Insomnia escrita por Mandalay


Capítulo 2
Insomnia — capítulo único




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Manhãs em cidades pequenas eram curiosas. Para os resolutos de pouco sono, acordar com o negro da noite se diluindo pouco a pouco e ganhando tons mais claros conforme as horas passavam era um ato de união ao desconhecido, como se um mero estalar de ossos ao se espreguiçar quebrasse esse elo mágico mas ainda assim, com o silêncio profundo e a falta de vida senciente fazendo seu comumente ruído algo sem nome permeasse o ambiente dentro das casas e seguisse pelas ruas. O amanhecer em cidades pequenas poderia ser descrito como um ato de igualdade entre homem e terra e os animais domésticos pareciam entender isso como ninguém, dominando muros e calçadas sem preocupação alguma sobre aqueles de pouca sorte que estavam tão atentos quanto eles naquela hora ímpia.

O orvalho da manhã depois de uma noite chuvosa era o detalhe magistral diante ruído de seus tênis pesando sobre os grânulos da calçada durante uma de suas caminhadas matutinas e, enquanto o ar frio o agraciava, saudando seu hábito de exercícios, sua pele começava a suar por debaixo das roupas e mesmo assim ele persistia em sua corrida, apreciando a paisagem ao redor enquanto podia. Era uma vista para além do comum que sua mente sempre ansiosa gostaria de poder eternizar em algum canto de sua memória.

Em breve ele não estaria mais ali e seu costumeiro hábito teria de ser mudado, ele perderia aquela paisagem para outras e nisso, seu sono se desregulara com ele acordando mais cedo do que estava acostumado.

Em breve seria a vista de outro lugar que ele veria.

Tatara já começava a sentir saudades de casa e ele não sabia como reconhecer tamanho sentimento diante disso, seus olhos marejando brevemente diante do pensamento.

Com as mãos sobre os joelhos e a respiração falha diante do excesso ele se perguntava se sair era realmente uma boa opção quando todos o incentivavam a fazê-lo. Seria ouvir seus amigos algo realmente válido ou deveria ele se acomodar diante do comodismo no qual vivia?

Kugimiya lhe dissera que cidades grandes são inquietas. Não dormem e não acordam devidamente. Grandes monstros que não sabem quando é hora de ceder a naturalidade de simplesmente ser.

Mas ele estava decidido. Mesmo estando incerto e inseguro em seu cerne. Com as mãos suadas e os pés tremendo em compasso, a certeza inabalável parecia contente em fortalecê-lo naquele momento.

O quão grato ele não se sentiria anos mais tarde, regressando ao colégio e encontrando um de seus antigos professores na sala onde entrara buscando por seu histórico escolar. Ele parecera surpreso em vê-lo, pouco lembrando de seu rosto mas conforme comentava sobre o tempo e seus dedos buscavam por uma pasta em uma lata enorme com gavetas enormes a memória parecera lhe dar uma mão e o brilho em seu sorriso parecera mais natural ao encará-lo com um papel grosso cheio de números e letras em mãos.

— Você mudou Fugita.

É, nisso ele tinha de concordar.


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Notas finais do capítulo

E aqui estamos, na faixa título da fanfic. Escrevi esse drabble numa manhã de uma noite mau dormida onde acordei cedo demais e saí para caminhar até o banco para tirar um peso da cabeça, na volta (pois o banco ainda estava fechado) me lembrei das corridas matinais do Fugita e acabou dando nisso, heh.



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