de A a Z escrita por Mandalay


Capítulo 1
de A a Z — capítulo único




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Anastasia havia lhe indicado a biblioteca com um dos dedos - mesmo sabendo que aquela não era a direção correta visto que estavam ambos fora do campus - comentando que desde que sua arma fora aceita como estagiária, a mesma contava os minutos para o fim das aulas e assim que o sinal batia, sem nem pensar muito sobre se despedir de suas artífices, saia correndo em direção a biblioteca. A princesa dizia isso com um pequeno sorriso orgulhoso no rosto, contente pela amiga ter encontrado um lugar para ela na academia.

Tsugumi agora passava os fins de tarde como estagiária na biblioteca da Shibusen, auxiliando aquele senhor no que lhe fosse pedido e quem sabe, oferecendo algumas horas preciosas de descanso para o mesmo. Akane só não sabia dizer se o que sentia era orgulho ou tristeza em perder suas tardes ao lado de Harudori para o então bibliotecário.

Não que isso o impedisse de visitá-la quando Clay não estivesse por perto.

Se bem que naquele fim de tarde ele não iria vê-la á toa visto que precisava de livros específicos para as aulas de Sid logo, estava livre de inventar desculpas esfarrapadas quando as suas estavam praticamente esgotadas. E mesmo que Harudori fosse compreensiva diante da necessidade dele em sempre querer vê-la, ele sabia que ela conseguia ver claramente através de suas palavras.

Mas ele tinha um pouco de fé e talvez o sentimento fosse o suficiente para persuadi-la. Quem sabe.

— Veja bem o que você tem em mente para ela Hoshi, não quero ter que emendar um coração partido novamente.

A expressão séria no rosto de Anastasia a fazia parecer mais velha do que realmente era e no ato copioso de arrumar a armação de seus óculos ele apenas assentira em resposta.

— Eu falo sério, não queira ter a Mami nessa história também!

— Certo Yngling, certo, eu prometo que tenho a melhor das intenções com Harudori. Não duvide disso.

Ela bufou, estufando as bochechas.

— É bom mesmo!

Harudori não tinha apenas artífices eficientes como também havia encontrado boas amigas.

Amigas que ele esperava não decepcionar.

Indo em direção a sala reservada para livros da academia Akane se permitiu divagar meramente sobre as palavras da princesa. Procurando por algo que ele houvesse deixado passar a princípio e tentando não se distrair muito pensando em como Harudori estaria naquele dia, visto que os dois não haviam se encontrado durante as aulas mas, nada em seus próprios pensamentos lhe parecera estranho, apenas cuidadoso. Um cuidado excessivo talvez. E Anastasia não deixara de demonstrar preocupação em vê-lo procurando pela amiga, tal detalhe o fazendo pensar em o quê exatamente Harudori comentava com ela sobre ele isto é, se ela realmente comentasse algo sobre ele.

Não que eles realmente tivessem algo digno de nota, ao menos ele esperava que tivessem, mas Harudori as vezes era difícil de ler e justo nessas vezes ele esperava por um sinal dela. Uma resposta.

A porta de entrada para a biblioteca estava aberta e seus devaneios prontamente correndo ralo abaixo conforme ele passava pelo batente.

O senhor parecia menos cansado atrás do balcão, seus olhos menos fundos e as maçãs do rosto mais coradas do que ele se lembrava.

Pelo jeito a presença de Harudori fizera bem á ele, que parecia contente em vê-lo mais uma vez em sua biblioteca.

— Em que posso ajudá-lo hoje meu jovem?

— Preciso de um livro sobre almas.

Os olhos dele aumentaram.

— Em que sentido meu jovem?

— Biológico, acho - respondeu pegando o pedaço de papel onde anotara o que precisava pesquisar, correndo os olhos pelas palavras assentiu — é, biológico mesmo.

— Se bem me lembro temos muitos exemplares sobre, talvez a garota possa ajudá-lo a achar o que procura - conforme ponderava ele anotava as informações necessárias no papel que entregara a Akane em seguida — ou você pode procurá-los sozinho se quiser.

Um meio sorriso começara a tomar forma em sua feição enquanto agradecia ao bibliotecário. Não seria problema encontrar o livro que buscava por conta com o número das lombadas em mãos... ou ele poderia procurar por Harudori sozinho e com ela encontrar o livro que precisava.

É essa última parecia ser a melhor ideia.

Encontrá-la não fora tarefa difícil. Com sua facilidade em detectar almas próximas, por mais que ele procurasse ignorar o radar que mais parecia piscar e apitar sempre que alguém se aproximasse dele, e Clyde ainda dizia que seu talento era menosprezado pela teimosia que tinha em ignorá-lo mas não era ele que estaria em prantos, querendo arrancar as orelhas se estivesse em seu lugar. As caretas do amigo eram o suficiente para fazê-lo sorrir. Cada alma emitia um sinal diferente, como uma melodia ou aroma, logo não era difícil saber quem estava ao redor dele. Amigo ou inimigo pouco importava quando avistara Harudori completamente entretida em sua tarefa por entre uma das prateleiras, seus olhos se estreitando observando os números presentes na lombada de um livro para depois ordená-lo devidamente e assim partir para o próximo sem nem ao menos notar a presença dele ali. A alma da alabarda era curiosa, tímida até se comparada a de suas artífices mas curiosa num todo, quando naturalmente era silenciosa ele conseguia ouvir claramente um tilintar suave tocar sempre que as emoções da jovem estavam tumultuadas, como um furin no verão.

É talvez essa fosse a melhor maneira de descrevê-la. Delicada com a brisa em um dia quente de verão.

Quando enfim se aproximara do corredor onde ela estava os dedos de Harudori se esticavam acima de sua cabeça, conforme sua boca murmurava baixinho sobre onde colocara a escada da última vez que mexera nas estantes altas e ele se fizera notar a auxiliando quando, no processo, a fez quase derrubar o livro que tinha mãos.

— Akane!

— Harudori.

Ela fez uma careta.

— O que você quer aqui hoje?

— Sua ajuda.

— Para...

E enquanto uma de suas mãos pegava o livro das mãos dela e o colocava na estante mais alta, a outra mostrava o pedaço de papel que o bibliotecário havia dado a ele.

— Esses estão do outro lado, e acho que você consegue encontrá-los sem precisar da minha ajuda Akane.

— Mas você vai saber chegar até eles mais rápido do que eu.

— Mentira.

— Verdade.

— Não comece. Eu tenho que terminar de organizar os livros desse corredor antes de qualquer outra coisa e você sabe o seu caminho por aqui tão bem quanto eu.

O tilintar da alma dela se agitara brevemente anunciando que ele conseguira irritá-la mas tudo o que ele fazia ali era sorrir.

— Eu te ajudo e você me ajuda, assim nós dois podemos sair mais cedo daqui. O que acha?

De repente, a alma de Harudori parecera estar em meio a um turbilhão de sentimentos.

— Sair? Mas hoje a supervisora e as meninas planejaram uma noite de filmes no dormitório.

— E se eu te levasse para o cinema? Você poderia escolher o filme que quisesse e que eu me lembre, aquele filme sobre cachorros que você queria assistir ainda está em cartaz.

Ela o encarou, colocando dois livros em suas mãos e indicando as estantes mais altas.

— Você joga baixo Akane.

— Somente quando algo que quero está em jogo.

Para seguinte a isso, um rubor tomar conta do rosto alvo da alabarda.

— Você arruma os livros restantes, eu procuro os que você precisa.

E assim o artífice se resignara a olhar lombadas e repor os livros nos lugares certos, se atentando a tempestade que era a alma de Harudori conforme ela resmungava a distância. Mesmo sem uma resposta clara ao convite, tal reação valia de alguma coisa para ele.

Não era o desejado mas ao menos ele conseguira colocar seu ponto a mostra.

Ele só esperava que Anastasia e Mami não resolvessem descontar nele qualquer animosidade que viesse a surgir entre elas.

E quando o último livro fora colocado em seu devido lugar, Akane simplesmente seguira o ritmo agitado dela para encontrá-la no alto de uma escada, descendo com ao menos quatro livros de diferentes tamanhos em mãos para, no último degrau quase derrubá-los com o susto que levara ao encontrá-lo subitamente.

— Você tem que parar de me assustar assim!

— Me desculpe, é difícil não fazer isso quando você fica extremamente adorável assustada.

A pilha de livros fora subitamente empurrada em seu peito.

— Então se divirta lendo que eu vou voltar para o dormitório.

— Tsugumi! Espere!

— Não mesmo!

E lá se fora a alabarda, de nariz empinado e batendo os pés, rumo a saída mas não antes de se despedir do senhor bibliotecário.

E lá estava Akane. Sozinho. Na biblioteca. Com todos os livros que viria a precisar em mãos. Seguindo roboticamente ao balcão de entrada e marcando todos os exemplares que levaria para seus estudos.

O resto da tarde seguira em um borrão que nem mesmo as piadas de Clay, praticamente empoleirado sobre seus ombros, foram suficientes para distraí-lo de sua pesquisa. Os ingressos para o filme que comprara de antemão praticamente queimando um buraco no bolso de suas calças mas como ele já viera a presenciar, Tsugumi Harudori era e conseguia sempre ser imprevisível em suas ações, e quando ele entrava em cena essa constante parecia se tornar ainda mais certa, mesmo quando ele já se sentia confortável ao lado dela. Quando chegou ao final de seu relatório ele decidira também agir como tal e ser uma surpresa diante das ações dela, ignorando mais uma vez as chamadas do amigo e indo em direção ao dormitório feminino da Shibusen com apenas uma ideia em mente.

Não uma desculpa.

A pequena Kana fora quem o recebera a porta do dormitório, o olhar apático junto do gorro com orelhas de gatinho era um contraste curioso para a jovem que via o futuro em cartas questionáveis e que quando ele perguntara por Harudori, acabara recebendo uma de suas cartas. Esta com uma garotinha segurando um coração partido desenhado no centro e a palavra "confiança" abaixo. Sua mente entendera o recado bem demais para algo tão abstrato, pensando em como ele agira naquela tarde e resultando nele apenas entregando os ingressos para a jovem.

— Diga para ela ir com quem quiser, comprei pensando nela mesmo.

Kana assentiu, fechando a porta.

Quando os passos arrastados de Akane chegaram ao portão entrada um grito agudo chamara sua atenção. Era Tsugumi. Correndo. Quase tropeçando no próprio pé. Até que chegasse até ele com as mãos nos joelhos e uma falta de fôlego muito aparente, até que ela voltasse a olhá-lo nos olhos e um sorriso enfeitasse seu rosto vermelho.

Os ingressos estavam espremidos em uma de suas mãos.

— Então vamos ao cinema?

— E a sua noite de filmes?

— Anya disse que se eu ficasse emburrada a noite inteira ela me faria dormir na cozinha.

Com o coração leve e um pensamento de como os papéis haviam se invertido, Akane estendera a mão para ela.

— Certo, então vamos Tsugumi.


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Notas finais do capítulo

Nem acredito que isso foi tudo o que consegui aproveitar da leitura que fiz pela, sei lá, décima vez que peguei os volumes que tenho de Soul Eater NOT! e não é que tenha ficado ruim ficou eu só sinto que poderia ter ido mais longe mas não sei o quão longe..? Talvez me faltem experiências amorosas para aproveitar ou talvez eu só esteja de bode mesmo. Acontece com as melhores pessoas :B



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