Antes do Imprinting (JACOB BLACK) escrita por thaisdowattpad


Capítulo 5
1x05: Velhos Conhecidos.




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  — Não fica perto daqui. — Eric respondeu de forma insegura e vaga, ao mesmo tempo em que olhou por cima do ombro e pareceu focar em alguém.

  Percebendo que havia alguma conspiração naquela resposta nada informativa, Rory o deixou ali e partiu para perto do primo, que no momento estava sendo consolado de forma exagerada por alguns dos amigos dele.

  A forma assustada que todos encararam a novata ao vê-la se aproximar a fez revirar os olhos rapidamente e suspirar.

— Mike, eu preciso ir até a delegacia. — não foi exatamente um pedido — As autoridades precisam saber o que aconteceu aqui, alguém pode estar à procura daquela mulher! — continuou e aumentou ainda mais a atenção de todos os olhares até ela.

— Não acho que ele está bem para dirigir... — opinou Jessica, que estava tipicamente ao lado do garoto.

— Não tem problema, eu posso dirigir. Faço o que tenho a fazer e então volto para buscar todo mundo. — Rory continuou a encarar unicamente o primo e em seguida estendeu uma mão para perto dele, claramente esperando receber a chave do carro.

— Não me leve a mal, mas acho que você também não está em condições de dirigir, Rory... — agora foi Angela quem se meteu, mas sendo sinceramente preocupada em vez de apenas invasiva — Desculpa. — lamentou.

— Eu estou bem. Quem não deve estar é a família daquela mulher, que já devem ter notado o desaparecimento e em breve vão receber a péssima notícia! — a novata apontou para o mar brevemente — Eu. Estou. Bem. — falou pausadamente para que a entendessem de uma vez por todas.

— O passeio acabou! — Mike anunciou de repente e se levantou — Vamos desmontar o acampamento, eu levo quem tiver que levar em casa e depois Rory e eu vamos à delegacia. — dito isso, já desarmou a cadeira que havia usado.

— Não precisava encerrar o passeio agora. — Rory foi para perto do primo — Era só confiar um pouco em mim e emprestar o carro. Não é justo todos pagarem por algo que eu consigo fazer sozinha! — resmungou.

— Não tem mais clima, estamos todos assustados com o que aconteceu. Vamos embora. — o mais velho falou, decidido.

— Obrigada por confiar em mim, primo. — ironizou e se afastou dali.

  Ainda com sua mochila nas costas, a Newton caminhou em direção à calçada onde os carros estavam estacionados, região que não havia areia. Ela se sentou, limpou os rastros de areia da pele, para só então calçar o tênis.

— Existe uma maneira mais rápida de contatar a delegacia sem ter que abreviar o passeio de todo mundo que já esperam o ano todo por um mínimo sinal de sol. — Lauren se achegou de repente e parou ao lado da novata.

— Levando em consideração que você aparenta me detestar, acredito que vá me incentivar a fugir daqui e pegar carona com um desconhecido desconfiável na estrada, certo? — abriu um sorriso sarcástico para a mais velha.

— Eu não te detesto, até porque nem te conheço. Só não vou te paparicar igual todo mundo, e acho até que você deve ficar de saco cheio disso, por isso prefiro agir diferente. — a garota rebateu em sua defesa — Enfim, tenho uma sugestão. Quer ouvir ou não? — perguntou.

— Não tenho nada a perder. — a novata deu de ombros e se colocou de pé ao terminar de amarrar seu tênis.

— Você poderia ir até a reserva e pedir para alguém te emprestar o telefone. Não tem tantas ocorrências na cidade, então acredito que em pouco tempo alguma viatura apareceria por aqui. — sugeriu Lauren, usando o polegar para apontar na direção que provavelmente era o caminho para a garota realizar sua sugestão.

— Poderia ter dado essa ideia quando os garotos da reserva ainda estavam aqui, assim eu poderia ter seguido alguém que sabe o caminho até lá. — Rory falou após observar de longe o caminho meio esquisito para alguém caminhar sozinho — Obrigada pela sugestão, mas vou ter mesmo que estragar o passeio de todos! — deu de ombros uma vez e se encostou no carro do primo para aguardar a carona.

— Eu sei ir até lá... — Lauren anunciou de forma despretensiosa e passou a encarar as cutículas.

  Ao ouvir a resposta inesperada, a expressão do rosto da novata se suavizou por alguns segundos, mas logo voltou a ficar séria ao perceber que a única pessoa que poderia ajudá-la era a única que ela não se sentia segura em pedir.

  Provavelmente por certa insegurança pela falta de intimidade entre as duas quase desconhecidas, o silêncio se instalou entre elas durante vários minutos, tempo suficiente para os outros adolescentes parar de encará-las com curiosidade e focar de verdade na arrumação do acampamento antes da partida.

— Vem logo! — a mais velha puxou a Newton pelo pulso e praticamente a arrastou dali.

  As duas passaram algum tempo correndo inclinadas em uma tentativa que ninguém da praia visse a direção que as duas tomaram, ou a fuga seria mal sucedida. Seguiram abaixadas como precaução somente até entrar na trilha, onde mantiveram os passos apressados por mais algum tempo mesmo após endireitar a postura do corpo.

— Eu só estou te seguindo porque você foi o recurso mais rápido que eu consegui e Deus sabe o quanto estou ansiosa para fazer alguma coisa por aquela mulher, mesmo não sendo nada suficiente para salvar a vida dela... Mas saiba que se estiver me sacaneando, você não vai querer conhecer meu lado indelicado! — Rory cortou o silêncio entre as duas após alguns minutos e depois encarou brevemente por cima do ombro.

— Relaxa um pouco, Newton! — Lauren soltou uma fumaça pela boca e nem se importou em atingir a mencionada — A cidade é pequena. Se eu te mato, minha reputação vai à merda em 30 segundos. E eu tenho uma reputação a zelar pelo menos até ser aceita em alguma faculdade! — comentou e riu sozinha, onde cuspiu mais um punhado de fumaça.

— É sério que você está fumando maconha uma hora dessa? — parou de andar e se virou para encará-la, seu rosto tendo uma expressão incrédula com o que estava vendo e o cheiro ruim que estava sentindo.

— Sim, e acho que você também deveria, para talvez relaxar um pouco. — a mais velha sorriu de forma boba e aproximou seu cigarro do rosto da outra — Se você tiver um treco antes de chegar ao telefone, não vou fazer a denúncia por você! — avisou.

— Não, obrigada. Prefiro continuar sóbria! — Rory recuou e abanou a mão em frente ao seu nariz como se quisesse livrar seu olfato daquele cheiro incômodo.

— Mas você não parece sóbria. Hoje se colocou em risco para salvar uma pessoa que você foi a única que viu, então acho pouco provável que seja real! — ela rebateu e deu uma nova tragada enquanto voltava a caminhar.

— Eu sei o que eu vi! — a novata escondeu seu nariz com as mãos e permaneceu dessa forma conforme caminhava.

— E eu sei que os garotos que te salvaram não viram nada, então dou credibilidade para a maioria! — rebateu outra vez e soltou um novo punhado de fumaça que atingiu a outra pela milésima vez.

— Eu sei o que eu vi. E não preciso que você e nem aqueles garotos acreditem em mim! — resmungou uma última vez e apressou seus passos para manter alguma distância daquela garota e a maconha dela.

・ 彡

  Após longos — no ponto de vista de alguém ansioso — minutos de caminhada, as duas garotas avistaram sinais da civilização mais uma vez, apesar de ainda estar repleto de natureza por toda parte.

  Haviam várias casas de madeira em certa distância uma da outra, algumas em cores rústicas e outras optando por cores mais vivas. As casas pareciam ter sido construídas de forma alinhada para deixar um espaço central livre, espaço que se assemelhava a uma clareira.

  Ali naquele espaço, no momento, haviam algumas crianças brincando com uma bola e um único adolescente que tinha um tamanho desproporcional — bem superior —, o que o deixava com uma vantagem injusta no jogo. O grupo tinham muitas semelhanças nos traços físicos, a pele marrom-avermelhada, o cabelo e olhos escuros, mas o que diferenciava o mais velho dos pequenos era que ele era o único com cabelo longo.

— Ei, garoto cabeludo!? — Rory o chamou e foi se aproximando apesar da grande possibilidade de levar uma bolada por acidente.

  Ao contrário dela, Lauren havia ficado um pouco para trás, uma distância segura para não virar o gol de ninguém. Ela não parecia alguém com senso de humor suficiente para levar na esportiva uma bolada desferida por uma criança.

— Quem? — o garoto mais velho pausou a brincadeira com as crianças para interagir com a recém-chegada.

— Você, o do cabelinho. — ela gesticulou de forma impaciente para ele.

— É Jacob. — enquanto parecia se controlar para não rir do apelido que havia ganhado, o garoto se apresentou e foi se aproximando da visitante — Quem é você e o que quer? — foi sua vez em despejar perguntas.

— Caso você tenha um, eu preciso de um telefone. É uma emergência! — a Newton ignorou a parte das apresentações e também foi caminhando para diminuir logo a distância entre os dois.

— Não posso levar estranhos em minha casa. Ordens do meu pai. — ele não parecia do tipo que seguia regras avidamente, mas demonstrava querer ganhar algum tempo para analisar a novata e vasculhar qualquer sinal ruim para desconfiar da índole.

— Ok. Eu procuro outra pessoa. — resmungou e fechou a expressão — Você ao menos pode me responder em qual casa Meryl Black está, ou seu papai também te proibiu de ceder informações a estranhos? — não conseguiu evitar certa rispidez na voz.

— Claro, Meryl Black é minha tia! — um grande sorriso se abriu no rosto do nativo ao ouvir o nome da parente.

— Ótimo, então me leve até ela e acho que ela pode me ajudar muito mais do que você foi capaz. — ousou puxar o garoto pelo braço e o obrigou a andar ao lado dela de forma apressada.

— O que aconteceu? É algo com você? Isso explicaria tantos arranhões... — Jacob puxou assunto e nem pareceu se importar em estar quase sendo arrastado pelo caminho, apesar de ser tantos centímetros mais alto que a novata.

— Não é comigo, eu estou bem. Se não se importa, eu não estou em um momento bom para interagir com novas pessoas. No momento eu só preciso de três coisas agora: Meryl, telefone, polícia! — disse Rory, enquanto soltava o braço do garoto apenas para abraçar o próprio corpo ao sentir calafrios de repente.

— Polícia. — o garoto repetiu e então abriu um novo sorriso — Pode dispensar o telefone, eu tenho uma ideia melhor! — avisou e em seguida foi sua vez em puxar a garota para acompanhá-lo mais rápido na caminhada.

  Rory acompanhou o desconhecido praticamente correndo, levando em consideração que suas pernas eram minúsculas perto do garoto mais alto e no momento provavelmente com muito mais energia do que ela. Passada a adrenalina do susto na praia, seu corpo começava a sentir a exaustão e dores causadas pela tentativa — falha — de resgate àquela mulher no mar. Isso poderia explicar os calafrios pelo corpo e dores espalhadas pela cabeça inteira.

  Dando a volta em uma das casas, os dois adolescentes foram recebidos por vozes misturadas e música em um volume discreto. Havia um pequeno número de pessoas reunidas naquele espaço, além de outras crianças correndo de um lado para outro.

  Enquanto todas as pessoas usavam roupas comuns de dia-a-dia, um homem se destacou no meio delas por estar usando um uniforme policial.

— Charlie! — Jacob parou de andar de repente e acenou para o adulto se aproximar.

  Ao avistá-lo, o mencionado pareceu pedir licença para as pessoas que estava conversando e só então caminhou para perto do garoto, mas a todo momento fixando seu olhar na figura feminina logo ao lado. Ele tinha a pele clara, cabelo castanho e não parecia tão velho, apesar de seu bigode claramente envelhece-lo alguns anos.

— Jacob, o que houve? — colocou as mãos na cintura ao parar perto dos dois adolescentes, os olhos demonstrando curiosidade.

— Eu estava na praia e acabei presenciando um afogamento mas não era ninguém do meu grupo de amigos e a praia estava vazia até o momento então não faço ideia de quem seja só sei que era uma mulher ruiva e ela tentou se ajudar e eu... — a Newton despejou tudo de uma vez e sem pausa, até ser interrompida.

— Calma, respire. Você vai acabar desmaiando! — o policial a conteve — Respire e continue devagar. — pediu.

— Eu só... eu tentei ajudar uma mulher que estava se afogando e não consegui, então pelas próximas horas pode aparecer algum corpo na praia. E caso alguém vá a delegacia notificar algum desaparecimento nas próximas horas, pode ser que estejam procurando essa mesma pessoa. — conseguiu continuar um pouco mais contida, mas sem poder evitar tremores em suas mãos ao repassar o acontecimento traumático mais uma vez.

— Você se lembra de mais alguma característica? — o interrogatório continuou.

— Muito branca e ruiva... um ruivo suficiente para ser visto mesmo em meio às águas não tão claras de La Push. — Rory detalhou, fechando os olhos algumas vezes com os pudesse refrescar sua memória.

— Rory, o que está fazendo aqui? Achei que estaria na praia com Mike. — Meryl apareceu por ali e foi para perto da parente.

— Meryl. — a garota sentiu algum conforto ao ver pelo menos um rosto conhecido por ali — Aconteceram alguns imprevistos... Mas nós dois estamos bem, não se preocupe. — explicou.

— Rory... Mike... Você é uma Newton? — o chefe de polícia perguntou, parecendo levemente surpreso.

— Sim. — a mais nova assentiu em concordância.

— Eu até queria te desejar boas vindas, mas não acho que seja apropriado agora. — o adulto passou a encará-la ainda mais atentamente agora.

— Nunca vai ser um momento apropriado, eu acho. Mas enfim... Será que poderíamos ir para um lugar mais reservado e coberto? Eu só vim preparada para o sol. — pediu e em seguida apontou para seu vestido de verão.

— Podemos fazer melhor do que isso. Garota, se nós fossemos para a delegacia, você acha que conseguiria dar mais características para que montemos um retrato falado? — o chefe de polícia deu uma outra sugestão.

— Delegacia? Retrato falado? — a expressão de Meryl tornou-se entre confusa e assustada.

— Ela tentou salvar uma mulher desconhecida que estava se afogando em La Push e acabou não conseguindo. — o adulto resumiu rapidamente e logo voltou a atenção para a mais nova.

— Não consegui chegar tão perto para conseguir um reconhecimento... eu sinto muito. — Rory lamentou e passou a massagear seus braços gelados.

— E mais alguém a viu? — outra pergunta.

— Sim! — respondeu rapidamente, mas logo repensou melhor — Quer dizer... não. — corrigiu.

— Sim ou não? — uma das sobrancelhas escuras de Charlie se arqueou em confusão.

— Jared Cameron e uns outros garotos foram tentar me ajudar logo depois, mas... disseram que não encontraram nada. — a Newton se explicou, a voz ficando um pouco embargada — Mas eu juro, chefe Swan, juro por minha família que eu realmente vi aquela mulher! — se angustiou com a própria falta de provas.

— Tudo bem, eu acredito em você. — o homem falou, tocou rapidamente no ombro da mais nova e então desviou o rosto para outra direção — Meryl, posso falar com você um momento, te situar melhor do que está acontecendo? — falou com a conhecida.

— Claro. — ela concordou e o acompanhou para se afastar alguns metros dali.

  Rory apertou seus braços outra vez e estremeceu, desviando agora seu olhos da direção dos adultos para tentar procurar por Lauren. Ela retornou alguns passos o suficiente para conseguir ver a clareira outra vez e notou que por ali só haviam as crianças, nenhuma sinal da amiga de Mike.

— Toma, Rory. — a voz de Jacob atraiu sua atenção de volta.

  Com o foco total na conversa com o chefe Swan, a Newton nem havia percebido que o sobrinho de Meryl havia saído de perto deles, até vê-lo ali segurando e oferecendo um casaco para ela.

— Eu vou te agradecer pelo resto da vida, Jacob! — rapidamente ela retirou sua mochila e usou as mãos livres para vestir o casaco tão maior do que ela, que estava tão perfumado que quase a fez espirrar.

— Espero que Charlie não tenha notado o cheiro e que o perfume consiga ofuscar. — o garoto sussurrou para a recém conhecida.

— Cheiro? Que cheiro? Eu estou fedendo? — mesmo com o casaco perfumado, ela ergueu os braços e tentou cheirar as axilas.

— Não esse cheiro, o cheiro da... — ele segurou e abaixou os braços da garota como se quisesse que ela continuasse sendo discreta — Cheiro de maconha. Está exalando da sua roupa. — sussurrou perto do ouvido dela.

— Eu não usei maconha. Foi a... outra pessoa. — sussurrou inconformada para o garoto — Meu Deus... se o chefe Swan sentiu o cheiro, ele também não vai acreditar em mim! Ele. Não. Vai. Acreditar. Em. Mim... — seus calafrios pioraram a ponto de tremer o maxilar.

— Se acalma. — pareceu que para Jacob a solução para tentar acalmar a desconhecida foi arrancando sua própria camiseta — Tia, Charlie, venham até aqui! — um tom alarmado e então ele pressionou o tecido contra a nuca da garota.

— Ai! — a Newton se esquivou ao sentir um incômodo super dolorido, em seguida levou a mão até a nuca e sentiu dor novamente ao tocar com as pontas dos dedos.

  Após uma caretinha de dor e novos calafrios, o olhar da novata focou na camiseta e notou o tecido todo sujo de vermelho, assim como as pontas dos seus dedos.

  Sangue.

— Mas que merda! — resmungou entre os dentes, que estavam apertados devido a quantidade de dores e incômodos que iam da sua cabeça ao resto do corpo.

— Hospital. Agora! — Charlie se apressou para perto da mais nova e passou a ampará-la em direção a viatura.

— Jacob, leve meu carro para o haras. — Meryl falou rapidamente com o sobrinho e depois também foi em direção a viatura.

・ 彡

  O percurso de La Push até o Hospital da cidade foi barulhento. Charlie havia feito questão em ligar a sirene e tirar do caminho qualquer automóvel que pudesse atrasá-los alguns segundos que seja.

  Rory ficou envergonhada com aquilo que achou ser exagero completo, até pensou em usar a camiseta de Jacob para cobrir sua cabeça inteira em vez de somente a nuca, já que sua vontade era evitar ao máximo que decorassem seu rosto e ela virasse o comentário principal da cidade pelos próximos dias.

  Não estava com tanta dor, apenas incômodos espalhados por seu corpo provavelmente pelos arranhões que sofreu nas pedras do mar abaixo do penhasco. Enquanto ao ferimento da cabeça, tentou mentalizar que não passava de um corte superficial, apesar de todo o sangue que já manchava parte do tecido da camiseta.

  Chegando ao hospital da cidade, Meryl amparou Rory dramaticamente, quase a carregando no colo. O novo exagero irritou a garota, mas nada poderia fazer já que aquilo era apenas consequência de seus impulsos.

  Charlie se adiantou na frente das duas e chegou primeiro na recepção, onde pareceu passar algumas informações para a recepcionista, que logo se levantou de sua cadeira e puxou o telefone provavelmente para chamar alguém. Logo um enfermeiro apareceu trazendo uma cadeira de rodas e, sem ter chance alguma de protestar que conseguia andar com as próprias pernas, Rory foi colocada sentada e foi levada para outra direção no hospital.

  A Newton foi colocada na sala de emergência, uma sala longa com uma fileira de camas separadas por cortinas. Uma enfermeira que estava por ali colocou um medidor de pressão arterial no braço da paciente e um termômetro embaixo da língua.

  Passados alguns segundos, ela anotou a pressão e temperatura em uma ficha em cima de uma mesinha aos pés da cama, e recolheu seus instrumentos de trabalho. Ela mal terminou e o médico surgiu no campo de visão, indo apressado até ali. Ele tinha o cabelo todo cinza e a pele envelhecida, revelando uma provável idade avançada.

— Olá, Lorelai. Eu sou o dr. Gerandy e eu vou atende-la hoje. — o homem se apresentou e passou o olhar na prancheta de anotações antes de seguir para perto da paciente — Como se sente? — perguntou.

— Bem. Eu não entendi tanto desespero para que eu chegasse logo aqui, se eu só estou com alguns arranhões. — Rory respondeu sinceramente, apesar de ainda pressionar o tecido em sua nuca.

— Eu vou dar uma olhada no ferimento de sua cabeça, ok? — o mais velho continuou a falar num tom de voz que geralmente se usava com crianças, o que quase fez a adolescente revirar os olhos.

  O médico se aproximou e direcionou a cabeça da paciente numa posição levemente inclinada para que ele pudesse analisar melhor. Em seguida afastou devagar a mão e a camiseta que pressionavam o ferimento, usando uma lanterna clínica para observar melhor.

— Aparentemente é superficial, apesar de tanto sangue. Mas de qualquer forma vou pedir alguns exames para conferir internamente. — ele pressionou uma gaze no ferimento e causou uma caretinha na mais nova — A enfermeira vai fazer um curativo para estancar o sangramento e poder te levar aos exames, ok? — acrescentou.

— Tudo bem. Obrigada, dr. Gerandy. — agradeceu — Só tenho uma dúvida, mas não tem a ver comigo. — chamou a atenção dele de volta.

— Se eu souber responde-la. — Dr. Gerangy permitiu e esperou.

— Isobel Newton começará a trabalhar aqui? — perguntou com óbvia ansiedade em receber aquela informação e isso causou um sorriso no mais velho.

— Sim, sua mãe começará a trabalhar aqui na próxima semana. — respondeu e revelou ainda que sabia sobre o parentesco entre as duas — Eu volto para vermos os resultados dos exames. — avisou e se afastou assim que a enfermeira ficou em seu lugar segurando a gaze.

  Com a saída do homem, as duas femininas ficaram ali em silêncio por algum tempo, enquanto a enfermeira começava seu trabalho. Ela higienizou o local do ferimento e passou gaze mais de uma vez, até parecer satisfeita e finalmente fixar usando esparadrapo.

— Sua mãe me pareceu uma pessoa bem legal. Ela fez questão de cumprimentar o hospital inteiro antes da entrevista e após fez o mesmo percurso para dar a notícia de que havia conseguido o trabalho. — a mulher segurou o braço da mais nova para ajuda-la a levantar da maca e voltar a cadeira de rodas.

— Minha mãe é intensa às vezes. — sorriu divertida para a informação — Sem querer fazer propaganda, mas ela é incrível com todo mundo, seja quem for, mesmo sendo a pessoa que menos merece... — ao finalizar, o avô veio à lembrança e retirou seu sorriso do rosto.

— LORELAI! — a própria Isobel Newton surgiu apressada por ali, seu rosto pálido de preocupação.

— Mãe, eu estou bem. Quando você me chamava de cabeça dura, era literalmente! — Rory tratou de puxar uma brincadeira imediatamente para tentar relaxar toda a tensão que a mãe demonstrava. 

— O dr. Gerandy passou alguns exames por precaução, já que o ferimento foi na cabeça. Mas visivelmente a garota está muito bem! — a enfermeira se juntou a tentativa de acalmar a nova colega de trabalho.

— Obrigada, querida. — a Newton mais velha agradeceu a outra mulher, os olhos levemente marejados — Vão logo aos exames, eu aguardo aqui! — incentivou, ansiosa.

— Se acalme, dona Isobel! — Rory ainda pediu em tom de humor antes de começar a ser levada dali.

・ 彡

  O humor de Rory foi se recuperando e ela conseguiu mantê-lo durante todos os exames, até chegar ao exame de sangue. Então ficou entre desanimada e irritada outra vez.

— Esse exame foi o chefe Swan que pediu ao doutor? — a Newton sugeriu, enquanto desviava o olhar para não encarar a agulha furando sua pele.

— Não. Por que ele pediria? — a voz da enfermeira saiu baixa, relevando óbvia incerteza naquela resposta — Terminamos aqui! — avisou e finalizou colando um curativo no local do furinho na pele.

— Ele não acredita nas coisas que contei porque não tenho prova alguma, mas quer tentar justificar isso usando N motivos em vez de dizer diretamente que não vê motivos para acreditar. Eu sei que o sangue é para exame toxicológico! — seu rosto se tornou sério como estava durante todo o caminho na viatura, mas agora havia certa mágoa também.

— Policiais não vivem só de provas, mas de teorias também. Pode ter certeza que ele vai averiguar seu relato, querida. E se vai, é porque acredita em você. — a mulher tentou amenizar a situação.

— Duvido muito. Não existe uma única pessoa que acredita em mim sobre isso. — dito isso, Rory moveu a cadeira de rodas em direção a porta da salinha de coleta.

— Vai dar tudo certo, fique tranquila. — outra palavra de conforto da enfermeira e então ela começou a empurrar a cadeira de volta a sala de emergência.

・ 彡

  Os resultados dos exames chegaram e Isobel ficou tensa mais uma vez, enquanto Rory permaneceu sentada tranquilamente em seu leito. Charlie Swan chegou logo em seguida, mas ficou em um espaço discreto para não invadir o espaço familiar.

— A tomografia mostrou que ela teve uma pequena concussão, apesar do corte superficial na cabeça. — dr. Gerandy anunciou e mostrou o exame exato para a mãe da garota, que o pegou para observar mais de perto.

— E lá se vai minha última credibilidade! — Rory respirou fundo e levou as duas mãos ao rosto, sentindo-se decepcionada pelo diagnóstico.

  Se fosse em outra ocasião, teria comemorado internamente a possibilidade de ficar alguns dias sem ir para a escola e sendo paparicada o tempo inteiro por ter ficar de observação e repouso durante algum tempo. Mas ter uma concussão na cabeça naquele exato dia prejudicava aquilo o que ela mais havia tentado fazer nas últimas horas, que era provar que havia mesmo tentado salvar uma mulher na praia mesmo sendo ela a única a vê-la.

  Alguns dos sintomas comuns de uma concussão era perda temporária de memória e confusão.

— Eu vou precisar ficar aqui de observação? — após alguns minutos em silêncio apenas tentando se recuperar do baque, Rory conseguiu perguntar — Se não for tão grave, eu preferia ir para casa... — acrescentou.

— Levando em consideração que todos os outros exames estão ótimos e não mostraram nada fora do normal, acho que você pode ser observada em casa mesmo. — o mais velho respondeu.

— Está tudo realmente bem com ela, não é? Eu confio no senhor, mas Rory é o meu oposto e não gosta de ficar tanto tempo em hospital, então pode ser que esteja se fazendo de durona para ser liberada! — Isobel resolveu perguntar por via das dúvidas, o que provocou um suspiro impaciente na mencionada.

— Mãe, vamos embora. Eu estou bem de verdade. — ela pediu e desceu da cama.

— Ei, ninguém disse que você poderia se levantar! — a Newton mais velha se apressou para perto da filha e a empurrou de volta para o colchão.

— Já podemos ir. Eu. Estou. Bem. — a garota repetiu pausadamente para ver se pelo menos assim era ouvida.

— Vamos dar um voto de confiança a ela. — dr. Gerandy falou com a mãe e sorriu divertido para o desespero da paciente.

— Tudo bem. Mas vou ficar com olhos grudados em você, mocinha! — avisou Isobel, enquanto apontava para seus olhos e depois na direção da filha.

— Só assine aqui. — um último pedido do médico, que foi obedecido prontamente pela responsável pela garota — Obrigada. Melhoras, Rory. E nos vemos em breve, Isobel! — se despediu.

— Nos vemos em breve, dr. Gerandy! — a mulher acenou gentilmente em despedida.

— E então, chefe Swan, você não acredita mais em mim, não é? Afinal, eu sofri um trauma na cabeça. — Rory usou um tom magoado ao se referir ao policial que ainda estava por ali, mesmo que ainda sem se meter — O bom é que ao menos consegui provar que não usei drogas! — apontou para o curativo do exame de sangue.

— Se você defendeu seu ponto tão arduamente, então não tenho outra escolha senão acreditar. — mesmo inseguro em suas palavras, ele optou por tentar apoiá-la.

— Charlie? Charlie Swan? — a expressão de Isobel tornou-se surpresa e em seguida ela se apressou para perto do mencionado — Sumido! — ousou agarrá-lo em um abraço.

— Izzy! Muito bom te rever! — apesar de um pouco desconfortável por parecer ser exatamente essa sua personalidade, o homem retribuiu o gesto durante alguns segundos.

— Quanto tempo, meu amigo. A última vez faz o que, uns 4 anos atrás? — desapertou o abraço para encará-lo melhor.

— Exatamente. Eu dei uma parada de ir para a Califórnia. Sabe como é, minha filha cresceu e adolescentes não gostam de passar tanto tempo com os pais! — ele sorriu e pareceu começar a ficar mais à vontade à medida que a conversa fluía.

— E o Waylon? — a própria pergunta fez Isobel diminuir a euforia o suficiente para qualquer um perceber.

— Nós dois podemos marcar no Carver Café amanhã? Podemos colocar os assuntos dos últimos quatro anos em dia! — Charlie pareceu querer adiar aquela resposta.

— Café da manhã? — a mulher deixou clara sua pressa pelo encontro.

— Pode ser. Nos vemos amanhã então. Foi bom te rever, Izzy. — assentiu e começou a dar alguns passos para a saída do lugar — Fique bem, garota. — acenou para a adolescente que os encarava com curiosidade.

— Como você já conhece o chefe Swan? — Rory mal esperou o adulto saiu e tratou logo de perguntar.

— Todo mundo acaba visitando a Califórnia algum dia! — a adulta deu uma resposta vaga e sorriu — Vamos, que até agora você parecia ter pressa para ir embora! — a puxou para também saírem dali.

— Eu vou cobrar essa história mais tarde. — enquanto acompanhava a mãe para a saída da emergência, ela avisou.

・ 彡

  Não sabia se pelos efeitos dos analgésicos ou simplesmente cansaço tanto físico quanto mental, mas ao chegar em casa tudo o que Rory conseguiu fazer foi tomar um banho rápido, vestir um pijama e então apagou.

  Adormeceu de uma forma tão pesada, que se teve o mesmo sonho outra vez, seu cérebro não teve tempo de memorizar e sua mente era um espaço em branco ao acordar no meio da noite.

  O cérebro não se lembrou de muita coisa, mas o estômago de imediato mandou um aviso de que faziam horas desde sua última refeição, os roncos tão altos que quebraram o silêncio do quarto.

  Com a queda da temperatura, a Newton saiu de sua cama e rapidamente puxou o edredom mais fino para os ombros, o deixando em um comprimento suficiente para não se atrapalhar e rolar pela escada ao descer para a cozinha. Então ela saiu do quarto em passos mais silenciosos possíveis.

  Ao chegar ao andar inferior, sua atenção foi tomada pela luz que vinha da cozinha e os pequenos ruídos, revelando que ela não havia sido a única a pensar em assaltar a geladeira. Pensou em voltar imediatamente ao quarto, mas um novo ronco barulhento incomodou seu estômago mais uma vez, revelando que seria impossível voltar a dormir sem antes comer alguma coisa.

  Sua única opção no momento foi enfrentar seus receios em encontrar alguém indesejável, pelo menos para pegar alguma comida na geladeira e logo voltar ao quarto.

  Então acabou caminhando em passos extremamente lentos e à medida que se aproximava, a insegurança causava tremores em seus joelhos. Mas parte da tensão se desfez ao notar que era apenas Mike devorando um pedaço de bolo decorado.

— Boa noite! — Rory cumprimentou enquanto ia adentrando devagar na cozinha, passos receosos ao notar que a expressão do primo se fechou imediatamente.

— Como se sente? Está melhor? — perguntou e voltou a dar atenção ao pedaço de bolo, como se tentasse qualquer pretexto para evitar contato visual.

— Nunca estive mal. — respondeu rapidamente e foi para perto do garoto, espiando o doce que ele estava comendo — Esse bolo está com uma cara ótima! — comentou a fim de tentar disfarçar o desconforto instalado entre os dois.

— E está. — assim como parecia evitar encarar, ele também tratou de ser monossilábico.

— É do aniversário do filho do Harry? — a Newton mais nova insistiu mesmo assim, enquanto virava para a geladeira para procurar pelo doce.

— Sim, eles enviaram para cá já que a Meryl e o vovô tiveram que ir embora no começo da festa. — havia ressentimento em sua tentativa óbvia de indireta.

— Ele não ficou na festa? — perguntou, enquanto puxava para fora da geladeira um recipiente com vários pedaços de bolo e em seguida fechava a geladeira com o quadril.

— E você não soube? Achei que seus novos amigos nativos iam te informar sobre isso, já que estão tão amigos a ponto de você escapar para encontra-los na festa. — Mike desviou um pouco a atenção apenas para pegar seu copo de leite e beber alguns goles.

— Eu não tenho amigos em Washington e não fui em aniversário nenhum, estava só tentando resolver o meu problema e você sabe muito bem disso! — rebateu com um pouco de impaciência.

— E não poderia simplesmente me esperar para isso? Precisava sumir e deixar todo mundo preocupado, ainda com risco de se perder pela mata? — dessa vez o Newton havia deixado bem visível sua chateação.

— Eu não estava sozinha e estávamos seguindo a trilha. — parou de encarar o mais velho para focar sua atenção em se servir com um pedaço grande de bolo.

— Me deixe adivinhar... estava com Jared? — Mike soltou uma risadinha forçada — Não estou nada surpreso. — o sorriso se reprimiu outra vez.

— Jared? — fechou a expressão ao encarar o parente outra vez — Eu não estava com ele, estava com a Lauren. — explicou.

— A Lauren? — outra vez o garoto soltou uma risada — Ok... — um sorriso de deboche se manteve em seu rosto.

— Por que eu mentiria sobre isso, ainda mais sendo uma situação que envolve alguém que ninguém consegue imaginar comigo? — Rory controlou sua impaciência e voltou para perto da geladeira, para guardar o restante do bolo.

— Nós sabíamos onde Lauren estava. Ela nos avisou que ia ao banheiro, enquanto você simplesmente desapareceu sem explicações. Todo mundo ficou uma pilha de preocupação! — a voz do garoto se alterou um pouco.

— No banheiro? Que mentirosa! Foi ela quem me levou até a reserva! — ela retribuiu o tom de voz, deixando clara sua indignação com o absurdo que havia acabado de ouvir.

— A Jessica foi procura-la quando viu que ela estava demorando e a encontrou exatamente onde disse que estaria. Lauren tem um álibi, você tem? — Mike acrescentou e voltou a pegar seu garfo, cutucando sem bolo aparentemente sem interesse de voltar a comer.

— Ah é, esqueci que nas últimas horas perdi totalmente minha credibilidade até com minha família só porque na praia vi algo que aparentemente ninguém mais viu. Sendo assim, não vou gastar tempo com explicações! — abriu um sorriso sarcástico e pegou seu prato.

— Você não pode simplesmente se desculpar? — o parente perguntou, sua chateação visível na expressão do rosto.

— Não. Eu tive uma concussão e acredita que não consigo me lembrar como se faz isso? — Rory optou por ser sarcástica, enquanto uma mão equilibrava o prato e a outra tentava manter o edredom em cima dos ombros.

— Lorelai... — começou, mas foi interrompido.

— Boa noite, Michael. A mentirosa aqui vai se retirar! — dito isso, caminhou para a saída.


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Notas finais do capítulo

⎯⎯⎯⎯NOTAS

⋮ ➤ O Waylon que a Isobel pergunta ao Charlie é o Waylon Forge, aquele cara que é morto pelo James, Victoria e Laurent em Crepúsculo (filme). Mas como aquele ator não combina muito com minhas "ideias" (achei muito velho), meu faceclaim pra esse personagem é o Jason Statham.

⋮ ➤ E então tivemos a primeira cena da Rory e do Jacob! Foi algo bem básico, eu só queria introduzir ele logo na história e achei um espaço perfeito.

⋮ ➤ Sobre a personalidade meio "boba" do Jacob, eu coloquei de forma intencional porque notei (pelo filme) que ele tinha uma personalidade mais bobinha antes da transformação e passou a ser mais sério só após.



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