O acordo Dramione escrita por Aline Lupin


Capítulo 17
Capítulo 17




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O show de pirotecnia parecia ser algo que os comensais da morte aprenderam com os trouxas. As arquibancadas árvores ao redor, além de barracas de comida estavam queimando em fogo que parecia comum, mas na verdade, era produzido pela magia do caos, daqueles que desejavam incutir o terror nas pessoas que corriam para salvar suas vidas. De fato, Draco conhecia os métodos deles, inclusive, que usaram bombas feitas com poções especificas, para causar barulho, pânico e ferir o máximo possível de pessoas.

Draco passou por pessoas inconscientes, caídas no chão, com os braços queimados ou o rosto. Deveria parar para ajuda-los? Bom, ele tinha um chamado a ser atendido e já sabia o que fazer. Ignorou o mundo ao redor, pois precisava seguir com o plano, fazer o que havia prometido. Encontrou Corban Yaxley no caminho, que o puxou pelo cotovelo, sem a menor cerimonia e eles desaparataram daquele campo de batalha.

Quando Draco abriu os olhos, estavam em frente a uma construção velha de uma casa que um dia parecia ter sido majestosa. No estilo georgiano, com várias quartos e janelas de francesas, com três andares. Yaxley empurrou Draco bela base da coluna, escada acima. Os degraus de pedra estavam cobertos de limo e sujeira. Trepadeiras tomava a construção da casa, inclusive da porta, que se abriu, com um aceno da varinha de Yaxley.

Aquela altura, Draco não sentia nada. Nem pensava nada. Fora treinado para não transparecer as emoções, afinal, convivia com o Lorde das Trevas. Logicamente, ele nunca encontraria um bruxo tão poderoso como Voldemort junto aos comensais da morte, que continuavam a causar pânico e terror, em nome do falecido lorde. Mas, era melhor se acautelar das próprias emoções e pensamentos. Encontrar um legilimente poderia lhe causar problemas.

Adentraram o hall da casa, que recendia a local fechado, com um ar sufocante, mofo e pó acumulado. Teias de aranha cobriam o local, assim como a velha escadaria de mármore a frente e o lustre que pendia do teto. A casa estava vazia, silenciosa. Um silêncio ensurdecedor. Algo que deixava Draco nervoso. Yaxley não pronunciara nenhuma palavra, até chegarem ali e soltara Draco, parecendo aguardar por algo, olhando pelas janelas do hall de entrada, onde havia tábuas.

Um estalo ecoou no ar. Depois mais um e logo vieram mais. Então, passos. Logo em seguida, um grupo de bruxos entrou no local, com mascaras em seus rostos, vestindo túnicas pretas, até os pés. E depois, entre eles, havia os comensais da morte que estava presos em Azkaban. Rodolphus Lestrange, com seu rosto macilento e descorado, ainda vestindo as roupas da prisão, de um tom cinza, Lucius Malfoy, com os cabelos passando do ombro, com o mesmo olhar cansado e perdido, além de mais dez comensais com a mesma expressão deles. Fenrir Grayback estava entre eles, com um olhar sanguinolento e a respiração curta. Seu olhar de lobo encontrou o de Draco, que desviou o olhar para Yaxley, aguardando o que viria a seguir. Não pode deixar de reconhecer Antonin Dolohov entre eles. Deveria estar mais do que feliz de estar fora de Azkaban, pois seu sorriso era ensandecido.

As portas da frente se fecharam, então, em um baque surdo. E as luzes do local se acenderam, mostrando a casa. Suas paredes um dia foram de um branco imaculado, mas estavam em tom cinza, devido ao acumulo de pó e sujeira do local. Não havia nenhum móvel ou decoração presente. Havia pelo menos dez comensais que estavam ali, que não estiveram na prisão e não foram capturados pelo Ministério. Draco sabia disso, pois eles trajavam túnicas e não retiraram suas mascaras em tom prateado, deixando entrever apenas seus olhos. Com certeza, não desejavam ser reconhecidos por nenhum dos presentes.

— Todos sabemos porque estamos aqui – Yaxley disse, em tom sério, olhando para os presentes – Nosso mestre caiu a mais de um ano e precisamos retomar o controle do mundo bruxo.

— Fale por você, Yaxley – Lestrange zombou dele – Eu não me importo mais com essa causa.

Yaxley o ignorou, não parecendo se afetar com isso.

— Mais alguém concorda com Lestrange? – O silêncio era absoluto – Cuidado com suas palavras, Rodolphus, ou pode quem sabe, perder sua língua por isso.

Lestrange não parecia se importar com as ameaças. Estava cansado, seus olhos pareciam famintos.

— Diga a eles, Lucius! Diga a eles que isso é um erro. Tentar mais uma vez tomar o mundo bruxo sem o Lorde das Trevas é uma estupidez...

— Avada Kedrava!

Draco tentou não ficar impressionado, mas era impossível não estar. Olhou para Yaxley, que havia apontado a varinha para Lestrange, sem o menor remorso ou expressão em seu rosto. Lestrange caíra no chão, em um baque surdo, depois de ser executado pela maldição da morte, com uma expressão de horror no rosto, uma das características de quem morria por aquela maldição.

— Alguém mais concorda com Lestrange? – Yaxley perguntou aos presentes, que simplesmente baixaram as cabeças, em obediência. Estava claro que Yaxley era quem comandava o grupo de comensais presentes, eles apreciando isso ou não – Temos um novo líder conosco. Alguns de vocês pensam que sou eu, mas sou apenas seu porta voz. Em algum momento, vocês irão conhece-lo. Ele é um grande seguidor do Lorde das Trevas e promete a proteção, além de recursos financeiros a vocês e suas famílias, para o ajudarem a tomar novamente o poder do mundo bruxo. Sua intenção é expurgar aqueles que sujam nosso sangue, ao se misturar aos trouxas e nascidos trouxas. Traidores do sangue terão seus sangues derramados, em nome de uma nova ordem. E os sangues ruins não terão qualquer chance contra nós. Atacaremos de forma silenciosa o Ministério, sem que nenhum deles saibam. Temos pessoas infiltradas em altos cargos para desacreditar o novo Ministro, que também é um traidor do sangue. Logo o Ministério irá cair e tomaremos mais uma vez o poder que nos pertence.

Nenhum dos presentes disse nada. Era possível apenas ver os acenos imperceptíveis de suas cabeças. Se alguém ali discordava de Yaxley, não diria. O olhar de Lucius encontrou o de seu filho, apenas com uma leve piscada, sem demonstrar nada.

Mais uma vez Draco estava envolvido em uma rede de mentiras, trapaças e morte. Somente restava a ele escolher um lado que deveria ser fiel.

 

**

 

Hermione percorreu o campo de Quadribol e aos arredores, sem encontrar um sinal de Malfoy. Apenas havia caos, fogo e pessoas chorando, feridas e desordem. Ela tentou ajudar aqueles que encontrou pelo caminho, dando alívio com feitiços curativos, para quem havia sido queimado, ou apenas derrubado no chão, devido ao caos instaurado. Seus amigos faziam o mesmo, auxiliando aqueles que precisam de ajuda. Logo uma equipe do St. Mungus veio a o local, levando aqueles que precisavam de atendimento médico.

Ela se sentia frustrada, por não poder fazer mais nada e nem ao menos ter notícias sobre como estava a situação em Azkaban. Além do fato de que não encontrava Malfoy em lugar algum. Então, se reuniu com seus amigos, para informar que deveriam ir para casa. Era o melhor a se fazer.

— Sinto muito por Malfoy, Mione – Gina disse, apertando o braço da amiga – Quer ir lá pra casa?

— Não precisa. Vou pra casa agora. Tentar dormir. Amanhã tenho um dia inteiro de trabalho.

As duas se abraçaram. O restante dos Weasley também a abraçou e cada um seguiu para um lado. Hermione desaparatou, aparecendo frente a sua casa. O Largo Grimmauld. Era estranho perceber que aquele lugar, que pertencia a família Black se tornara sua casa. Seu único lar, para onde poderia voltar. Engoliu a seco. Estava muito escuro, mesmo com as luzes dos postes, então, não notou que havia alguém, encolhido nos degraus das escadas de pedra. Ela passou pela sombra e se assustou, mas não gritou. Logo o seu coração se acalmou e ela se agachou, reconhecendo quem estava ali, machucado e ferido.

Não esperava que ele estivesse ali. Nem que fosse recorrer a sua ajuda. Com a ajuda da varinha, ela pode ver seu rosto cheio de escoriações e o supercílio rompido. Ele estava com os olhos fechados, o rosto constrito, respirando fracamente. Ela engoliu a seco, tocando sua cabeça, de forma leve. Uma caricia, para demonstrar que estava ali para ele.

— Granger – ele murmurou, com a voz fraca – Será que...hum...pode me ajudar? Detesto ter que pedir...- Então, ele riu e logo em seguida, resmungou pela dor.

— O que fizeram com você? – ela perguntou, mais para si mesma do que para ele – Não me responda, não ainda. Vamos poupar suas energias.

Ele não disse nada. Então, ela agarrou seu braço, desaparatando, aparecendo em frente ao St. Mungus. Não havia nada que pudesse fazer em casa, afinal, não tinha poções para isso e os machucados dele poderiam ser muito mais profundos. Ajudou Malfoy a se levantar e ele se apoiou no ombro dela.

— Vamos fazer...um acordo – ele sussurrou, enquanto entravam pela porta, chegando na recepção, que já estava lotada de pessoas, precisam de atendimento médico. Possivelmente, eram as mesmas pessoas que estavam no jogo de Quadribol – Você me ajuda, mas não conta para ninguém...ai...isso dói...

— Mas, eu nem encostei em você – ela se defendeu, tentando apoiar seu peso sobre o ombro, mas sentia que os joelhos logo iriam ceder, até chegar em uma cadeira vazia, para deixa-lo.

— Não disse que foi...você...enfim...temos um acordo?

Ela riu. Aquele homem era incomum.

— Se está fazendo piada da situação, quer dizer que está muito bem – ela zombou.

— Não, não estou – ele retrucou – Está doendo tudo...acho que posso morrer.

Ela mordeu a bochecha interna, para não rir. Ele era tão dramático, mas tinha a impressão de que ele falava assim para rir de si mesmo. Quando conseguiu uma cadeira para Malfoy, seguiu para a recepcionista, que parecia ocupada, com uma pilha de relatórios sobre a mesa.

— Preciso de um médico para meu amigo – Hermione disse, de forma afoita, apoiando as mãos no balcão.

— Seu amigo precisara esperar na fila, para atendimento – ela respondeu, com uma voz monótona.

Hermione olhou para o crachá da jovem de cabelos loiros. M. Spencer.

— Senhorita Spencer, não é?

— Sim? – ela fitou Hermione, com os olhos estreitos.

— Tem certeza que não há nenhum médico disponível. Aquele é meu amigo – Ela apontou para Malfoy, logo atrás, que abraçava a si mesmo, com um ar enjoado e o rosto com marcas arroxeadas – Acho que ele quebrou uma costela, pela dor que está sentindo ao respirar. E se ele perfurar algum órgão por causa disso e ele vir a falecer, vocês poderão ser processados.

Ela falou em tom calmo, polido, mas seu olhar era desafiador, como se esperasse que a recepcionista a contradissesse. O que não foi o caso. Ela se levantou da cadeira, com um olhar dardejante, olhando de Hermione para Malfoy.

— Um instante, por favor.

Ela saiu de trás do balcão e seguiu por um corredor largo e estreito, com paredes brancas e lisas. Hermione aguardou, mas estava impaciente. Seguiu para onde esta Malfoy, que respirava profusamente e tinha o tom da pele esbranquiçado, além do normal. Notou então só naquele instante que ele tinha um ferimento na cabeça. Sangue seco se espelhava pelos cabelos loiros.

— Você está bem? – ela perguntou, mesmo sabendo que ele não deveria estar. Tocou seu rosto de leve, sentindo sua temperatura. Ele não estava com febre.

Malfoy abriu os olhos, no momento que ela afastou sua mão.

— Não sei...me sinto...estranho – ele respondeu – Como se...estivesse esmagando meu crânio e costela.

Ele fechou os olhos de volta, se recostando na cadeira, quase caindo para trás, se Hermione não tivesse o amparado. Olhou para o relógio. Era uma hora da manhã. E a recepcionista não havia voltado. Mas, um medibruxo se destacou no corredor, com suas vestes verde claro. Sua pele era escura. Os cabelos pretos. Hermione se aproximou dele, desesperada.

— Por favor, pode ajudar meu amigo? – ela pediu.

Ele a fitou com seus grandes olhos castanhos escuros e assentiu. Ela mostrou onde estava Malfoy e o medibruxo fez alguns exames de toque, fazendo Malfoy se contorcer de dor. O medibruxo então conjurou uma maca e levitou o corpo de Malfoy, repousando-o em cima. Então, passou por Hermione, com a maca.

— Ele vai ficar bem? – ela perguntou.

— Sim. É apenas uma costela quebrada – o medibruxo respondeu, seguindo pelo corredor com uma calma estranha e irritante para Hermione, que estava nervosa, quase roendo as unhas.

A recepcionista voltou em seguida para seu lugar e pediu a Hermione os documentos de Malfoy. O que era um problema. Ela não os tinha.

— Você é parente dele? – ela perguntou – Esposa, namorada?

— Namorada – Hermione respondeu, sabendo que talvez, não pudesse acompanhar Malfoy e saber como ele estava.

A recepcionista a fitou com um ar desconfiado.

— Qual é o nome completo dele?

Hermione passou todas as informações que sabia sobre Malfoy. Claro, não sabia sua data de nascimento, o que gerou ainda mais desconfiança da recepcionista, que anotava tudo em uma ficha, com uma pena repetidora.

— Consiga os documentos dele, para darmos entrada na papelada do hospital.

Hermione queria gritar com aquela mulher insensível, mas apenas assentiu. Logo, notou que a recepção se esvaziava. Alguns pacientes eram atendidos, outros aguardavam e também, reclamavam sem pausa com a recepcionista, que apenas os fitava com um olhar indiferente. Bem, talvez não fosse fácil trabalhar de madrugada no hospital St. Mungus.

Depois de uma longa esperava, as duas horas da manhã chegou. O medibruxo que atendia Malfoy veio procurar por Hermione e a deixou entrar na enfermaria que ele estava. Ficava no térreo, onde outras pessoas se encontravam em leitos, com ossos quebrados, a pele queimada, enfaixadas. A enfermaria era extensa e Hermione precisou andar um pouco até encontrar o leito de Malfoy. Ali, já havia seu nome marcado em uma prancheta pendurada na parede, com a descrição dos procedimentos utilizados no paciente e o responsável por cuidar do paciente.

Malfoy estava com os olhos fechados, a costela e a cabeça enfaixada. Sua cabeça repousava sobre o travesseiro alto e sua mão estava sobre a barriga. Seu rosto ainda continha as marcas arroxeadas, até mesmo em volta dos olhos. Parecia frágil e alquebrado.

— Malfoy – ela sussurrou seu nome, tocando seu ombro de leve.

Ele entreabriu os olhos, lhe dando um sorriso ínfimo. Aquilo não passou despercebido por Hermione, que sentiu algo palpitar dentro do peito. Seu coração. Seu maldito coração traidor, que parecia feliz em receber o sorriso de um homem que tinha o poder de tira-la do sério.

— Hum – ele resmungou.

— Preciso dos seus documentos. Cadê eles? – ela perguntou.

Ele tentou apalpar os bolsos com uma mão, mas não conseguiu. Seus movimentos eram lentos para isso.

— Está com você? Posso...bom...

Ele assentiu de leve, fechando os olhos novamente. Ela procurou em seus bolsos da calça social preta, mas não encontrou. Ruborizava de vergonha por apalpa-lo, mas era necessário. Era somente isso que repetia em sua cabeça. Então, viu que o paletó dele estava sobre a cabeceira da cama e agradeceu a Merlin pelos documentos dele estarem lá, intactos. Estavam dentro de uma carteira de couro de dragão. Era um tipo de carteirinha, com a foto do bruxo, o nome completo, data de nascimento, até mesmo especificando que tipo de varinha portava e local que residia. A foto dele se mexia. Ele tinha um olhar sério. Os cabelos loiros pareciam maiores e ele não sorria. A data de nascimento dele era o que chamou a atenção de Hermione. 05 de junho de 1980. Ele era alguns meses mais novo do que ela. Ela nasceu em setembro, de 1979.

Se afastou da cama, com o a documentação na mão e seguiu para a recepção, deixando o documento com a recepcionista, que pediu uma certidão de nascimento. O que ela não tinha.

— Vai ter que servir esse então, por enquanto – ela disse, sem olhar Hermione nos olhos. Parecia exausta – Peça para o Sr. Malfoy providenciar isso depois.

— Vocês não têm a documentação dele?

— Preciso sempre verificar os documentos, senhorita – A recepcionista respondeu com certa rispidez – Ele pode ter dado entrada aqui, mas preciso verificar se ele é realmente quem diz ser.

Hermione revirou os olhos, mas fazia sentido. Alguém poderia afirmar que era uma pessoa, sendo que não era e sair sem pagar a conta do hospital. Ou poderia estar fraudando a própria identidade. Hermione voltou mais uma vez para ver como estava Malfoy e ele parecia dormir tranquilamente. Então, ela deixou o St. Mungus, indo para casa. Deixou um bilhete para ele, avisando que iria para casa. Ao menos, ele saberia que ela o ajudou e que ele não precisava desconfiar de todo mundo e ser mal educado. E ela o faria lembrar disso, sempre que possível.

**

Draco estava inconsciente, mas tinha a estranha e vaga sensação de que estava sendo cuidado. O conforto que sentia parecia muito com quando sua mãe cuidava dos seus machucados e murmurava palavras gentis. Mas, sentia que não era sua mãe quem havia cuidado dele. Era alguém que fazia seu coração acelerar de forma inconveniente e que eu confundia seus sentimentos. O toque dela em seu rosto era tão gentil, que ele não queria que ela se afastasse. Mas, ela se foi. Então, ele mergulhou na escuridão.


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