O acordo Dramione escrita por Aline Lupin


Capítulo 8
Capítulo 8




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A conversa não parecia tão produtiva quanto Hermione pensava que seria. Harry dava a ela conjecturas apenas do que descobriu no Profeta Diário, de pelo menos dois anos atrás. Era um depoimento de Edward Lewis, apoiando o fato de que nascidos trouxas não deveriam ter direito a cargos no Ministério e não poderiam estudar em uma escola de magia.

— Ele deve ter dito isso por medo, Harry. Todos foram muito pressionados na guerra – ela tentou explicar.

O pedido ainda não havia chegado. Eles preferiram ficar em restaurante trouxa. Várias vezes Rony perguntou quando a comida seria servida e porque as bandejas simplesmente não voavam até a mesa. Hermione se conteve para não revirar os olhos. As vezes Ron era cansativo.

— Ele pode ter dito isso apenas por medo, mas Hermione, mas andei ouvindo pelos corredores o quanto ele era hostil com nascidos trouxas. Já conseguiu fazer vários se demitirem por causa disso.

— Em base em que você me diz isso?

Hermione não estava convencida quanto a isso. Nem um pouco. Ele a tratava normalmente sem gritar. Era gentil, mas sempre a irritava por causa do maldito café.

— Bom, escutei isso de colegas que conhecem essas pessoas. Ele era horrível. Até mesmo antes de Voldemort tomar o Ministério.

— Tem certeza disso? Harry, é uma acusação grave – Harry revirou os olhos, colocando os óculos no lugar com o dedo indicador. Parecia impaciente. Ela conhecia aquele olhar. Ele iria até o fim com aquela investigação, assim como fez quando desconfiava que Malfoy fosse um comensal. Não estava errado de todo, mas não fazia o menor sentido aquelas acusações.

— Eu sei que sim – Harry disse, perdendo um pouco a paciência. Ela não se abalou quanto a isso. Sabia que quando questionada, ela também perdia um pouco a paciência, mas sempre tentava agir com racionalidade. Afinal, somente uma mente racional poderia dar respostas coerentes – Mas, não está vendo o padrão, Mione? Ele está sabotando o departamento há um bom tempo, mandando os agentes deles para lugares que não dizem respeito ao seu departamento. Ele fez isso com você e Malfoy, ao manda-los para Azkaban. E não é a primeira vez. Isso é trabalho dos aurores não de vocês. Vocês não têm o mínimo de treinamento para lidar com esses detentos. Ele com certeza está tentando sabotar o Ministro. Já demonstrou hostilidade contra Kingsley. Sempre deu grande apoio a Fudge.

Hermione tentou não mostrar impaciência com aquele argumento. Batucou os dedos contra o tampo da mesa de metal. Rony fitava eles sem entender nada.

— Harry, talvez ele queira apenas aparecer com isso. Dizer que é eficiente. Eu só vejo ele pedir o maldito café todo dia e quase não o vejo em qualquer missão do lado de fora.

— Ah, claro. Ele faz isso para deixar o departamento ainda mais defasado. Você deveria olhar bem os arquivos, Hermione. E ver como ele ignora certas questões sobre as Feras e Seres. Já despeitou também tratados com as terras de Centauros. Vê como isso complicada tudo? Pesquise e você verá que ele está fazendo isso. Está deixando o departamento ainda mais e mais burocrático. E isso que trabalho a um ano e pouco no Ministério e tenho minhas fontes para lhe dizer que sim, isso está acontecendo bem de baixo do nariz de Kingsley. Ele apenas não quer ver.

— Não me diga que você também disse isso a Kingsley?

Seria típico de Harry fazer isso. Procurar solucionar vários problemas, que as vezes, nem eram da sua alçada.

— Eu disse, mas... – Ele passou a mão pela nuca.

— Kingsley quer provas – Rony interveio – E o depoimento feito é de pessoas que não gostam de Lewis. Então, fica complicado.

— Exatamente – Harry bateu a mão na mesa atraindo olhares – Desculpe – Ele pediu - É isso que me incomoda. Não vou conseguir provar nada, se não conseguir entrar nos arquivos e ver de perto o que está sendo feito.

— Harry, nem pense nisso – Hermione cortou.

Ele deu um sorriso fraco. Aquele olhar de quem vai pedir algo e não vai desistir.

— Não – ela negou com a cabeça.

— Por favor, Hermione – Harry pediu – Você é a única pessoa que pode ver a rotina lá dentro.

— E por que você quer tanto desmascarar Lewis? Não estou entendendo sua fixação nele.

Assim como ela não entendia a fixação dele para descobrir os segredos de Malfoy, nos tempos de escola.

— Porque isso é questão de justiça – Harry respondeu, com um olhar sério para ela. Então, empurrou novamente os óculos que insistiam em cair – Quando vejo esse tipo de coisa acontecendo, coisas erradas, fico preocupado. Ainda mais alguém que apoio Voldemort. E se tivermos um novo Voldemort por vir?

— Pelas barbas de Merlin! Não – Rony protestou – Eu não aguento pensar que poderia vir alguém assim. Hermione, fala pro Harry se acalmar.

Ela acabou rindo disso. Então, Harry também riu, o que fez Rony rir também.

— Está vendo. Precisamos relaxar – Rony disse.

Finalmente, o pedido deles havia chegado. Hambúrguer e batatas fritas, com refrigerante. Rony se esbaldava, enquanto que Harry olhava significativamente para Hermione. Ele esperava uma posição dela.

— Está bem – ela respondeu, revirando os olhos – Eu te ajudo nessa.

— Obrigado – Harry respondeu, voltando a comer seu hambúrguer.

Ao menos, então, ela teve paz para saborear sua comida, ao lado dos amigos. E depois, rumaram para Toca.

**

— Olha quem chegou! – Molly exclamou, recebendo Hermione de braços abertos.

Ela recebeu um abraço forte da matriarca Weasley, seguindo de Gina, Gui, Fleur e George. Arthur acenou para ela, em um cumprimento tímido. Todos pareciam felizes pela visita e rumaram para mesa de jantar. Hermione passou a refeição, assim como Harry. Mas, Rony, que sempre estava com fome, atacou o bolinho de carne feito por Molly. Percy não estava em casa, pois estavam morando com sua namorada.

— Então, como estão as coisas no Ministério, Hermione? – Arthur perguntou, da cabeceira da mesa.

— Venho tido alguns contratempos, mas tudo está indo bem – ela respondeu.

— Ah, sim. Soubemos dos problemas em Azkaban essa tarde – Arthur disse, sério – Quase pensei que teria uma fuga em massa.

— Eu também pensei a mesma coisa – Molly disse, empalidecendo.

— Com certeza, tudo foi contido – Gui falou, abraçando a esposa – Mas, se precisarmos de uma nova Ordem Fênix, estaremos unidos.

— Não diga isso Gui – Molly ralhou, horrorizada – Um ano de paz como esse...pelas barbas de Merlin! Não quero reviver uma guerra novamente.

— É claro que ficou tudo bem – Hermione interveio, sobre olhar atento dos Weasley e de Harry, que não parecia convencido disso – Era uma rebelião, apenas. Mas, foi contida pelos aurores. Com essa nova lei, onde deve haver revezamento de aurores em Azkaban, seria bem mais difícil acontecer fugas em massa.

— É claro – Arthur anuiu com a cabeça – Mas, por que mandaram você, Hermione? Soube que foi algo contra as ordens do Ministro. Afinal, você não é aurora.

— Bom, isso eu não sei bem...- Hermione não queria inflamar mais o discurso de Harry sobre Lewis.

— E o Malfoy foi junto. É isso que não entendo – Rony deixou escapar, largo o garfo sobre a mesa – Você precisava ficar longe dele, Hermione.

Ela conteve a vontade de revirar os olhos. Todos olhavam de forma horrorizada.

— Mas, Malfoy...não erra aquele menino filho de Lucius? Que apoiou Voldemorrt? – Fleur perguntou, confusa.

— É sim – Gui respondeu, com um olhar duro – Não sei por que deram uma nova chance para ele.

— Ele não tem culpa de ser filho de quem é – Molly interveio.

— Ah, ele tem sim. Anos de bullying – George colocou mais lenha na fogueira.

Hermione o fulminou com o olhar e ele baixou os olhos para o prato, com um sorriso cretino. Ela teria uma conversa com ele depois.

— Verdade. Ele fazia muito bullying, com nós três – Rony apontou para Harry e Hermione, além de si mesmo – Ele não merece ficar perto da Hermione.

— Isso é porque você é apaixonado por ela, mas não diz – Gina se manifestou, ficando vermelha em seguida.

Hermione queria enfiar a cara no prato. Aquilo estava indo longe demais.

— É verdade, filho? – Molly perguntou, entusiasmada – Então, precisa pedir a nossa querida Hermione em casamento.

— Mãe! – Rony protestou, envergonhado.

— Querida, ainda é cedo presumir que...- Arthur tentou intervir.

— Ótimo, mais um casamento – George disse, em tom irônico. Ele não parecia mais o mesmo. Seu sorriso não era sincero.

— Bom, um casamento trrás alegrria – Fleur comentou.

— E bebida – Gui completou, piscando para George, que retribuiu.

— Então, vamos marcar a data, Hermione querida, quando podemos marcar o casamento? – Molly perguntou.

Meu Deus, pensou Hermione. Aquilo estava fora de controle.

— Não vai ter casamento, eles são amigos – Harry interveio, também entendendo o desespero de Hermione.

— Bobagem, querido. Eles se gostam a tanto tempo – Molly replicou.

— Quem disse isso? – Rony perguntou, com a voz esganiçada.

— Acho que Rony só não quer casar – George disse a ninguém em particular.

— George...- Hermione o fitou com os olhos assassinos.

— O que? Não fica brava com ele. É apenas um garoto – George se defendeu, com outro sorriso cretino.

— Você não sabe o que seu irmão quer, George – Molly rebateu, irritada – Agora, quem quer sobremesa?

Hermione respirou aliviada. A conversa iria parar e...

— Talvez, ela já esteja grrávida...- Fleur comentou com Gui.

— O que? – Molly indagou, ficando de pé, lívida.

— Não – Hermione murmurou.

**

O jantar terminou de forma estranha. Hermione alegou precisar voltar para casa, pois tinha que tomar um banho e acordar cedo. Rony evitou seu olhar. Molly implorou para que Hermione dissesse se estava gravida ou não. Fleur pediu desculpas inúmeras vezes pelo que disse. George apenas ria de canto e Gui igualmente. Harry, com Gina, a acompanharam até o gramado, do lado de fora da casa.

— Sinto muito por isso – Gina disse – Se eu tivesse de bico fechado, nada disso teria acontecido.

— Está tudo bem – Hermione garantiu – Mas, eu não sabia que Rony era apaixonado por mim.

— Ele é – Gina confirmou.

— Claro que não é – Harry interveio – Ele nunca disse nada sobre Hermione. Não pra mim, pelo menos.

— É que você não sabe...- Gina emudeceu, sobre o olhar fulminante de Hermione – Deixa pra lá.

— Eu não sei o que? – Harry perguntou as duas.

— Nada. A Gina está exagerando. Harry, cuida do Rony tá. E tira da cabeça da Molly que eu e ele vamos nos casar. Até mais.

Ela desaparatou em seguida, aparecendo em frente ao Largo Grimmauld. Aquele dia parecia que nunca teria fim. Ela suspirou, aliviada, por entrar em casa. Tinha muito a agradecer a Harry, por ter deixado ela ficar com aquela casa, enquanto ele morava na casa em Godric Hollow.

Tomou um banho relaxante, ou quase isso, devido ao encanamento velho. A água era morna, ao menos. Depois, colocou um pijama e se deitou na cama. Repassou todos os acontecimentos daquele dia. Até mesmo a forma como Malfoy a salvou do assaltante. E como ele lidou com a situação do dementador em Azkaban. Ele demonstrou medo, mas enfrentou tudo. E ainda salvou sua vida, duas vezes. Ela estava devendo a ele. E não queria dever. Assim como ele havia dito a ela, ela também não gostava de ter dividas. Mas, a forma como ele a fitou no corredor do Ministério, o cuidado com que a olhava, quando os olhares deles se encontraram...aquilo a deixou confusa. Ele parecia preocupado de verdade. Como se se importasse com ela. Riu daquilo. Não poderia ser. Ele só se importava consigo mesmo e como poderia salvar sua reputação e a própria pele.

Estava quase dormindo, quando escutou um barulho vindo da janela. Ela abriu os olhos e olhou para a janela, perto da cama. Viu uma figura estranha, batendo as asas. Se levantou, com a varinha em punho e iluminou o quarto com o feitiço lumus. Ali estava uma coruja de pelagem escura, com um pacote no bico. Ela abriu a janela francesa e a coruja entrou, largando o pacote sobre a cama e saiu. Lá em baixo, ela podia ver um carro. Um sedan, que deu partida logo em seguida, desparecendo pelas ruas londrinas.

Foi até a cama, pegando o embrulho. Era uma sacola de pano marrom. Ela a abriu e descobriu ali dentro seu relógio. Não tinha lembrado que havia perdido. Tinha certeza que Malfoy o devolveu. Não havia qualquer bilhete, nada que dissesse que era ele. Mas, ela sabia que sim. E não entendia o motivo para aquele gesto atencioso e também, não desejava saber. Colocou o relógio no pulso, voltando a se deitar. Aquele relógio fazia parte da sua vida. Era uma peça importante. Era seu único elo com seus pais. Tudo que ela tinha. Tinha que achar um modo de agradecer aquela doninha e ficarem quites. Com isso em mente, ela dormiu com um estranho sorriso de satisfação no rosto e em sua mente, involuntariamente, viu o rosto sarcástico de um jovem rapaz de cabelos platinados, sorrindo para ela de forma maliciosa.


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