O acordo Dramione escrita por Aline Lupin


Capítulo 1
Capítulo 1




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Hermione olhava para o lago, que refletia a luz da lua. Ela se deixara deitar sobre a grama, o céu refletindo estrelas. Constelações que admirava. Se levantara rapidamente, pegando sua câmera fotográfica profissional, tentando registrar cada instante.

— Hermione, é melhor entrar dentro da barraca – Seu pai a chamara, mas parou admirado, no instante que viu a filha usando a máquina que havia dado de presente em seu décimo terceiro aniversário. Onde tudo parecia promissor – Mais fotos das constelações, filha?

— Sim – ela dissera, clicando com a câmera e a afastando do olho – Depois que tive as aulas de Astronomia, estou adorando observar o céu.

— Ok. Mas, não demore para dormir.

*

Olhar de novo aquele lugar, depois de anos, apertava o coração de Hermione. Era um dos seus parques favoritos, que acampou com seus pais, antes da guerra vir. Antes de ter medo de Lorde Voldemort e precisar obliviar seus pais. E agora, eles eram o casal adorável, Wendell e Monica Wilkins. E ela não conseguia reverter o maldito feitiço. Não se fosse deixá-los com danos colaterais. Seu caso fora analisado por especialistas em obliviação e eles haviam lhe dito que não era possível devolver memórias retiradas. A não ser que quisesse causar danos irreversíveis a psique humana.

Lágrimas incessantes obstruíam sua visão. Ela olhou para o céu cinzento, sem sua beleza esplendorosa. Começava a estação do outono. As folhas marrons, vermelhas e amarelas forravam o chão. As árvores de copas altas estavam com os galhos nus, deixando com um aspecto lúgubre o local. Era seu lugar preferido. O local que acampavam com eles. E seu aniversário de vinte e um anos.

Nunca imaginou que teria de passá-lo sozinha, sem a presença deles. Sem o abraço reconfortante do pai, ou os bolos caseiros da mãe. Poderia passar a data com Harry, Rony e Gina, mas desejou ficar sozinha ali, acampando no meio de uma floresta. Os sons ao redor a reconfortavam e ela tinha uma varinha para protegê-la. Enfeitiçou todo o local, para ter o acampamento invisível e não ter nenhuma surpresa enquanto estivesse dormindo.

No dia seguinte, desmontou o acampamento, voltando para casa. Como não tinha onde morar e o dinheiro que havia guardado para emergência era pouco, Harry cedeu sua casa no largo Grimmauld como sua moradia provisória. Para sua sorte, o ministro da magia ofereceu a ela um cargo vitalício no Ministério. Ela escolheu o cargo no Departamento para Regulamentação e Controle de Criaturas Mágicas. Hagrid com certeza teria orgulho dela, afinal, ele fora um dos entusiastas quanto a ir para aquele departamento. E ela sentia que faria a diferença, afinal, um dos seus projetos que queria aprovação era o direito dos elfos domésticos. Que fossem tratados com respeito e dignidade. Infelizmente, nem todos queriam esse mesmo tratamento. E seria uma luta árdua ajudá-los. Teria sério problemas com as famílias bruxas que ainda tratavam elfos com desrespeito e mero serviçais.

Hermione se arrumou com esmero para ocupar seu cargo no Ministério. Já tinha concluído os estudos em Hogwarts e estava pronta para aquela nova jornada. Sabia que poderia se destacar em sua área. Havia feito um curso extensivo sobre obliviação e como fazê-la sem causar danos a psique humana. Se ao menos soubesse disso quando obliviou seus próprios pais, talvez nunca tivesse perdido eles.

Para chegar no Ministério, usou o pó de flu, um meio mais rápido de chegar até lá. Usou um feitiço após sair da lareira, limpando seu terno e saia lápis preta para ficar mais apresentável. Se apresentaria na recepção do Ministério, para depois assumir o cargo de assistente no Departamento para Regulamentação e Controle de Criaturas Mágicas.

Enquanto andava, sua visão periférica captou alguém conhecido. Os cabelos loiros eram inconfundíveis. Sentiu o estomago retorcer e continuou andando apressada. Não imaginava que Draco Malfoy estaria ali, no Ministério. Acreditou que ele tivesse partido para França, como era noticiado pelos jornais. Após o rompimento do seu noivado com Astória, se especulava quem seria sua pretendente e sua senhora Malfoy. Rita Skeeter atacou várias vezes, usando o nome dele. O que deveria ser muito difícil para Malfoy. Mas, isso não era problema dela.

Sentiu seu olhar sobre ela, mas não tentou conferir, entregando seus documentos rapidamente a recepcionista, que a guiou para o seu departamento.

— Siga para a ala oeste, tome o elevador para o quinto andar – ela explicou.

Hermione assentiu e seguiu pelo corredor, segurando sua bolsa de couro pela alça, um pouco mais nervosa do que deveria estar. Seguiu o fluxo de pessoas até o elevador da ala oeste e entrou, sendo prensada no fundo.

— Por favor, aperte para o quinto andar – ela pediu, para ninguém em particular.

Ninguém parecia ouvir.

— Por favor...

Ela sentiu a movimentação ao redor, então alguém apertara o botão. Quando a pessoa virou para trás, ela pode ver seu rosto. Não poderia ser ele. Malfoy novamente ali, era o destino zombando dela.

Hermione desviou o olhar do dele e olhou para os próprios pés. Quando o elevador anunciou o seu andar, ela passou direto, sem ver se ele estava ali ou não. Seguiu pelo corredor e encontrou a sala com a placa com o nome do departamento. Bateu na porta, sendo convidada a entrar.

Ela se deparou com uma repartição enorme, cheia de funcionários. Havia máquinas de escrever nas mesas, penas repetidoras rápidas, corujas voando de um lado a outro, memorandos em formato de avião, voando pelo ar e todos parecia estar trabalhando de forma tranquilo, como se o caos não estivesse pairando no ar.

— Ah, ai está você – Uma senhora disse, puxando-a pela mão, empurrando-a com a outra a base da sua coluna – Vamos até a sala do chefe do departamento. Sou a senhora Imelda Beauchamp.

— Bom dia, senhora Beauchamp – Hermione disse, um pouco atordoada.

Já sabia quem era o chefe do departamento. Apenas não o tinha conhecido. Sabia que ele gostava de café com muito açúcar. Que lia artigos esportivos e assistia o jogo de Quadribol do time Harpias de Holyhead, o qual Gina jogava com artilheira.

A senhora Beauchamp a guiou para uma porta em tom preto, com uma fechadura dourada no meio. Ali havia uma placa dourada em letras pretas escrito:

Departamento para Regulamentação e Controle de Criaturas Mágicas

Sr. Lewis

Edward Lewis. Ela já tinha visto várias reportagens sobre ele. E o quanto ela era jovem para o cargo. Apenas com trinta e cinco anos, já era responsável um departamento como aquele. Cuidado da seção de Feras, Seres e Espíritos, sem falhar em um momento. Era uma grande honra ser selecionada para aquele departamento. E ser aceita por ele. Nunca pode conversar diretamente com ele, apenas com Kingsley, que se mostrou feliz em indicá-la para aquele local. Ele até mesmo cogitou colocá-la como aurora, ao lado de Rony e Harry, mas ela preferia a calmaria burocrática daquele departamento.

— Senhor Lewis, aqui está a senhorita Granger – disse a senhora Beauchamp, depois de bater na porta e ela se abrir sozinha.

— Pode deixá-la entrar, por favor, Imelda. Obrigado.

A voz dele era suave. Ele parecia ser alguém muito bem humorado e gentil. Ela entrou no escritório e escutou o clique atrás de si. A senhora Beauchamp não entrou junto com ela. Observou a sala. Havia uma pilha de documentos em cima de uma escrivaninha de mogno. Além de estantes abarrotadas de livros, recostadas nas paredes. A iluminação era fraca, amarelada e vinha de um lustre sobre o teto. Nenhum sinal de janelas no ambiente. O ar recendia a charuto. E o senhor Lewis estava sentado de costas para ela, com um documento nas mãos.

— Sente-se, senhorita Granger – ele convidou, parecendo alheio.

Ela se aproximou da cadeira giratório de couro marrom. Engoliu a seco. Sentou-se, escutando o ranger do couro. Lewis se virou então, largando o documento sobre a mesa. Ele tinha cabelos castanhos claros, arrumando em um topete de lado, um rosto agradável e jovem. Vestia uma camisa social branca e por cima um colete marrom e dourado. Ele lhe deu um sorriso sem dentes, cruzando as mãos, apoiando o queixo oval. Seu olhar se tornou sério de repente, afinal, a conversa que teriam exigia seriedade. Contudo, Hermione prendeu a respiração. Sentia-se estranhamente nervosa e com medo de perder aquela oportunidade. Precisava mostrar que era competente e capaz de desempenhar sua função como assistente.

— Senhorita Granger. Agradeço por sua pontualidade – ele começou a falar – Acredito que ser pontual é a chave para nossa empreitada aqui dentro. Nosso departamento sofre de muitas demandas e estamos sempre correndo contra o tempo para resolver os problemas de ordem ordinária a grave. E preciso de uma assistente capaz para isso. Alguém que não se atrase e tenha o tato e cuidado com os documentos dessa repartição. Que saiba arquivar corretamente os documentos. Além disso, no trabalho de campo, tenha o cuidado e tato com o trato aos trouxas. Acredito que você seja ideal para o trabalho, afinal, é nascida trouxa e conhece muito bem o mundo deles. Acredita que é capaz de cumprir nossas exigências? Pode cumprir prazos e ser organizada com suas tarefas?

— Eu...sim – ela respondeu, mal reconhecendo a própria voz.

— Ótimo. Isso é tudo, senhorita Granger – ele disse, parecendo de bom humor novamente – Você começara o treinamento com a Imelda. Ela conhece esse departamento a vida toda e lhe dará todo o suporto. Está dispensada.

Hermione se levantou, com as pernas bambas. Caminho até a porta, que se abriu sozinha, sem que ela a tocasse.

— Ah, por favor, senhorita Granger. Poderia me trazer um café. Com bastante açúcar – Lewis pediu.

Hermione assentiu e saiu da sala. Procurou a senhora Beauchamp pela imensa sala e a encontrou com alguns colegas. Ela se aproximou e logo a senhora Beauchamp lhe passou as funções. Primeiramente Hermione iria cuidar da documentação relacionada as Feras. Tudo que fosse relacionado a eles, ela teria que arquivar e abrir o processo, cobrando os responsáveis sobre cada caso. Havia outros na função de assistente com ela, mas sua função principal era cuidar do arquivamento dos documentos e como secretaria, acompanhando cada caso e acrescentando informações se necessário.

— Onde posso conseguir um café para o senhor Lewis? – ela perguntou a senhora Beauchamp.

A senhora a fitou com um revirar de olhos.

— Ele começou de novo – ela murmurou.

— Como disse? – Hermione perguntou, sem entender o que ela disse.

— Nada, querida. Pode pegar do lado de fora. Tem uma sala separada para o café. É ao lado da nossa. Ah – a senhora Beauchamp entregou um crachá para ela – Use-o e não o esqueça, sim?

Hermione anuiu com a cabeça e foi atrás do café do chefe. Saiu do departamento e entrou na porta ao lado, onde estava escrito copa. Era uma cozinha, com geladeira e um fogão. Ao menos, ali havia a adição de tecnologia trouxa. Tudo estava bem organizado. Armários no alto, um balcão e uma mesa com quatro lugares.

Abriu os armários, procurando o pó de café, o filtro e a jarra de café. Com tudo pronto, ela rumou com uma bandeja, com xícara, pires e já tinha adicionado o açúcar no café. Abriu a porta do departamento com o uso da varinha e viu seus colegas a olhando curiosos. Seguiu adiante, sem olhar para trás e foi para a sala do senhor Lewis. Ele a recebeu, sem se dignar a olhá-la e a dispensou com um aceno, lendo um documento.

Hermione logo começou seu trabalho. Fora apresentada a todos no departamento, mas mal se recordava dos nomes. Dividia a seção de Feras com dois assistentes. Mary Wilson e David Thompson. Os dois pareciam bem humorados e gostavam do trabalho. E havia muita papelada a ser lida e arquivada. Teve que várias vezes procurar os responsáveis pelos processos iniciados em campo, mas alguns deles nem estavam no departamento.

Fora do departamento, no mesmo corredor, havia uma sala somente com arquivos que iam até o topo. A sala tinha extensões gigantescas, com um andar superior e um inferior, descendo por uma escada. Os arquivos estavam agrupados em seções. As das Feras, Seres e Espíritos. Classificados de A-Z. Hermione precisou se encontrar naquele lugar, para deixar os documentos em seus devidos lugares, usando a varinha, para alcançar gavetas do topo. Com a ajuda de Mary, ela conseguiu desempenhar seu papel muito bem.

Os dias passaram assim, sem qualquer ação. Apenas processos burocráticos. Até mesmo falar com os agentes de campo era difícil. Pois, muitos deles não tinham o costume de fazer relatórios e ela precisava tomar notas daquilo que foi feito em campo. Pareciam aborrecidos com essa intromissão e muitas vezes não respondiam. O que era muito irritante e atrapalhava o desempenho dela no trabalho.

E claro, ela precisava levar café todos os dias ao senhor Lewis. Ninguém se dispunha a isso. Ele sempre a chamava da sua sala, até mesmo enviando memorandos, que voavam até encontrá-la, apenas para lembrar do seu café. Ela começava a se irritar com isso também. Ele poderia ao menos levantar de sua cadeira e ir buscar seu próprio café, oras essa.

Fora isso, ela sentia que estavam indo bem. Em duas semanas, nada havia saído de errado, mas ela esperava um pouco mais de ação. Contudo, Kingsley já havia avisado ela que se escolhesse o departamento do controle de criaturas mágicas, ela apenas encontraria burocracia. Poucos agentes eram autorizados a ir a campo, para controlar feras (animais fantásticos), problemas com espíritos ou seres. E poucos eram autorizados a sair fora do país para ver a questão de regulamentação das criaturas mágicas. O maior problema do Ministério eram os dragões, que sempre eram usados de forma escusa. O sangue de dragão valia muito no mercado negro. Sua pele era caríssima. E já fazia alguns anos que o Ministério estava regulamento a questão dessa criatura mágica, para protegê-la.

Hermione sabia de tudo isso, mas não conseguia deixar de se aborrecer. O que mais faria da sua vida? Estaria sempre arquivando, pegando depoimento dos agentes de campo e servindo café para o senhor Lewis? Não seria desdenhar do seu intelecto?

Quando completou duas semanas e meia de trabalho, Hermione estava uma pilha de nervos. Lewis começara a reclamar do café e pedia encarecidamente que ela melhorasse do preparado. O que não fazia o menor sentido e não cabia em sua função de assistente. Em seu contrato não dizia que ela deveria servir café. Apenas atender a rotina administração do departamento.

Saiu bufando do escritório, sendo evitada por Mary e David, que perceberam o quanto ela estava irritada. Poderia até mesmo cuspir fogo.

— Eu disse que isso iria acontecer – a senhora Beachump disse, comentando com eles – O senhor Lewis parece sempre procurar alguém para a função de copeira, mas não percebe que por isso, perde funcionários.

Enquanto isso, Hermione tomava o elevador lotado para o saguão. Queria entrar em qualquer lareira que estivesse pelo caminho. Estava tão irritada. Queria gritar com o mundo todo. Mas, a única coisa que fez foi ficar de boca fechada. Apesar disso, estava fervendo como uma panela de pressão, prestes a explodir.

Saiu do elevador, sem olhar para trás. Ou para frente. Seus passos estavam firmes e visava a próxima lareira. Sem perceber, bateu contra algo sólido. Sua bolsa caiu no chão em seguida. Ela se abaixou para pegá-la, vendo uma pasta no chão e folhas espalhadas.

— Você não olha por onde anda não? – ela reclamou, tentando ajudar a pessoa a pegar suas folhas. Poderia estar irritada, mas iria ajudar aquele imbecil com seus documentos. Ela só queria ir para casa e tinha que dar de encontro com...

Draco Malfoy!

— Acho que você, Granger, é que não olha – ele retrucou, com um sorriso torto, agarrando os documentos no chão e depois, da mão dela. Se levantou, olhando-a de cima – Vai ficar agachada o dia todo?

Ela engoliu a seco, se levantando e ajeitando sua saia lápis.

— Você poderia ter desviado o caminho. Estou querendo entrar na próxima lareira e ir embora desse...desse lugar.

Ele a fitou com um ar indiferente.

— Tanto faz, Granger. Só olhe por onde anda – ele disse – Alias, não pense que me esqueci o que você fez com meu chá, no ano passado. Sei que foi você que colocou vomitilhas nele. Eu poderia processá-la.

Seu olhar era duro, como se estivesse prestes a voar em seu pescoço. Ela desviou o olhar, vendo uma lareira livre.

— Ótimo, me processa, Malfoy. Não ligo.

Então, sem deixá-lo replicar, ela seguiu para lareira e entrou, murmurando o nome da sua casa. O Largo Grimmauld. A última coisa que viu foi o olhar assassino dele, enquanto ela lhe dava um sorriso convencido.


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