O acordo Dramione escrita por Aline Lupin


Capítulo 18
Capítulo 18




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O gosto amargo em sua boca era horrível. Abriu os olhos, sentindo como se estivessem cobertos de serragem. Demorou um tempo para entender onde estava. Flashes da noite anterior vieram a sua mente, como se ainda pudesse sentir os golpes de Yaxley sobre seu corpo. Ele não se contentou apenas em tortura-lo com uma maldição. Ele o quebrou em mil pedaços. Apalpou as costelas, não sentindo mais a dor incomoda e falta de ar. Ao menos, alguém cuidou dele. Mas, quem? Ah, é claro, Granger. Ela havia se disposto a ajudar, sem que ele precisasse se humilhar para pedir. Riu consigo mesmo, deitando a cabeça nos travesseiros macios, fitando o teto da enfermaria. Granger era diferente de muitas pessoas que lhe deram as costas. As pessoas geralmente desconfiavam dele, depois da guerra. Ele nunca mais teve seu prestigio e bom nome em conta. Claro que não. Mas, ela o desafiava, o irritava e fazia algo ainda mais desconcertante, o ajudava. Maldita Granger! Como ela se atrevia a colocar uma semente de esperança em seu coração? Ou melhor, ele as vezes achava que não tinha um, mas estava ali, batendo em um ritmo estranho. Rápido demais.

Ele sentou na cama, pensando que já era hora de sair do St. Mungus e passar as informações necessárias ao Ministério. Afinal, ele queria ter sua vida de volta e para isso, precisava colaborar. Disse a si mesmo que não era por dever, mas sim, por si mesmo que fazia isso. Levantou da cama, sem dificuldade, mas ainda com certa vertigem. Notou que seu paletó estava sobre a cabeceira da cama e pegou, para vesti-lo. Apalpou os bolsos internos, para ver se não havia perdido nada, nem sua varinha. A encontrou ali e mais alguma coisa. Um pergaminho. Tirou-o do bolso e leu.

"Malfoy, fui para casa descansar. Agora que você já está fora de perigo, não preciso ficar olhando para você, preciso?

PS.: você me deve um favor.

H.G"     

Draco riu sozinho, na enfermaria. Então, notou que não estava, realmente. Havia outros pacientes no local. Dobrou o bilhete, guardando-o no bolso. Sim, ele devia a Granger e faria questão de pagar a divida. Talvez, pudesse confiar nela. Ela era leal, destemida, inteligente e uma ótima parceira. Com o bônus de poder aparatar e leva-lo aonde quisesse. Muito diferente de Camus que era arredio, irritante, bagunceiro e que sempre reclamava quando Draco precisava dele para ir em algum lugar. Principalmente, quando precisava ver sua mãe. Bom, poderia mais uma favor a Granger. Precisava ir a Mansão Malfoy, mas para chegar lá, era difícil, sem usar a aparatação. Não queria ir de carro, pois teria que desembolsar uma grana em combustível para chegar lá.

Passou na recepção, antes de ir embora do hospital. Pediu alta, que foi concedida imediatamente e deixou na conta do Ministério para que pagassem o hospital, afinal, ele não tinha dinheiro e como trabalhava lá, poderia fazer tal coisa. Todo funcionário do Ministério tinha uma espécie de plano de saúde, conveniado com o St. Mungus. Então, iria aproveitar para usa-lo.

Saiu do hospital, lembrando que não tinha um carro para se locomover. Havia deixado o carro na garagem, perto do prédio em que morava. Olhou o relógio de pulso, com uma caveira desenhada no visor de horas. Era nove horas da manhã. Estava atrasado. Muito atrasado. Resolveu usar a varinha para enviar um patrono ao Ministério, informando em poucos detalhes o que houve. Ao menos, ninguém pensaria que ele estava fugindo.

Seguiu pelas ruas londrinas trouxas, até chegar em um telefone público. Entrou na cabine vermelha. Digitou o número 62442. Logo a cabine desceu, como uma espécie de elevador, o levando até o Ministério. Era a entrada de visitantes, mas não importava. Quando adentrou no saguão, viu a confusão em que o lugar se encontrava. Havia jornalistas. Uma coletiva de imprensa com o Ministro era conduzida. Ele explicava o que havia acontecido em Azkaban. A fuga em massa não passou despercebida do mundo bruxo.

— Estamos controlando a situação, mas pedimos atenção e vigilância, nesse momento - O Ministro disse, usando a varinha apontada para o pescoço, para pontencializar a voz - Sabemos que alguns comensais da morte estão soltos e pretendemos prende-los.

— E quem são eles, Ministro? - Um jornalista do Profeta Diário perguntou, tomando nota em seu bloco de papel, usando a pena repetidora.

— Lucius Malfoy, Rodolfus Lestrange, Fenrir Greyback, Antonin Dolohov, Goyle, Crabble, Avery, Rosier e Parkinson. Esses dão os comensais que seguiam Voldemort mais de perto e são relativamente perigosos.

— E o restante dos presos? - Perguntou um dos jornalistas - Soubemos que houve muito mais do que está sendo divulgado.

A confusão era geral. O burburinho se tornou alto.

— Silêncio - O ministro pediu, em tom severo. As vozes se silenciaram, então - Pedimos a compreensão de todos. Estamos em estado de alerta, mas não é necessário gerar pânico por causa disso. Nós iremos prender os responsáveis por perpretar a fuga em massa de Azkaban e os comensais foragidos. A ameaça que eles representam de fato, é a ordem e aos nascidos trouxas. Mas, nada comparado ao que houve na Segunda Guerra Bruxa. Não há motivo para entrarem em pânico. No mais, pedimos cautela e cuidado. Obrigado.

Ele se afastou da multidão, sendo acompanhado por alguns aurores, fazendo sua guarda e afastando os jornalistas que insistiam em falar com o Ministro. Entre eles, estava Potter, Weasley e Camus.

Draco se apressou em segui-los, pois precisava falar com Kingsley. Era melhor estar disponível, porque desejando ou não, haveria um interrogatório, contudo, ele não conseguiu passar pela turba de jornalista, nem pelos funcionários do Ministério. Teria que falar com a recepção, para ter alguma audiência com o Ministro. Seguiu para lá, marchado em passos firmes. Para ter acesso ao elevador que levava a sala do Ministro, teria que obter autorização e um crachá.

A recepcionista parecia entediada. A senhorita Farrow parecia sempre assim, quando ele pediu algum favor, mas quando sorria, ela parecia disposta a compartilhar qualquer segredo.

— Hoje não, Malfoy - ela disse, com um sorriso malicioso - Sinto muito mais o Ministro está muito ocupado.

Draco revirou os olhos. Era claro que estava o ocupado. O mundo bruxo estava em caos. Ele teria muitos problemas a resolver, inclusive com o Ministro trouxa.

— Farrow, você sabe que não peço isso por mim, mas porque é necessário falar com ele. Tente, por favor - ele pediu, com um olhar persuasivo.

Mas, ela parecia irredutível. Ao que parecia, ele não teria qualquer chance de falar com o Ministro naquela manhã. Foi quando escutou a voz de uma pessoa. Ela estava mais afastada. Os cabelos cacheados caiam suavemente em seus ombros, em uma cascata castanha e domada. Vestia um terninho cinza, com saia lápis com riscas, no mesmo tom. E os saltos altos pretos, deixando entrever suas panturrilhas. Ela tinha um porto delicado, esguio. À primeira vista, ele não daria qualquer atenção a ela, mas se olhasse bem, veria sua beleza, de fato. Ela era realmente atraente, ainda mais quando se portava de forma séria e recatada. Draco quis dar um soco em si mesmo por pensar nisso, afinal, mulheres puritanas como Granger não faziam seu tipo. Mas, lá estava ele, quase babando por ela.

— Vai querer mais alguma coisa, Malfoy? - Farrow perguntou, sem ser ouvida por ele.

Granger conversava com o pobretão do Weasley. Os cabelos ruivos dele eram inconfundíveis. Ela gesticulava com a mão, como se estivesse ansiosa para passar algum tipo de informação para o cenoura, mas o rapaz não parecia prestar atenção no que ela dizia. Ele prestava atenção nela como um todo.

Draco se afastou, sem se despedir de Farrow, com apenas uma coisa em mente.

— Granger - ele se anunciou.

Weasley lhe dirigiu um olhar mortífero, que não afetou. Ele pouco se importava com a opinião do auror, que bancava o herói.

— Malfoy - Granger virou para ele. Ela parecia ansiosa e surpresa em vê-lo. E lhe deu um sorriso infimo. Ele não pode deixar de retribuir, apenas com um olhar, demonstrando que os dois tinham segredos. Claro que fazia isso apenas para irritar Weasley, que parecia ter notado e o fulminava com o olhar - Você está bem para sair tão cedo do St. Mungus? Seu rosto...

— Conseguiram tirar minha beleza - ele zombou. Claro, havia tido uma boa luta corporal com Yaxley, para salvar a pele de um certo alguém. Seu pai parecia mais interessado em fugir, do que qualquer outra coisa - Mas, logo vou ficar bonito de novo, não se preocupe.

Granger segurou o riso, apertando os lábios carnudos. Ele engoliu a seco, desviando o olhar para seus olhos. Castanhos quentes...

— O Ministro estava procurando por você, Malfoy - Weasley interrompeu os pensamentos de Draco, que pareciam ter sua própria opinião sobre Granger - É melhor se apressar.

— Ah, que ótimo - Malfoy disse, com desdém - Então, você agora passa recados do Ministro?

— Preciso ir - Granger interrompeu o que poderia vir acontecer, como weasley tentar atacar Malfoy em meio a uma multidão de testemunhas. Ele apertava o cabo da varinha, como se estivesse prestes a lançar uma maldição. O que não seria de todo ruim. Ao menos, o pobretão seria despedido. Não faria falta no Ministério.

— Claro, eu a acompanho - Weasley se dispôs, voltando seu olhar brando e atencioso a Granger.

Draco revirou os olhos. Passando por eles e voltando a recepção, para pegar o crachá com Farrow, que já estava com ele na mão.

— Desculpe, querido - ela disse, piscando de forma coquete seus olhos verdes - Eu acabei de receber o memorando de que você está sendo aguardado pelo Ministro.

Draco pegou o crachá, sem agradecer e se afastou. Já estava irritado demais para qualquer coisa. Seguiu para o elevador que o levaria até a sala do Ministro e subiu. Aquela conversa não seria fácil.

*

— O que está me dizendo é que Yaxley está servindo a um novo mestre? - O ministro perguntou, com um olhar desconfiado.

E nem deveria. Ele fez Malfoy beber a veritasserum, apenas porque, claro, ele não confiava em Draco. Não mesmo.

Draco se recostou na cadeira de couro de dragão. Relaxado e com a consciência livre. Ele não teria motivos para mentir, não quando sua vida poderia voltar a ser como era. Longe daquele lugar.

— Sim. Mas, ele não foi até o local. Não sei onde estávamos.

— E como saiu de lá? - O ministro perguntou.

Potter acompanhava o interrogatório, com olhos estreitos. A pena repetidora rabiscava em um bloco de notas, ao seu lado. Camus estava ao seu lado, sentado em uma cadeira, com os braços cruzados, parecendo entediado.

— Meu pai, Lucius Malfoy, aparatou comigo até...- Ele engoliu a seco, sentindo o rosto ruborizado - Até a casa da senhorita Granger.

— E por que naquele lugar? - O ministro perguntou, de forma profissional. Potter, no entanto, parecia prestes a esmigalhar os dentes, pela forma como apertava o maxilar.

— Era o único lugar que meu pai conhecia. Ele não sabe onde moro. E como não posso aparatar, o Largo Grimmauld, onde fica a casa dos Black era o único lugar conhecido para nós dois.

— Você poderia ter escolhido outro local - Potter afirmou, com um tom azedo - Por que escolheu a casa de Hermione?

O Ministro o fitou com um olhar repreensivo.

— Ela não tem somente você e o Weasley de amigos - Droga de veritasserum!

— Ela não é sua amiga, com certeza que não - Potter retrucou, com um olhar enojado - Ninguém seria, em sã consciência...

— Potter, por favor, se contenha - O Ministro pediu, mas na verdade, era em tom de ordem. Voltou seu olhar escuro e sério para Draco, que ria por dentro. Irritar Potter era seu esporte preferido, depois de irritar Granger - Voltemos as perguntas pertinentes. Depois que seu pai o deixou no Largo Grimmauld, o que aconteceu? Para onde Lucius foi?

— Eu não sei - Draco respondeu - Ele estava com uma varinha que não era dele. Alguém deu varinhas para os comensais foragidos e ao que parece, meu pai ganhou na loteria.

— Entendo - Kingsley passou a mão pelo queixo - E como o senhor conseguiu os hematomas no rosto? E por que foi até ao Largo Grimmauld?

— Primeiro, os hematomas foram por uma briga com Yaxley - Draco respondeu - Meu pai queria fugir, não queria servir a mais nenhum lorde. Mas, acredite em mim quando digo que não foi por ter mudado. Ele fez isso para salvar a própria pele. No entanto, Yaxley o torturou. Eu não pude deixa-lo sofrer daquela maneira e lutei contra ele. E escolhi a casa de Granger apenas por confiar nela. Ela nunca e deixaria em uma situação difícil.

E claro, seu pai não poderia leva-lo ao St. Mungus, com chance de ser reconhecido.

— Muito bem. Isso é tudo - O Ministro disse, cruzando as mãos sobre o queixo quadrado - Precisamos encontrar uma forma de você voltar a se encontrar com os comensais, Malfoy.

Draco torceu a boca, não gostando daquilo. Ele não queria mais fazer parte de um grupo de homicidas, com ideias torpes. Para ele, já bastava anos convivendo com o pai. Queria ter um momento de paz para viver. Para respirar, sem ter medo de que alguém pudesse tentar mata-lo.

— Precisamos de alguém para se infiltrar entre eles - Kingsley continuou, com um ar sério.

— Tem certeza que é uma boa ideia, Ministro? - Potter perguntou, em tom cauteloso - Malfoy pode...

— Reincidir? Duvido muito - O Ministro completou sua frase, como se estivesse lendo seus pensamentos. Potter voltou a se recostar na cadeira, frustrado - Já interrogamos Malfoy e ele não desejou fazer parte disso. E pensa em o fazer, tem muito a perder.

— Eu posso dar minha opinião, Sr. Ministro? - Draco perguntou, em tom petulante. Kingsley anuiu com a cabeça. Seu olhar era divertido, como se aquela conversa fosse algo engraçado para ele, mas não era para Draco, que já tinha sua cabeça a prêmio por tentar lutar contra Yaxley - Eu não quero voltar a me reunir com os comensais. Não sou a pessoa indicada para o trabalho. Yaxley prometeu me caçar e matar as pessoas que mais prezo - Sua mãe, até seu pai e...- Não posso simplesmente voltar a encontrar ele. Nem fazer parte dos planos de quem estiver por trás disso tudo.

— Entendo - O Minstro disse, mas é claro, ele não compreendia, pois falou em seguida: - Contudo, lembre-se que o senhor está cumprindo uma pena, pelos seus crimes, senhor Malfoy.

— Eu nunca quis isso! - Draco protestou, irritado. Os punhos cerrados sobre a mesa - Não é justo que tenha que continuar a cumprir minha pena.

— Você tem a liberdade condicional, desde que cumpra com serviços prestados ao Ministério. E isso não é um pedido, Malfoy. É uma ordem. Você voltara a se reunir com Yaxley, quando os comensais forem chamados. Tem a marca negra e saberá quando isso acontecer.

Draco mordeu a bochecha interna, irritado. Queria gritar, esmurrar algo. Não, ele não podia simplesmente voltar a se reunir com eles. Não quando odiava aquilo tudo. Se lembrou das palavras cruéis de Yaxley, enquanto colocava seu coturno sobre o rosto de Draco, que estava derrubado no chão: "Não pense que eu não sei o que faz, garoto. Se quer sua mãe viva, seu pai e a sangue ruim que você insiste em seguir, como um cachorrinho, é melhor fazer o que mando. Te dou mais uma chance, pois sei ser misericordioso. Você e seu pai são traidores e tem muita sorte de não serem mortos. Nosso mestre quer vocês de volta, muito diferente do que o Lorde das Trevas faria. Com certeza, ele os torturaria, até vocês clamarem pela morte."

Somente de pensar nisso, sentia seu estomago retorcido. Mas, precisava voltar a se encontrar com Yaxley, desejando isso ou não. Vidas estavam em jogo. Ele não queria que ninguém morresse. Ele não queria que ela...

— Senhor Malfoy? Estamos conversados? - O Ministro interrompeu o fluxo de pensamentos febreis de Draco - Vai cumprir com seu papel como agente duplo?

Draco engoliu a seco. Olhou de Kinsgley para Potter, então para Camus. Potter o fitava com pena. Camus fitava ele com a boca entreaberta, parecendo desejar protestar. FOi a primeira vez que viu o auror se preocupar com ele.

— Preciso de proteção, se for fazer isso. Quero que proteja minha mãe e meu pai. E...bom Yaxley ameaçou a vida de Granger, apenas por ela estar relacionado comigo...- Ele pigarreou, recebendo um olhar feroz de Potter - Com relação ao trabalho.

— Claro. Terão a nossa proteção. Mas, veja, seu pai fugiu de Azkaban. Ele precisa se entregar as autoridades e continuar sua pena. Faremos o possível, é claro, para protege-lo - O Ministro esclareceu.

— Eu o encontrarei e farei com que se entregue, Sr. Ministro - Draco prometeu. Afinal, devia a vida a seu pai. Se não fosse ele, talvez, não tivesse chance de estar ali.

— Muito bem, reunião encerrada - O Ministro disse, no momento em que alguém bateu na porta - Pode entrar - ele convidou.

A porta se abriu e Draco girou a cabeça por cima do ombro, no momento em que viu Granger entrar na sala. Seus passos eram firmes, mas ela parecia nervosa. Seus olhares sem encontraram. Ele deu um aceno para ela. Granger ruborizou, desviando o olhar. Aquilo era interessante, pensou consigo mesmo, voltar a olhar para o Ministro. Ele fazia algum tipo de efeito sobre ela, mesmo que ínfimo. Gostou particularmente do seu olhar tímido...

— Sr. Ministro - Granger disse, se aproximando da mesa, bem ao seu lado. Seu quadril quase encostou em seu rosto. Alguém deveria avisa-la que se aproximar assim de um homem não era o correto a se fazer. A etiqueta pedia isso e bom, ele não era de ferro para ignorar uma mulher como ela - O senhor me pediu uma resposta e eu vim aceitar o cargo como aurora. Mas, eu gostaria muito de continuar com meu projeto de lei para as melhorias de trabalho para os elfos domésticos, se possível, é claro.

Draco viu o Ministro sorrir, satisfeito. Ele parecia muito feliz por Granger aceitar o cargo. O que era curioso. Ele parecia muito próximo a ela e Potter. Ah, mas é claro. Havia tal Ordem da Fênix, onde eles trabalharam juntos para conter Voldemort. É claro que seriam próximos.

— Considere feito, senhorita. Mas, desejo que se atenha apenas ao cargo como aurora. Não quero sobrecarrega-la com outras funções.

— Obrigada, senhor.

Potter parecia contente por isso. Eles ficariam sempre juntos, como sempre. O trio de ouro estava reunido. Draco revirou os olhos.

— Parabéns, Hermione - Potter a cumprimentou, com um aceno.

O sorriso que ela deu iluminou seu rosto, deixando-a com covinhas adoráveis em suas bochechas. Draco, engoliu a seco, desejando sair dali. E foi o que fez. Se levantou, quase derrubando a cadeira.

— Desculpe - ele pediu, pela primeira vez em muito tempo - Eu preciso resolver algumas coisas...

— Espere, senhor Malfoy - pediu o Ministro - Acredito que seja interessante que o senhor e a senhorita Granger trabalhem juntos, quanto à tarefa que dispus a você, para entrar na biblioteca de Newcastle. Como você não pode aparatar, ela será sua parceira.

— Eu acho não, Ministro - Draco disse, prontamente. Não poderia ter mais um segundo perto dela, não quando não conseguia controlar a si mesmo - Eu posso ir com Camus, moramos juntos e...

— Camus já tem um parceiro e outro trabalho em vista - O Ministro interpôs - E bom, ninguém mais poderia fazer esse trabalho com você, afinal, parece que o senhor tem uma tendência a irritar meus aurores - Ele tinha um tom jocoso - Então, considere que a senhorita Granger é minha melhor escolha, afinal, o senhor confia nela.

Draco mordeu a bochecha interna, sentindo que estava sendo provado naquele instante. Ele não iria conseguir ficar perto dela. Não daria certo. Fitou Granger discretamente, que olhava para frente, com os punhos cerrados. Aquilo seria problemático. Ela o odiava. Seu senso de dever em ajuda-lo foi maior na noite anterior, mas ela o odiava. Estava bem claro.

— Bom, isso é tudo por hoje. Estão dispensados, e Malfoy, vá para casa descansar. Esteja aqui amanhã as oito em ponto, por favor.

— Sim senhor - Draco respondeu, a contragosto.

Não queria ir para casa. O trabalho faria bem a ele, naquela manhã. Estava ansioso, estressado e ficar em casa não o ajudaria em nada. Saiu do escritório, esperando no corredor Granger sair. Ela seguiu para o elevador, sem olha-lo. Aquilo não era bom. Ela estava irritada e com ele.

— Granger - ele se aproximou dela - Eu agradeço por sua ajuda, ontem. Eu apenas...

— Não fale comigo - ela retrucou, em tom duro.

— O que eu fiz? - Ele perguntou, um pouco desesperado demais para seu gosto.

— Ora, o que você fez? - Ela virou o rosto, para encara-lo. Seus olhos estavam avermelhados. Ela...ela iria chorar? - Você é impossível, um idiota, cretino...

Ela despejou tudo sobre ele, toda sua raiva. Foi então que Draco percebeu, ela estava magoada porque ele não a queria como parceira.

— ...e o Ministro apenas nos emparelhou nesse trabalho, por que sabe que ninguém gosta de você. E sabe por que ninguém gosta de você, seu imbecil? Porque você trata todo mundo como se fosse lixo. Mas, eu cansei...eu cansei de tentar ajudar você...

A porta do elevador se abriu de repente e Draco a puxou para dentro, respirando profusamente, tremulo. Ela entrou, irritada, se calando. Ele parou o elevador, então. Precisava ter essa conversa longe de olhos e ouvidos curiosos.

— Acabou, Granger? - Ele indagou.

— Eu nem comecei! - Ela replicou, cruzando os braços - Agora, quer fazer o elevador funcionar?

— Não. Precisamos ter essa conversa. Precisamos no entender. Um acordo, que tal? Eu tento ser agradável e você me ajuda. Afinal, ninguém parece suportar meu humor - ele brincou. Ele realmente fez isso, para acalma-la. E com mil demônios, por que estava fazendo isso? Que necessidade estranha era aquela de ter sua aprovação? Será que era o veritasserum fazendo efeito? Bom, se era, ele estava agindo conforme ele sempre quis agir. E se assustou com isso. Ele queria ser gentil com Granger. Aquilo era novo para ele.

— Eu não quero acordos! - ela esbravejou, furiosa - Eu quero que você vá pro inferno! Não vou mais te ajudar, falei isso e vou falar de novo!

Ela avançou, pronta para soca-lo. O punho estava erguido, mas ele era mais alto e mais esperto. Segurou seu pulso, de forma firme, sem machuca-la. Com a outra mão, ela socou seu peito, de raiva. E até mesmo, bufou.

— Eu te odeio! - ela gritou.

— Eu também me odeio, Granger, e outras pessoas também. Entre na fila.

Ela bufou mais uma vez, tentando acerta-lo, mas ele a segurou pelos punhos, esperando a tormenta passar. Ela precisava daquilo, depois de anos que ele a infernizou. E depois de ter a irritado tanto no trabalho. Estava na hora de ele receber tudo que merecia. E ele aceitava isso. Mas, queria que ela sorrisse de novo para ele. Tinha aquela necessidade intensa de que precisava do sorriso dela.

Então, ela parou. Simplesmente parou. E o que veio a seguir, não era o que ele esperava. Não sabia lidar com mulheres chorando. Ele soltou seus pulsos e ela se abraçou, tremula, com os olhos rasos, as lágrimas rolando por suas bochechas avermelhadas. Havia até pontinhos de estresse se formando pelo seu belo rosto. Ele a abraçou, em seguida, porque somente sabia fazer isso. Quando ele chorava, quando pequeno, sua mãe o embalava em seus braços e ele se sentia seguro. Fez isso pensando que poderia mantê-la segura, demonstrando que ela podia confiar nele. E qual era razão para isso? Ele nunca quis que ela confiasse nele. Mas, naquele instante, ele queria.

Ela ficou muito quieta, então, apoiando sua cabeça contra seu peito. Mas, não o abraçou.

— Eu te odeio - ela sussurrou - Por que você tem que ser tão bonzinho agora? Assim eu não consigo te odiar.

Ele riu, baixinho, apertando-a mais contra si. Escutou o suspiro dela. Acariciou suas costas, tentando aliviar o estresse dela.

— Eu tenho essa capacidade. Eu sou aquele tipo de pessoa que você pode amar ou odiar em instantes. Não sou perfeito, Granger - confessou - Por mais estranho que pareça, eu não sou perfeito. E falo coisas sem pensar. Não foi minha intenção magoa-la. Eu só pensei que você não quisesse ser minha parceira. E por que...- ele mordeu a língua. Não queria dizer a ela que estava atraído por ela. E não era um sentimento romântico. Era algo muito mais complicado de entender.

— Tá, você não fez aquele discurso sobre se dar melhor com o Camus, por que não me quer por perto? - Ela perguntou, com a voz baixa, receosa - Eu sei que você não gosta de mim. Eu também não gosto muito de você, mas eu te ajudei ontem. E isso é muito difícil pra mim...

— Ei, vamos apenas tentar fazer dar certo agora, ok? - Ele pediu, antes que sentimentos fossem revelados. E ele não revelaria nenhum - Você vai se acalmar agora, comer um chocolate, tomar um chá e vai voltar ao trabalho. Amanhã, eu apareço para nós combinarmos como será nosso trabalho, tudo bem?

Ele se sentia estranhamente calmo, com controle sobre tudo.

— Ok - ela concordou, fungando - Agora quer me soltar? Você está me sufocando.

— É, claro - ele a soltou, sentindo-se constrangido e voltou a fazer o elevador funcionar, puxando sua alavanca. Ele se moveu bruscamente, fazendo Granger se desequilibrar. Ele a apoiou pelos ombros, fitando seus olhos avermelhados pelo choro. Os olhos castanhos, agora mais brandos. Fitou sua boca rosada e carnuda, sentindo algo queimar dentro de si.

Então, a porta do elevador se abriu. Estavam no saguão de volta. Granger se soltou e apenas deu um aceno com a cabeça para ele, saindo. Draco demorou alguns segundos para entender o que estava acontecendo. Sabia que o melhor era não entender e saiu do elevador, deixando o Ministério em seguida. Uma visita a sua mãe não lhe faria mal, não naquela manhã.

 


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