O acordo Dramione escrita por Aline Lupin


Capítulo 13
Capítulo 13




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A mansão era majestosa por dentro, em tons minimalistas de branco e preto. Estava em uma sala de estar com móveis antigos, datando do século 18 ou 19. Havia quadros espelhados pelas paredes. Uma lareira acesa aquecia o cômodo, deixando o local aconchegante, mas Hermione sentiu o sangue enregelar. Ela sabia que não era bem-vinda ali. É claro que não seria. Foi empurrada com força no tapete persa. O olhar irado de Bellatrix, exigia respostas. Ela não conseguia falar, não conseguia se mexer. Apenas tentava respirar, mas até isso parecia impossível de fazer. Sentiu mil agulhas em sua pele, o mundo girou então e ela pediu para acordar. Apenas acordar.

Ao abrir os olhos, pode ver olhos cinzentos, pedindo desculpas. Então, o homem que estava agachado ao seu lado a ajudou a se levantar e a abraçou. O abraço foi tão sincero, que Hermione chorou. Parecia que todo o desespero que sentia se esvaia naquelas lágrimas. Ela se afastou, um pouco envergonhada e reconheceu Malfoy. Era ele quem a abraçava. Mas, ao invés de estar assustada, ela sentia-se segura ao lado dele.

Hora de acordar.

A voz dele parecia distante. Ela não conseguia ouvir.

Acorde.

Ela abriu os olhos, sentindo todo o corpo tenso, a respiração profusa, represada no peito. Dor na garganta, nos olhos. O rosto empapado pelas lágrimas. O travesseiro também. Ela sentou na cama, sentindo todo seu corpo tremulo e fraco. Estava escuro ali em seu quarto. O vento rangia do lado de fora. Estava tensa. Queria se levantar da cama e acender as luzes, mas tinha medo do que poderia encontrar na escuridão. Era um pensamento tão bobo e infantil, ter medo do escuro. Não havia nada no escuro. Mas, de fato, o medo de ficar sozinha em seu quarto no escuro era somente o fato de que tinha medo dos próprios demônios. Temia enxergar diante de si a alma de Bellatrix Lestrange. E se ela viesse para assombra-la? Provavelmente, ela estaria assombrando os corredores de Hogwarts, já que foi lá que fora morta, durante a guerra. Mas, somente se tivesse algum assunto pendente. Se lembraria disso, se fosse visitar o castelo. Talvez, nem pisasse lá novamente.

Pegou a varinha na cabeceira e usou o feitiço lumus para iluminar o local. Não havia ninguém em seu quarto. Estava sozinha. Apenas assustou-se ao ver a cadeira, com algo sobre ela. Lembrou-se do casaco de Malfoy. Teria que o devolver em algum momento. Faria questão de deixa-lo na porta do seu apartamento, bater na porta e sair correndo. Ou melhor, aparatar, para o caso de ele desejar tirar alguma satisfação sobre a poção do amor que ingeriu. Não que fosse sua culpa isso. Ela não tinha culpa por ele tê-la bebido. E não era sua intenção engana-lo. Jamais desceria tão baixo para ter a afeição de um homem. Mary realmente se mostrara uma pessoa horrível por recorrer àquela artimanha. Teria uma boa conversa com ela em breve. Mary não ficaria impune disso.

Hermione usou a varinha para acender as luzes do cômodo, sentindo-se mais protegida. O sol já nascia, no horizonte. Ficaria mais um tempo assim, com as luzes acesas. Mas, ao fechar os olhos, lembrava-se dos olhos insanos de Bellatrix. Da marca em seu braço, que parecia queimar. No seu sorriso sinistro. Então, de Malfoy a abraçando, olhando para ela com piedade. Isso não fazia parte da realidade, já que ele nunca chegou a ficar perto dela. Ele apenas se recusou a tortura-la na frente da tia. Aquele sonho não fazia o menor sentido. Abriu os olhos, bufando, olhando para o relógio estava no seu pulso. Sentiu os olhos arderem. Seus pais não saiam da sua mente. Ela nunca esqueceria deles. Teria que avaliar mais uma vez seu caso com o Ministério, para saber se poderia reverter o feitiço. Não iria desistir de fazer isso. Contudo, não faria isso enquanto houvesse uma nova ameaça no mundo bruxo.

Ficou acordada por mais um tempo, olhando para o forro verde do dossel da cama. Aquele quarto era de Regulus Black. Ela o escolheu ao acaso, já que os outros que pareciam ser habitáveis a deixavam com uma espécie de calafrios. E ela sempre acordava no meio da madrugada, se sentindo observada. Mas, naquele quarto não. Sentia-se segura. Parecia que a energia de Regulus ainda estava no cômodo, mas o jovem parecia mais equilibrado. Até mesmo descobriu cartas dele na escrivaninha, assim como diários. Ela guardou tudo dentro de uma caixa, sem saber o que fazer com aquilo tudo. Poderia ler, é claro. Ginny havia dito que seria divertido passar os olhos no passado daquele Black, que parecia contra Voldemort. Mas, Hermione não sentia que era o certo a se fazer. Seria violar o a intimidade alheia. E isso ela não faria.

Adormeceu, então, sentindo-se mais tranquila. Mal parecia ter dormindo, quando escutou algo se arremessar contra a janela. O barulho a despertou, deixando-a assustada. Ela olhou para o lado, escutando o mesmo barulho. Era uma coruja marrom. Ela se levantou, rapidamente, olhando pela janela. O carro de Malfoy estava do lado de fora e ele também estava ali, em frente as escadas. Parecia impaciente, pois andavam de um lado a outro. Ela engoliu a seco. Abriu a janela para a coruja entrar. Ela deixou um bilhete na mão de Hermione e saiu do quarto rapidamente.

“Precisamos conversar. Não finja que não está em casa. Eu sei que está ai.”

Ele nem precisava assinar o bilhete. Ela sabia que era ele. A letra inclinada e elegante também, já lhe era familiar. Ela suspirou, colocando um roupão, chinelos e pegou o casaco dele, saindo do quarto. Consultou o relógio de pulso. Era sete horas da manhã, santo Deus. O que ele fazia acordado àquela hora, em pleno domingo?

Desceu as escadas, tremula, com a varinha em punho. Não deixaria intimida-la. Ela não fizera nada de errado. Não o enfeitiçou. Não o enganou. Até mesmo foi honesta com ele sobre a poção. Ao abrir a porta, ele estava na porta, com um olhar mal-humorado e os olhos cobertos de olheiras arroxeadas. Ele a fitou, depois o casaco e a olhou novamente, com um olhar intenso.

— Você contou para mais alguém o que aconteceu ontem? – ele perguntou.

— O que quer dizer? Não tive tempo para falar com ninguém. E não é como se isso fosse minha cul...

— Eu sei! – ele a ignorou – Posso entrar?

— É...não – ela negou com a cabeça – Por que eu deveria deixa-lo entrar?

— Ontem você deixou – ele a provocou, em um tom ácido – E não quero conversar aqui fora, no frio.

— Primeiro, jure que não vai me fazer mal – ela exigiu, afinal, ele poderia estar maquinando alguma vingança contra ela.

Ele a fitou com os olhos arregalados, depois sorriu com esgar.

— Você sempre pensa o pior de mim, Granger? Não vou tocar em nenhum fio do seu cabelo – ele prometeu, com acidez.

Ela o deixou entrar, a contragosto. O guiou para a sala no térreo. Convidou-o com a mão para que ele se sentasse em um sofá de veludo verde. Ele se sentou na ponta, com um ar desconfiado. Hermione usou a varinha para acender a lareira e ficou de pé. Deixou o casaco ao lado dele e se afastou, com os braços cruzados. O olhar de Malfoy ia do seu rosto, até seus pés. Isso ela pode perceber duas vezes.

— Você não...- ele entortou os lábios – Não recebe as visitas com roupas mais...- Ele gesticulou com a mão – Ah, apresentáveis?

— Por Merlin – ela protestou – Você veio aqui para me insultar?

— Eu...claro que não...eu só...- Ele parecia ter engolido uma vespa. Seu olhar era desconfortável. E pela primeira vez, ela percebeu que ele estava ruborizado. E gostou disso. Ele estava envergonhado e sem palavras – Vamos ao que interessa. Ontem alguém me deu uma bebida. Você, no caso. E tenho certeza que havia amortentia dentro. Agora, me pergunto, você fez isso de propósito?

— O que? Eu não fiz nada! Se veio aqui para me acusar, vou azara-lo com...com um nariz imenso – ela ameaçou, mas se sentiu ridícula pela ameaça. O que só o fez rir.

— Bom, estou ansioso para ver essa nova azaração – ele brincou, em tom sincero. Mas, voltou ao seu tom sombrio – O que quero saber é: a bebida veio de você ou de Mary? Aliás, quem é Mary?

— Você não sabe? – ela perguntou, confusa – Você lembra o que lhe disse ontem e o nome dela, mas não lembra quem é ela?

— Não – ele respondeu, seco – Não faço ideia e você vai me dizer quem é ela, já que não foi você que me enfeitiçou.

— Por que quer saber? – ela perguntou, cautelosa. Afinal, ele poderia contratar um advogado e processar Mary. O que seria muito ruim. Será que Mary teria como pagar um advogado para defende-la? Não que devesse se preocupar com ela, mas sabia como os Malfoy poderiam ser implacáveis.

— Você por acaso quer defende-la, Granger? Pois, a única coisa que desejo é faze-la pagar por isso. Vou denuncia-la. Vou achar uma maneira de processa-la, por danos morais a minha pessoa. O que aconteceu ontem...- ele fechou os olhos, tenso. Abriu-os novamente – Eu sinto muito. Nunca quis me aproveitar de você. E por isso mesmo, quero resolver esse assunto com essa tal de Mary. A não ser que tenha sido você – ele a acusou com um olhar.

— Se me acusar novamente, eu vou enxota-lo daqui, Malfoy – ela ameaçou – E não, eu não vou lhe dizer quem é ela.

— Ah, não vai? – Malfoy perguntou, em tom perigoso, se levantando do sofá, com o casaco no braço – Eu mesmo irei descobrir sozinho, então, Granger. Passar bem.

Ele saiu da sala, pisando duro. Hermione se preocupou com seu tom e seu olhar gelado.


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