O acordo Dramione escrita por Aline Lupin


Capítulo 11
Capítulo 11




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O dia havia amanhecido nublado e chuvoso, como era comum no outono em Londres. Draco suspirou, olhando para a janela do seu quarto, cansado. Fazia dois dias que havia evitado o contato com Granger. Era estranho não cruzar com ela nos corredores, ou leva-la consigo aonde fosse. Não, ele não sentia falta dela. Nem do som da sua voz. Mas, era estranho que houvesse um vazio depois que a mandou embora. Ou melhor, desfez um acordo que nunca deveria ter feito. Por que diabos fez aquilo? Sentia-se um estupido, aproveitador e um pouco louco. Talvez, fosse falta do contato humano real, por isso, se aproximou dela. Riu consigo mesmo, da idiotice que fizera. De como desejou puni-la por ser petulante, por tê-lo derrubado no chão com um simples feitiço. É claro, estava distraído. Normalmente, não era tão estupido em um duelo. Havia aprendido uma ou duas coisas durante o tempo que estava prestando serviços ao Ministério.

Uma batida na porta o fez se levantar rapidamente. Não queria sair, não aquela manhã, mas havia uma visita que deveria fazer e Camus era o único que poderia leva-lo.

— Vai sair ou não, cara? – A voz do seu colega de apartamento ecoou pelo corredor.

— Estou indo.

Draco se levantou rapidamente, pegando suas roupas dentro do closet. O espelho estava inteiro novamente. Sua mão parecia nunca ter sido retalhada pelos cacos de vidro do espelho. Ele pegou uma camisa branca, blazer cinza e calça social preta, além de um sobretudo preto, para enfrentar as temperaturas baixas daquela manhã. Entrou no chuveiro, antes que Camus entrasse. Somente viu a cabeleira escura do colega, que passava pela sala de estar, antes de entrar no banheiro.

O banho foi o mais rápido possível, pois sabia que não poderia postergar mais aquela visita. Kingsley havia lhe permitido uma visita até Azkaban, para ver seu pai e coletar informações acerca da biblioteca de Newcastle, um dos maiores acervos de livros de magia negra da Grã-Bretanha. O Ministro estava ávido em colocar suas mãos naqueles livros. Para qual finalidade, Draco não saberia dizer, afinal, nem tudo o Ministro lhe contava. Na verdade, quase nada. Ele apenas lhe dava as missões, com as instruções precisas e Draco precisava cumpri-las, se quisesse algum dia ter sua vida de volta, afinal, Kingsley o livrou de Azkaban. E ironicamente, ele deveria estar agradecido por isso.

Na biblioteca que ele entraria, havia um livro importante sobre a cultura vampírica e como derrota-los. O que seria importante para o Ministro, no caso de precisar derrotar um exército deles. Então, Draco não estava blefando quanto a ter acesso a livros que poderiam sim derrotar o conde Orlok. Ele pensara nisso, apenas para coagi-lo. O tiro saiu pela culatra, pois Orlok estava interessado em Granger. O que deixou Malfoy em estado de pânico. Não sabia o que fazer a seguir e nem desejava que Granger virasse comida de vampiro, muito menos ele, é claro. Não era por ser bom, eram motivos egoístas que o moveram a protege-la. Afinal, ela era a única saída daquela mansão. A única que poderia aparatar. Mas, a verdade era outra. Outra que ele não queria encarar.

Olhou-se no espelho, vendo seu reflexo cansado e pálido. Estava como sempre, muito magro. Mal tinha tempo para se alimentar, ou para se exercitar ao ar livre. Não que ele fizesse algo assim, mas isso ao menos poderia liberar seu estresse. Ele sabia disso. Mas, seu objetivo no momento era um só. Recuperar sua antiga vida. Ter o controle dos seus bens materiais, da sua conta bancária e então, desaparecer, sem deixar rastros. Recomeçar de novo em outro país, talvez.

Estava pronto, depois de dez minutos. Encontrou Camus na sala de estar. Ele já estava pronto.

— Seguinte, vou deixar você lá. Você terá quinze minutos de visita, pelo menos, em uma sala especial. Depois disso, precisamos ir embora. Vou para Irlanda hoje à noite – Camus mal fixava o olhar em Draco, pegando sua mochila no sofá e indo para a cozinha, pegando algumas garrafas de água dentro da geladeira. Não vestia o uniforme de auror. Apenas um sobretudo cinza, calça preta e coturno. Os cabelos escuros e cacheados batiam nos ombros.

— Ok – Draco respondeu, sem se importar. Quanto menos tempo tivesse de ficar em Azkaban, melhor.

E precisar ver seu pai era um dos momentos desagradáveis que ele precisava enfrentar, a cada um mês, mais ou menos. Fez isso, no começo, pois sentia que precisava, afinal, era seu pai, o homem que o criou, mas depois de um tempo, as visitas se tornaram incomodas. Lucius parecia o mesmo de sempre, soberbo e não parecia se arrepender de seus atos. Tratava o filho com altivez de sempre, perguntando se Draco estava trabalhando ou não em sua libertação. É claro que Draco não estava fazendo isso, afinal, uma das condições para ter sua vida de volta era não conspirar contra o Ministério. E ajudar seu pai era exatamente isso.

O que ainda ficava pairando na mente de Draco era quem deu varinhas aos detentos. E como seu pai estava envolvido nisso. Em nenhum momento o Ministro perguntou sobre isso a ele. Nem lhe passou qualquer informação sobre o assunto. Draco estava às escuras, apenas um agente que obedecia e trabalhava sem entender o que de fato estava fazendo. Ele apenas cumpria as missões, passava os relatórios e nunca sabia o que Kingsley fazia com as informações. E talvez, fosse melhor assim. Quanto menos problemas tivesse, melhor para seguir com sua vida. A vida que desejava retomar.

**

Hermione olhou nervosa para o espelho. Fazia um bom tempo que não saia. Na verdade, saiu poucas vezes e sempre acompanhada por Ginny ou Luna. Aquela noite, seria apenas ela e Mary. Alguns colegas de trabalho também estariam no lugar. Era um bar bruxo. E Hermione estava nervosa com o fato de que não sabia o que vestir e como deveria se portar em um bar. E também, estava ansiosa com o fato de que talvez, fosse ver Malfoy por lá.

— Eu convidei ele – Mary havia dito – Só que ele não me respondeu nada. Parecia mal-humorado com alguma coisa e passou por mim, sem dizer nada.

Não era incomum ver Malfoy daquela forma. Durante dois dias, ele aparecia no departamento, com um humor terrível estampado em seu rosto. Mal parava no local e saia. E em nenhum momento, tentou se aproximar de Hermione. Não que ela estivesse reclamando. Era ótimo não ter que cumprir com aquele acordo absurdo que ele impôs sobre ela. Mas, não sabia o motivo para sentir falta de ir as missões com ele. Quase estava tentada e pedir para que ele a levasse. Era tão tedioso ficar no departamento, apenas servido cafezinhos, organizando documentos e escutando os seus colegas falando sobre missões que precisaram participar. Uma que a deixou interessada era sobre a questão das terras do Centauros. Ainda havia uma discussão sobre o local que eles poderiam habitar e um dos seus colegas de trabalho foi delegado a ir até o líder dos Centauros, para entrar em uma espécie de acordo. Ela queria ter participado disso. Queria ter saído do Ministério fazer algo mais importante do que ficar trancafiada em meio aos arquivos. Até mesmo havia esquecido a missão que Harry lhe incumbira. Deveria desmascarar Lewis, mas estava mais preocupada com sua própria vida. E ele estava tão ocupado, assim com Rony, que não o tinha visto ainda.

Contudo, apesar de estar apenas dentro daquele departamento, ela ainda fazia suas próprias investigações, quanto ao que acontecia no mundo trouxa. Soube por alguns colegas que realmente, estava acontecendo ataques por parte dos vampiros e lobisomens. O Profeta Diário havia escrito sobre o assunto, mas em uma coluna pequena, semanas atrás. O que demonstrava interesse do Ministério de abafar o caso. Bom, ela só iria descobrir algo quando conseguisse falar com Harry. Ele deveria saber alguma coisa sobre o assunto. E havia o fato de que se ela se tornasse aurora, poderia saber muito mais. Ainda havia alguns dias para aceitar a proposta de Kingsley. Pensara muito a respeito. Talvez, fosse um enorme erro. Talvez, não devesse aceitar um cargo tão perigoso quanto aquele. Mas, não suportava mais sua vida monótona.

Hermione jogou várias roupas sobre a cama de dossel verde. Haviam tantos vestidos. Optou por um azul marinho, com tecido macio, combinando com um sobretudo bordo, meia grossas e botas de cano alto. Colocou um cachecol e se maquiou. Um delineado e batom vermelho. Deixou os cabelos castanhos soltos sobre os ombros, cacheados e domados por uma poção para o tipo de cabelo dela. Era como os tratamentos de beleza trouxas, mas pareciam ter mais efeito.

Respirou profundamente, tomando coragem para sair de casa. Era apenas um encontro com sua amiga de trabalho. Apenas isso. Onde alguns colegas estariam presentes. E com certeza, nenhum Malfoy por perto. Não, ele não estaria lá. O frio percorreu sua barriga. Saiu de casa, aparatando para o local exato do encontro.

Estava em frente a uma porta preta. Havia vários prédios por perto. A rua era do mundo trouxa, mas ali havia algo que eles não tinham conhecimento. Um bar bruxo, que se escondia naquela construção trouxa. Ela bateu na porta, como foi instruída e disse a senha. Entrou em seguida, por um corredor, sendo guiada por um duende. Logo escutou os sons de gaita, violão e uma voz masculina, envolvente. Parecia folk.

Ela olhou ao redor, no salão que foi deixada pelo duende. Haviam várias mesas, com bruxos conversando. A iluminação era dourada e baixa. O bar estava lotado de pessoas sentadas em cadeiras altas. Mary acenava em uma das mesas, com David e Imelda. Hermione sorriu. Estavam apenas eles ali e se sentiu confiante em se aproximar.

— Oi – ela disse.

— Seja bem-vinda, Mione – Mary disse, entusiasmada – Senta aqui.

Hermione sentou ao lado da colega. David a cumprimentou, erguendo sua caneca de cerveja. Imelda a cumprimentou com um aceno educado, segurando uma taça do que parecia ser vinho.

— O pessoal ainda vai chegar, mas podemos pedir algo para comer e beber – Mary disse – O que você quer beber?

— Só uma cerveja – Hermione respondeu.

Enquanto aguardava a cerveja, depois de pedir a um garçom que circulava pelas mesas, Hermione perguntou a Mary se era comum nunca sair em uma missão, para resolver assuntos do Ministério. Sua pergunta, é claro, estava sendo direcionada para entender como funcionava a dinâmica dentro do departamento de criaturas mágicas.

— Se quer saber – Mary disse, com um ar entediado – nunca temos muito o que fazer dentro do escritório.

— Normalmente, Lewis não nos deixa chegar perto das missões, como fez com você – David disse, passando o dedo sobre a borda do copo de cerveja – Ele sempre está nos dando documentos para arquivar, ou as vezes, ordenando que façamos uma limpa nos arquivos. E não é pouca coisa. São documentos de anos...

— De mil anos, pelo menos – Mary completou.

Imelda fitava os dois com um ar de repreensão, como se não desejasse que os colegas falassem sobre Lewis. E isso chamou a atenção de Hermione. Contudo, não pode questionar mais, pois a cerveja dela chegou voando. A caneca aterrissou, de forma graciosa, sem derramar um liquido sobre a mesa. Pegou a caneca, bebericando o líquido amargo e com gosto de trigo.

— Então, quer dizer que vocês estão apenas fazendo a mesma função por anos? – Hermione instigou os colegas a falarem. Imelda bufou, parecendo muito contrariada.

— Digamos que sim – David respondeu, olhando para Mary – Lembra aquela vez que Lewis simplesmente ignorou uma papelada inteira sobre o caso dos Centauros?

— Ah, se lembro – Mary respondeu, com um ar irritado – Como ele pode ser tão louco de ignorar o fato de que os bruxos estavam entrando em seus terrenos? Ele simplesmente ignorou esse fato. Houve uma chacina, movida entre os bruxos e centauros. O Ministro na época era Fugde, mas ele nem se importava com isso. Na verdade...

— Chega de falar sobre o passado – Imelda interrompeu, secamente – Nós estamos aqui para confraternizar.

— Você sabe tão bem quanto nós que Lewis apoiou as ideias reacionárias de Umbrigde – David interveio, em um tom ácido – Ele nem deveria continuar com o cargo de chefe do departamento de criaturas mágicas...

Com certeza, ele teria continuado seu discurso contra Lewis, mas alguns colegas do departamento chegaram, cumprimentando. Ao todo, eram dez pessoas. Hermione não conversava muito com eles. E ao que parecia, Mary e David não iriam falar mais nada sobre Lewis na frente deles. O que era curioso, de fato, era ver como Imelda relaxou. Com certeza, Hermione pensou consigo mesma, Imelda protegia Lewis de alguma forma e tinha algum tipo de tratamento especial, para tentar fazer com seus colegas não falassem sobre o chefe. Ela iria investigar mais a fundo sobre isso.

Entre uma cerveja a outra, Hermione se sentia muito leve e cansada. Todos conversavam e interagiam na mesa redonda. Sorrisos contentes e felizes, por ser final de semana. Hermione mal os acompanhava, pensando em ir embora, mas sem chamar muito a atenção. Por ter bebido além da conta, ela se levantou, pedindo licença e seguiu para o banheiro, esbarrando em alguém no caminho. Ela o reconheceu da reunião com o Ministro. Tinha os cabelos escuros, caindo sobre os ombros e um olhar irônico. Seus olhos eram de um tom de whisky e pareciam muito interessados nela.

— Olá – ele disse – Nós nos conhecemos?

— Eu...- ela não sabia o que responder. Estava com a cabeça pesada, os pensamentos embaralhados. Deu um passo atrás, para se afastar dele, mas ele a segurou pelos cotovelos. Ao que parecia, ela estava mole demais e iria cair no chão.

— Sou Camus, você parece ser alguém que conheço. Hermione Granger?

Ela assentiu com a cabeça.

— Se me der licença, preciso...

— Espere. Granger, não tivemos tempo de nos conhecer, que tal, sentar comigo? – ele perguntou, com um olhar penetrante.

— Eu acho que agora não – ela respondeu sem graça, ao flerte dele.

— Deixe-a, Camus. Ela já tem um namorado. O Weasley – Ela escutou atrás de si a voz de Malfoy e revirou os olhos. Aquele rapaz tinha que ser amigo dele.

— Ele não é meu namorado – ela protestou, sem virar para ele.

Camus lhe deu um sorriso satisfeito. Ele ainda não havia a soltado. E ela não saberia o que faria se ele fizesse isso. Estava com as pernas bambas, parecendo gelatina. Não sabia se era a bebida ou outra coisa.

— Então, já que você não tem um namorado, não se importaria de sentar conosco – Camus insistiu.

— Eu já estava de saída – ela disse, sem graça – Se me der licença...

Ela se afastou dele, tentando firmar os passos. Pode ver o olhar decepcionado do rapaz, mas não se importava com isso. O que a deixou irritada era ouvir Malfoy dizer que era melhor para Camus não se envolver com uma sabe-tudo irritante. Aquilo a magoou profundamente.

Ela enfrentou uma fila imensa, até conseguir usar o banheiro. Depois que saiu, resolveu que não iria se despedir de ninguém, mas foi puxada por alguém. Olhou para Mary, que parecia alterada. Um pouco bêbada demais.

— Preciso da sua ajuda – ela pediu.

— Com o que? – Hermione perguntou, cansada. Ela somente queria cair em sua cama e dormir.

— Por favor, vem comigo – Mary a puxou, com insistência.

Hermione a seguiu por entre as mesas e se decepcionou ao ver Malfoy sentando com o pessoal do departamento de criaturas mágicas, junto com o tal de Camus. O auror, no caso, não parava de olhar para ela. O que a deixou irritada.

— Você queria ajuda com o que? – Hermione perguntou.

— Dê isso a Malfoy – Mary pediu, passando para ela um copo de cerveja – Não tenho coragem de dar a ele.

— Por que eu tenho que fazer isso? – Hermione perguntou, confusa.

— Por favor, só faz isso. Diz que fui eu que dei a ele. Estou morrendo de vergonha.

— Você está apaixonada por ele? – Hermione teve o cuidado de falar baixo, pois estavam pertos da mesa.

Camus não parava de olhar para elas, com um olhar curioso.

— Eu...sim – Mary respondeu, sem graça – Pode dar para ele a cerveja, por favor?

Hermione revirou os olhos, mas assentiu. Pobre Mary. Ela não sabia que Malfoy não gostava de ninguém, além de si mesmo. Ela se aproximou da mesa, sendo deixada sozinha por Mary, que correu para o lado de David. Ela tinha os olhos esperançosos, como se aquilo fosse muito importante. Hermione chegou perto de Malfoy, então tocou seu ombro. Ele girou a cabeça por cima do ombro, sentado ainda.

— Ah, é você – ele disse, parecendo entediado – O que você quer?

A soberba dele a irritava. Mas, ela faria isso por Mary e mostraria o quanto ele era um completo idiota, que não merecia seus sentimentos mais caros.

— Mary deu isso a você – ela passou a caneca de cerveja, por cima do ombro dele, deixando-a sobre o tampo da mesa. Se afastou, sentindo o aroma amadeirado dele, sentindo-se um pouco tonta – Cortesia dela.

— Ah, é? – Malfoy disse, parecendo achar graça. Pegou a cerveja então, tomando um gole – É horrível – ele parecia ter vontade de cuspir o líquido e olhou para ela – Isso não é uma forma de me envenenar, é Granger? Por que se for...

Então, ele parou de falar. Parecia confuso, então. Hermione teria protestado, dizendo que não perderia seu tempo pensando nele. Mas, algo a fez recuar. O olhar dele era estranho. Como se estivesse em transe. Seu olhar voou para o outro lado da mesa. Mary se contorcia, parecendo desesperada. Se levantou, saindo de perto da mesa. Hermione acreditou que Mary tivesse quem sabe, tentando envenenar Malfoy, mas então, o que ele disse a seguir a fez ver que não era isso. Era algo pior, na opinião dela. Muito pior.

— Hermione, você fez algo com seu cabelo?  - Malfoy perguntou, olhando profundamente para ela. Não havia mais hostilidade em seu olhar, apenas admiração. E isso parecia realmente ruim. Muito ruim. Ela deu um passo atrás, querendo alcançar Mary e sacudi-la – Você está muito bonita hoje.

— Ah...- Hermione murmurou, sem saber o que fazer. Olhou para Camus, que parecia esconder um sorriso. Talvez, ele soubesse o que estava havendo e parecia que não faria nada – Eu tenho que ir...

Ela deu as costas para Malfoy, procurando uma maneira de sair daquele bar, sem ter qualquer consequência sobre o que estava acontecendo com ele. Afinal, não era culpa dela que ele tomou a poção do amor. Não, não mesmo. Mataria Mary quando a visse. Contudo, não foi muito longe, como esperava. Alguém a segurou pela cintura. Sentiu os pelos da nuca eriçarem. A sensação era mais confusa e inesperada. Hermione não sabia interpretar as próprias reações do corpo.

— Por que você vai embora? – A voz de Malfoy era lenta, ronronante, em seu ouvido – Ou você está me convidando para ir junto?

— Eu não estou – Hermione tentou se soltar, mas o aperto dele era forte – Malfoy, me solta agora ou vou gritar!

— Por que? – ele perguntou, incrédulo – Eu amo você. Não pode ir embora assim – Sua voz continha agonia e sofrimento, o que a pegou desprevenida. Ouvir que ele a amava, mesmo influenciado pela poção do amor era malditamente confuso e estranho.

Ela se soltou, se virando para ele, colocando as mãos sobre seus ombros. Ele a fitava como se Hermione fosse uma pintura fascinante e bela.

— Malfoy, você não me ama. Ingeriu uma poção do amor – ela explicou. Ele abriu e fechou a boca, parecendo confuso – Eu sei que é estranho, mas você está sobre o efeito dela. E juro, eu não fiz isso...

Ele a agarrou pela cintura, ao invés de repeli-la, como ela pensou que ele fosse fazer. É claro, a poção parecia fazê-lo fazer coisas que não sentiria vontade, se não estivesse sobre o efeito dela.

— Eu sei que está mentindo – ele disse, com a voz baixa e profunda – Mas, não é necessário fazer isso. Eu sei o que sinto. E no momento em que a vi, eu realmente me apaixonei por você, Hermione...

Então, ele aproximou seu rosto do dela, de forma inesperada, beijando-a nos lábios. Ela ficou congelada no lugar, sentindo seus lábios quentes e macios. Nunca pensou que ser beijada por ele seria assim. Não que estivesse pensando nisso, mas imaginou que seu beijo seria insipido. Mas, havia tanta paixão que ela acabou entreabrindo os lábios e permitindo a passagem da língua dele em sua boca e retribuiu, mesmo que por segundos. Contudo, o empurrou, arrependida. Aquilo era muito, muito errado.

Quando abriu os olhos, notou o olhar intens dele, como se a queimasse. Ela estava entrando em combustão, então. E notou o olhar de todos da mesa, sobre eles. Aquilo era terrível. Terrível de verdade.

— Malfoy, você precisa parar com isso – ela tentou empurra-lo para se soltar, mas ele não permitiu – É melhor me soltar, antes que seja pior. Estamos fazendo uma cena aqui...

— Não quero que você vá embora. Eu vou com você, se você for – Aquilo parecia uma ameaça, mas ela sabia que não era. Ele a fitava com devoção e envolvimento que nunca dirigiu a ela antes.

Ela se soltou, com custo e pediu que ele a esperasse ali, perto das mesas. Parecia que todos os presentes no bar olhavam para ela, mas ignorou esse fato. Não era culpa dela se Malfoy estava agindo daquela maneira. O problema era se ele a odiasse no dia seguinte e acusasse de tê-lo enfeitiçado. O que seria muito injusto.

Chegou perto da mesa onde estava Camus. Todos fingiram conversar, mas olhavam-na de soslaio.

— Preciso da sua ajuda – ela disse a ele, que colocou o braço sobre o encosto da cadeira, com um olhar divertido – Mary fez uma tremenda burrada e me fez dar ao seu amigo a poção do amor. Ele acha que me ama. Você precisa cuidar dele, segura-lo, sei lá. Só faz isso para que eu possa ir embora.

— O que eu ganho com isso? – Camus perguntou, em tom petulante. Os olhos afiados – Parece divertido vê-lo pela primeira vez saindo com uma garota, mesmo que seja a força.

Hermione bufou.

— Qual é seu problema? – ela reclamou.

Ele riu, então.

— O meu problema? Nenhum. Eu apenas não vou me meter nisso, já que você literalmente deu a ele a cerveja de proposito – ele a acusou, em tom sarcástico e um sorriso irritante.

— Eu não fiz isso! – ela protestou, chamando a atenção de todos – Você um idiota.

— Ah, obrigado – Camus aceitou o insulto de forma calma, como se isso não o abalasse – Só por isso, vou deixa-la sozinha com ele. Estava pensando em ajuda-la, sabe?

Hermione fechou o punho, desejando acerta-lo, mas não fez isso. Ela apenas lhe deu as costas, esbarrando em alguém. Mal dera dois passos. Malfoy a segurou pela cintura, com um olhar doce demais.

— O que você queria com Camus? – ele perguntou, em um tom ciumento e possessivo.

Hermione o fitou exasperada.

— Eu...nada – ela respondeu.

— Você não estava dando em cima dela, estava? – Malfoy perguntou a Camus, que não havia saído do seu lugar.

— Claro que não. Parece que ela já escolheu um de nós – ele zombou – Só espero não o ver amanhã quebrando tudo.

Ele riu, então, parecendo se divertir com aquela situação. Ela odiou aquele cara, então. Nunca sentiu tanta raiva na vida.

— Vamos, Malfoy, vou te levar daqui, para um lugar seguro.

Ela sentia-se responsável por ele, afinal, ele não tinha um amigo que se preocupava com sua segurança. Malfoy estava vulnerável e por mais que merecesse se prejudicar por tudo que ele fez com ela, ela não faria isso com ele. Não iria se vingar.

— E para onde vamos? – Malfoy perguntou, parecendo alegre pela resolução.

— Logo você vai ver – Hermione respondeu, puxando-o para saída do bar.


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