessado em ataca-los, pois seu olhar se tornou frio – Contudo, se quer provar sua inocência, ajude-nos achar os culpados.

— E o que eu ganharei com isso? – o vampiro perguntou, em tom cínico – Afinal, o Ministério não fez nada por mim. Por que eu deveria me incomodar com o que acontece com sua espécie?

— É melhor nos ajudar, Conde Orlok, se não deseja iniciar uma guerra contra os bruxos. Sei de muitos feitiços que os dizimariam sem nenhum problema – Malfoy ameaçou, em tom sarcástico – E o Ministro Kingsley Shacklebolt oferece proteção a vocês, semi-humanos. Sabemos que precisam de sangue e ele irá disponibilizar lotes, para serem retirados no St. Mungus. Aliás, isso já vem acontecendo desde que a guerra terminou.

O conde pareceu refletir. Então, disse:

— Iremos ajudá-lo, desde que nos de uma compensação. A garota que está com você. Quero seu sangue.

Hermione tremeu, assustada. Não conhecia nenhum feitiço que pudesse repeli-los, a não ser os tradicionais. E tudo que aprendeu em Defesa Contra as Artes da Trevas era pouco. Muito limitado. Alho, cruzes, estacas...feitiços pareciam não os atingir. Se atingiam, era por pouco tempo. Nem se sabia os efeitos de uma Maldição da Morte lançada sobre eles.

— Eu não posso aceitar – Malfoy disse, em tom petulante – Se você deseja entrar em um conflito com o Ministério, o problema será inteiramente seu  Orlok. Mas, se pensa que vai tocar em um fio de cabelo dela, está bem enganado.

Orlok riu, com humor.

— Você acha que se eu não quisesse, já não teria feito? Está em meus domínios. Farei o que desejar.

— Tem certeza? Tem certeza mesmo que quer provocar mais uma guerra entre os bruxos e os vampiros?

Isso não parecia ter surtido o efeito desejado. Orlok despareceu, para desespero de Hermione. Sentiu o toque de uma mão sobre seus cabelos e virou a cabeça instintivamente, para não ver nada. Então, mirou o teto, em formato abobadado. Lá estava Orlok, olhando para eles, como se fosse um animal, uma fera, que estaria prestes a ataca-los.

— Se você tem uma ideia melhor, nos tire daqui agora – Hermione pediu.

— Você talvez, tenha. Não estou com nada aqui para ataca-lo. Apenas uma estaca – Malfoy disse, em tom que parecia tudo menos calmo.

— Vamos aparatar – Hermione pensou alto, pegando a mão dele, no momento exato em que viu duas mulheres, também no teto, olhando para eles, na mesma posição que Orlok.

Ela apertou a mão de Malfoy com força, pensando na Floreios e Borrões. Eles desapareceram no momento em que os vampiros estavam se jogando sobre eles. Ela tinha fechado os olhos, naquele instante, desejando não ter estrunchando, pelo desespero. Quase não conseguia concentrar os pensamentos. Então, abriu os olhos. Estavam em cima de um balcão, em uma loja cheia de livros e clientes assustados.

— Eu...sinto muito – Hermione disse.

Os dois saíram da loja, muito quietos, sobre os olhares dos clientes e do dono do local. Eles pareciam mais estarrecidos do que irritados. Ela não percebeu, mas ainda segurava a mão de Malfoy com força e não havia soltado. Muito menos ele, que ela notou estar branco feito cera.

— O que foi aquilo? – ela sussurrou a pergunta, quando pararam na calçada. Os dois respiravam profundamente.

— Parece que minha conversa diplomática com o conde Orlok foi pior do que pensava – ele confessou – Aquele homem sempre foi muito difícil de convencer. Sempre quer que paguemos com sangue.

— E normalmente, quando se paga em sangue...? – Ela não queria saber a resposta, mas já imaginava qual seria.

— Normalmente acaba em morte – ele respondeu, soltando o ar. Hermione sentiu o sangue enregelar nas veias. Ela poderia ter morrido, realmente? – Ele não é confiável, mas nossa única fonte de informação agora que está acontecendo ataques no mundo bruxo e trouxa.

— Como você sabe disso tudo? Não está sendo noticiado em nenhum lugar e eu...- Ela queria dizer que não sabia de nada. Pois, Harry nunca contou a ela o que estava acontecendo. Isso a deixou frustrada, furiosa e irritada.

— Ai – Malfoy disse – Precisa apertar minha mão tão forte? – Então, soltou sua mão do aperto dela. Hermione ficou ruborizada por não ter notado que apertava a mão dele com força. E que ainda a segurava, sem perceber.

— Vamos voltar para o Ministério – ela disse, ignorando o olhar dele e se afastando – Precisamos relatar o que houve a Lewis...

— Não a Lewis – Malfoy a alcançou – Vamos falar diretamente com o Ministro.

E por mais que Hermione o questionasse no caminho de volta, Malfoy era um tumulo, como se guardasse um segredo de extrema importância.


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