O acordo Dramione escrita por Aline Lupin


Capítulo 16
Capítulo 16




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Nada foi como Hermione esperava. Tudo se tornou insustentável e insuportável. Rony, que estava ao lado da irmã, surtou ao ver Malfoy segurando-a pela mão. Avançou em direção a eles, fazendo uma cena, chamando a atenção de muitas pessoas que tentavam pegar autografo de Gina. E para deixar a situação pior, a imprensa percebeu que Malfoy estava ali, correndo para fazer perguntas sobre seu pai e sobre agora sua suposta relação com sua colega de trabalho, Hermione Granger.

Hermione ao ver isso tudo acontecer, soltou rapidamente a mão de Malfoy e empurrou Rony pelo peito. Ele ainda esbravejava, mas um olhar cortante de Hermione, parou.

— Para com isso – ela disse, entredentes – Olha o que você fez, Ronald!

Ela apontou com a cabeça. Havia vários jornalistas em volta de Malfoy, que respondia as perguntas de forma debochada, com um sorriso insolente no rosto, mas ela viu seu olhar. Ele parecia sufocado. E o olhar dele a encontrou. Ela apenas tentou demonstrar que estava ali, se precisasse. Agora, ela começava a compreender a implicação dele. Ele apenas precisava de amigos. E ela seria essa pessoa. Até o momento em que ele a irritasse novamente, mas tentaria ser. Ele anuiu com a cabeça, quase imperceptivelmente e voltou seu olhar a uma jornalista ruiva. Era a mesma que estava no Ministério, alguns dias atrás.

— Uma palavra, senhorita Granger – ela chamou, se virando.

Hermione ficou rubra de vergonha. Não queria dar nenhuma palavra com a imprensa, muito menos, com O Profeta Diário.

— Hermione, você não precisa ficar perto dele – Rony disse, puxando-a pelo braço.

— Me solta Ronald – ela puxou, irritada. Olhou para Gina, que estava muito ocupada dando autógrafos para dois adolescentes, enquanto Harry tentava avançar entre o mar de pessoas, também, com um olhar estranho e irritado. Droga, teria que lidar com dois amigos enciumados? Talvez, enfrentasse a jornalista ruiva.

— Senhorita Granger, nos diga, você e o senhor Malfoy tem alguma relação? Vimos que vocês estão sempre juntos.

Ela ficou muda, sem saber o que responder.

— Ela não tem relação nenhuma com ele – Rony interveio – Nós vamos no casar.

— Ah, que interessante – A pena repetidora rabiscava furiosamente no bloco de notas na mão da jornalista – E me diga, a quanto tempo estão juntos? Você o senhor Ronald Weasley, certo?

— Sim – ele respondeu, orgulhoso.

— Não – Hermione interrompeu – Isso não é verdade.

— Não é verdade que o nome dele é Ronald Weasley?  - A ruiva perguntou, confusa.

— A verdade é que o senhor Weasley não propôs casamento a mim – Hermione disse, de forma atropelada – Eu não vou me casar com ele.

— Ah, não? – a jornalista parecia ávida, gananciosa para ter mais informações – Que interessante. Vocês dois estiveram na guerra juntos e são heróis. O publico presume que vocês vão ficar juntos. O que você tem a dizer quanto isso, senhor Weasley?

— Eu...- Rony gaguejou.

— Ronald – Hermione o fitou, com um ar sério.

Ele se encolheu.

— Eu iria pedi-la em casamento – ele sussurrou – De verdade.

— Não, Rony – Hermione o fitou em desespero.

A jornalista olhava para os dois, muito satisfeita.

— Se me derem licença, quero muito uma entrevista com senhorita Weasley – ela passou por eles.

— Rony, você não está falando sério, está? – Hermione indagou, sentindo a garganta apertar.

Ele a fitou, com os olhos tristes. Olhos azuis, como o mar, coberto de espuma.

— Eu estou falando sério – murmurou, soltando seu braço, se afastando.

Ela tentou ir atrás dele, mas não conseguia sair do lugar. E não era pelo amontoado de pessoas circulando, mas porque não sabia o que dizer a ele. Viu seu amigo se afastar, com os ombros baixos, os cabelos ruivos bagunçados na nuca. Ele era tão alto e bonito, mas nunca iria tocar seu coração. Havia o fato de que também, não queria casar. Não pensava nisso tão cedo. Queria apenas focar em sua carreira.

— Pobre Weasley – Malfoy falou atrás dela.

Hermione se assustou, levando a mão ao coração.

— Você é tão sutil – ela zombou – Não sabe se anunciar antes de chegar assim?

— Eu? Só quando quero – ele provocou – Aliás, eu achei que você era namorada do pobretão.

— Fale isso de novo, eu vou quebrar seu nariz, sem chance de conserto.

Ele a fitou um pouco assustado, mas depois, sorriu malicioso.

— Então, você gosta dele, mas não aceita o pedido de casamento?

— Claro que gosto. Ele é meu amigo. E quando você o ofende assim, demonstra o quanto você é desprezível.

— Touché! – ele provocou – É, eu não sou muito agradável, Granger, mas tem que concordar comigo que você merecia alguém bem melhor.

— O que quer dizer com isso, Malfoy?

Ele talvez, fosse responder, mas um estrondo fez o chão tremer. Um fluxo de pessoas vinha para o fora do estádio de Quadribol. E gritos desesperados. Hermione sentiu o estomago embrulhar. O que estava havendo? O olhar divertido de Malfoy se perdeu e ele estava sério. Puxou a varinha e puxou Hermione pelo cotovelo.

— O que está fazendo? – ela tentou se desvencilhar, mas era difícil, no meio de tantas pessoas aglomeradas.

— Tirando você daqui – ele disse.

— Mas, precisamos ajudar. Eu preciso ir até Harry, ver o que está acontecendo – ela tentou se desvencilhar dele, mas Malfoy a empurrou com força, arrastando-a consigo.

— Granger, não discuta. Algo está errado. Eu sabia que isso iria acontecer.

Seu tom de voz não admitia ser contrariado, mas Hermione não estava pronta para aceitar o fato de que ele estava arrastando para longe do conflito. Nem pensou nos motivos para ele fazer isso, para protege-la. Apenas pensava em Gina, Harry e até mesmo Rony. Fleur e Gui também deviam estar lá. Ela não poderia abandonar seus amigos.

— Malfoy, para – ela tentou se desvencilhar, mas estavam nos limites da floresta, longe da confusão.

Fumaça saia do estádio. A marca negra estava no céu, nítida. O olhar de Malfoy era intenso e ele mordiscava os lábios.

— Você precisa ir para casa – ele disse – Vai acontecer algo ruim.

— Você sabe o que está acontecendo, Malfoy? Precisa me dizer. É seu dever colaborar.

Ele passou a mão pelos cabelos, irritado.

— Granger, qual a parte do que disse vai pra casa você não entendeu?

— Você não é meu pai para mandar em mim! – ela protestou, avançado para frente, mas ele a segurou pelos ombros – Me solta!

— Granger, escuta – ele pediu, com uma voz calma demais – Por favor.

Ela parou, olhando para ele. Seus olhos pareciam prata liquida na escuridão. Ele parecia realmente preocupado.

— Meu pai havia dito que isso poderia vir acontecer, um dia – ele explicou.

— O que? E você não contou ao Ministério? – ela perguntou, histérica.

— Eu contei – ele respondeu – Mas, isso foi meses atrás. Kingsley imaginou que isso nunca viria acontecer, porque a maioria dos comensais estão em Azkaban e muitos querem se safar de suas penas. Mas, nem todos. Há famílias que ainda apoiam Voldemort, mesmo ele estando morto.

— Deus – Hermione murmurou. Algo estranho tomou conta de si. Um desespero. Medo. Ela seria alvo fácil, se eles seguiam os valores de Voldemort, quanto a exterminar nascidos trouxas – Por isso você quer que eu vá?

Ele anuiu com a cabeça.

— Olha, nunca disse isso a você, mas nunca concordei com isso. No começo, eu não tive escolha, Granger. Eu sempre precisei me manter afastado de pessoas como você, pelo fato de que meu pai não aprovaria eu ter amizade com nascidos trouxas ou traidores do sangue. Mas, agora, eu realmente não quero que você morra – ele disse, passando a mão pelo rosto dela – E não pense que é por sentimentos bobos, ok? É que...- ele gaguejou, desviando o olhar. Nesse momento Hermione não sabia o que pensar, ou o que sentir. Pessoas entravam na floresta, correndo. Os gritos ecoavam – Granger, quando você foi torturada, entendi a magnitude da maldade que essas pessoas podem fazer. E eles vão fazer isso de novo. Não acho que ninguém mereça isso, nem você. Então, por favor, vai pra casa.

Ela negou com a cabeça. Poderia ser uma missão suicida, mas fazia parte dela se colocar em perigo, porque havia pessoas importantes para ela, dentro daquele estádio. Seus amigos precisavam dela, contavam com ela. E pessoas inocentes, talvez, como ela, com o sangue de um nascido trouxa. Ela não ficaria parada.

— Granger – ele fechou os olhos e os abriu novamente. Soltou seus ombros, então – O que você quer fazer? Posso lhe dizer que algo deu errado e não sei também, se os comensais estão ou não organizados. Isso pode ser ou não um ataque para causar terror no mundo bruxo e desviar a atenção ao que interessa.

— Malfoy, você tem razão – seu pensamento voava longe, ela sabia o que era aquilo. Era uma distração, para algo maior.

— Eu sei que eu tenho, obrigado – ele piscou para ela.

Hermione revirou os olhos. Eles não tinham tempo para brincadeiras.

— Malfoy, me escute, se sua lógica estiver correta, eu sei o que estão tentando fazer. Estão tentando desviar a atenção, causar pânico, para fazer algo maior.

— Como por exemplo?

— Lembra da rebelião em Azkaban?

Ao que parecia, Malfoy havia compreendido seu raciocínio.

— Fuga em massa – murmurou Malfoy – Eu sabia que meu pai estava escondendo algo. Ele não nos contou quem deu as varinhas para eles. Era por isso. Estão tentando fugir de Azkaban.

Hermione anuiu com a cabeça, sentindo pela primeira vez terror. Medo de que tudo voltasse a ser como antes e um novo Voldemort surgisse. Afinal, Voldemort havia morrido diante dos olhos de várias testemunhas. Ele poderia ter morrido, mas seus ideais não morreram, devido aos seus seguidores.

— Precisamos avisar o Ministro – Hermione se colocou em movimento, pois não podia ficar parada. Sacou a varinha, já direcionando seu caminho para dentro do estádio, para onde saia a fumaça.

— Espera, Granger – Malfoy a alcançou, segurando-a pelo cotovelo – Precisamos de outro plano. Um patrono. Você não pode ficar aqui, se expondo dessa maneira.

— É sério isso? – ela retrucou, se afastando – Eu lutei em uma guerra, Malfoy.

— E teve sorte de não ter morrido – ele parecia pronto para discutir – Vou mandar o patrono agora.

E o fez. Sua doninha apareceu, de repente, em uma cor prateada, saindo da ponta de sua varinha. Era irônico ser aquele animal, pois ele odiava o apelido. Hermione fitou Malfoy. Ele respirava profusamente. Uma pessoa passou por ela, batendo em seu ombro. É claro que estavam todos assustados. Ao longe, viu alguns aurores. Estavam duelando com sombras. Eram realmente os comensais.

— Granger – Malfoy a puxou – É melhor ir.

— Não antes de encontrar Harry e Rony.

Ela se afastou dele, caminhando, olhando ao redor. Evitou alguns feitiços. Quase foi atingida por um bombarda. A arquibancada caia aos pedaços. Ao todo, havia cinco comensais da morte duelando com os aurores, que eram em quatro. Um deles era Harry. Ela correu, usando o feitiço para amarrar o tornozelo do oponente. Um dos comensais mascarado caiu no chão, de joelho. Então, ela o estuporou. O restante do grupo foi pego pelos aurores. Harry se aproximou dela, no campo, com um ar sério e taciturno.

— Hermione, o que faz aqui?

— Harry, eu preciso te contar – ela se apressou em dizer, ofegante – Vai haver uma fuga em massa em Azkaban.

— Espera, o que? – Harry indagou, confuso – Como você sabe?

— Eu falei com Malfoy e ele está desconfiado do pai, por causa da última rebelião e...

Algo explodiu ao redor, então. Parecia uma bomba. Ela não conseguia ouvir mais nada, apenas ver. E o que viu foi as arquibancadas pegando fogo. Harry a puxou pelo braço, tirando-a do campo de Quadribol, em direção a saída mais próxima. Eles correram, se afastando. Encontraram Gina e Rony, além de Fleur, Gui e George.

— Hermione – Gina abraçou a amiga com força, quase a derrubando – Eu achei que você tinha sido atacada. Merlin.

Ela a abraçou de novo. Rony a fitou com um olhar sério, parecendo mais atento com o que estava acontecendo, do que com o fato de ela ter negado seu pedido de casamento.

— Estamos passando por isso de novo – George disse, com um olhar sombrio – Não podemos deixá-los impune por isso.

— George, você é um civil – Harry o repreendeu – Ajude-me a levar todo mundo pra casa. Rony, você vem comigo.

— Eu vou junto – Hermione se manifestou, se afastando dos braços de Gina.

— Hermione – Harry e Rony falaram ao mesmo tempo.

— Eu sou funcionária do Ministério – ela rebateu.

— Mas, não uma aurora – Rony retrucou.

— Eu fui convidada a entrar no esquadrão – Hermione replicou.

— É verdade? – Rony indagou, confuso.

— É – Harry respondeu – Mas, ainda não aceitou o convite de Kingsley, então, para casa.

— Harry! – ela protestou.

— Mione, por favor – Gina a segurou pelo braço – E se tentarem fazer mal a você?

— Eu acho que todo mundo deveria lutar, como na Ordem da Fênix – Gui interveio.

Nesse momento, Harry parecia que entraria em colapso. Então, um patrono apareceu diante deles. Era o rosto do Ministro.

“Alerta, fuga em massa de Azkaban. Potter, Weasley, Flinch, Ernest, Donovan, venham imediatamente para fora das arquibancadas”

Sua mensagem estava clara. Ele precisava dos melhores aurores. Harry fitou mais uma vez Hermione, impaciente e saiu, dando um beijo na testa de Gina. Rony se afastou, sem se despedir. Hermione ficou ali, ao lado de Gina, sem saber como proceder. Ela não era uma aurora. Nem poderia se meter em caso como aqueles. Mas, ela queria ir. E também, se preocupava com Malfoy. Para onde ele tinha ido?

— Eu não posso ajudar, então vou atrás de uma pessoa – ela disse a Gina.

— Quem? – ela perguntou.

— Malfoy.

— Malfoy? – George perguntou – Estou dentro.

— Eu também – Fleur se dispôs.

— Fleur, meu amor, você está gravida – Gui disse, em tom um de repreensão e zelo.

— Nós devemos ajudarr como podemos – ela disse, em tom persuasivo.

— Tudo bem, vamos – Gui concordou, mesmo que a contragosto.

Eles deram a volta do lado de fora da arquibancada, vendo a estrutura pegar fogo. A marca negra estava no céu ainda. Uma caveira engolindo uma cobra. Hermione se perguntava se Malfoy havia atendido ao chamado. Pois, claramente, aquele era o chamado para reunir os comensais da morte. Ela esperava sinceramente que não.


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